IA torna papel do contabilista e auditor “menos burocrático e mais estratégico”

A IA faz hoje parte da contabilidade e da auditoria, libertando os profissionais de tarefas rotineiras e tornando o seu papel mais estratégico. Mas não se pode confiar “cegamente” nesta tecnologia.

A Inteligência Artificial (IA) veio para ficar em todas as áreas, transformando a sociedade e a forma como se trabalha. Uma revolução que os contabilistas certificados e os auditores já estão a viver, mesmo sem darem conta. De acordo com os especialistas ouvidos pelo EContas, já faz parte do dia-a-dia destes profissionais, sobretudo entre as empresas de maior dimensão, tornando o seu papel menos burocrático e mais analítico e estratégico, abrindo a porta à oferta de serviços mais personalizados e, dessa forma, a melhores honorários.

“A IA está a transformar de forma profunda praticamente todas as profissões, sendo que a área da contabilidade não é exceção”, afirma Hélio Silva, consultor da Ordem dos Contabilistas Certificados (OCC), realçando que, “volvida sensivelmente uma década desde a revolução que o e-fatura operou na profissão”, levando os softwares de contabilidade a começarem a automatizar tarefas rotineiras, “a IA vem redefinir as competências exigidas e o valor estratégico que os contabilistas certificados podem oferecer aos seus clientes e demais stakeholders”.

Na revisão oficial de contas, esta revolução também já está em curso. “A IA já está a mudar a nossa profissão. Durante muito tempo, olhámos para a IA como algo longínquo, quase um conceito de ficção científica”, diz Virgílio Macedo, bastonário da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas (OROC). Hoje, “essa visão já não corresponde à realidade. A IA entrou na nossa rotina profissional e está a transformar a forma como analisamos dados, como avaliamos riscos, como organizamos as equipas e até a forma como nos relacionamos com os clientes”.

É neste cenário que muitos profissionais no setor da contabilidade e auditoria procuram “integrar a IA nos seus processos para melhorar a eficiência, a análise de dados e o apoio à decisão”, ao mesmo tempo que reduzem os erros, nota, por sua vez, Ana Ribeiro, Senior Sales Director da Sage Iberia. “Trata-se de uma mudança que revela não só resiliência do nosso tecido empresarial, mas também um posicionamento estratégico de adaptação e inovação, mesmo perante desafios económicos e operacionais”, acrescenta.

"A IA já está a mudar a nossa profissão. Durante muito tempo, olhámos para a IA como algo longínquo, quase um conceito de ficção científica. Hoje, essa visão já não corresponde à realidade. A IA entrou na nossa rotina profissional e está a transformar a forma como analisamos dados, como avaliamos riscos, como organizamos as equipas e até a forma como nos relacionamos com os clientes.”

Virgílio Macedo

Bastonário da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas

Esta tecnologia permite, hoje, a “automatização de tarefas repetitivas e recorrentes” antes realizadas pelos contabilistas, sendo que “todos os documentos fiscalmente relevantes possuem QR Code” e a sua leitura permite classificá-los do ponto de vista contabilístico e incorporá-los em qualquer sistema integrado de gestão empresarial (ERP, na sigla em inglês), diz Hélio Silva, consultor da OCC, que tem o seu próprio ERP, o Toconline.

Por outro lado, possibilita o tratamento e a análise de dados em tempo real, gerando “dashboards de análise de forma totalmente automatizada, verificando desvios em tempo real, ao mesmo tempo que permite construir diversos cenários e prever o impacto dos mesmos na empresa”, acrescenta. A IA otimiza ainda a “governação e também reforça a segurança, impedindo acessos não autorizados a dados e aplicações confidenciais”, diz Ayise Trigueiros, SAP Solution Advisor e SAP Business AI Expert da SAP Portugal, frisando que a “automatização pode levar à substituição de funções mais operacionais, exigindo uma requalificação profunda da força de trabalho”.

Hélio Silva, da OCC, acredita, ainda assim, que as vantagens trazidas pelas máquinas não vão tirar o lugar aos humanos. “A IA não vai substituir os contabilistas — vai antes amplificar o seu valor. Cabe agora aos profissionais e entidades formadoras preparar a profissão para um novo papel: menos burocrático, mais analítico, mais estratégico”, diz. Uma posição partilhada pelos auditores. “A Revisão Oficial de Contas já não se limita a verificar documentos: é um processo contínuo, com maior componente analítica e valor estratégico. A IA é uma aliada nessa transformação, não um inimigo”, aponta o bastonário da OROC.

Formação é chave

Ainda há, porém, muito trabalho pela frente na adaptação a esta tecnologia. “Do ponto de vista prático, podemos assumir que as empresas de maior dimensão já utilizam a IA com um grau de adoção médio-alto, as micro e pequenas estarão ainda num grau de adoção baixo ou, na melhor das hipóteses, médio”, refere o responsável da ordem liderada por Paula Franco. Mas todos os contabilistas acabam por ter contacto com a IA. “A adoção acontece, em muitos casos, de forma indireta: os contabilistas utilizam funcionalidades baseadas em IA sem darem conta, através dos seus softwares de gestão”, diz ainda.

As Ordens têm ajudado os profissionais a adaptarem-se a esta nova forma de trabalhar, dando formações focadas nesta área. “A utilização de ferramentas baseadas na IA carece de literacia digital por parte dos trabalhadores das empresas de contabilidade que as usam. Pelo que a OCC irá estar atenta e reforçar as ofertas formativas nestas matérias, de modo a que o papel humano do contabilista certificado nunca seja minimizado ou substituível pela máquina”, refere Hélio Silva.

A adaptação à IA “exige preparação, literacia digital e, sobretudo, uma visão clara do papel do revisor no futuro, algo que a OROC tem vindo a defender com firmeza, através de iniciativas de formação contínua. A nossa missão é garantir que nenhum profissional fica para trás nesta transformação e que todos os revisores possam assumir um papel relevante, informado e valorizado na nova era digital”, diz, por outro lado, Virgílio Macedo, bastonário da OROC.

Serviços mais personalizados e mais bem pagos

A formação é importante, entre outros fatores, para saber identificar riscos associados a esta tecnologia. “O maior risco é confiar cegamente na IA. Classificações automáticas de faturas podem induzir erros se não forem revistas por humanos, sobretudo ao converter dados contabilísticos em declarações fiscais, onde a legislação portuguesa é particularmente complexa”, refere Hélio Silva, da OCC. “Acresce ainda a necessidade de acompanhar a evolução da legislação, já que falhas geradas por algoritmos poderão implicar responsabilidades legais”, alerta Ayise Trigueiros, da SAP Portugal.

“Com o desenvolvimento de agentes de IA mais sofisticados, os riscos aumentam e exigem salvaguardas adicionais. A construção destes sistemas deve assentar em sistemas baseados em modelos treinados com dados específicos do setor, em conformidade com as normas legais e éticas”, refere Ana Ribeiro, Senior Sales Director da Sage Iberia, apontando que é “igualmente crucial assegurar que a supervisão humana se mantém no centro do processo”.

