“Hoje, 40% do custo total de um edifício são impostos e taxas”

  • ECO
  • 20 Janeiro 2025

Apesar de entraves como a elevada carga fiscal, José Cardoso Botelho, CEO da Vanguard Properties, destaca o potencial do imobiliário de luxo em Portugal.

José Cardoso Botelho, CEO da Vanguard Properties, foi o mais recente convidado do podcast E Se Corre Bem?, onde partilhou a sua visão sobre o setor imobiliário de luxo em Portugal, os desafios que enfrenta e a necessidade de uma mudança de mentalidade para promover o crescimento.

Para José Cardoso Botelho, o segmento do luxo em Portugal está ainda numa fase inicial, mas representa uma oportunidade única para o país. “Não há excesso de luxo porque, na verdade, não há nenhum. Ainda temos um caminho a percorrer nessa matéria”, afirmou, referindo casos de sucesso, como o da indústria do calçado, que ao longo dos anos conseguiu consolidar uma reputação internacional.

"O problema não é o preço das casas, mas sim o baixo poder de compra dos portugueses”

José Cardoso Botelho, CEO da Vanguard Properties

Apesar do potencial, o CEO destacou os entraves que dificultam o desenvolvimento do setor, apontando a burocracia e a elevada carga fiscal como dois grandes obstáculos. “Hoje, 40% do custo total de um edifício são impostos e taxas. Não é só o IVA ou o imposto de selo, é todo um conjunto de pequenos encargos, desde certificados energéticos às compensações urbanísticas, que tornam muito difícil construir para os setores mais baixos.”

José Cardoso Botelho, CEO da Vanguard Properties, foi o 13º convidado do podcast E Se Corre Bem?

Para o empreendedor, a questão da habitação não se resolve com a redução de preços, mas com o aumento do poder de compra: “O problema não é o preço das casas, mas sim o baixo poder de compra dos portugueses”, diz.

A agilidade na gestão empresarial e a importância de decisões simples e claras são dos fatores mais importantes para o sucesso de uma empresa, de acordo com CEO. “Os bons negócios explicam-se com contas de merceeiro; quando precisamos de estudos muito sofisticados, é porque o negócio não presta”, explica.

O empresário também destacou a importância de aprender com os erros. “Fomos educados com o estigma de que falhar era um problema para a vida. É preciso aprender com os falhanços, tentar não repetir o mesmo erro e acertar mais vezes” conclui.

Este podcast está disponível no Spotify e na Apple Podcasts. Uma iniciativa do ECO, que Diogo Agostinho, COO do ECO, procura trazer histórias que inspirem pessoas a arriscar, a terem a coragem de tomar decisões e acreditarem nas suas capacidades. Com o apoio do Doutor Finanças e da Nissan.

Se preferir, assista aqui:

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Auditoria e madrugada de tempestade no FC Porto

O FC Porto despediu o treinador no meio de uma crise sem precedentes, espelhada por contas que mostram uma SAD em falência técnica e de uma auditoria forense com resultados alarmantes.

O FC Porto atravessa uma das fases mais turbulentas da sua história recente. Na madrugada desta segunda-feira, o clube anunciou o despedimento do treinador Vítor Bruno, após uma derrota por 3-1 frente ao Gil Vicente que deixou a equipa no terceiro lugar da Liga, a quatro pontos do líder Sporting.

“A FC Porto – Futebol, SAD informa que iniciou negociações com o treinador Vítor Bruno para a cessação, com efeitos imediatos, do contrato de trabalho desportivo que vigorava desde o início da presente época”, refere a SAD azul e branca em comunicado.

Vítor Bruno, que assumiu o comando técnico em junho de 2024 após a saída de Sérgio Conceição, deixa o clube com um registo de 18 vitórias, três empates e oito derrotas em 29 jogos. A gota de água terá sido a derrota em Barcelos, que motivou uma reunião de emergência no Estádio do Dragão durante a madrugada desta segunda-feira com a presença do presidente André Villas-Boas, equipa técnica e todo o plantel.

Mas os problemas do FC Porto vão muito além das quatro linhas. Uma auditoria forense realizada pela Deloitte aos últimos 10 anos de governação de Jorge Nuno Pinto da Costa a que o ECO teve acesso revela um cenário financeiro alarmante, que aponta para uma série de operações que terão lesado o FC Porto em cerca de 60 milhões de euros.

