Preço das casas acelera no arranque do ano com subida de 16,3%

  • Joana Abrantes Gomes
  • 23 Junho 2025

No primeiro trimestre foram transacionadas mais de 41 mil habitações, com o valor total a crescer 43% para 9,6 mil milhões. Compra de casas por estrangeiros cai para mínimos desde 2021.

Os preços das casas registaram um aumento homólogo de 16,3% no primeiro trimestre do ano, acelerando 4,7 pontos percentuais face aos três meses anteriores e atingindo um novo máximo histórico, segundo indicam os dados divulgados esta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

Entre janeiro e março, foram transacionadas 41.358 habitações em Portugal, mais 25% do que no mesmo período do ano anterior. O valor das compras e vendas de imóveis para habitação disparou 42,9% comparativamente ao primeiro trimestre de 2024, para 9,6 mil milhões de euros.

Evolução homóloga do Índice de Preços da Habitação

Fonte: INE

No período em análise, o aumento dos preços foi mais expressivo nas habitações existentes (+17,0%) do que nas novas (+14,5%), taxas superiores, respetivamente, em 4,6 e 4,9 pontos percentuais às registadas no último trimestre do ano passado. Em valor transacionado, observaram-se variações homólogas de 43,2% nas habitações existentes, perfazendo 7,0 mil milhões de euros, e de 42,0% nas habitações novas, num total de 2,6 mil milhões de euros.

Na comparação em cadeia, o Índice de Preços da Habitação aumentou 4,8%, com a categoria das habitações existentes a registar também aqui um crescimento dos preços superior ao das habitações novas, com variações de 5,3% e 3,7%, na mesma ordem.

De acordo com o gabinete estatístico, 87% das habitações transacionadas nos primeiros três meses do ano foram adquiridas por famílias, “o peso relativo mais elevado desde o segundo trimestre de 2022”, ascendendo a 35.967 unidades (27,2% acima do valor registado um ano antes, mas menos 7,4% face ao trimestre anterior). Quanto ao valor transacionado, as vendas de casas a famílias corresponderam a 8,3 mil milhões de euros, 86,2% do total — mais 46,3% em termos homólogos, mas menos 3,8% na variação em cadeia.

Apenas 5,1% das habitações transacionadas no primeiro trimestre (ou seja, 2.098 unidades) envolveram compradores estrangeiros, dos quais 2,7% residentes na União Europeia e 2,4% a outros países. “O peso relativo das aquisições por compradores com domicílio fiscal distinto do território nacional foi o mais baixo desde o segundo trimestre de 2021“, assinala o INE.

(Notícia atualizada pela última vez às 12h15)

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SIBS integra iniciativa para ligar os “MB Ways” a nível europeu

EuroPA, da qual a SIBS faz parte, e a EPI anunciaram um projeto de colaboração para ligar os "MB Ways" europeus.

O consórcio EuroPA (European Payments Alliance), do qual a SIBS faz parte através do MB Way, e a EPI (European Payments Initiative) anunciaram esta segunda-feira um projeto de colaboração para “acelerar a construção de um mercado europeu de pagamentos mais integrado, eficiente e soberano”.

Numa fase inicial, este acordo abrangerá 15 países europeus, que representam mais de 382 milhões de habitantes, cerca de 84% da população da União Europeia e a Noruega.

Em termos simples, a ideia é ligar os esquemas do género do MB Way entre todos estes países, o que permitirá a realização de transferências imediatas por via do telemóvel a um nível europeu mais amplo.

Atualmente, por via do EuroPA, o MB Way já está ligado às soluções congéneres espanhola (Bizum) e italiano (Bancomat) e está em vista um alargamento ao Norte da Europa.

Por sua vez, o EPI, que impulsionou o esquema Wero, operando de forma praticamente idêntica, é apoiada por bancos na Alemanha, França e Bélgica. Integram este consórcio bancos como o Deutsche Bank, ING, BNP Paribas e BPCE (o futuro dono do Novobanco).

Em comunicado, os dois consórcios adiantam que esta parceria “é motivada pelo interesse comum em explorar uma solução conjunta que potencie a forte adoção e as capacidades existentes de cada participante através de uma maior interconetividade”.

“O objetivo é abranger todos os casos de uso (pagamentos pessoais e comerciais, tanto online como em loja) nos mercados das soluções participantes”, acrescentam.

Prevê-se que o estudo em curso esteja concluído até ao final do verão.

“Através do projeto EuroPA, da colaboração e da interoperabilidade, podemos avançar de forma decisiva rumo a um mercado de pagamentos verdadeiramente integrado – um mercado construído sobre a diversidade e a inovação, que promove a eficiência e a resiliência, assegura a soberania e, acima de tudo, coloca as necessidades dos consumidores e dos comerciantes no centro”, refere Madalena Casais Tomé, CEO do grupo SIBS.

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Euribor desce a três e a 12 meses e sobe a seis meses

  • Lusa
  • 23 Junho 2025

Com as alterações desta segunda-feira, a taxa a três meses, que baixou para 2,031%, manteve-se abaixo das taxas a seis (2,036%) e a 12 meses (2,093%).

A Euribor desceu esta segunda-feira a três e a 12 meses, subiu a seis meses e permaneceu acima de 2% nos três prazos. Com estas alterações, a taxa a três meses, que baixou para 2,031%, manteve-se abaixo das taxas a seis (2,036%) e a 12 meses (2,093%).

  • A taxa Euribor a seis meses, que passou em janeiro de 2024 a ser a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável, avançou esta segunda-feira, ao ser fixada em 2,036%, mais 0,001 pontos. Dados do Banco de Portugal (BdP) referentes a abril indicam que a Euribor a seis meses representava 37,61% do stock de empréstimos para a habitação própria permanente com taxa variável.

Os mesmos dados indicam que as Euribor a 12 e a três meses representavam 32,46% e 25,60%, respetivamente.

  • Em sentido contrário, no prazo de 12 meses, a taxa Euribor baixou, ao ser fixada em 2,093%, menos 0,008 pontos do que na sexta-feira.
  • A Euribor a três meses, que esteve abaixo de 2% entre 30 de maio e 12 de junho, também baixou para 2,031%, menos 0,003 pontos.

