Guerra ainda não travou atividade económica em Portugal

Impacto económico da invasão russa na Ucrânia deverá chegar em breve, mas ainda não se fez sentir em Portugal, pelo menos no indicador de atividade económica do Banco de Portugal.

A guerra entre a Rússia e a Ucrânia já teve repercussões nos preços e ainda deverá ter mais nas próximas semanas, mas para já, no curto prazo, ainda não travou a economia em Portugal. O indicador de atividade económica acelerou na semana passada (até 6 de março), a primeira semana inteira de conflito armado em território ucraniano fruto da invasão russa.

Na semana terminada a 6 de março, o indicador diário de atividade económica (DEI) aponta para uma taxa de variação homóloga da atividade superior à observada na semana anterior“, revela o banco central na nota divulgada esta quinta-feira. De recordar que a comparação homóloga é feita com uma semana de 2021 em que o país ainda estava sob confinamento, preparando-se para sair deste a 15 de março.

Atividade económica acelerou na semana passada

Fonte: Banco de Portugal

Segundo os dados do banco central, a média móvel semanal do DEI a 3 de março registava um crescimento de 14,5%. Já o último valor diário, relativo a 6 de março, apontava para um crescimento homólogo de 19,1%, um dos maiores das últimas semanas.

Esta quinta-feira o banco central mudou a comparação relativa ao nível de atividade económica anterior à pandemia. “De forma a comparar a evolução da atividade em 2022 com o período pré-pandemia, apresenta-se no Gráfico 2 a evolução da taxa trienal, o que corresponde a acumular a variação, em dias homólogos, para um período de três anos”, explica o banco central, concretizando que “assim, obtém-se a variação da atividade entre um determinado dia num ano face ao mesmo dia três anos antes“.

Atividade económica acima do valor de 2019

Neste ótica, o DEI ficou igual: “A correspondente taxa de variação trienal estabilizou no mesmo período”, revela o Banco de Portugal. Neste caso, a média móvel semanal a 3 de março fixou-se nos 4,1% e o último valor diário, a 6 de março, nos 3,3%.

Os dados do DEI relativos ao primeiro trimestre, com escassas semanas para terminar, apontam para um crescimento expressivo da economia portuguesa em comparação com o primeiro trimestre de 2021 em que Portugal esteve confinado. No início de fevereiro, as previsões da Comissão Europeia para o primeiro trimestre de 2022 antecipavam uma travagem para um crescimento em cadeia de 0,5%, após os 1,6% registados no quarto trimestre de 2021.

Mesmo que tal aconteça, como antecipou o ISEG, o crescimento homólogo será sempre acima dos 10%. Para já, mesmo com a guerra, não se antecipa um impacto significativo no primeiro trimestre: “Apesar da emergência da situação de guerra na Ucrânia provocada pela invasão russa e pelas sanções económicas desencadeadas, é pouco provável que tal venha a afetar o crescimento esperado para o primeiro trimestre que irá acelerar em termos homólogos, principalmente devido ao efeito base decorrente do confinamento de há um ano e à retoma mais generalizada da atividade interna”, explicaram recentemente os economistas do ISEG.

Para o conjunto do ano é expectável uma revisão em baixa na proposta atualizada do Orçamento do Estado para 2022 (OE2022), cuja versão original apontava para um crescimento de 5,5% em 2022. A subida dos preços da energia agravada pelo conflito deverá travar a expansão económica, assim como outros efeitos indiretos através de exportações de bens e serviços, potenciais repercussões da política monetária do Banco Central Europeu (BCE), entre outros fatores.

Este novo indicador divulgado pelo banco central incorpora diversas séries de informação: o tráfego rodoviário de veículos comerciais pesados nas autoestradas, o consumo de eletricidade e de gás natural, a carga e correio desembarcados nos aeroportos nacionais e as compras efetuadas com cartões em Portugal por residentes e não residentes.

O impacto da pandemia gerou uma maior necessidade de recurso a este tipo de indicadores económicos de divulgação mais frequente, como é o caso do DEI. Isto acontece porque um dos mais relevantes, o Produto Interno Bruto (PIB), é apenas apurado e divulgado trimestralmente. A próxima divulgação do DEI está marcada para 17 de março, a qual poderá dar mais pistas sobre o que está a acontecer na economia portuguesa em consequência do conflito armado na Europa.

(Notícia atualizada às 12h05 com mais informação)

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