A auditoria forense estima que o FC Porto terá sido lesado em cerca de 50 milhões de euros entre as épocas 2014/2015 e 2023/2024, por conta de ter contratado cerca de 47% de comissões em excesso com transferências de jogadores.

A auditoria, que abrangeu o período de 2014/15 a 2023/24, focou-se em três áreas críticas: venda de bilhetes (bilhética), transferências de jogadores e despesas de representação dos membros das administrações de Pinto da Costa.

No campo da bilhética, a auditoria identificou irregularidades graves na venda de bilhetes à claque dos Super Dragões e às Casas do clube. O relatório estima perdas de 5,1 milhões de euros nas cinco épocas analisadas (2017/18, 2018/19, 2021/22, 2022/23 e 2023/24) relacionadas com a comercialização de bilhetes dos jogos da equipa principal.

Entre as irregularidades mais flagrantes, destaca-se mais de 2 milhões de euros de “dívidas por saldar relativas aos bilhetes vendidos aos Super Dragões para jogos disputados na condição de visitado e visitante nas épocas analisadas”, sublinhando ainda que não foi possível estimar o volume de negócio decorrente da revenda ilegal destes bilhetes.

Além disso, a auditoria revelou que, “na quase totalidade dos jogos disputados na condição de visitado, verificou-se que todos os bilhetes vendidos aos Super Dragões foram objeto de desconto sobre o respetivo valor facial, contrariamente ao estipulado nos Protocolos.”

Pinto da Costa liderou o FC Porto durante 42 anos, entre 1982 e 2024.

Negócios paralelos com a compra e venda de jogadores

No capítulo das transferências de jogadores, as conclusões são igualmente preocupantes. A auditoria estima que o FC Porto terá sido lesado em cerca de 50 milhões de euros entre as épocas 2014/2015 e 2023/2024, por conta de ter contratado cerca de 47% de comissões em excesso, totalizando 155,8 milhões de euros em vez dos 105,9 milhões que seriam expectáveis segundo os referenciais da FIFA.

Segundo os auditores, “27% dos movimentos de saídas e 61% dos movimentos de entradas apresentaram comissões acima do standard de mercado [quando o máximo deveria ser de 10% do valor de transação], com montantes adicionais de 17,4 milhões de euro e 21,1 milhões de euro, respetivamente”.

A concentração de intermediários nas transferências também foi alvo de escrutínio, com a auditoria forense a apontar para que “50% das comissões totais foram atribuídas aos oito principais intermediários (80 milhões de euros), com os três primeiros a receberem 35% do total (56 milhões de euro)”, além de que “foram assinados 16 mandatos de exclusividade com cinco intermediários para jogadores-chave”, lê-se no documento.

A análise dos auditores da Deloitte refere inclusive uma análise aprofundada de 55 jogadores que “revelou várias ‘red flags’, incluindo a ausência de documentação de suporte para decisões de transferências, comissões acima dos referenciais FIFA e pagamentos em incumprimento.”

No plano das despesas de representação, a auditoria forense identificou 3,6 milhões de euros em gastos não elegíveis de acordo com o regulamento interno da SAD do Dragão, sublinhando que “parte significativa das despesas foi utilizada para fins pessoais” como joias, bens de luxo, material desportivo e informático, e ainda:

  • Viaturas: Cerca de 1,12 milhões de euros referentes ao uso simultâneo de vários veículos, mesmo por familiares, e aproximadamente 250 mil euros de despesas em combustível e portagens sem limite máximo estabelecido.
  • Refeições: Cerca de 700 mil euros de “refeições profissionais” sem justificação objetiva.
  • Viagens: Aproximadamente 700 mil euros em viagens privadas para destinos não relacionados com o FC Porto.
  • Trabalhos especialistas: Cerca de 500 mil euros em obras e mobiliário para uso privado por parte da anterior administração

Contas no vermelho e sob alerta máximo

As revelações apontadas pela auditoria forense da Deloitte surgem num momento particularmente delicado para o FC Porto. A SAD do clube apresentou prejuízos de 21 milhões de euros na última época da presidência de Pinto da Costa, que terminou em maio de 2024, ao mesmo tempo que as contas mostravam que a SAD permanece numa situação de falência técnica com capitais próprios negativos de 230,6 milhões de euros no final de junho de 2024.