Em maio, as médias mensais da Euribor voltaram a cair nos três prazos, menos intensamente do que nos meses anteriores e mais fortemente no prazo mais curto (três meses).

A média da Euribor em maio desceu 0,162 pontos para 2,087% a três meses, 0,086 pontos para 2,116% a seis meses e 0,062 pontos para 2,081% a 12 meses.

Na última reunião de política monetária em 04 e 05 de junho em Frankfurt, o Banco Central Europeu (BCE) desceu as taxas de juro em 0,25 pontos base, tendo a principal taxa diretora caído para 2%.

Esta descida foi a oitava desde que o BCE iniciou este ciclo de cortes em junho de 2024 e, segundo os analistas, deverá ser a última deste ano.

A próxima reunião de política monetária do BCE está marcada para 23 e 24 de julho em Frankfurt.

As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da zona euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.

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A ajudar a Dils a “ir ao encontro de um público cada vez mais exigente”, Marta Silva Carvalho, na primeira pessoa

Marta Silva Carvalho, que não dispensa um livro na sua rotina, diz ser uma pessoa focada nos resultados. Entende também que às vezes há "uma perceção mais ligeira" do que é o marketing.

Embora só tenha começado a trabalhar a comunicação e marketing de empresas de imobiliário há cerca de três anos, Marta Silva Carvalho, head of marketing & communications da Dils Portugal, entendo que o mercado imobiliário e a sua comunicação “tem vindo a credibilizar-se”. “Os consumidores são cada vez mais exigentes, o que também obriga as empresas a garantirem que têm uma comunicação, campanhas e o próprio serviço muito mais explicativos do que são os produtos em si”, diz ao +M.

Já não basta dizer que nós estamos aqui para ajudar, temos que explicar o como, qual é a nossa mais-valia, qual é a nossa diferenciação, porque é que as pessoas nos devem escolher. Acho que não só a Dils — que veio dar uma lufada de ar fresco e tentar revolucionar com uma comunicação disruptiva –, mas todo o mercado também procura ir ao encontro de um público cada vez mais exigente“, concretiza.

A “lufada de ar fresco” referida por Marta Silva Carvalho é espelhada desde logo pela assinatura da marca, “rewrite de rules“. “Não perdendo a seriedade, até porque é um negócio que mexe na vida das pessoas, tentamos repensar o que é que podemos fazer de diferente e trazer uma mais-valia. Pensamos nisso tanto no negócio em si como também na comunicação, de como é que podemos fazê-lo de uma forma simples e eficaz e que ponha as pessoas também a ver o mundo de uma forma diferente”, explica a head of marketing & communications da Dils Portugal.

Recentemente, a Dils lançou a sua primeira campanha nacional, onde “brincou” de forma criativa com o seu nome e a semelhança com a palavra inglesa “deals” (negócios). “Tendo em conta que a Dils não é uma marca conhecida em Portugal, o desafio passava precisamente por dar a conhecer o nome da imobiliária e o seu negócio“, e para isso “nada melhor do que mostrar qual é a lógica por trás, que é precisamente o negócio”.

“Nós estamos focados em negócios e portanto decidimos puxar por essa força, fazendo logo dois em um: mostrámos qual é o core do nosso negócio e também deixámos o nosso nome na cabeça das pessoas. Toda a campanha foi construída com base nisto, no que podia marcar a diferença quando as pessoas vissem a campanha”, explica a responsável pela comunicação e marketing em Portugal do grupo imobiliário de origem italiana.

A experiência como head of marketing & communications da Dils, iniciada em novembro, está a ser “muito boa”, sendo que a grande diferença em relação à sua anterior experiência profissional passa por estar em causa o lançamento de uma marca no mercado. Embora a marca seja italiana, e exista “muita guideline e suporte que vem de fora”, o trabalho na empresa que se está a expandir na Europa é feito “muito em conjunto”.

“Estamos juntos a construir esta marca, a perceber como a lançamos nos diferentes mercados, quais são os processos mais eficazes, e como é que garantimos que quem vê a marca em Itália ou em Espanha também a vê igual em Portugal. Estou a ajudar a construir os guidelines da marca”, refere a responsável que conta na sua equipa com outras cinco pessoas e com o apoio da agência Wisdom em termos de comunicação.

“De facto, para quem gere negócios, marcas e marketing, é um desafio interessante: definir o que é a marca e como se vai construí-la. E as marcas são como as pessoas, vamos construindo um bocadinho a personalidade das marcas, mas sempre relacionando com o negócio, claro“, acrescenta.

Recuando no tempo, o percurso profissional de Marta Silva Carvalho começou a desenhar-se com uma licenciatura em Comunicação e Marketing na Escola Superior de Comunicação Social, numa altura em que era ainda “muito miúda sem saber muito bem o que gostava e o que não gostava”. “Era um curso relativamente novo, e achei que associava uma parte de gestão também com criatividade e fui lá parar, e acho que bem”, recorda a profissional de 48 anos.

Após o curso começou a sua carreira com um estágio na Nestlé, empresa que diz ter sido a sua “escola primária profissional“. Foi aí que trabalhou grande consumo, o que “dá uma estaleca e onde o marketing é o fundamental do negócio”, e onde esteve durante nove anos como gestora de produtos.

Recebeu depois uma proposta para integrar a Ikea, onde acabou por estar durante nove anos. Foi aí que achou “muito engraçado trabalhar retalho, mas com uma marca própria” e, portanto, com lojas próprias. “E aí tive outra vertente relacionada com o lado mais de operação, da loja em si”, recorda a profissional que esteve ligada à abertura da loja de Loures e de outras lojas.

Foi também durante a sua passagem pela Ikea que a marca começou a trabalhar a sua presença nas redes sociais. “Eu digo sempre por graça que o primeiro post do Instagram da Ikea era uma fotografia do meu telemóvel. Aquilo foi mesmo no início e ainda era visto sem uma base numérica. Mas foi uma mais-valia assistir ao transformar das redes sociais, quando se começou a perceber que não era só uma coisa gira mas que podia ajudar a alavancar os negócios”, refere.

