Gás natural russo tem de ser pago em rublos a partir de 1 de abril, diz Putin
Putin diz ter assinado um decreto que obriga a que o gás natural seja pago em rublos, a partir de contas bancárias na Rússia. Caso contrário, contratos serão rasgados. Berlim e Paris recusam.
O gás natural russo vai ter de ser pago em rublos a partir desta sexta-feira, confirmou o Presidente da Rússia. Segundo o próprio, o decreto da medida já foi assinado e entra em vigor a 1 de abril. Se o pagamento não for feito em rublos, Vladimir Putin ameaça fechar a torneira.
“Para comprarem gás natural russo, [os clientes estrangeiros] vão ter de abrir contas em rublos nos bancos russos. É a partir destas contas que os pagamentos serão feitos pelo gás que for entregue a partir de amanhã [sexta-feira]”, disse Putin, citado pela Reuters.
O Presidente russo foi mais além: “Se os pagamentos não forem feitos, vamos considerar que é um incumprimento por parte dos compradores, com todas as consequências decorrentes. Ninguém nos vende nada de graça, e nós também não vamos fazer caridade. [No caso de haver incumprimento], os contratos serão terminados”.
O diploma assinado por Putin estabelece um mecanismo em que os clientes transferem o pagamento na divisa estrangeira para uma conta especial num banco russo. Este, depois, transfere o montante equivalente em rublos para a liquidação do pagamento pelo fornecimento de gás natural.
Desta forma, o Kremlin aumenta significativamente a pressão sobre a Europa recorrendo à principal vantagem que tem sobre o Ocidente. O país fornece cerca de um terço do gás natural consumido pelos europeus e os clientes terão apreensão em liquidar os pagamentos em rublos, por receio de violarem as sanções aplicadas à Rússia, na sequência do ataque à Ucrânia.
Ao mesmo tempo, Putin impulsiona o valor do rublo, que atingiu mínimos históricos em 24 de fevereiro, com o início da invasão. Entretanto, a moeda russa recuperou nas últimas semanas com esta e outras medidas.
Segundo a agência, empresas e governos ocidentais rejeitam a decisão do Kremlin, considerando tratar-se de uma violação dos contratos existentes, que foram assinados em dólares e euros. Em contrapartida, a Rússia assegura que os contratos serão respeitados — o pagamento final é que é feito de outra forma.
Como o ECO noticiou esta quinta-feira, a estatal russa Gazprom terá estudado formas de fechar a torneira do gás natural à Europa. A informação foi avançada por um jornal russo e citada pela Reuters.
Segundo a agência, o ministro da Economia francês, Bruno Le Maire, e o ministro da Economia alemão, Robert Habeck, afirmaram que os dois países estão a preparar-se para um possível cenário em que o fluxo de gás natural para a Europa é interrompido. Nesse caso, o continente entraria numa crise energética ainda mais profunda do que aquela que já vive atualmente.
Os governantes também disseram que os contratos assinados em euros serão pagos em euros, rejeitando o que consideraram ser “chantagem” por parte da Rússia sobre o Ocidente.
Pelas 15h08, os futuros do gás natural TTF para entrega em maio, referência na Europa, subiam 3%, para 123,42 MWh.
Reino Unido, Alemanha e França unidos contra o pagamento em rublos do gás natural
O ministro das finanças alemão, Christian Lindner, juntamente com um porta-voz do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, manifestaram-se esta quinta-feira contra a compra de gás natural em rublos, conforme exigido pela Rússia.
“Continuaremos a pagar pelas importações de energia russa em euros”, disse o alemão Christian Lindner, que acrescentou que o país conta com o apoio francês em como “não pode haver chantagem política no gás natural”. Lindner esclareceu ainda que irão ser revistos os detalhes da mais recente exigência russa quanto ao pagamento do gás natural em rublos.
Um porta-voz primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, admitiu que “o Reino Unido não está a procurar pagar à Rússia, por gás, em rublos”, e salientou que está “a monitorizar as implicações para o mercado europeu da exigência russa”.
(Notícia atualizada pela última vez às 16h47)
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