Há ainda o risco de provocar desigualdade. “Quem tiver acesso à tecnologia e à formação avança e quem não tiver, fica para trás. Isso pode acentuar as assimetrias já existentes no setor. Além disso, há questões relevantes de cibersegurança, ética e responsabilidade sobre decisões automatizadas que ainda carecem de regulação mais clara”, nota o bastonário dos revisores. Ainda assim, garante, as “oportunidades superam largamente os riscos”.

"A IA permite ao contabilista oferecer serviços mais personalizados, como análises previsionais, apoio à decisão estratégica e consultoria fiscal proativa — áreas com maior valor acrescentado e que justificam honorários ajustados à nova realidade.”

Hélio Silva

Consultor da Ordem dos Contabilistas Certificados

“A adoção da inteligência artificial no setor da contabilidade representa uma oportunidade única para transformar profundamente o papel do contabilista. Estamos a falar de um setor historicamente sobrecarregado e com uma elevada pressão regulatória”, nota Tiago Costa Lima, Diretor de Gestão de Produto para Escritórios de Contabilidade e PME na Cegid.

Além da eficiência, a “IA permite ao contabilista oferecer serviços mais personalizados, como análises previsionais, apoio à decisão estratégica e consultoria fiscal proativa — áreas com maior valor acrescentado e que justificam honorários ajustados à nova realidade”, realça Hélio Silva, consultor da OCC. Além disso, o “risco de erro aritmético passa a ser diminuto, permitindo ao contabilista focar-se mais na componente fiscal”.

Está também a abrir a porta a novos serviços na auditoria. As chamadas “Big Four” estão agora numa corrida para lançar serviços de auditoria focados nesta tecnologia, numa altura em que os seus clientes procuram cada vez mais ter a garantia de que os sistemas de IA funcionam e são seguros. “A IA permite-nos trabalhar melhor, mais depressa e com maior profundidade. Permite libertar tempo dos revisores para se concentrarem no que verdadeiramente importa: a criação de valor acrescentado para os seus clientes”, frisa Virgílio Macedo, bastonário da OROC, concluindo que, “se for bem implementada, a IA vai valorizar o papel do ROC, nunca substituí-lo”.

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Novobanco vende resort de luxo em Cabo Verde que devia 90 milhões ao BES

Novobanco põe de novo à venda os imóveis e o malparado associados ao Vila Verde Resort, na Ilha do Sal, que foi desenvolvido pela Tecnisil, um dos grandes devedores do banco.

O Novobanco colocou de novo à venda um conjunto de imóveis e terrenos que integram o resort de luxo Vila Verde Resort, localizado na Ilha do Sal, em Cabo Verde, com o valor de cerca de 90 milhões de euros, segundo as informações recolhidas pelo ECO junto de fontes do mercado.

Os ativos integram o empreendimento que foi desenvolvido na cidade de Santa Maria pela Tecnisil. Esta promotora imobiliária arrancou com o projeto em 2006, mas foi arrastada pelas crises financeiras de 2007 e 2011, deixando as obras por completar e uma dívida de cerca de 93 milhões ao BES.

Os ativos e o malparado associados à Tecnisil acabaram por ser herdados pelo Novobanco quando o Banco de Portugal decidiu avançar com uma medida de resolução ao banco de Ricardo Salgado, em agosto de 2014.

Esta não é a primeira vez que o Novobanco – que não faz comentários sobre a operação — tenta desfazer-se da exposição à Tecnisil. Em 2019, foi incluída na carteira de grandes devedores Nata II (vendido ao fundo Davidson Kempner), acabando por ser retirada devido à baixa oferta do comprador por aqueles ativos. E voltou a colocar o portefólio ligado à Tecnisil no mercado há três anos, mas de forma individualizada, como adiantou o ECO na altura. Mas também não foi bem-sucedido em desfazer-se da exposição.

Na lista dos grandes devedores

Foi já nas mãos da Lone Star — que acabou de anunciar a venda do banco aos franceses do Groupe BPCE por 6,4 mil milhões de euros — que o Novobanco acelerou a venda de ativos problemáticos herdados do BES.

Entre 2016 e 2024, o rácio de malparado do Novobanco caiu dos 33,6% para os 4,1%, refletindo o esforço de limpeza do balanço aproveitando o mecanismo de capitalização contingente, criado em 2017 com o valor de 3,89 mil milhões de euros, concebido para cobrir as perdas relacionadas com malparado e outros despojos do antigo BES.

Entre os ativos problemáticos que ainda estão no balanço do banco encontram-se estes associados à Tecnisil. A promotora imobiliária surgia na lista dos grandes devedores da instituição em 2016, com uma dívida de 92 milhões e com banco a registar imparidades de 20% desse crédito, de acordo com o Correio da Manhã.

Atualmente, o resort está a ser gerido por outro grupo hoteleiro português, a Agua Hotels, que assumiu o controlo da operação em 2015, depois de a Tecnicil ter avançado com um plano de saneamento da imobiliária para resolver o problema da elevada dívida bancária.

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Petróleo em alta coloca empresas em sobressalto

Com a cotação a disparar devido à guerra no Médio Oriente, as empresas alertam que os preços dos produtos deverão subir e que o Governo poderá ter de tomar medidas para atenuar o impacto na economia.

O Brent chegou a bater máximos de janeiro na semana passada, ao ultrapassar a fasquia dos 79 dólares por barril, numa valorização de quase 15% em euros desde o início dos bombardeamentos israelitas sobre Teerão, colocando os mercados energéticos numa autêntica montanha-russa e levando o tecido empresarial português a preparar-se para o impacto de uma nova crise nos combustíveis.

A guerra no Médio Oriente transformou-se no principal catalisador de volatilidade nos mercados petrolíferos nos últimos dias, que ganhou novos contornos este sábado com o bombardeamento dos EUA a três centrais nucleares iranianas. Mesmo antes deste ataque, os analistas já estavam a incorporar um prémio de risco geopolítico de cerca de 10 dólares por barril, refletindo os receios de interrupções no fornecimento numa região que controla mais de 35% da produção mundial de crude.

O J.P. Morgan elevou a probabilidade do seu “cenário mais adverso” de 7% para 17%, estimando que os preços do crude possam explodir até aos 130 dólares caso o Estreito de Ormuz seja encerrado.

As previsões dos principais bancos de investimento revelam um cenário de grande incerteza quanto ao futuro comportamento do ouro negro, com cenários que vão desde os 60 até aos 130 dólares por barril, dependendo da evolução do conflito, deixando os empresários bastante apreensivas.

“Não há apenas dificultação de comércio que atravessa continentes. Os próprios produtos que são transacionados dentro da União Europeia também serão afetados – e de que maneira – dado que o petróleo consumido passará a ter uma influência ainda maior na formação do preço do produto”, alerta Mário de Sousa, CEO da Portocargo.