Tendo estado integrada em multinacionais, encarou sempre a hipótese de ir trabalhar para o estrangeiro mas, como tinha filhos pequenos, achou sempre que essa não seria a melhor opção. Nesse sentido, achou que, para se poder continuar a desenvolver, podia ir para outra área, tendo surgido a hipótese de assumir a direção de marketing da Trust in News, na altura em que o grupo de media tinha acabado de ser constituído após a compra do portefólio de revistas — como a Visão, Exame ou Caras — ao grupo Impresa.

Foi uma adaptação ao mercado local e, pegando em marcas muito fortes, perceber como podia pensar e potenciar os meios de comunicação social“, aponta, acrescentando que foi também criado um departamento de eventos, como fonte de rendimento.

Tendo trabalhado no grupo dono da Visão, Marta Silva Carvalho assiste “com pena” à atual situação da empresa, que viu recentemente ser aprovado um plano de recuperação e os trabalhadores a entrarem em greve por falta de pagamento dos ordenados. “Nunca é só trabalho, criamos sempre ligações com as pessoas no emprego e é difícil assistir a esta situação. Mas percebo que a situação dos meios de comunicação, com a entrada do digital, se tornou muito difícil. É uma indústria difícil por si só, que tem de ser toda repensada, como a rádio o foi. Tem-se vindo a repensar e há casos de sucesso, mas sim, custa-me até porque tenho lá grandes amigos mas espero que recuperem agora e que tenham as medidas necessárias para dar a volta“, diz.

Marta Silva Carvalho acredita que é preciso perceber como se pode tirar proveito de marcas jornalísticas noutras áreas que são importantes, como os eventos ou podcasts. “Acho que passa muito por ser vários formatos, porque hoje em dia já não se é só o jornal ou uma revista, é um monte de coisas. Portanto é preciso construir marcas fortes que depois podem viver em diferentes plataformas“, aponta.

Quase cinco anos depois, e achando que já tinha construído o departamento de marketing e que devia ir então procurar novas oportunidades, surgiu a hipótese de integrar a JLL, onde conheceu o mercado imobiliário durante dois anos, até que surgiu o convite para ajudar a lançar a Dils em Portugal.

Olhando para a sua carreira, Marta Silva Carvalho considera que teve “a sorte” de começar por trabalhar em grande consumo, onde o marketing “é visto sempre como a base de análise para se fazer negócio, como uma ferramenta de negócio que permite vendas”.

“Se forem coisas giras, ótimo, mas nós estamos aqui para fazer ações ou campanhas eficazes que nos ajudem a potenciar o negócio, e acho que o grande consumo nos dá muito essa visão e eu era, e sou, muito orientada para resultados. Acho que há uma perceção do marketing às vezes mais ligeira, mas o marketing é mesmo uma das ferramentas fundamentais para potenciar os negócios e deve ser visto como tal“, acrescenta.

A docência foi algo que também marcou o seu percurso, tendo sido professora universitária durante seis anos (entre 2012 e 2018). A ligação ao ensino começou logo quando acabou o curso, altura em que foi dar umas aulas “que correram bem”, tendo ficado com a ideia de que seria algo que gostaria de fazer, algo que acabou por se concretizar mais tarde quando um amigo que dava aulas na Escola Superior de Comunicação Social lhe indicou que havia uma vaga.

É um trabalho que exige mesmo muito esforço e que às vezes as pessoas desvalorizam. Fazê-lo bem feito implica um grande compromisso, mas depois também permite aprender muita coisa. Às vezes tenho saudades e um dia vou voltar, porque nos dá muito trabalho de preparação, em garantir que estamos a ser sérios e com qualidade e também nos obriga a ver case studies, o que funciona. E ao ouvir os alunos, que da área de comunicação e marketing acabam por ser consumidores muito atentos, obrigamo-nos também a inovar”, explica.

Embora costume dizer que gosta de “andar pelo mundo e de ver o mundo”, Marta Silva Carvalho mora em Caxias, onde nasceu. Vive com os dois filhos, de 21 e 17 anos, e com uma cadela. Sendo a sua família de Caxias, cresceu em conjunto com três primos com os quais partilhou “1001 histórias”. “Acho que também foi por isso que fiquei por Caxias, é um sítio que me fez muito feliz e de onde tenho ótimas recordações“, acrescenta.

“Não íamos muito à praia, nos anos 80 as praias ainda não eram tão reconhecidas, pelo que não fazíamos tanto a vida de praia como fazem agora. Mas tínhamos uma vida em conjunto, éramos muito independentes desde cedo, andávamos sozinhos, mesmo nos transportes, e uma das prioridade era logo tirar a carta”, recorda.

Adora ler, pelo que muitas vezes tenta à hora de almoço — “por mais curta que seja” — ter um pouco de tempo para si e para ler o livro que leva todos os dias para o trabalho. Quando precisa mais de relaxar vai mesmo a uma livraria. Recentemente, gostou do “Filho da Mãe”, de Hugo Gonçalves, e da “Trilogia de Copenhaga”, de Tove Ditlevsen. “Nem Todas as Árvores Morrem de Pé”, de Luísa Sobral, foi também um livro para o qual não tinha nenhuma expetativa mas que acabou por ler de rompante nos últimos tempos.

Mas Marta Silva Carvalho gosta também de “tudo o que seja artístico“, seja ir ao cinema ou ao teatro, por exemplo, mas também gosta de ver séries, não percebendo o porquê “de fazerem aquilo de lançarem um episódio por semana, é algo que custa”, confessa, entre risos.

Ir à praia e conviver com amigos e família é algo a que também dá valor, embora reconheça que tem alguma dificuldade em desligar do telemóvel. “Acho que esta área também nos obriga um bocadinho a estarmos sempre disponíveis. E acabo por fazê-lo, se calhar de forma pouco controlada“, reconhece.

Traçando um retrato pessoal e profissional, Marta Silva Carvalho considera-se uma pessoa “otimista, focada nos resultados, que gosta muito de trabalhar com pessoas e preocupada com as equipas”. É também bem-disposta, tentando sempre ter alguma “pitada de humor” no dia-a-dia e tentando “ver sempre o lado positivo” das coisas, que vai conciliando com um “lado um bocadinho impaciente” que advêm da sua faceta mais focada em resultados.

