“Não temos prevista” atualização “significativa” dos preços, diz CEO da Endesa Portugal

  • Lusa
  • 11 Março 2022

Endesa Portugal não prevê atualização “significativa” das tarifas de eletricidade, diz CEO, e considera que proposta para conversão da central do Pego é “muito ambiciosa” e “quase disruptiva”.

A Endesa Portugal não prevê uma atualização “significativa” das tarifas de eletricidade aos clientes, após o aumento dos preços nos mercados grossistas devido à guerra na Ucrânia, disse o presidente executivo (CEO) da empresa.

“Não temos previsto fazer uma atualização também significativa”, disse Nuno Ribeiro da Silva, responsável da energética espanhola em Portugal, em entrevista à agência Lusa.

No que diz respeito ao mercado regulado, o secretário de Estado da Energia, João Galamba admitiu já que, a haver aumentos nas tarifas, em abril, serão “irrisórios”, devido a uma ‘almofada’ de 150 milhões de euros do Fundo Ambiental, resultado do aumento das receitas de carbono, que vão ser usados para reduzir os custos de acesso à rede que estão incluídos na fatura da eletricidade.

Nuno Ribeiro da Silva realçou que os mais de 500.000 clientes domésticos da Endesa em Portugal não têm sofrido ajustes nas tarifas, porém, “para novos contratos, pode haver situações em que se reflita algum do aumento brutal” dos preços grossistas, cuja subida chegou mesmo a atingir os 800%.

“As empresas energéticas, nomeadamente na geração de eletricidade, quando têm de ir ao mercado pagar o gás natural a 150, ou 160, ou 200 – como já esteve – euros por megawatt-hora, quando em 2020 era 25 euros, não têm outra hipótese senão refletir, pelo menos em parte, esse aumento da matéria-prima a que recorrem para gerar eletricidade”, apontou o CEO da elétrica com a segunda maior quota de mercado em Portugal, a seguir à EDP Comercial.

Nuno Ribeiro da Silva sublinhou que a fatura da eletricidade inclui outras variáveis, além do preço da energia, entre as quais os custos de rede e “a célebre componente fiscal”.

“Há aqui variáveis que não dependem das empresas de energia, as empresas de energias produzem ou gerem energia, agora todo o resto – e o resto é muito – que é a fiscalidade e os chamados custos políticos da fatura não são responsabilidade das empresas energéticas”, apontou o responsável.

“Devíamos ter mais centrais renováveis, porque o vento, ao que sei, ainda não encareceu e o sol também ainda não encareceu”, acrescentou Nuno Ribeiro da Silva.

Relativamente à evolução do negócio da Endesa em Portugal, este ano, que arrancou com um elevado nível de incerteza, motivado por um novo pico da pandemia, em janeiro, a que se somou a recente invasão russa da Ucrânia, o responsável destacou uma “evolução muito positiva”, em termos de competitividade.

No entanto, a questão torna-se “mais complicada” nos clientes empresariais, onde, explicou, não há tradição de contratos a longo prazo.

Nuno Ribeiro da Silva referiu que as flutuações dos preços no mercado grossista de eletricidade, que por vezes chega a ser de mais de 60 euros nas mesmas 24 horas, cria “uma enorme dificuldade em fixar preços com credibilidade para os clientes”.

“O que se está a tentar fazer é voltar a enfatizar o tema dos contratos a prazo, inclusivamente contratos a 10 e mais anos”, disse o CEO.

Adicionalmente, uma das formas de compensar as subidas de preços, apontou, passa por programas de eficiência do uso da energia das empresas, como, por exemplo, instalação de painéis fotovoltaicos para autoprodução de eletricidade, através dos PPA (‘Power Purchase Agreement’).

Proposta para o Pego é “muito ambiciosa” e “quase disruptiva”

O presidente executivo (CEO) da Endesa Portugal, Nuno Ribeiro da Silva, considerou que a proposta apresentada para conversão da central do Pego, em Abrantes, é “muito ambiciosa” e “quase disruptiva” e está confiante de que vai ganhar o concurso.

“Não podia deixar de estar confiante [que ganha o concurso], não só porque na primeira avaliação do júri aparecemos com uma classificação destacada e, depois, porque sabemos o esforço que fizemos, o trabalho que fizemos e que temos realmente uma proposta muito ambiciosa”, disse o responsável, em entrevista à agência Lusa.

A proposta apresentada pela empresa espanhola que atua na distribuição de gás natural e na geração e distribuição de energia elétrica obteve uma pontuação de 3,72, batendo as propostas da Tejo Energia SA, EDP Renováveis, Greenvolt, Brookfield Ltd & Bondalti SA e Voltalia SA.

Segundo Nuno Ribeiro da Silva, o projeto apresentado a concurso pela Endesa concentrou-se sobretudo em dois aspetos: a valorização da região e a combinação de tecnologias.

Nós conhecemos muito bem a região, estamos lá desde os anos 90”, realçou o responsável, acrescentando que o projeto está “muito focado” em “trazer várias componentes de valor para a região”, em termos de emprego e de compensações para a região de Abrantes e da Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo.

“Por outro lado, [é] uma proposta que, sob o ponto de vista de combinação de tecnologias, é, eu diria, quase disruptiva e extremamente conseguida na forma como complementamos as características das várias tecnologias: vento, sol, baterias e abertura para o hidrogénio”, sublinhou o CEO.

O Governo abriu um concurso público para a atribuição do ponto de injeção na Central do Pego, cujo Contrato de Aquisição de Energia da Tejo Energia terminou em 30 de novembro de 2021.

A conversão da central motivou um desentendimento entre os acionistas da Tejo Energia, a TrustEnergy e a Endesa, uma vez que o primeiro queria converter a central num Centro Renovável de Produção de Energia Verde, baseada na biomassa (queima de resíduos florestais), com o qual a Endesa não concordava.

Relativamente a outros projetos, Nuno Ribeiro da Silva adiantou ainda que a Endesa foi um dos 12 concorrentes ao leilão para instalação e exploração de centrais fotovoltaicas em sete barragens do país, cujo prazo para apresentação de propostas terminou em 2 de março.

Apesar de se tratar de projetos que “não são fáceis”, disse, tanto do ponto de vista económico, como do técnico, a empresa apresentou propostas para as barragens do Alqueva, Tabuaço e Alto Rabagão.

De acordo com o calendário enviado à Lusa, a licitação decorre em 4 de abril.

O Governo vai leiloar a exploração de 263 megawatts (MW) de energia solar em sete barragens do país, dos quais 100 em Alqueva, o maior projeto de solar flutuante no mundo, segundo o secretário de Estado da Energia, João Galamba.

Segundo o despacho publicado, na região hidrográfica do Tejo, serão leiloados, 50 MW em Castelo de Bode e 33 MW no Cabril, e na região Norte serão leiloados 42 MW no Alto Rabagão, 17 em Vilar-Tabuaço, 13 MW em Paradela e 8 em Salamonde.

 

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