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Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para abrir o gráfico.

Analistas divididos entre otimismo e cenários catastróficos

Enquanto o Goldman Sachs mantém a sua projeção base de queda do Brent para os 60 dólares no quarto trimestre, assumindo ausência de interrupções no fornecimento, reconhece que num cenário de redução da oferta iraniana o preço pode disparar “ligeiramente acima dos 90 dólares“. Esta dualidade de perspetivas reflete a incerteza que paira sobre os mercados energéticos, onde cada movimento militar pode alterar drasticamente as cotações.

Mais pessimista está o J.P. Morgan, que elevou a probabilidade do seu “cenário mais adverso” de 7% para 17%, estimando que os preços do crude possam explodir até aos 130 dólares caso o Estreito de Ormuz seja encerrado, via marítima por onde transita diariamente cerca de um quinto do petróleo mundial.

Esta perspetiva ganhou ainda mais relevância depois do Barclays ter estimado que, se as exportações iranianas fossem reduzidas para metade, o crude poderia escalar para os 85 dólares por barril, potencialmente ultrapassando os 100 dólares num “cenário mais adverso” envolvendo um conflito mais alargado.

Para a operação logística, nomeadamente os transportes rodoviários, o gasóleo representa uma taxa muito significativa dos custos, portanto existem impactos muito grandes nas empresas de transporte em Portugal, assinala

Afonso de Almeida

Presidente da Associação Portuguesa de Logística (APLOG)

O fator de alívio temporário veio da Casa Branca, com o presidente Donald Trump a sinalizar que dará duas semanas para negociações antes de decidir sobre potenciais ataques ao Irão, aliviando os receios de uma intervenção militar americana imediata. “Este adiamento por parte da Casa Branca faz lembrar episódios anteriores durante a presidência de Donald Trump, em que as pressões dos mercados influenciaram decisões de política tarifária — fenómeno que alguns apelidaram de ‘TACO’ [Trump Always Chicken’s Out]”, refere Ricardo Evangelista, CEO da ActivTrades Europe, ao ECO.

Apesar de desde 13 de junho estar a ser atacado por Israel, o Irão tem conseguido manter as suas exportações petrolíferas praticamente intactas, carregando 2,2 milhões de barris por dia esta semana – o valor mais elevado em cinco semanas -, segundo dados da Kpler. “O Irão tem estado a direcionar ainda mais crude para as suas instalações de exportação, preparando-se para enviar o máximo de petróleo possível para o mercado enquanto consegue”, referiu Helge Andre Martinsen, analista da DNB Markets, ao The Wall Street Journal.

Esta estratégia iraniana de maximizar as exportações antes de eventuais interrupções adiciona pressão sobre o tecido empresarial português, que já sente o impacto da subida dos combustíveis. “Tem um impacto fortíssimo. Para a operação logística, nomeadamente os transportes rodoviários, o gasóleo representa uma taxa muito significativa dos custos, portanto existem impactos muito grandes nas empresas de transporte em Portugal”, assinala Afonso de Almeida, presidente da Associação Portuguesa de Logística (APLOG).

A principal preocupação centra-se no facto de o Irão ser o terceiro maior produtor da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), com uma capacidade de 3,3 milhões de barris diários, e de controlar uma posição estratégica no Estreito de Ormuz. Esta posição geográfica privilegiada transforma qualquer escalada militar numa ameaça direta ao fornecimento energético global.

Empresas nacionais antecipam tempestade perfeita

Com o Brent a negociar em máximos de quase cinco meses e a volatilidade a dominar os mercados energéticos, as empresas portuguesas mostram receios sobre pressões inflacionistas adicionais, numa altura em que a economia europeia ainda se adapta às consequências geopolíticas de outros conflitos regionais.

O setor dos transportes e logística está visivelmente preocupado com uma eventual subida expressiva dos preços dos combustíveis, sobretudo se a situação no Médio Oriente se agudizar e esse aumento se alongar no tempo.

“Quando tudo fluía, a qualquer hora ou minuto, podíamos ter aquilo que estava a ser produzido a dezenas de milhares de quilómetros de distância. Se calhar já não comemos cerejas todo o ano, mas só poderemos comer quando o bom tempo não prejudicar o seu crescimento e amadurecimento em Portugal”, exemplifica Mário de Sousa, da Portocargo, acrescentando que, “infelizmente”, não acredita na força das lideranças para impedir “o início de um problema gravíssimo a nível mundial”.

O impacto da subida do preço do ouro negro estende-se muito além dos transportes. Vítor Poças, presidente da Associação das Indústrias de Madeira e Mobiliário de Portugal (AIMMP), explica que os custos de transporte com as exportações nesta indústria — florestal, tratores, gruas, maquinaria de serração e carpintaria, transporte das madeiras — rondam os 10% a 12%, pelo que “a influência nos combustíveis é significativa”.

“São operações que exigem grandes volumes de transporte. Ora, são negativamente influenciados pelo aumento do custo dos combustíveis. Num setor como o nosso, a subida do preço dos combustíveis tem um impacto muito significativo. São muitas cargas, deslocações, volumes e máquinas que trabalham com base nesta fonte de energia”, refere ainda Vítor Poças.

Se já estávamos com o problema dos houthis, que fez com que a grande maioria das mercadorias transportadas por via marítima passasse a demorar muito mais tempo e com custos mais elevados pelo desvio para a rota do Cabo da Boa Esperança, via África do Sul, agora é natural que a dificultação da passagem de navios petroleiros e a disrupção na sua extração faça com que os combustíveis aumentem.

Mário Silva

CEO da Portocargo

A complexidade da cadeia logística portuguesa torna o impacto ainda mais severo. “Como o setor trabalha muito em cluster e com interdependência, cada vez que há um transporte de madeira ou produtos de madeira de uma tipologia de indústria para outra, acarreta mais um transporte. Ou seja, além do volume, exige deslocação de matérias-primas e de produtos inter-empresas no contexto nacional”, sublinha o presidente da AIMMP.

Segundo Mário de Sousa, assim como a Covid-19, a guerra entre o Irão e Israel — e neste caso os seus efeitos no mercado petrolífero — são “mais uma das muitas ruturas e disrupções que têm consequências enormes na gestão da cadeia logística”.

A comparação com o período dos ataques dos houthis do Iémen é inevitável. “Se já estávamos com o problema dos houthis, que fez com que a grande maioria das mercadorias transportadas por via marítima passasse a demorar muito mais tempo e com custos mais elevados pelo desvio para a rota do Cabo da Boa Esperança, via África do Sul, agora é natural que a dificultação da passagem de navios petroleiros e a disrupção na sua extração faça com que os combustíveis aumentem“, refere Mário Silva.

Pressão sobre o consumidor final

O efeito dominó não se fica pelos transportadores. “Os preços do petróleo acabam por influenciar toda a economia. Os combustíveis são utilizados por qualquer tipo de empresas, desde uma padaria, restauração, à agricultura”, salienta Mafalda Trigo, vice-presidente da Associação Nacional de Revendedores de Combustíveis (ANAREC).