Marta Silva Carvalho em discurso direto

1. Que campanhas gostava de ter feito/aprovado? Porquê?

Gostei muito, a nível nacional, da campanha da Ikea com o slogan “Os móveis duram mais do que as relações”. Achei a campanha simplesmente brilhante, mas o que me conquistou foi a forma subtil e inteligente como passam a mensagem. Falam da durabilidade dos móveis sem precisarem de dizer “os nossos produtos são resistentes” de forma direta. Usam uma comparação super atual e com a qual todos nos conseguimos identificar. É uma campanha que fala da vida real com humor, sem deixar de reforçar a qualidade da marca. E isso é algo que a Ikea sempre soube fazer muito bem: comunicar com criatividade, proximidade e autenticidade.

2. Qual é a decisão mais difícil para um marketeer?

Uma das decisões mais difíceis para quem trabalha em marketing (e não só) é saber quando seguir os dados… e quando seguir o instinto (quando não temos dados). Quantas vezes olhamos para os números, fazemos análises, cruzamos tudo o que é métrica — e, mesmo assim, cá dentro, há aquela voz que diz: “Não é por aí.” E às vezes, essa voz está certa. Claro que os dados são fundamentais. Ajudam-nos a perceber comportamentos, tendências, padrões. Mas há decisões que não vêm com gráfico, nem com KPI. Vêm da experiência, da sensibilidade, de conhecer bem o público e o contexto. Vêm de viver a marca por dentro. A verdade é que o bom marketing vive nesse equilíbrio: entre a razão e a intuição, entre o Excel e a experiência. E a magia, muitas vezes, acontece mesmo quando conseguimos juntar os dois mundos.

3. No (seu) top of mind está sempre?

Uma das coisas mais importantes (e muitas vezes subestimadas) em marketing é garantir que temos as pessoas certas — não só dentro da equipa, mas também do lado das agências com quem trabalhamos. Porque uma boa estratégia até pode vir no papel, mas é nas reuniões, nos ajustes de última hora e nos “e se experimentássemos isto?” que as ideias ganham vida. E isso só acontece quando há empatia, confiança, abertura e respeito mútuo.

4. O briefing ideal deve…

O briefing ideal? Claro, direto ao ponto e com contexto. Sem rodeios, mas com informação suficiente para quem recebe perceber o “porquê” e o “para quê”. Um bom briefing poupa tempo, evita mal-entendidos e abre espaço para ideias melhores.

5. E a agência ideal é aquela que…

A agência ideal é aquela que trabalha connosco, lado a lado — como parte da equipa. Que vai à luta, mete as mãos na massa, desafia e é desafiada. Mas também é aquela com quem nos rimos, com quem nos divertimos. Quando o trabalho deixa de parecer trabalho, sabemos que estamos no sítio certo.

6. Em publicidade é mais importante jogar pelo seguro ou arriscar?

Diria que arriscar é mesmo o mais importante. Num mundo cheio de comunicação, onde tudo grita por atenção, para nos destacarmos temos de sair da zona de conforto e tentar coisas novas. Mas claro, arriscar não é fazer tudo à toa — é garantir que o que fazemos faz sentido para a marca e não ultrapassa limites. É um equilíbrio entre ser ousado e manter a autenticidade.

7. O que faria se tivesse um orçamento ilimitado?

Acho que marketing e publicidade são, no fundo, um exercício de gestão. E, por isso, o budget é sempre uma parte essencial da equação. Temos de ter um valor definido para conseguir medir o investimento e perceber o que realmente está a contribuir para os resultados. Sem isso, não consigo mesmo dizer “faz assim” ou “faz assado” — tudo tem de ser analisado e justificado. Por essa razão, fico sem saber bem o que responder quando me pedem ideias sem limites. Mas, se pudesse pensar sem restrições, talvez arriscasse numa série com uma super produção que encaixasse direitinho no posicionamento da marca.

8. A publicidade em Portugal, numa frase?

A publicidade em Portugal está numa fase mais local, focada nas necessidades e referências do nosso público.

9. Construção de marca é?

Como conhecer uma pessoa. Tem comportamentos, personalidade, uma forma de estar. Vai mostrando aos poucos quem é, tanto para o mundo como para os amigos, e naturalmente vamos gostando mais de umas do que de outras. Tem de manter uma coerência e ser fiel à sua base e aos seus valores. É esse processo que torna a relação com a marca mais genuína e duradoura.

10. Que profissão teria, se não trabalhasse em marketing?

Se não trabalhasse em marketing, acho que gostava de ser psicóloga. Perceber o comportamento das pessoas é algo que me fascina — e, no fundo, trabalhar numa equipa de marketing é quase isso: tentar perceber o que as pessoas precisam e pôr a marca exatamente onde faz sentido para elas.

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Depois de São Miguel, Bolt chega à ilha Terceira nos Açores

Depois do verão, a plataforma de mobilidade Bolt deverá chegar ao Faial e ao Pico, passando a estar presente em quatro ilhas do arquipélago dos Açores.

Depois de em março ter ‘aterrado’ com a plataforma de mobilidade em São Miguel, a Bolt chegou à ilha Terceira. Depois do verão, a plataforma de mobilidade deverá chegar ao Faial e ao Pico.

“Já há operações na Terceira. Estava numa fase de teste, também para perceber se estava a funcionar tudo bem. No Faial e no Pico penso que só vamos conseguir lá estar a partir de setembro”, adianta Mário de Morais, responsável de ride-hailing da Bolt em Portugal, ao ECO.

“Há todo um tema de formação, tem uns timings mais alargados e também a própria deslocação dos carros para estas ilhas. Têm de ser sempre elétricos, não há outra hipótese nos Açores, é o que diz a lei regional. Portanto, não vai ser tão cedo como esperávamos, no verão, mas por volta de setembro ou outubro vamos lá estar”, explica Mário de Morais sobre a expansão da plataforma de mobilidade para mais ilhas do arquipélago.

