TAP vai operar mais de 85% da capacidade de 2019 no verão

A guerra na Ucrânia não altera os planos da TAP, que vai reforçar a capacidade de transporte de passageiros no próximo verão. Igualar níveis de 2019, só dentro de dois anos.

A TAP está a preparar a operação para o chamado verão IATA, que arranca no início de abril. Apesar da guerra da Ucrânia, a companhia aérea vai continuar a aumentar a capacidade de transporte de passageiros, garante a CEO.

“No verão vamos voar mais de 85% da capacidade que estávamos a voar em 2019”, garantiu Christine Ourmières-Widener, em declarações à margem da cerimónia que assinalou os 77 anos da companhia aérea, esta segunda-feira, no Museu do Ar, em Sintra.

77º aniversário da TAP - 14MAR22

O número significa nova melhoria em relação ao inverno IATA, quando a TAP esteve a voar a cerca de 80% da capacidade de 2019. E uma diferença substancial face ao verão passado, quando o chamado ASK (Available Seat Kilometer) rondou os 50%.

Apesar desta evolução favorável, chegar aos 100% ainda levará algum tempo. Ao que o ECO apurou, a expectativa da companhia é que isso não aconteça antes de 2024, em linha com as previsões da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA, na sigla em inglês). O plano fechado com Bruxelas também assume que as receitas só deverão voltar ao que eram no ano anterior à pandemia em 2025, o último da reestruturação.

A guerra na Ucrânia veio colocar maior pressão sobre o plano acordado com a Comissão Europeia, que prevê a injeção de 3,2 mil milhões de euros em dinheiros públicos na companhia, processo que o Governo pretende completar até ao final deste ano. A subida muito acentuada da cotação do petróleo arrastou o preço do jet fuel, aumentando as despesas com combustível, que representa, em média, um terço dos custos.

Plano não muda e passagens ficam mais caras

Os responsáveis do Governo e da companhia garantem, no entanto, que nada muda no plano. “Não vejo porque atrase o plano”, respondeu o ministro das Infraestruturas quando questionado pelos jornalistas também à margem da cerimónia. “A TAP tem um plano de reestruturação fechado em Bruxelas, ponto final.”

77º aniversário da TAP - 14MAR22

“Estamos num mundo muito competitivo e estamos a olhar para o que as outras companhias estão a fazer, e vamos reagir para cumprir com o nosso plano. O plano é feito de receitas e custos. Temos de o fazer olhando para o plano e para o contexto competitivo”, afirmou, por sua vez, a CEO da TAP.

Christine Ourmières-Widener reconheceu que o aumento de custos com o combustível pressiona uma subida do preço das passagens aéreas, mas esta não será transversal. TAP está atenta à reação das outras companhias. “As companhias aéreas estão a diminuir a capacidade e se a capacidade diminui os preços vão subir. Não é uma perspetiva global, será feito rota a rota, dependendo da pressão da concorrência”, explicou.

É verdade que com o aumento do preço dos combustíveis, é ainda mais crítico, porque os nossos custos estão a subir, mesmo com o hedging [instrumentos financeiros para amortecer a subida do jet fuel]. Estamos a fazer tudo para mitigar”, garantiu a CEO. A TAP fez contratos de hedging para metade do jet fuel que previa consumir na primeira metade do ano, como noticiou o ECO. Os contratos para a segunda metade do ano estavam, até há pouco tempo, ainda a ser negociados.

Sete mil colaboradores e 96 aviões aos 77 anos

A TAP chega aos 77 anos detida em 100% pelo Estado, com cerca de sete mil colaboradores e 96 aviões em operação. Voa atualmente para sete aeroportos em Portugal, dez na América do Norte, 12 na América Central e do Sul, 20 em África e no Médio Oriente e 44 na Europa. As últimas contas da companhia, referentes aos primeiros nove meses de 2021, davam conta de um prejuízo de 627 milhões.

A companhia tem vindo a reforçar o número de voos para alguns destinos, como a Madeira ou Cabo Verde, e a retomar rotas que estavam fechadas. No final da semana passada anunciou que vai retomar a ligação Lisboa-Caracas a 21 de junho.

O Museu do Ar em Sintra, propriedade da Força Aérea, foi o cenário escolhido para assinalar o aniversário, dado que acolhe também o Museu da TAP, cuja exposição foi remodelada.

77º aniversário da TAP - 14MAR22

O ministro das Infraestruturas aproveitou o momento para defender a intervenção do Governo na companhia aérea. “Esta data podia não estar a ser celebrada”, começou por dizer no seu discurso, numa crítica implícita aos que foram contra o auxílio de Estado e a reestruturação da companhia aérea. “Quiseram pôr os aviões da TAP no chão, mas mantivemo-los no ar”, afirmou Pedro Nuno Santos.

A CEO da TAP foi a primeira a discursar, em português. Lembrou os “77 anos de vida marcados por altos e baixos, dias bons e menos bons”. Com a companhia a atravessar um período de significativa mudança, Christine Ourmières-Widener afirmou que a TAP “está a traçar um novo rumo”. Agora com um ingrediente adicional de incerteza: o impacto de uma guerra na Europa.

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