“Mesmo quem não tem viatura própria ou nenhum consumo de combustível, ao comprar pão ou outro artigo qualquer, acaba por ter que pagar mais caro, porque aumentando os custos de produção ou de distribuição aumentam os preços finais”, salienta Mafalda Trigo.

Os empresários do setor contactados pelo ECO mostram-se pouco crentes na capacidade de os intervenientes no conflito e os líderes mundiais travarem as ofensivas e anteveem que o preço se reflita na fatura a pagar pelos consumidores — nos supermercados, padarias e restaurantes até às lojas de móveis para casas e escritórios.

Se o Governo fizer o exercício para compensar o aumento do preço do petróleo por uma baixa dos impostos, acaba por não se sentir tanto o aumento final do preço de combustível e consegue-se controlar melhor a inflação.

Mafalda Trigo

Vice-presidente da Associação Nacional de Revendedores de Combustíveis (ANAREC)

Ressalvando que a instabilidade geopolítica impossibilita saber o que irá acontecer ou se a subida nos combustíveis vai continuar (e por quanto tempo), Afonso de Almeida, da APLOG, está convencido de que, até ao final de junho ou início de julho, “se a situação se mantiver ou agudizar, seria natural, expectável e positivo que houvesse alguma medida para controlar” preços por parte do Governo.

A responsável da ANAREC vai mais longe e considera que é “benéfico” que haja uma redução do ISP (Imposto sobre os Produtos Petrolíferos) e suspensão temporária da atualização da taxa de carbono, como aconteceu aquando do início da guerra na Ucrânia. “Se o Governo fizer o exercício para compensar o aumento do preço do petróleo por uma baixa dos impostos, acaba por não se sentir tanto o aumento final do preço de combustível e consegue-se controlar melhor a inflação”, afirma Mafalda Trigo.

Ainda assim, há cada vez mais contratos com cláusulas para, na eventualidade de uma subida trimestral elevada, as empresas de transportes e operadores logísticos poderem ajustar preços em função disso. No entanto, “na prática, não significa que aconteça em todas as situações ou que toda a atividade de transportes esteja coberta, mas é uma prática crescente e da maior justiça para todos (transportadoras e seus clientes)”, realça o presidente da APLOG.

A situação complica-se ainda mais se os mísseis atingirem alguma refinaria, poço de petróleo ou mesmo o próprio transporte, como alerta a vice-presidente da ANAREC, numa altura em que o Irão é reconhecido como um dos grandes produtores de petróleo mundial.

A maioria das associações empresariais considera que “ainda é prematuro” o Governo avançar com medidas, mas a pressão para intervenção estatal poderá intensificar-se se a escalada militar no Médio Oriente continuar a empurrar os preços dos combustíveis para níveis insustentáveis para a economia portuguesa.

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China, Rússia e Paquistão pedem na ONU cessar-fogo imediato entre Irão, Israel e EUA

  • Lusa
  • 22 Junho 2025

Três membros do Conselho de Segurança da ONU, China, Rússia e Paquistão, apresentaram um projeto de resolução pedindo "um cessar-fogo imediato e incondicional" entre o Irão, Israel e os EUA.

Três membros do Conselho de Segurança da ONU, China, Rússia e Paquistão, apresentaram um projeto de resolução pedindo “um cessar-fogo imediato e incondicional” entre o Irão, Israel e os Estados Unidos. A informação foi divulgada pelo embaixador chinês junto da ONU, Fu Cong, ao Conselho de Segurança, que realizou uma reunião de emergência na sequência dos ataques norte-americanos que visaram instalações nucleares iranianas.

Os três países são atualmente os principais aliados do Irão no Conselho e é altamente improvável que a resolução seja aprovada, dado o poder de veto dos Estados Unidos dentro do órgão. Mesmo assim, a resolução – que ainda não tem data marcada para ser votada – utiliza uma linguagem diplomática porque apela, além de um cessar-fogo, à “proteção dos civis, ao respeito pela legalidade internacional e ao regresso ao diálogo e à negociação”.

Fu Cong, tal como o embaixador russo, Vasili Nebenzia, condenou inequivocamente o bombardeamento norte-americano das centrais nucleares iranianas, posição que não foi assumida por nenhum dos países europeus com assento no Conselho (França, Reino Unido, Dinamarca, Eslovénia e Grécia).

O embaixador Vasili Nebenzia foi particularmente duro ao destacar “as declarações cínicas (dos outros países) sobre a sua disponibilidade para voltar à mesa das negociações, como se os ataques bombistas de alto calibre contra o Irão não tivessem ocorrido“. “Hipocritamente, pintam o Irão como a parte que fez descarrilar o processo de negociação”, disse.

Israel tem em curso uma ofensiva contra o Irão desde 13 de junho, que justificou com os progressos do programa nuclear iraniano e a ameaça que a produção de mísseis balísticos por Teerão representa para o país.

O Irão tem repetidamente negado o desenvolvimento de armas nucleares e reivindica o direito a realizar atividades nucleares pacíficas.

Os ataques de Telavive destruíram infraestruturas nucleares do Irão e mataram altos comandos militares e cientistas iranianos que trabalhavam no programa nuclear.

Teerão tem respondido com vagas de mísseis sobre as principais cidades israelitas e várias instalações militares espalhadas pelo país.

Na noite passada, os Estados Unidos envolveram-se militarmente no conflito, com recurso a aviões bombardeiros B-2, que, segundo o Pentágono (Departamento da Defesa), conseguiram “eliminar” as ambições nucleares do Irão.

Os ataques “terão consequências eternas”, garantiu o chefe da diplomacia iraniana, Abbas Araghchi, afirmando que Teerão mantém em aberto “todas as opções para defender a sua soberania, os seus interesses e o seu povo”.

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Cinco distritos de Portugal continental sob aviso amarelo devido a trovoada e granizo

  • Lusa
  • 22 Junho 2025

Cinco distritos de Portugal continental sob aviso amarelo na segunda-feira por causa de aguaceiros que podem ser sob a forma de granizo, acompanhados de trovoada e de rajadas fortes de vento

Cinco distritos de Portugal continental ficam sob aviso amarelo na segunda-feira por causa de aguaceiros, por vezes fortes, que podem ser sob a forma de granizo, acompanhados de trovoada e de rajadas fortes de vento, divulgou o IPMA.

Évora, Guarda, Beja, Castelo Branco e Portalegre são os distritos sob aviso amarelo do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), entre as 09h00 e as 15h00 de segunda-feira.

O aviso amarelo, o menos grave de uma escala de três, é emitido sempre que existe uma situação de risco para determinadas atividades dependentes da situação meteorológica.

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NATO isenta Espanha de gastar 5% do PIB em defesa

  • Lusa
  • 22 Junho 2025

O Governo espanhol chegou a um acordo com a NATO que isenta o país de se comprometer a gastar 5% do PIB em defesa. Pormenores serão explicados por Pedro Sánchez, numa declaração no Palácio de Moncloa.