Para agravar o cenário, o último empréstimo obrigacionista lançado pela SAD portista junto dos pequenos investidores ficou aquém das expectativas. Dos 30 milhões de euros pretendidos, apenas foram captados 21 milhões de euros, refletindo uma crescente desconfiança do mercado relativamente à saúde financeira do clube.

André Villas-Boas, que assumiu a presidência do FC Porto em maio de 2024, enfrenta agora o desafio hercúleo de recuperar a credibilidade financeira do clube e recolocar a equipa na rota das vitórias. A auditoria forense foi uma das suas promessas eleitorais, visando trazer transparência à gestão do clube.

O novo presidente do clube azul e branco já implementou algumas medidas para tentar equilibrar as contas, incluindo a renegociação da dívida e a venda de 30% dos direitos do estádio, num negócio que pode render 100 milhões de euros. No entanto, o caminho para a recuperação afigura-se longo e árduo.

Os resultados da auditoria forense lançam uma sombra sobre a gestão passada e colocam em causa a sustentabilidade financeira do clube a longo prazo. E a saída de Vítor Bruno do comando da equipa de futebol é apenas a ponta do iceberg de uma crise profunda que se estende muito além das quatro linhas.

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O dia em direto nos mercados e na economia – 20 de janeiro

  • ECO
  • 20 Janeiro 2025

Ao longo desta segunda-feira, 20 de janeiro, o ECO traz-lhe as principais notícias com impacto nos mercados e nas economias. Acompanhe aqui em direto.

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A AstraZeneca e a Kunsen apresentam um desafio inovador para transformar a gestão da asma eosinofílica grave

  • Servimedia
  • 20 Janeiro 2025

A AstraZeneca Espanha, em colaboração com a Kunsen, lançou o “EOS Phenotyping Challenge: Soluções inovadoras para detectar e controlar a inflamação eosinofílica na prática clínica de forma ágil”.

Um concurso aberto até 17 de março de 2025 para promover soluções inovadoras que otimizem a caracterização e a gestão da asma eosinofílica grave. Esta iniciativa tem como objetivo fornecer aos hospitais ferramentas práticas, ágeis e eficazes para melhorar a personalização do tratamento e os resultados clínicos.

A asma eosinofílica grave afeta até 80% dos doentes com asma grave e a sua fenotipagem é crucial para personalizar as terapias e reduzir as complicações, como ataques graves ou lesões pulmonares irreversíveis. A inovação é essencial para abordar os desafios enfrentados pelos doentes com asma grave, permitindo aos profissionais de saúde melhorar o diagnóstico, otimizar os tratamentos e melhorar os resultados”, explicou o Dr. César Velasco, Diretor de Inovação e Estratégia Digital da AstraZeneca Espanha. Com este convite, procuramos fomentar novas formas de colaboração que representem um avanço significativo na gestão desta patologia”.

O desafio convida os profissionais de saúde, em colaboração com entidades externas, a apresentar propostas que incluam soluções baseadas em inteligência artificial, biomarcadores, otimização de processos de cuidados, simulações de formação ou programas de mentoria. Os finalistas defenderão os seus projetos em formato de pitch perante um comité especializado no dia 23 de maio de 2025, no âmbito da Academia EOS da Universidade de Alcalá de Henares.

O projeto vencedor receberá uma dotação de 12.500 euros para o seu desenvolvimento, enquanto o segundo classificado receberá 7.500 euros. A decisão final será publicada em “www.astrazeneca.es” e “www.azone.es”.

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Morais Leitão já tem sócios não advogados. E a concorrência? Apenas a PLMJ respondeu

A Advocatus questionou alguns dos principais escritórios para saber se já são sociedades multidisciplinares. Apenas a PLMJ respondeu que sim. Vieira de Almeida não respondeu.