Serviço regista “pequeno aumento” no verão

Com o verão e o aumento do turismo, a plataforma admite registar “um pequeno aumento de serviço” em todas as regiões. “Assim que chegamos a alturas de festividades ou alguns picos de turismo, sentimos uma concentração de procura, mas já não é o que era, provavelmente, há dois anos. Sentia-se uma grande diferença entre a época baixa e época alta. Agora é mais constante, com pequenos picos de procura no verão”, diz.

Com o apertar das regras sobre a imigração desde o ano passado, a plataforma diz que não sente impacto na oferta de motoristas. “A procura continua a existir e a oferta de motoristas também. Obviamente, temos que ter regras para tudo na nossa sociedade, mas houve regras mais, até mais corretas do IMT em relação aos exames, mas as renovações, e contra aquela expectativa inicial, estão todas a acontecer”, afirma.

“Os motoristas que cá estão, estrangeiros ou portugueses, mas principalmente os estrangeiros, já se adaptaram. Estão completamente legais e são capazes de fazer a renovação da licença”, reforça o responsável.

“Sentimos pouco efeito [com o apertar da entrada de imigrantes no país], mas também é normal, porque o nosso setor já obrigava a um controle e um conjunto de informação acima da média”, diz, não se mostrando preocupado com potencial impacto das novas regras para a imigração previstas no programa do Governo. “Acho que vamos sentir menos e com menos intensidade [face a] outros setores”, conclui.

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Táxis regressam à Bolt. Integração arranca já no Porto e em julho chega a Lisboa

Desde junho do ano passado que chamar táxis através da Bolt estava vedado aos utilizadores da plataforma de mobilidade, com a exceção da ilha da Madeira.

A partir desta segunda-feira, a Bolt passa a integrar em Portugal continental os táxis na sua plataforma de mobilidade. A integração arranca na região do Porto, em julho chega a Lisboa e ao longo do terceiro trimestre a outras regiões do país.

Desde junho do ano passado que chamar táxis através da Bolt está vedado aos utilizadores da plataforma de mobilidade, com a exceção da Madeira. O regresso aos utilizadores em Portugal Continental chegou a estar apontado para maio, como adiantou em abril, em entrevista ao ECO, Mário de Morais, responsável deride-hailingda Bolt em Portugal.

Arranca agora no Porto. “Foi feito aqui um grande esforço da parte dos taxistas e das associações. Tivemos, obviamente, de garantir que toda a documentação, que já tinha mais de um ano, de todos os taxistas e das empresas de táxi na plataforma, estava atualizada. Este processo, que muitas vezes não é só digital, mas também presencial, levou-nos mais algumas semanas daquilo que queríamos inicialmente”, explica Mário de Morais, em declarações ao ECO. “Neste momento, como já temos algumas centenas de táxis validados e com toda a documentação atualizada junto da plataforma, já nos sentimos em condições de relançar o serviço“, diz.

“Começámos pelo Porto. Quando percebemos os timings, também quisemos aproveitar uma altura em que as pessoas precisam de meios de mobilidade para não andarem a levar os seus veículos para o centro da cidade, e como já não íamos conseguir a tempo de Santo António em Lisboa, demos preferência ao Porto, a tempo das festividades de São João. Depois será Lisboa, no mês de julho. Contamos ter uma data também para relançar“, afirma.

O objetivo é estender o serviço ao restante país onde a plataforma de mobilidade está presente. Hoje está em 18 cidades. “Temos recebido contactos de taxistas e de associações desde o Algarve, passando por Guarda e Bragança. Portanto, acho que também está a aderir porque percebe que é uma opção complementar para o próprio setor e, estando tudo clarificado, há muito mais adesão”, diz.

Mário de Morais considera que a reinclusão dos táxis na plataforma dos táxis na plataforma não irá gerar contestação no setor TVDE. “Continuamos a achar que a mobilidade tem de ser uma só. Neste momento está completamente clarificado. Não vai haver confusão para o cliente, que era uma das questões legítimas que o setor TVDE tinha, porque o cliente tem que saber o que está a chamar”, diz.

“A categoria vai estar completamente desagregada. É uma categoria táxi, o cliente decide qual a opção de mobilidade que quer, como decide hoje. Se o cliente hoje quiser apanhar um táxi, também consegue fazê-lo. Só vamos facilitar por ter uma plataforma onde fica tudo registado”, defende. Quando chama a categoria táxi, o preçário que se aplica é a bandeirada de táxi prevista na legislação.

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O Futuro é Agora: A Juventude e o Digital em Abrantes

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  • 23 Junho 2025

Miguel Batista, Dirigente Associativo, realça o Congresso da Segurança & Integridade Digital, que vai acontecer dia 26 de junho, em Abrantes, como um espaço importante para ouvir os jovens.

Crescemos a ouvir que o futuro é dos jovens. Mas, para quem vive ligado ao mundo associativo e caminha lado a lado com as novas gerações, é claro que esse futuro… já começou. Está nos dedos que deslizam com naturalidade pelos ecrãs. Está nas ideias ousadas que nascem em garagens, cafés ou salas de aula. Está no olhar inquieto de quem não se conforma com um mundo velho, mas quer transformá-lo — com a ajuda da tecnologia.

É por isso que o Congresso da Segurança & Integridade Digital, que se realiza no próximo dia 26 de junho, em Abrantes, tem uma importância que vai muito além das paredes de um auditório. Este evento é, na verdade, uma oportunidade rara — e preciosa — de falarmos com os jovens sobre o mundo que estão já a construir. Um mundo digital, veloz, global, mas também frágil e cheio de armadilhas.

Quantos de nós já não ouvimos histórias de contas pirateadas, dados pessoais expostos, bullying digital, ou até golpes financeiros a partir de simples cliques inocentes? Para os jovens, que cresceram sempre ligados, a linha entre o mundo real e o digital é quase invisível. E é exatamente por isso que é urgente falar com eles sobre segurança. Não num tom de sermão, mas de partilha. De empoderamento.