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, garantiu hoje que afetará 2,1% do PIB do país às despesas com a defesa, “nem mais, nem menos”, o que lhe permitirá garantir todos os seus compromissos no âmbito da NATO. Numa declaração institucional, no Palácio de Moncloa, na sequência do acordo alcançado com a aliança atlântica que isenta o país de se comprometer a gastar 5% do PIB em defesa, Sánchez sublinhou que esta percentagem seria “desproporcionada, desnecessária” e incompatível com o Estado social.

Respeitamos a vontade legítima dos outros países de aumentar o seu investimento na defesa, se assim o desejarem, mas não o faremos“, frisou, sublinhando ainda que o acordo alcançado com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês) é “muito positivo”, uma vez que permite “respeitar a aliança transatlântica” e “preservar a sua unidade” sem aumentar as despesas com a defesa.

Estas declarações surgem depois de o líder do executivo espanhol ter enviado uma carta ao secretário-geral da NATO, Mark Rutte, na quinta-feira passada, na qual afirmava que Espanha não se podia comprometer a aumentar as despesas com a defesa para 5% do PIB na cimeira da próxima semana e sugeria que se abrisse uma exceção ou que o objetivo fosse “opcional”.

Para Espanha, comprometer-se com um objetivo de 5% seria não só irracional como também contraproducente; afastaria Espanha da despesa ótima e dificultaria os esforços da União Europeia para fortalecer o seu ecossistema de segurança e defesa“, escreveu o primeiro-ministro espanhol, na missiva tornada pública pelo executivo de Madrid.

Sánchez indicava ainda que o país não se podia comprometer “com um objetivo específico de despesa [militar] nesta cimeira” e defendia que cada país pode precisar de um esforço financeiro diferente para alcançar os objetivos assumidos no seio da organização, porque há variáveis diversas, associadas, por exemplo, a custos de produção. “O que não tem nada a ver com o nível de compromisso com a defesa coletiva“, acrescentou, dizendo que, no caso de Espanha, segundo as “estimativas militares”, 2,1% do PIB é suficiente para cumprir os objetivos.

O compromisso dos países membros da aliança atlântica em relação a estas despesas será um dos principais temas da cimeira da NATO que se realiza esta terça e quarta-feira em Haia.

Na sexta-feira, o Presidente norte-americano, Donald Trump, tinha defendido que a meta de 5% do PIB para gastos de Defesa dos países-membros da NATO não deveria aplicar-se a Washington, e criticou Espanha por “pagar pouco” no âmbito da Aliança Atlântica.

Em resposta a estas críticas, no sábado, a ministra do Trabalho e vice-presidente do Governo espanhol, Yolanda Díaz, disse que Espanha é soberana e “não vai fazer o que ele quer”.

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Novobanco: GamaLife tem exclusividade até 2039. Mudum até 2042

A mudança de propriedade do Novobanco para o grupo francês BPCE terá de respeitar a existência de contratos exclusivos de longo prazo com as duas seguradoras.

A mudança de propriedade do Novobanco não vai alterar a exclusividade na venda de seguros da seguradora GamaLife no ramo Vida e da Mudum nos seguros Não Vida, revelam fontes próximas do negócio. A aquisição de 100% da GNB Vida (hoje GamaLife) por fundos da Apax Partners em outubro de 2019, e de 25% da GNB Seguros (hoje Mudum) que faltavam ao controle completo pela Crédit Agricole Assurances, em dezembro de 2019, assegurava aos compradores contratos de distribuição exclusivos com a rede Novobanco, incluindo ainda o Novobanco Açores e o Banco Best.

Pela transação o Groupe BPCE (fusão da Caisse d’Épargne e Banque Populaire) vai pagar 6,4 mil milhões de euros por 100% do capital do Novobanco, com a Lone Star Funds a receber 75% desse valor enquanto o Fundo de Resolução irá receber cerca de 867,8 milhões de euros por conta da participação de 13,56% que tem no banco.

Embora tenha um forte grupo segurador, com 19 mil milhões de prémios emitidos em 2024 – mais 20% que todo o mercado português –, o BPCE tem contratos de longo prazo a respeitar. “A relação entre a Mudum e o Novobanco mantém-se sólida – o atual acordo de distribuição entre ambas as partes vigora até 2042, e estamos plenamente focados em continuar a estratégia delineada e já conhecida pelo mercado”, disse a ECOseguros Afonso Themudo Barata, CEO da Mudum, a seguradora do Crédit Agricole Assurances, poderosa concorrente do BPCE em França.

Themudo Barata reforça a ideia de continuidade: “Continuaremos a nossa missão de responder às necessidades dos clientes com proximidade, inovação e soluções ajustadas ao mercado – sempre em articulação com os nossos parceiros, incluindo o Novobanco”, conclui. A Mudum obteve prémios de 84 milhões de euros em 2024, na sua grande maioria através da rede Novobanco, tornando-se o 13.º maior grupo segurador em Portugal com 1,1% de quota de mercado.

A GamaLife, com contrato de distribuição exclusivo de seguros de vida, poupança e reforma até 2039, não comentou esta transação. Fonte próxima afirma que também não se esperam alterações ao contrato existente. A seguradora vendeu em Portugal através do Novobanco cerca de 360 milhões de euros dos 490 milhões que vendeu de prémios em 2024. O restante negócio fez em Itália. Este valor já coloca a GamaLife como o 5.º maior grupo de seguros em Portugal.

As receitas de comissões de seguros do Novobanco, nesta área o banco é classificado como um agente de seguros, atingiram 29 milhões de euros em 2024, sendo essas remunerações relativas a seguros de Vida tradicionais, comissões de produtos unit-linked, seguros Não Vida a particulares e empresas e seguros de proteção de pagamentos – como para crédito à habitação e cartões de crédito – com componentes Vida e Não Vida. Essas comissões são pagas pelas seguradoras ao Novobanco.

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Mais velhos, menos contribuintes. Conheça as respostas do setor privado à crise das pensões públicas

  • ECO Seguros
  • 22 Junho 2025

Em 2050 haverá apenas 1,5 contribuinte por pensionista. Associações e líderes financeiros alertam para a urgência da ação e lançam propostas como a criação da secretaria de Estado para os idosos.

A Associação Fórum Insurtech Fintech de Portugal (FIF Portugal) reuniu líderes de empresas do setor financeiro e de organizações não-governamentais para debaterem as ameaças à qualidade de vida dos seniores de hoje e do futuro e as possíveis formas de as combater.

Miriam Nicolau da Costa, presidente da direção da FIF no discurso de abertura do 1.º seminário da associação intitulado de “Viva a Longevidade com Qualidade – Inovação na saúde, sistema financeiro e habitação”

“Não devemos adiar discussões alargadas sobre como atuar hoje, para acautelar um futuro na velhice com mais qualidade”, afirmou Miriam Nicolau da Costa, presidente da direção da FIF no discurso de abertura do 1.º seminário da associação intitulado de “Viva a Longevidade com Qualidade – Inovação na saúde, sistema financeiro e habitação”.