Recentemente, a Morais Leitão – em comunicado oficial – anunciou que acaba de adotar o regime da multidisciplinaridade. Ou seja: passou a ter sócios não advogados na sua estrutura. Carlos Eduardo Coelho, Diretor de Inovação e Conhecimento e agora também sócio de indústria, será responsável por liderar os serviços de consultoria e desenvolvimento tecnológico.

A Advocatus questionou alguns dos principais escritórios do mercado para saber se estariam a seguir o mesmo caminho. Mas sem grande sucesso: CMS Portugal, Cuatrecasas, Pérez-Llorca, Vieira de Almeida, SRS Legal, Uría e Garrigues remeteram-se ao silêncio.

A TELLES respondeu apenas que estão “a analisar o tema da multidisciplinaridade”. A Abreu Advogados respondeu, explicando que o escritório mantém-se como uma sociedade advogados mas que procura, e sempre procurou no passado, “compreender o negócio dos seus clientes e oferecer-lhes soluções completas e adaptadas às suas necessidades, associando-se ou envolvendo equipas multidisciplinares quando oportuno”, disse fonte oficial do escritório liderado por Inês Sequeira Mendes. “Em suma, procuramos combinar a vasta diversidade de perspetivas, experiências e competências dos nossos profissionais – multifacetados, prudentes e criativos – com a apresentação aos nossos clientes de soluções articuladas, sólidas, rigorosas e exequíveis”. (ver resposta completa abaixo).

PLMJ já é sociedade multidisciplinar

Já a PLMJ passou a sociedade multidisciplinar no final de 2024, um passo que permite “servir os nossos clientes de forma mais integrada e respondendo a necessidades que estes nos foram trazendo e que, sendo complementares ao que é e sempre será o core da PLMJ – a assessoria jurídica – estamos numa posição privilegiada para responder”. O mesmo se pode verificar na assinatura oficial do escritório, que já se identifica como sociedade multidisciplinar.

“A equipa de gestão da PLMJ tem hoje uma sofisticação de competências que nos permite reforçar a colaboração com os nossos clientes em áreas que são críticas para os nossos clientes e que vêm muitas vezes a jusante e a montante do trabalho mais core de advocacia e que exigem um nível de confiança que já está estabelecido no contexto da assessoria jurídica. Estamos a pensar no apoio tecnológico, na gestão de crise, por exemplo. Queremos que este passo seja ainda um contributo para uma maior colaboração e complementaridade entre os escritórios e as equipas in-house e achamos que há aqui uma oportunidade para apoiarmos os nossos clientes em áreas como o Legal Tech e Legal Operations”, segundo Bruno Ferreira, managing partner da PLMJ explicou ao ECO/Advocatus.

“Dentro da equipa de gestão identificámos o talento que precisávamos para dar este passo que muito nos entusiasma e a Alexandra Almeida Ferreira (Diretora de Marca e Comunicação) e a Daniela Amaral (Diretora de Estratégia e Desenvolvimento de Negócio) são agora sócias não advogadas da PLMJ”, adiantou.

Daniela Amaral (Diretora de Estratégia e Desenvolvimento de Negócio) e Alexandra Almeida Ferreira (Diretora de Marca e Comunicação) são as novas sócias da PLMJ.

A Abreu Advogados responde mas sem responder…

Já no caso da Abreu Advogados – como referido no início do texto -a resposta não é linear. “Os clientes procuram os nossos serviços para questões bastante abrangentes e confiam na nossa capacidade de compreender e antecipar o trabalho que será necessário realizar. As equipas multidisciplinares respondem de forma mais completa e coerente aos desafios e tendem a ir ao encontro do objetivo final do cliente: a solução mais sólida e rápida para o seu assunto. Não as construímos sozinhos: trabalhamos em interação próxima com cada um dos nossos clientes. Propomos-lhes os nossos serviços ao mesmo tempo que apresentamos a equipa que acreditamos ser a melhor para lhes prestar o melhor serviço”, diz fonte oficial do escritório.

“Muitas vezes os clientes podem até não se dar conta das diversas áreas que podem estar envolvidas num mesmo projeto. Procuramos, assim, assumir uma visão de 360 graus sobre cada um deles para contribuirmos para o seu sucesso do modo mais completo possível, construindo para tal equipas compostas por quem tenha capacidades tão elevadas quanto complementares. Um exemplo disso é o apoio do Instituto de Conhecimento da Abreu Advogados e dos seus hubs de conhecimento, nomeadamente em áreas como a tecnologia, a sustentabilidade e os assuntos europeus”, concluiu.