Neste congresso, vão falar-se de temas complexos: RGPD, cibersegurança, inteligência artificial, aceleradoras digitais… Mas por detrás de cada conceito técnico está uma questão profundamente humana: como proteger a nossa identidade num mundo virtual? Como garantir que a inovação serve as pessoas, e não o contrário? Como fazer da tecnologia um espaço de liberdade e não de controlo?

Miguel Batista, Dirigente Associativo

As respostas não podem vir só dos especialistas. Têm de vir também dos jovens. Dos que criam apps em vez de apenas as usarem. Dos que sonham com empresas sustentáveis, negócios digitais, ou formas de cidadania participativa onde a tecnologia une em vez de dividir. O Congresso de Abrantes é, também, para esses jovens. Para os curiosos. Para os inquietos. Para os que querem mais.

Enquanto dirigente associativo, tenho visto uma geração cheia de talento e criatividade. Mas também vejo dúvidas, receios e falta de orientação. Não basta entregar ferramentas e esperar que tudo corra bem. É preciso dar tempo, escuta, formação. E, sobretudo, criar momentos como este congresso: onde a juventude pode aprender, perguntar, contestar, propor. Onde se sentem parte da equação.

Abrantes será, nesse dia, muito mais do que um ponto no mapa. Será um lugar de encontro entre gerações, saberes e sonhos. Será uma plataforma de lançamento para quem quer fazer do digital uma força positiva, transformadora, justa. Porque falar de segurança e integridade digital não é falar de tecnologia — é falar de confiança, de direitos, de futuro.

E quem melhor do que os jovens para cuidar desse futuro? Que este congresso os inspire. Que os desafie. Que os convoque. Porque o futuro não começa amanhã. O futuro — esse que queremos mais seguro, mais ético, mais humano — começa agora.

Miguel Batista, Dirigente Associativo

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Caixa quer PwC como próxima auditora depois da EY. Santander contrata BDO

  • ECO
  • 23 Junho 2025

O banco estatal já indicou que quer que a PwC substitua a EY, cujo limite de mandatos foi atingido. Já o Santander decidiu contratar a BDO, a quinta maior empresa mundial no mundo de auditoria.

Há mudanças na auditoria dos grandes bancos. A EY, que trabalha desde 2017 com a Caixa Geral de Depósitos (CGD), vai continuar o seu trabalho durante mais dois anos, mas as regras impõem que depois tenha de sair. A PwC poderá ser a próxima auditora do banco estatal. Já o Santander decidiu contratar a BDO, entrando numa área dominada pelas “Big Four”.

Em declarações ao Público (acesso pago), fonte oficial da CGD referiu que a “Comissão de Auditoria recomendou a designação de uma nova SROC para os dois últimos anos do mandato 2025-2028, ou seja, para os exercícios financeiros de 2027 e 2028, ponderando todos os elementos relevantes suscitados na avaliação dos candidatos que participaram no processo público de seleção, tendo indicado, como opção preferencial, a PwC e, como opção alternativa, a KPMG”. Ou seja, a EY vai continuar em 2025 e 2026, mas a partir de 2027 poderá ser a PwC a assumir este lugar, uma vez que as regras impedem uma sociedade de estar mais de 10 anos nestas funções na mesma empresa.

Estes mesmos limites também levaram o Santander a escolher uma nova auditoria para 2026 e 2027. De acordo com o jornal diário, a escolhida foi a BDO, a quinta maior empresa mundial no mundo de auditoria. Até agora, esta função pertencia à PwC, que poderá agora estar a caminho da Caixa Geral de Depósitos.

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Portugueses são dos mais preocupados com uso de armas nucleares e terceira guerra mundial

  • Lusa
  • 23 Junho 2025

Estudo de opinião realizado pelo Conselho Europeu das Relações Externas em 12 países mostra que "é o medo crescente de um conflito nuclear que capta mais claramente a nova ansiedade europeia”.

Os inquiridos portugueses foram os que demonstraram, num estudo de opinião realizado em 12 países europeus, ter mais receio sobre o uso de armas nucleares, uma eventual terceira guerra mundial e uma guerra europeia além da Ucrânia.

“A maioria dos europeus está a acordar para a realidade de que vive num mundo muito diferente. Embora o receio de um ataque russo ao território da NATO seja menos generalizado do que alguns analistas sugerem – embora seja sentido com intensidade em certos Estados fronteiriços, como a Polónia, a Estónia e a Roménia, bem como em Portugal – é o medo crescente de um conflito nuclear que capta mais claramente a nova ansiedade europeia”, indica o Conselho Europeu das Relações Externas (ECFR, na sigla inglesa) num estudo publicado esta segunda-feira.

Um dia antes do início da cimeira de dois dias da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) marcada por fortes tensões geopolíticas no Médio Oriente e na Ucrânia e pela necessidade de aumentar o investimento em defesa, o ECFR divulga um estudo de opinião que abrange 12 países (Portugal, Dinamarca, Estónia, França, Alemanha, Hungria, Itália, Polónia, Roménia, Espanha, Suíça e Reino Unido) e 16.440 inquiridos com mais de 18 anos.

Questionados sobre se estariam preocupados com potenciais acontecimentos, os inquiridos portugueses indicaram ter maior preocupação relativamente ao uso de armas nucleares (85%), a uma terceira guerra mundial (82%) e a uma guerra ainda maior em solo europeu além da Ucrânia (77%). Foram as percentagens mais altas entre os países ouvidos.

Em sentido inverso, os questionados portugueses demonstraram-se menos preocupados sobre uma eventual invasão russa do país (54%) e o desmembramento da União Europeia (UE) ou da NATO (65% e 66%, respetivamente).

Os inquiridos portugueses (que foram 1.010, ouvidos entre 16 e 28 de maio) também disseram estar mais inquietos que o Estado invista demasiado em defesa e descure outras políticas ou que não invista o suficiente e isso ponha em causa a segurança do país.

Quando ao Presidente norte-americano, Donald Trump, a maioria dos questionados em Portugal (54%) considera que o republicado afetou a relação entre a Europa e os Estados Unidos, mas tal ligação melhorará quando ele sair.

Os 12 países selecionados pelo ECFR para este estudo de opinião têm por base critérios como equilíbrio geográfico e a dimensão.

