Petróleo dispara para 139 dólares, o valor mais alto desde 2008
Atrasos nas negociações com o Irão adiam regresso do país ao mercado petrolífero, enquanto EUA e aliados ponderam proibir petróleo russo. Barril chegou a tocar os 140 dólares.
Mais um dia, mais uma sessão em que o preço do petróleo está a disparar. O barril chegou a tocar os 140 dólares, o valor mais elevado desde 2008, devido ao atraso nas negociações no Irão, que adiam o regresso do país ao mercado petrolífero, e quando os EUA e aliados europeus estão a considerar banir o petróleo russo por causa da guerra na Ucrânia.
Em Londres, o Brent para entrega do barril a 30 de março atingiu os 139,13 dólares esta segunda-feira, estando há momentos a avançar 9,72% para 129,66 dólares. Em Nova Iorque, crude WTI para entrega a 22 de março 8,8% para 125,99 dólares.
Ambos os contratos atingiram o valor mais alto desde julho de 2008, quando superaram os 147 dólares há 12 anos.
Petróleo dispara
Além do fator da guerra da Rússia contra a Ucrânia, os investidores estão a impulsionar os preços do ouro negro perante a maior incerteza no que diz respeito às negociações para recuperar o acordo nuclear de 2015 do Irão com as grandes potências mundiais, na sequência das exigências dos russos para ter uma garantia dos EUA de que as sanções não irão prejudicar o comércio com Teerão. A China, por seu turno, também apresentou novas exigências. O regresso do Irão ao mercado petrolífero é considerado importante pelos investidores pois permitiria compensar o atual desequilíbrio.
Em resposta às exigências da Rússia, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse que as sanções impostas à Rússia por causa da invasão da Ucrânia não têm nada a ver com um possível acordo nuclear com o Irão.
Enquanto isso, a Europa e os EUA estão a explorar a proibição de importações de petróleo russo, revelou Blinken este domingo, e a Casa Branca coordenou com os principais comités do Congresso avançar com a sua própria medida de proibição de petróleo russo.
“O Irão era o único fator de baixa que pairava sobre o mercado, mas se agora o acordo iraniano atrasar, poderemos chegar ao fundo dos tanques muito mais rápido, especialmente se os barris russos permanecerem fora do mercado por muito tempo”, disse Amrita Sen, cofundadora do think tank Energy Aspects, citada pela agência Reuters.
Já os analistas do banco americano JPMorgan disseram nesta semana que o petróleo pode subir para 185 dólares por barril este ano.
“A ideia não era sancionar petróleo e gás por causa de sua natureza essencial, mas o petróleo está a ser sancionado por agentes privados que não querem buscá-lo ou porque os portos não querem recebê-lo e quanto mais tempo isso durar, mais cadeias de distribuição irão apertar o cinto”, disse Daniel Yergin, vice-presidente da S&P Global.
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