Para Miriam Nicolau da Costa os principais motivos que levam o envelhecimento com qualidade a ser posto em causa são o “envelhecimento da população e os reflexos nos riscos para a sustentabilidade do sistema nacional de pensões, o aumento da idade média de vida, a baixa natalidade, a emigração dos nossos jovens (embora certo contraponto pela imigração acentuada) desviando o seu contributo para o sistema nacional de pensões e deixando os seus seniores cada vez mais sozinhos” considera que estas “são variáveis em mutação acelerada, interrelacionados e desenhando novos cenários aos quais ninguém pode ficar alheio”.

Associação de Reformados propõe criação de secretaria de Estado para os mais velhos

Segundo um estudo coordenado pelo GPEARI do Ministério das Finanças, podemos chegar a 2050 com apenas 1,5 contribuintes ativos por cada pensionista – o que poderá reduzir de forma acentuada o valor das reformas. O estudo foi apresentado pelo keynote speaker do evento, Valdemar Duarte, diretor-geral da Ageas Pensões que reforça que os incentivos a complementos de reforma e fundos de pensões privados não podem ser adiados.

Valdemar Duarte, diretor-geral da Ageas Pensões, keynote speaker do evento apresentou o “Ageing Report”, estudo coordenado pelo Gabinete de Planeamento, Estratégia, Avaliação e Relações Internacionais (GPEARI) do Ministério das Finanças em 2023.

Dada a representação na sociedade da população sénior foi defendido a criação de uma secretaria de Estado dedicada aos “mais velhos”. A sugestão foi feita por Anabela Paixão da APRE! Associação de Reformados na primeira mesa-redonda do evento.

No debate também defendeu a importância do poder local, sobre o qual a associação tem desenvolvido a criação de um Sistema Nacional de Promoção dos Direitos das Pessoas Mais Velhas, com uma rede de apoio ao nível do poder local, com representação judicial, da Segurança Social, do Serviço Nacional de Saúde, das forças de segurança e, eventualmente, de outras entidades que prestem serviços de proximidade a esta população.

Lacunas nas oferta de cuidados

Os participantes da segunda mesa-redonda concluíram que o número atual de cuidadores formais é insuficiente para as necessidades, bem como os lares, em particular os de pernoita e nas grandes cidades.

Além disso, os preços estão muito inflacionados, sendo, no entanto, uma oportunidade de negócio e um drive para serem desenvolvidas inovações em assistências e conectividades digitais que liguem entre si seniores, sensores/WiFi de medições, cuidadores, familiares e clínicos.

A revolução implica inovação em todo o ecossistema “prestadores, seguradores, resseguradores”, frisou João Horta e Costa, CCO da Europ Assistance. Das coberturas já existentes com crescente uso destaca a entrega de medicamentos ao domicílio, vídeo consultas e apoio psicológico, vídeo despiste de avarias na assistência lar, algo que tem tido excelente acolhimento entre os seniores.

Natália Nunes da DECO afirma que muitos cidadãos +55 que pedem apoio ao Gabinete de Proteção Financeira reclamam de seguros caros, difíceis de entender e denotam muito desconhecimento das soluções que existentes.

Esta mesa-redonda foi moderada por Nuno Sapateiro, Presidente da Assembleia Geral da FIF e membro do seu grupo Insurtech, bem como partner na Abreu Advogados.

Inovação na saúde: Inteligência artificial e novos modelos de atendimento

Todas as mudanças previamente elencadas desafiam as seguradoras do ramo Vida. Marta Graça Ferreira, CEO da Real Vida Seguros destacou essas mudanças e apresentou um vídeo com base num estudo da Universidade de Harvard, que conclui que a felicidade – e até a saúde – na fase final da vida está diretamente relacionada com a qualidade das relações humanas ao longo dos anos, tanto na esfera privada como comunitária.

A 3.º mesa-redonda, moderada por Paulo Bracons, Presidente do Conselho Fiscal da FIF e membro do seu grupo Insurtech centrou-se na necessidade de inovação nas soluções oferecidas pelos setores dos seguros e da banca.

Marta Graça Ferreira destacou como principais eixos transformadores da atualidade para uma seguradora de Vida, não só o assinalável incremento de longevidade, como a transferência de riqueza entre gerações, mesmo na classe média, que culturalmente em Portugal é proprietária de imóvel.

Durante a sessão, várias empresas apresentaram soluções inovadoras, como consultas com co-pagamento fixo e serviços de medicina geral e saúde mental por videoconferência – um modelo híbrido que combina acessibilidade, custo controlado e proximidade digital.

Já a 4.ª mesa-redonda, moderada por Paulo Padilha, membro da Direção da FIF e presidente do grupo Insurtech, focou-se especificamente nas inovações em saúde.

Marta Martins, diretora-executiva do cluster de novos negócios da CUF – Hospitais e Clínicas, partilhou avanços tecnológicos já implementados na rede. Um dos destaques foi a assistente virtual “Clara, Assistente AI”, que contacta automaticamente doentes recém-operados, colocando um conjunto de questões e sinalizando, em tempo real, situações clínicas mais críticas aos profissionais de saúde. As respostas são integradas numa base de dados, permitindo a análise estatística e melhorando futuras decisões clínicas.

Outra inovação mencionada foi o acompanhamento de doentes internados em casa, o que tem reduzido a taxa de infeções hospitalares, diminuindo, inclusive, a duração média dos internamentos. A CUF prepara-se ainda para lançar sistemas de telemonitorização à distância, o que poderá reduzir a necessidade de visitas presenciais frequentes, garantindo simultaneamente a continuidade e qualidade dos cuidados prestados.

Nos discursos de abertura e encerramento, Miriam Nicolau da Costa destacou que relativamente às ideias e potencialidades de inovar na saúde, os pitchs de insurtechs no mundo atualmente envolvem maioritariamente casos aplicáveis à saúde, as healthtech, e em geral, são desenvolvidos para os setores dos seguros, banca, pagamento e saúde, quase a 100% novas aplicações de Inteligência Artificial.

Frisou que é missão da FIF estudar e debater as disrupções, procurando abraçar as inovações, apoiando na estratégia e operacionalização e aproximando-as de incumbentes e investidores nacionais e internacionais. E incentivou os empreendedores ao enfatizar que o nível de apetência por novas soluções tecnológicas sustentáveis e “compliant” é elevado em muitos quadrantes, nomeadamente nas mais-valias para o consumidor no acesso aos serviços e servicing, na melhoria de preço e conforto e saúde, e produtividade para os seguradores.

O evento foi organizado pela FIF Portugal, decorreu no passado dia 4 de junho no Auditório da Abreu Advogados. A escolha do tema foi unânime entre os membros da FIF, por refletir os seus três eixos de atuação – Seguros, Banca/Pagamentos e Saúde – e a sua relevância atual. A associação contou com a Abreu Advogados, MGEN e PwC Portugal como reference partners e o ECOseguros juntou-se à iniciativa como media partner.