Os aliados da NATO reúnem-se na terça-feira e quarta-feira em cimeira na cidade holandesa de Haia sob a urgência de gastar mais em defesa, esperando que não haja guerra, mas preparando-se para o pior.

Esta reunião de líderes e de ministros da NATO servirá para debater os acontecimentos mundiais e o seu impacto na segurança euro-atlântica, com os aliados a preparem-se para a guerra sem esperar que realmente ocorra.

Fala-se de uma meta de atingir 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) com gastos militares tradicionais (forças armadas, equipamento e treino) e 1,5% do PIB adicionais em infraestruturas de dupla utilização, civis e militares (como relativas à cibersegurança, prontidão e resiliência estratégica), um acréscimo face ao atual objetivo de 2%.

Em Portugal, o Governo anunciou que iria antecipar a meta de 2% do PIB em defesa para 2025.

Na passada quarta-feira, Mark Rutte saudou este anúncio português, afirmando que esta é “uma ótima notícia”, que chegou ainda antes do arranque da cimeira.

Em 2024, Portugal investiu cerca de 4.480 milhões de euros em defesa, aproximadamente 1,58% do seu PIB, o que colocou o país entre os aliados da NATO com menor despesa militar – abaixo da meta dos 2% -, segundo estimativas do Governo e da organização.

Portugal estará representado na cimeira de Haia pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, e pelos ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa, Paulo Rangel e Nuno Melo.

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Teerão ameaça alvos norte-americanos no Médio Oriente. EUA pedem “vigilância redobrada” aos cidadãos em todo o mundo

  • Lusa
  • 23 Junho 2025

Porta-voz das forças armadas iranianas antecipa "operações poderosas e orientadas". Departamento de Estado aconselha cidadãos norte-americanos de todo o mundo a "exercerem vigilância redobrada".

O Irão voltou esta segunda-feira a ameaçar os Estados Unidos da América com uma ação militar em resposta ao ataque norte-americano sem precedentes contra as instalações nucleares iranianas.

O porta-voz das Forças Armadas iranianas, Ebrahim Zolfaghari disse que o “ato hostil” dos Estados Unidos vai alargar o âmbito dos alvos legítimos do Irão, provocando o prolongamento da guerra na região do Médio Oriente.

“Os combatentes do Islão vão infligir consequências pesadas e imprevisíveis através de operações poderosas e orientadas”, acrescentou o mesmo porta-voz numa mensagem difundida pela televisão estatal iraniana.

Anteriormente, um conselheiro do ayatollah Ali Khamenei, o líder supremo do Irão, afirmou que os Estados Unidos já não têm lugar no Médio Oriente e que devem esperar “consequências irreparáveis” na sequência do ataque de sábado à noite.

Ali Akbar Velayati, citado pela agência oficial Irna, avisou que as bases militares utilizadas pelas forças norte-americanas para lançar ataques contra as instalações nucleares iranianas podem vir a ser consideradas “alvos legítimos”.

O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, instou Teerão a pôr fim ao conflito após o ataque surpresa realizado no sábado à noite com bombardeiros estratégicos B-2.

Os ataques visaram uma instalação subterrânea de enriquecimento de urânio em Fordo, bem como instalações em Isfahan e Natanz, onde a extensão dos danos ainda não foi avaliada.

Os acontecimentos do fim de semana aumentaram os receios de um encerramento do Estreito de Ormuz, ao largo da costa do Irão, por onde é transportado quase 20% do petróleo mundial. Esta segunda-feira, os preços do petróleo subiram quase 6%.

EUA pedem “vigilância redobrada” aos cidadãos em todo o mundo

As autoridades norte-americanas pediram aos seus cidadãos “vigilância redobrada” em todo o mundo, após os seus bombardeamentos contra instalações nucleares iranianas, que podem levar a retaliações do regime da República Islâmica.

Num aviso divulgado na noite de domingo nos Estados Unidos (madrugada de hoje em Lisboa), o Departamento de Estado “aconselha os cidadãos norte-americanos de todo o mundo a exercerem vigilância redobrada”.

A diplomacia de Washington aponta, em concreto, “o potencial para protestos contra cidadãos e interesses norte-americanos no estrangeiro”.

O aviso refere que o conflito lançado por Israel, em 13 de junho, contra o Irão resultou em interrupções nas viagens e no encerramento temporário do espaço aéreo em todo o Médio Oriente, e aconselha os seus cidadãos a que tenham “mais cautela”.

No domingo, os Estados Unidos ordenaram a retirada de famílias e funcionários não essenciais da sua embaixada em Beirute, “devido ao clima volátil e imprevisível na região”, segundo um comunicado da sua representação na capital libanesa.

Washington mantém também um alerta oficial desaconselhando todas as viagens para o Líbano, onde o grupo xiita Hezbollah, aliado de Teerão, condenou o ataque “bárbaro e traiçoeiro” norte-americano contra instalações nucleares iranianas, advertindo que pode arrastar a região e o mundo inteiro para uma “espiral desconhecida”, a menos que haja “ação internacional de dissuasão”.

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Mario Picazo lança um aviso sobre as alterações climáticas no eForum 2025: “Temos de nos adaptar porque queremos salvar vidas e salvar economias”

  • Servimedia
  • 23 Junho 2025

Sublinhou a urgência de agir contra este fenómeno e salientou que “os verões serão cada vez mais difíceis de suportar” nos próximos anos, dizendo que “não é tempo de esperar, é tempo de transformar".

O meteorologista e divulgador da ciência Mario Picazo abriu a primeira sessão do eForum eMallorca Experience 2025 com uma mensagem clara e contundente sobre as alterações climáticas: “Temos de nos adaptar porque queremos salvar vidas e economias”.

Picazo analisou os principais indicadores científicos que alertam para o aquecimento do Mediterrâneo e para o impacto crescente dos fenómenos climáticos extremos. Sublinhou a necessidade de aplicar políticas de mitigação a curto prazo e abordou a forma como a adaptação deve ser acompanhada por mudanças nos modelos urbanos, no consumo de energia, na gestão do turismo e na utilização responsável dos recursos. “Temos de agir no quotidiano: a energia que utilizamos, os hábitos que mantemos e a forma como abordamos a digitalização sem custos ambientais excessivos”, afirmou.