Morais Leitão: a primeira sociedade a anunciar

Na semana passada, a Morais Leitão anunciou a sua transição para uma sociedade multidisciplinar de profissionais, “com uma nova oferta de soluções de base tecnológica”.

Assim, o escritório apresenta um novo modelo de negócio, a ML Tech and Knowledge, que complementa os serviços jurídicos prestados em consultoria e desenvolvimento tecnológicos, consultoria de gestão e inteligência artificial. “Este modelo distingue-se pela articulação de quatro fatores-chave: foco no cliente, conhecimento jurídico, inovação e transformação digital e one stop shop com valências diferenciadas”, explica o escritório, em comunicado.

A criação da ML Tech and Knowledge representa “um marco no posicionamento inovador da Morais Leitão, ao agregar competências avançadas em tecnologia e gestão aos reconhecidos serviços jurídicos da sociedade. Esta evolução responde aos desafios do mercado e às necessidades dos clientes, reforçando a posição competitiva da sociedade”, diz o mesmo comunicado.

Carlos Eduardo Coelho, Diretor de Inovação e Conhecimento e agora também sócio de indústria, será responsável por liderar os serviços de consultoria e desenvolvimento tecnológico. Com a Morais Leitão desde 2014, tem um percurso em gestão e processos de inovação em sociedades de advogados.

Carlos Eduardo Coelho, o primeiro sócio da Morais Lietão não advogado.

Com esta estratégia, “a Morais Leitão reforça a sua vitalidade e sustentabilidade. Apostamos numa cultura eficiente e orientada para o cliente, integrando tecnologias sofisticadas nos serviços jurídicos, de forma competitiva e inovadora, com o apoio de equipas multidisciplinares altamente especializadas”.

Para Martim Krupenski, Managing Partner da Morais Leitão, “a nossa sociedade sempre foi pioneira na inovação das soluções jurídicas, mas hoje é já, também, pioneira em Portugal na integração de serviços tecnológicos com a prática jurídica. Esta mudança representa uma evolução na própria cultura de prestação de serviços jurídicos: a competência e o conhecimento jurídico de excelência são agora enriquecidos com camadas de tecnologia e inteligência artificial. Não mudámos a nossa essência, mas queremos elevar o serviço aos clientes a um novo nível. A colaboração multidisciplinar é não só uma resposta ao mercado, mas uma oportunidade estratégica para combinar as melhores competências jurídicas com as inovações mais avançadas no setor em tecnologia e análise de dados.”

Carlos Eduardo Coelho reforça que “esta transformação é um desafio empolgante e uma oportunidade única para consolidar a posição da Morais Leitão como referência em inovação no setor jurídico. Desde que me juntei à sociedade, temos apostado no desenvolvimento tecnológico como pilar estratégico para melhorar a eficiência e a qualidade dos serviços que prestamos aos nossos clientes. Uma das minhas prioridades tem sido a organização interna e operacional, com foco em processos automatizados. Como sócio, estou empenhado em levar esta visão para os nossos clientes e para o próprio setor, liderando equipas multidisciplinares e desenvolvendo soluções que combinam tecnologia, consultoria e expertise jurídica. O futuro da advocacia passa, sem dúvida, por esta abordagem integrada.”

Martim Krupenski, managing partner da Morais Leitão, em entrevista ao Podcast Advocatus - 03JUL24
Martim Krupenski, managing partner da Morais Leitão.Hugo Amaral/ECO

Mas afinal o que é isto de sociedades multidisciplinares?

Foi a Lei n.º 2/2013, de 10 de janeiro, que veio por fim à tradicional proibição das sociedades multidisciplinares com o regime jurídico das associações públicas profissionais através do artigo n.º 27. Esta norma, que foi transposta do artigo 25º da Diretiva 2006/123 do Parlamento Europeu, ditou que podem ser constituídas sociedades de profissionais que tenham por objeto principal o exercício de profissões organizadas numa única associação pública profissional, em conjunto ou separado com exercício de outras profissões ou atividades, desde que seja respeitado o regime de incompatibilidades.

