Lucro da REN cai 11% para 97,2 milhões. Paga dividendo de 15,4 cêntimos
De acordo com a empresa, os resultados foram penalizados "por um recuo no EBITDA e um aumento nos impostos, apesar do contributo positivo dos resultados financeiros".
Em comunicado enviado à CMVM, a REN – Redes Energéticas Nacionais apresentou esta quinta-feira um resultado líquido de 97,2 milhões de euros relativo a 2021, o que representa uma queda de 11,1% face ao ano anterior.
De acordo com a empresa, os resultados foram penalizados “por um recuo no EBITDA e um aumento nos impostos, apesar do contributo positivo dos resultados financeiros”.
O EBITDA recuou 2% para 460,8 milhões de euros, diz a REN, impactado pela menor remuneração dos ativos (-3,4 milhões), pela descida de 5,1 milhões nos incentivos à racionalização económica dos investimentos (IREI) e pela subida dos preços da energia (5 milhões de euros).
Além disso, o EBIDTA recebeu ainda o contributo positivo do negócio internacional, nomeadamente pelo desempenho da Transemel no Chile.
Apesar da queda nos lucros, o Conselho de Administração propõe um dividendo de 15,4 cêntimos por ação de acordo com o previsto no novo plano estratégico.
Contribuíram ainda para os resultados da empresa um menor custo da dívida (redução de 1,8% para 1,6%) e um aumento da taxa efetiva de imposto para os 44,9% (subida de 6,2 milhões de euros em comparação com 2020), incluindo a CESE.
“Continuamos a ser altamente penalizados pela carga fiscal, sobretudo no que diz respeito à CESE”, disse Gonçalo Morais Soares, CFO da REN, na conferência de imprensa de apresentação de resultados.
Na visão do CEO, Rodrigo Costa, 2021 tratou-se de “um ano positivo, apesar de continuarmos a ser muito penalizados nos impostos, sobretudo na CESE, que de extraordinária não tem nada. Vamos ver agora o que o novo Governo, que ainda nem sequer tomou posse, vai decidir e vai fazer sobre este imposto”.
Juntar Ambiente e Energia numa única Secretaria de Estado no próximo Executivo é para Rodrigo Costa “uma boa ideia”, porque facilita comunicação. “É uma decisão que faz sentido”.
Já sobre a proposta que Portugal e Espanha levarão a Espanha para mudar a forma marginalista como funcionam os mercados grossista de eletricidade na Europa, João Conceição alertou que isto não se faz assim tão facilmente, “carregando num botão”. E lembrou que o mecanismo marginalista funciona muito bem quando os preços da energia são baixos, tal como aconteceu até agora. Para o COO da REN, as compras conjuntas de gás na Europa fazem sentido, mas há ainda alguns constrangimentos e depende de variáveis externas à Europa.
“Estamos dependentes do que Bruxelas decidir”, disse, por seu lado, o CEO, Rodrigo Costa.
Em 2021 a REN registou um forte crescimento do investimento, que subiu 73,8 milhões, ou 42,6% (para os 247,1 milhões de euros), bem como das transferências para a exploração que cresceram para 309,1 milhões (+288,5%), resultado dos investimentos necessários para a transição energética em curso, tendo a empresa continuado a recuperar grande parte do atraso causado pela pandemia em 2020.
A REN dá ainda conta de um desenvolvimento das infraestruturas planeadas apesar da pandemia. “França desbloquear a interconexão com a Península Ibérica é vital para que a Europa tenha mais alternativas no gás. O GNL vai cada vez mais ser uma realidade”, referiu João Conceição.
De acordo com a REN, em 2021 a energia com origem em fontes renováveis chegou aos 59,2% do total da oferta. O consumo de eletricidade aumentou 1,4%, ao mesmo tempo que o consumo de gás natural diminuiu 4,6% devido ao decréscimo do uso de gás natural para geração de eletricidade (-9,7%).
Quanto à segurança de abastecimento de energia elétrica em Portugal, João Conceição confirmou que em 2022 a interligação com Espanha tem sido muito mais usada e o país tem importado mais energia do país vizinho, simplesmente por “ser a solução mais barata”, porque “há capacidade instalada, é um sistema robusto e não há qualquer risco de um apagão”. Em 2021, apenas 10% da energia consumida em Portugal entrou por interligações.
Sobre o carvão poder continuar ainda a ser um backup em Portugal, Rodrigo Costa não escondeu que todas as opções estão em aberto nesta fase de guerra. E no solar revelou que a REN tem um primeiro grupo de centrais de 3,5 GW em que já estão na fase de engenharia, com um segundo grupo, de 3 GW com ligação direta à rede de transporte e ainda outros 500 MW com ligação à rede de distribuição que estão na fase de estudo.
“Estamos a falar de horizontes de 4 a 5 anos, com tudo a correr muito bem, para estes projetos estarem operacionais”.
No que diz respeito aos critérios ESG, Rodrigo Costa, CEO da REN, diz que este se trata de “um compromisso que não é mero marketing”. A empresa quer ter menos 50% de emissões de CO2 até 2030 face a 2019 e atingir a neutralidade carbónica até 2040.
Além disso, o objetivo passa por aumentar o peso dos critérios ESG nas métricas de desempenho dos gestores já até em 2022. A REN garante que 100% das suas novas emissões de títulos serão verdes. “Estamos no caminho certo”, disse o CEO.
No que diz respeito à transição energética, Rodrigo Costa diz que “temos muito trabalho e muitos desafios pela frente”, reconhecendo que todos (DGEG, APA, ERSE, etc.) estão empenhados em fazer acontecer esta mudança se não queremos perder a guerra contra as alterações climáticas”.
“A guerra na Europa não pode fazer perder o foco da guerra contra as alterações climáticas. Deve até acelerar esse caminho rumo às renováveis e à transição energética”.
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