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Trabalhadores da Ageas dedicaram 12 mil horas ao voluntariado em 2024

  • ECO Seguros
  • 22 Junho 2025

O Grupo Ageas Portugal e a Fundação Ageas reafirmam a sua intenção de continuar a promover e consolidar este compromisso solidário e de cidadania, envolvendo os colaboradores.

Os trabalhadores do Grupo Ageas registam 12 mil horas de voluntariado em 2024 através da Fundação Ageas, avançou o grupo segurador em comunicado.

“Através do programa de Voluntariado Corporativo, a Fundação Ageas realizou 182 ações solidárias que se traduziram em 2.855 participações de Colaboradores e familiares, num investimento de mais de 199 mil euros”, indica a empresa.

Mais de metade (69%) dos trabalhadores do grupo participaram em pelo menos uma ação de voluntariado ao longo do ano passado e 35% envolveram em ações de voluntariado além dos team building solidários “que permitem juntar equipas naturais ou transversais em ações de solidariedade social”.

“Estes resultados são um testemunho não apenas de que as pessoas querem envolver-se com a sua comunidade como também do impacto positivo que uma prática continuada de Voluntariado Corporativo pode ter numa empresa, nas suas pessoas e nas entidades beneficiárias”, afirma João Machado, Presidente da Fundação Ageas. “No Grupo Ageas, acreditamos que o sucesso empresarial e a responsabilidade social andam lado a lado e o Voluntariado Corporativo é uma das ferramentas fundamentais para concretizar esse objetivo, além de ser um importante motor para a motivação e bem-estar da nossa Comunidade interna”, remata.

Uma das fundações que contou com os serviços voluntários dos trabalhadores da Ageas foi a LIGA, com quem a Fundação Ageas tem 15 anos de parceria e mais 55 ações em conjunto. Em 2024, a Fundação Liga acolheu oito equipas do Grupo Ageas Portugal para atividades de team building solidário em duas frentes: 164 participantes renovaram a área de saúde da instituição – no conjunto dedicaram 984 horas a renovar três salas de reabilitação, corredores e o bar/refeitório adjacente.

Outras seis equipas concentraram-se em questões sociais. 115 trabalhadores participaram em workshops de bonecas em papel machê, escultura e pintura, aumentando a produção dos ateliers de arte para combater a exclusão social e 75 participantes passaram momentos significativos com os membros do Clube Sénior, recorrendo a jogos, dança e música para combater a solidão diária.

Para maximizar a eficácia das ações de voluntariado, a Fundação Ageas desenvolveu uma estratégia de continuidade no apoio às organizações parceiras, como a Fundação Liga, a organização SEMEAR, entre outros.

“Os resultados alcançados com o apoio da Fundação Ageas em 2024, falam por si, mas a mudança provocada por estas iniciativas, traduz-se em impacto real, no dia a dia dos nossos beneficiários e colaboradores – que, em muitas situações, não é possível quantificar, mas que fazem toda a diferença -, na melhoria das condições da prestação de serviços, na complementaridade da intervenção e na sustentabilidade da organização”, acrescenta Cristina Passos, Coordenadora de Parcerias para a Inovação e Desenvolvimento da Fundação LIGA.

As iniciativas de voluntariado corporativo da Fundação Ageas são, principalmente, dedicadas às áreas da Saúde, Envelhecimento e Exclusão Social e dividem-se em duas categorias : Ações de Voluntariado em equipa e Ações de Voluntariado de adesão individual.

As ações em equipa são experiências unem os trabalhadores “em torno de um objetivo comum com impacto real na comunidade, e nesta categoria inserem-se os Team Building Solidários, as Ações de Proximidade e Serviço – Ações Locais com Agentes; as Campanhas solidárias em equipa; e as Ações de voluntariado em família”.

As ações de adesão individual permitem que cada trabalhador “escolha como, quando e onde quer fazer a diferença, seja com o seu tempo, conhecimento ou talento, e nesta categoria inserem-se as iniciativas de Proximidade e Serviço, o Voluntariado de Competências e Conhecimento, e as Campanhas solidárias, eventos desportivos e culturais”, explica o grupo segurador.

O Grupo Ageas Portugal e a Fundação Ageas reafirmam a sua intenção de continuar a promover e consolidar este compromisso solidário e de cidadania, envolvendo os colaboradores e procurando expandir seu impacto positivo na sociedade de forma a inspirar outras empresas.

Este compromisso é demonstrado pelo lançamento, em março de 2024, da Bolsa de Voluntariado, um programa que garante a todos os colaboradores do Grupo Ageas Portugal 16 horas anuais de voluntariado durante o horário laboral, para além do Team Building Solidário, em que todos são convidados a tomar parte ativa. Esta Bolsa serviu para democratizar o acesso ao voluntariado, transformando num direito de todas as pessoas algo que já era uma prática corrente.

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Procuradores avançam com greve geral a 9 e 10 de julho contra movimento de magistrados

  • Lusa
  • 22 Junho 2025

O Sindicato dos Magistrados do Ministério Público vai fazer greve nos dias 9 e 10 de julho e paralisações regionais para 11, 14 e 15 de julho, para contestar o movimento de magistrados.

O Sindicato dos Magistrados do Ministério Público (SMMP) anunciou uma paralisação nacional para os dias 9 e 10 de julho e paralisações regionais para 11, 14 e 15 de julho, para contestar o movimento de magistrados. Em causa está o aviso publicado a 4 de junho em Diário da República que inclui lugares a ocupar pelos procuradores a partir de setembro em vários departamentos e tribunais em simultâneo.

Na Assembleia-Geral extraordinária do sindicato, que decorreu este sábado no Hotel Tivoli Oriente, no Parque das Nações, em Lisboa, foi decidido avançar com “a realização de uma greve geral nos dias 9 e 10 de julho”, assim como com uma paralisação de três dias, “por regiões”, a 11, 14 e 15 de julho, adiantou o presidente do SMMP, Paulo Lona, em declarações à Lusa, após o final da reunião.

A paralisação regional vai começar “pela região de Lisboa”, a 11 de julho, afetando depois a região do Porto a 14 de julho e as Procuradorias – Regionais de Évora e Coimbra, a 15 de julho, explicou.

Por outro lado, foi ainda decidido intensificar os esforços para “obter a realização por parte do Centro de Estudos Judiciários de um curso especial para magistrados do Ministério Público com 120 vagas”, tendo em vista “suprir as grandes carências que existem de magistrados neste momento”.

Em causa a decisão do Conselho Superior do Ministério Público (CSMP), sob proposta do procurador-geral da República (PGR), em manter o movimento de magistrados. Em declarações aos jornalistas, à saída da cerimónia de lançamento do Centro de Conhecimento dedicado à investigação e promoção do Direito e dos Direitos da Criança da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa, o PGR Amadeu Guerra disse que, por proposta sua, o CSMP decidiu manter o movimento de magistrados, que produz efeitos a partir de 1 de setembro, mas com “uma nuance” que pretende evitar arbitrariedade e sobrecarga na distribuição de serviço.