No fundo as sociedades multidisciplinares são uma associação de várias profissões na mesma empresa/estrutura societária. Em termos práticos, e no caso concreto da advocacia, permite que advogados e, por exemplo, consultores, auditores ou até notários e solicitadores coexistam na mesma firma.

No caso dos advogados, pelo novo regime das associações públicas profissionais e pela nova redação do Estatuto da Ordem dos Advogados (EOA), em vigor desde abril de 2024, já podem também constituir-se através deste modelo. Artigo 212.º-A – Sociedades profissionais e multidisciplinares.

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A querer dar voz às soluções que o Credibom tem para oferecer através da comunicação, Joana Cardoso, na primeira pessoa

Diretora de marketing do Credibom desde dezembro, Joana Cardoso quer acrescentar novas formas de ver o mercado. Adora praia e ginástica acrobática, a qual tem sido um fio condutor na sua vida.

Recém-chegada ao Banco Credibom, onde entrou em dezembro para liderar as áreas de produto, digital, comunicação e marketing, Joana Cardoso não tem dúvidas quanto à relevância da comunicação para dar voz às soluções que o Credibom se encontra a desenvolver para simplificar a vida dos clientes. “A comunicação tem um papel importantíssimo para alavancar a perceção daquilo que nós estamos a fazer e a desenvolver enquanto soluções para os nossos clientes“, diz em conversa com o +M.

E para cumprir esse seu papel, a comunicação do Credibom pretende ser “transparente e próxima“, tendo em vista “mostrar e contar histórias do que queremos fazer com os nossos clientes e parceiros”. Para isso conta com um posicionamento — que se encontra em fase de consolidação, depois de ter sido lançado no verão — assente na assinatura “Faz Mais por Ti”, que Joana Cardoso vê como “uma forma muito feliz e com grande declinabilidade” para poder comunicar e criar um diálogo com os clientes e parceiros sobre aquilo que a marca faz.

Com a sua chegada ao Credibom, e em especial no campo do marketing e comunicação, Joana Cardoso espera proporcionar “alguma diversificação das possibilidades existentes, seja de soluções ou da forma como estas estão a ser construídas e apresentadas aos clientes”.

“Espero vir acrescentar uma visão com uma experiência diversificada, uma vez que já passei por outras empresas parecidas, mas ao mesmo tempo com visões diferentes, e que conheço bem o setor e o mercado em Portugal. Espero acrescentar novas formas de ver o mercado, os clientes, e sobretudo a forma como sermos mais eficazes naquilo que queremos entregar aos nossos clientes”, acrescenta.

O seu percurso foi iniciado precisamente no setor financeiro, como estagiária na área de comunicação do Cetelem, onde acabou por ficar cerca de 15 anos, tendo passado por outras áreas como a comercial, de marketing direto, marketing e gestão de produto ou meios de pagamento.

Foi depois para a Cofidis, em 2014, para lançar o cartão de crédito, tendo depois lançado também a área de meios de pagamento da marca, onde nasceu o Cofidis Pay. Durante esta fase entrou mais no mundo de produto, distanciando-se da área de comunicação e de marketing. Despertado este interesse, acabou por ser “cativada” pela Revolut, que é um “excelente exemplo de produto digital” e que “está a fazer uma disrupção grande na área da banca”, tendo por isso aceitado o desafio de lançar o crédito em Portugal da Revolut.

Entretanto, surgiu a oportunidade de integrar o Banco Credibom para gerir a área do marketing. Joana Cardoso achou o desafio “bastante interessante”, uma vez que este tanto incluía a área de produto como de comunicação e marketing. “Achei que seria bom e estou a gostar de ter a área do produto, onde há muito a fazer, mas também de voltar a ter um contacto mais direto com toda a área da comunicação“, refere.

Questionada quanto à dificuldade de comunicar num setor como o do crédito, Joana Cardoso diz acreditar que “é da dificuldade e dos entraves que surgem as melhores oportunidades e onde a criatividade tem o seu melhor espaço de crescimento“.