A sessão de abertura foi moderada por María García de la Fuente, presidente da Associação de Jornalistas de Informação Ambiental, que sublinhou a importância do jornalismo especializado na luta contra as alterações climáticas: “Não basta dar o microfone a qualquer pessoa. Não basta dar o microfone a qualquer pessoa. Precisamos de informação correta para tomar decisões responsáveis.

Álvaro Rodríguez, representante do The Climate Reality Project em Espanha, fez um discurso forte, no qual sublinhou que “todos os dias enviamos 175 milhões de toneladas de CO₂ para a atmosfera” e que “as alterações climáticas não são ideologia ou economia, são física”. Por conseguinte, apelou a uma ação urgente e decisiva para mitigar os efeitos das alterações climáticas.

O Professor Enrique Morán, da Universidade das Ilhas Baleares, analisou a situação dos aquíferos nas Ilhas Baleares e a ameaça de desertificação, sublinhando que “a pressão urbana e turística está a reduzir a capacidade do solo para sustentar a vida” e que 75% da água utilizada na ilha provém de aquíferos em estado preocupante.

A Diretora de Energia do Ciemat, Mercedes Ballesteros, abordou os desafios da transição energética em Espanha, uma vez que “quase metade da energia consumida no país ainda é de origem fóssil”, e sublinhou que as energias renováveis “não só são a via mais limpa, como também a mais rentável”, mas que é necessário um quadro de políticas estáveis para promover o investimento.

Por seu lado, o presidente da Câmara de Palma, Jaime Martínez, encerrou a conferência reafirmando o compromisso da cidade com uma “cidade verde e inteligente” e sublinhou a importância de iniciativas como a Baía de Inovação Cultural de Palma como motor de inovação e sustentabilidade através da colaboração público-privada.

O eForum 2025 é uma iniciativa organizada pela eMallorca Experience e conta com o apoio da Fundação de Turismo de Maiorca do Consell de Mallorca, atualmente Fundação de Turismo Responsável de Maiorca, bem como de outras entidades importantes, como o Departamento de Empresas, Emprego e Energia, os Portos das Ilhas Baleares e Melchor Mascaró.

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Hoje nas notícias: auditoria, contas públicas e hidrogénio

  • ECO
  • 23 Junho 2025

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

A partir de 2027, a PwC deverá substituir a EY como auditora da CGD, enquanto o Santander contratou uma auditora fora das big four. A redução do IRS e o reforço da despesa militar vão pesar 1,7 mil milhões de euros nas contas públicas. Conheça as notícias em destaque na imprensa nacional esta segunda-feira.

Mudanças na auditoria aos bancos: Caixa quer PwC, Santander contrata BDO

Desde que Paulo Macedo passou a liderar a Caixa Geral de Depósitos em 2017, a auditora responsável pela certificação das contas do banco público tem sido a Ernst & Young. Mas, como as regras dos revisores oficiais de contas impedem uma sociedade de estar mais de 10 anos naquelas funções na mesma empresa, a EY só poderá estar em funções até 2027, ano a partir do qual Paulo Macedo já propôs ao Governo selecionar a PwC para auditora. A PwC, por outro lado, está de saída do Santander, que já selecionou uma nova sociedade revisora oficial de contas para 2026 e 2027: a BDO, a quinta maior empresa mundial no mundo da auditoria.

Leia a notícia completa no Público (acesso pago)

Novas medidas do Governo pressionam contas em 0,6% do PIB

O ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, garante que “o país vai ter um excedente orçamental, a menos que aconteça algo absolutamente inesperado, quase ao nível de uma pandemia”. A estimativa do Governo aponta para um excedente de 0,3% do PIB em 2025, mas a descida do IRS em 500 milhões de euros e o reforço do investimento militar para cumprir a meta da NATO já este ano vão pressionar as contas públicas em 0,6% do PIB, cerca de 1,7 mil milhões de euros. A “tábua de salvação” pode ser uma receita extra proveniente de dividendos inesperados do Novobanco.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago)

Projeto de 2,8 mil milhões no hidrogénio arranca em Sines em 2029

O projeto MadoquaPower2X, que visa a produção de hidrogénio renovável (H2) e de amoníaco renovável (NH3), deverá arrancar a produção em 2029, num investimento total de 2,8 mil milhões de euros. O promotor — um consórcio formado pelos portugueses da Madoqua Renewables, os neerlandeses da Power2X e os dinamarqueses da Copenhagen Infrastructure Partners (CIP) — planeia iniciar a construção no início de 2027 para estar concluída no final desse ano. Depois, ao longo de 2028, o projeto estará em fase de comissionamento.

Leia a notícia completa no Jornal Económico (acesso pago)

Corrida da banca às garantias do Banco de Fomento para a exportação

O Banco de Fomento enviou 37 mil garantias pré-aprovadas a micro, pequenas e médias empresas, tendo sido descarregadas pelos bancos comerciais quase 200 mil no espaço de apenas 48 horas. Esta tática já tinha sido utilizada para acelerar a execução do BPF Invest EU e agora repete-se com a chegada do BFP Export, uma linha de 2,1 mil milhões de euros, numa primeira fase, com que Portugal procurou dar resposta aos impactos das tarifas anunciadas por Donald Trump.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso indisponível)

Disparam na Segurança Social pedidos para controlar reformas

Desde o início do ano, foram emitidas mais de 375 mil declarações pela Segurança Social com detalhes da carreira contributiva, isto é, com os valores descontados pelos trabalhadores, por mês ou por ano, e por entidade entidade patronal. A Declaração de Extrato da Carreira Contributiva passou a poder ser obtida online, permitindo não só a consulta mas também a impressão de todos os descontos, bem como a entrega do próprio pedido de revisão no caso de o beneficiário detetar falhas de informação. Esta informação é essencial, por exemplo, para a atribuição de prestações sociais ou a fixação do valor da pensão.

Leia a notícia completa no Correio da Manhã (acesso pago)

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