Economia volta a travar na reta final de março

A atividade económica em Portugal travou na semana terminada a 27 de março, o que coincide com a quarta semana da invasão russa na Ucrânia.

A economia portuguesa travou novamente na semana terminada a 27 de março, em comparação com a semana anterior, de acordo com os dados do indicador diário de atividade económica (DEI) do Banco de Portugal divulgados esta quinta-feira. A atividade económica continua, porém, a ser superior à da mesma altura do ano anterior.

Esta é a segunda semana consecutiva de travagem do DEI. “Na semana terminada a 27 de março, o indicador diário de atividade económica (DEI) aponta para uma taxa de variação homóloga da atividade inferior à observada na semana anterior“, revela o Banco de Portugal esta quinta-feira. Já a taxa de variação trienal aumentou nessa mesma semana.

Esta travagem coincide com a quarta semana da invasão russa na Ucrânia, mas os números divulgados pelo banco central não permitem traçar uma correlação. A complicar a análise está também o facto de ter sido na segunda quinzena do ano passado (a comparação é homóloga) que começou o desconfinamento, o que deu um impulso à atividade económica, influenciado agora as variações homólogas.

DEI trava na quarta semana da invasão russa na Ucrânia

Fonte: Banco de Portugal.

Segundo os dados do banco central, a média móvel semanal do DEI a 24 de março registava um crescimento de 7,2%. Já o último valor diário, relativo a 27 de março, apontava para um crescimento homólogo de 7,7%.

Na comparação da taxa trienal, o Banco de Portugal atualizou há umas semanas este indicador para se obter “a variação da atividade entre um determinado dia num ano face ao mesmo dia três anos antes”. Neste caso, a média móvel semanal a 24 de março fixou-se nos 4,9% e o último valor diário, a 27 de março, nos 2% — ambos acima dos valores da semana anterior.

Fonte: Banco de Portugal.

Apesar desta travagem na reta final de março, os dados do DEI relativos ao primeiro trimestre continuam a apontar para um crescimento expressivo da economia portuguesa em comparação com o primeiro trimestre de 2021 em que Portugal esteve confinado. Mesmo que a desaceleração da economia se reflita no crescimento trimestral (face ao quarto trimestre), a variação homóloga será sempre acima dos 10% por causa da base baixa do primeiro trimestre de 2021.

Na semana passada, o Governo atualizou a sua previsão para o conjunto do ano, revendo em baixa o crescimento do PIB de 5,5% para 5%. A previsão do Banco de Portugal aponta para os 4,9% e a do Conselho das Finanças Públicas para 4,8%. No cenário adverso destas instituições, o PIB cresce 3,8%, 3,6% ou 3,5%, respetivamente.

A subida dos preços da energia agravada pelo conflito deverá travar a expansão económica, assim como outros efeitos indiretos através de exportações de bens e serviços, potenciais repercussões da política monetária do Banco Central Europeu (BCE), entre outros fatores. O próprio BCE cortou as previsões de crescimento económica da Zona Euro e reviu em alta a aceleração da inflação em 2022 na última reunião de política monetária em que decidiu retirar os estímulos mais rapidamente.

Este novo indicador divulgado pelo banco central incorpora diversas séries de informação: o tráfego rodoviário de veículos comerciais pesados nas autoestradas, o consumo de eletricidade e de gás natural — o que poderá ser afetado pelo aumento dos preços acentuado pela guerra —, a carga e correio desembarcados nos aeroportos nacionais e as compras efetuadas com cartões em Portugal por residentes e não residentes.

O impacto da pandemia gerou uma maior necessidade de recurso a este tipo de indicadores económicos de divulgação mais frequente, como é o caso do DEI. Isto acontece porque um dos mais relevantes, o Produto Interno Bruto (PIB), é apenas apurado e divulgado trimestralmente. A próxima divulgação do DEI está marcada para 7 de abril.

(Notícia atualizada às 12h47 com mais informação)

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