No entanto, embora Portugal tenha sido sempre “bastante conservador”, o que fez com que a área do crédito ao consumo acabasse por desenvolver “uma imagem negativa” junto da opinião pública, a diretora de marketing acredita que essa perceção tem vindo a ser mudada. Isto graças às próprias instituições que “trabalharam muito bem” a relação que têm com os clientes e com as práticas que foram disseminando no mercado, bem como pela evolução da regulamentação, que “veio trazer uma base comum às instituições e que permitiu que houvesse um standard de práticas muito mais transparentes e comparáveis”.

Mas, “se pensarmos na evolução, que tem sido muito rápida e que veio acrescentar alguma complexidade às soluções, nem sempre é possível simplificar a comunicação daquilo que são soluções bastante complexas do ponto de vista tecnológico e daquilo que é a articulação entre diversos atores“.

“Isto leva-nos ao que aprendemos na comunicação e no marketing, de comunicar o valor, o que é útil para o cliente, sem cairmos na tentação de comunicar as características do produto e aquilo que o produto faz“, diz, acrescentando que destas dificuldades “acabam por surgir várias oportunidades de comunicação, que têm também elas evoluído de uma forma bastante interessante”.

Num futuro próximo, Joana Cardoso pretende ajudar a consolidar o posicionamento da marca, mas deixa a porta aberta a possíveis novidades, desde logo porque o Credibom faz 30 anos este ano, o que “dá sempre oportunidades interessantes para bons momentos de comunicação e, quem sabe, algum lançamento”.

Nesta sua missão, a diretora de marketing conta com uma equipa composta por outras 17 pessoas e com o apoio das agências McCann (criatividade), Mindshare (planeamento de meios) e Adagietto (comunicação).

No que diz respeito ao campo pessoal, Joana Cardoso vive em Lisboa, com o marido, o filho de 15 anos, a filha de 19 e um gato. Tendo crescido na capital, na zona do Bairro Azul, contou com um fio condutor desde a infância até à idade adulta, que é o da prática de ginástica acrobática. Neste desporto, chegou mesmo a um “nível elevado”, tendo participado em campeonatos da Europa.

A ginástica não só ocupou sempre bastante do seu tempo, como acabou por determinar a forma como encara os desafios e como consegue gerir o dia-a-dia. Por outro lado, ao praticar uma atividade desportiva “onde é preciso treinar muito e onde se cai muitas vezes até se conseguir executar o que se pretende”, aprendeu lições sobre resiliência, não ter medo de errar e de aprender com o erro.

Por outro lado, a ginástica ensinou-lhe a ser competitiva mas também cooperativa. “Ao mesmo tempo que treinava para ir a provas e para ganhar, tinha pelo menos uma ou duas pessoas com quem tinha de cooperar de forma completamente simbiótica, e sabia que dependia tanto delas como elas de mim. Isto deu-me uma valorização natural do trabalho em cooperação para um resultado comum. A partilha do processo e do resultado foi algo que desde cedo aprendi a dar valor”, explica.

A prática da ginástica mantém-se até hoje, no Sporting, o que ajuda a que se mantenha saudável tanto a nível físico como mental. “Ter algo que gostamos de fazer e que nos tira do dia-a-dia e do trabalho, aumenta o foco, a criatividade”, diz.

Filha de um pai que foi gerente do Teatro ABC, no Parque Mayer, acabou também por crescer muito próxima do mundo do teatro e do espetáculo, acompanhando de perto essa vivência, o que lhe deu uma visão “muito interessante de um meio menos tradicional e de várias realidades da sociedade”.

Para lá da ginástica, os filhos “acabam por se tornar um hobbie forçado mas muito recompensador”. A filha também faz ginástica e o filho karate, a um nível que ocupa bastante tempo, nomeadamente fins de semana. Gostando muito de tudo o que é relacionado com praia e mar, Joana Cardoso consegue, muitas vezes, conciliar tudo: quando os filhos têm provas fora, aproveitam para viajar, de preferência passando pela praia.

Manter o seu equilíbrio e bem-estar, assim como daqueles que lhe são próximos — principalmente “num mundo e sociedade que estão cada vez mais acelerados e complexos” — é aquele que elege como o grande desafio da sua vida.

Joana Cardoso, em discurso direto

1 – Que campanhas gostava de ter feito/aprovado? Porquê?