Estas alterações visam impedir sobrecarga de trabalho para magistrados que já estejam “no limite”, como reconheceu o PGR, mas permitir uma maior acumulação aos que “podem fazer um bocadinho mais”, com o objetivo de dar maior flexibilidade de gestão face à falta de magistrados.

O aviso para o próximo movimento de magistrados do Ministério Público foi contestado pelo SMMP, que acusou o CSMP de espetar “o último prego” na especialização dos procuradores ao querer ter profissionais que acumulam as áreas cível, criminal e de família e menores.

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Governo admite empréstimos europeus para defesa e compras conjuntas na UE

  • Lusa
  • 22 Junho 2025

O Governo admite recorrer ao programa europeu de 150 mil milhões de euros em empréstimos para reforço da defesa, e admite aquisições conjuntas na UE para avião militar produzido em Portugal.

O Governo admite recorrer ao programa europeu de 150 mil milhões de euros em empréstimos a condições favoráveis para reforço da defesa, defendendo também aquisições conjuntas na UE, nomeadamente para venda de um avião militar produzido em Portugal. “É possível que se use algum, que se recorra ao SAFE, embora as condições de financiamento do SAFE, neste momento, não sejam particularmente mais favoráveis do que as condições de financiamento da República [portuguesa], mas estamos a analisar todas as alternativas que existem“, afirmou em entrevista à agência Lusa o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento.

A poucos dias da cimeira da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) – marcada por fortes tensões geopolíticas no Médio Oriente e na Ucrânia e pela necessidade de aumentar o investimento em segurança -, o governante apontou também que “há um avião militar que é produzido em Portugal e o [Ministério da] Defesa está, neste momento, a desenvolver acordos com outros países para a compra desse avião”.

A ideia seria não só que Portugal beneficiasse destes empréstimos comunitários (iniciativa designada como SAFE), mas que também fizesse parte de projetos europeus, podendo ainda vender equipamentos produzidos no país.

O que o Ministério da Defesa está a fazer […] é a estabelecer protocolos com outros países para que esses países possam adquirir este avião que é produzido maioritariamente em Portugal“, assinalou Joaquim Miranda Sarmento na entrevista à Lusa.

O ministro das Finanças aludia ao KC-390, um avião bimotor produzido com componentes feitas em Évora e da empresa brasileira Embraer. É um avião de transporte militar multifacetado para uso tático e logístico, que por ter alcance intercontinental pode ser usado em operações militares, designadamente da NATO.

No final de maio, o Conselho da UE adotou este pacote de 150 mil milhões de euros em empréstimos a condições favoráveis para compras conjuntas que reforcem a defesa comunitária, que os países podem solicitar a Bruxelas até final do ano.

Está previsto que este pacote de empréstimos, designado como SAFE, facilite compras conjuntas de material militar entre os Estados-membros e seja financiado através de dívida conjunta emitida pela UE e depois transferida sob a forma de créditos aos Estados-membros que os solicitarem. Este novo instrumento europeu de crédito em circunstâncias extraordinárias é uma das medidas do plano de 800 mil milhões de euros para defesa na UE.

Os 32 aliados da NATO reúnem-se na terça e quarta-feira em cimeira na cidade holandesa de Haia sob a urgência de gastar mais em defesa, esperando que não haja guerra, mas preparando-se para o pior, dada a instabilidade geopolítica mundial.

Em Portugal, o Governo anunciou que iria antecipar a meta de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) em defesa para 2025.

Em 2024, Portugal investiu cerca de 4.480 milhões de euros em defesa, aproximadamente 1,58% do seu PIB, o que colocou o país entre os aliados da NATO com menor despesa militar – abaixo da meta dos 2% -, segundo estimativas do Governo e da organização.

Portugal estará representado na cimeira de Haia pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, e pelos ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa, Paulo Rangel e Nuno Melo.

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Montenegro e Marcelo pedem contenção a todas as partes

  • Lusa
  • 22 Junho 2025

O primeiro-ministro manifestou-se preocupado com o risco de "grave escalada" no Médio Oriente e apelou para a "máxima contenção de todas as partes". Marcelo alinha no pedido de regresso à diplomacia

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, manifestou-se preocupado com o risco de “grave escalada” no Médio Oriente e apelou para a “máxima contenção de todas as partes” e ao regresso às negociações com o objetivo de encontrar uma “solução diplomática”. Numa publicação na rede social ‘X’, antigo Twitter, o chefe do executivo português considerou que “o programa nuclear do Irão é uma séria ameaça à segurança mundial, pelo que não pode prosseguir“.

Muito preocupado com o risco de grave escalada no Médio Oriente, apelo à máxima contenção de todas as partes e ao regresso às negociações com vista a encontrar uma solução diplomática“, lê-se na publicação, feita em português e inglês.

Marcelo Rebelo de Sousa, por seu lado, sublinhou a gravidade da situação no Médio Oriente, apelando à contenção e “urgência de retomar a via diplomática” como forma de resolver o conflito. Numa nota publicada no ‘site’ oficial da Presidência da República, lê-se que o chefe de Estado português, “em sintonia com o Governo e na linha do secretário-geral das Nações Unidas, bem como da União Europeia e outros parceiros, sublinha a gravidade da situação”.

Marcelo Rebelo de Sousa apela, por isso, “à contenção e à urgência de retomar a via diplomática para a resolução do conflito”.

Os Estados Unidos entraram no sábado na guerra de Israel contra o Irão, bombardeando as três principais instalações envolvidas no programa nuclear iraniano, enquanto o Presidente Donald Trump ameaçou o regime de Teerão com mais ataques se “a paz não chegar rapidamente”.

Segundo o Pentágono, bombardeamentos estratégicos visaram a fortaleza subterrânea de Fordó, a principal fábrica de enriquecimento de urânio do Irão, num ataque que foi complementado pelo lançamento de até 30 mísseis Tomahawk a partir de submarinos contra duas outras instalações, Natanz e Isfahan.

A Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA) declarou que, até ao momento, “não foi registado qualquer aumento dos níveis de radiação” no exterior das três instalações nucleares atacadas.

Tanto o presidente do Conselho Europeu, António Costa, como a alta representante da União Europeia, Kaja Kallas, apelaram para um regresso à mesa das negociações para evitar uma nova escalada do conflito na região.

Israel e o Irão têm trocado ataques diários com mísseis e drones desde a madrugada de sexta-feira, 13 de junho, quando Israel começou a bombardear o país persa.

Desde então, 430 pessoas morreram e cerca de 3.500 ficaram feridas, na sua maioria civis, no Irão, enquanto em Israel se registaram 24 mortes

(Notícia atualizada com declarações de Marcelo Rebelo de Sousa)

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