Há várias: aquelas que transmitem o benefício do produto, o valor da marca, pela simplicidade e pelo valor para as pessoas. Uma antiga da Visa, cuja assinatura era: O que quer que o futuro lhe serve, o futuro aceita Visa. Porque “diz tudo sem dizer nada”. Consegue assumir um compromisso sem enumerar. É percetível e quase intemporal. Tem uma elasticidade e declinabilidade enorme.

Faço também referência à campanha da Galp no Euro 2024 (Menos ais). Talvez mais pelo lado emocional. Foi um momento de experiências únicas em Portugal e isso foi muito bem aproveitado. A música estava brilhante!

2 – Qual é a decisão mais difícil para um marketeer?

Todas decisões que sejam tomadas de forma solitária. O nosso trabalho é desenvolvido em equipa, com base na troca de opiniões, experiências e know-how de diferentes elementos. Uma decisão pensada, avaliada e tomada por uma única pessoa terá sempre falhas ou ficará incompleta.

3 – No (seu) top of mind está sempre?

Como garantir que a nossa mensagem é recebida de acordo com os objetivos que queremos? É um dos maiores desafios na multiplicidade de tudo o que temos hoje: canais, públicos, tendências, polémicas, “viralidade”…

4 – O briefing ideal deve…

Resultar na campanha ideal. Quanto mais completo, objetivo e direto for o briefing, mais fácil será o resultado ir ao encontro do pretendido.

5 – E a agência ideal é aquela que…

Torna a comunicação do cliente na comunicação ideal.

6 – Em publicidade é mais importante jogar pelo seguro ou arriscar?

Arriscar!

7 – O que faria se tivesse um orçamento ilimitado?

Teria resultados ilimitados! Ou seja, são ambas impossíveis! Investiria sobretudo em brand awaress, nomeadamente com patrocínios, mecenato e apoios a diversas causas.

8 – A publicidade em Portugal, numa frase?

Com muita criatividade, poucos meios e muito conservadora (maioritariamente politicamente correta).

9 – Construção de marca é?

Walk the talk. É entregar o que se promete, transmitir o valor da marca. Ser consistente e coerente, sempre.

10 – Que profissão teria, se não trabalhasse em marketing?

Não consigo responder porque a pergunta a que teria de responder a seguir seria: então porque é que não sou?

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Portuguesa Oscar expande para Reino Unido para ajudar nas limpezas

Startup portuguesa quer "expandir para múltiplos países da Europa durante 2025, sendo o Reino Unido o primeiro novo mercado". Já fatura cerca de 20 milhões.

João Marques, CEO da Oscar

Depois de no ano passado ter expandido para Espanha, a startup de serviços domésticos Oscar tem um novo mercado europeu na mira: o Reino Unido. “O primeiro novo mercado” onde a startup portuguesa quer chegar este ano, já no primeiro semestre. Em Espanha, onde já está a operar em 16 cidades, o plano é “abrir uma nova cidade a cada semana“. Uma nova ronda está nos planos e apontada para o primeiro trimestre.

“Os planos de expansão para 2025 passam por consolidar a presença e o negócio em Espanha — alargar o número de cidades e de clientes —, assim como lançar o Oscar no Reino Unido, o que deverá acontecer já durante o primeiro semestre do ano. Em 2025, queremos que o Oscar esteja disponível em todas as cidades espanholas, atualmente, estamos em 16. O plano é abrir uma nova cidade a cada semana”, revela João Marques, fundador e CEO do Oscar, ao ECO.

Um esforço de expansão que está a levar a startup a ponderar uma nova injeção de capital, depois de em maio ter levantado seis milhões de euros, elevando para mais de sete milhões de euros o capital angariado no mercado. “Estamos neste momento na fase de angariação de uma ronda estratégica com esse propósito”, admite o CEO, sem adiantar valores. Quanto a prazos aponta para o primeiro trimestre.

De Espanha, bons ventos de negócio

Espanha foi o primeiro mercado de internacionalização da Oscar. “Está a correr melhor do que esperávamos”, garante João Marques. “Nesta fase, estamos a crescer quatro vezes mais rápido em Espanha do que em Portugal o que, para nós, dada a dimensão do mercado vizinho, são excelentes notícias que, por um lado, validam a necessidade do mercado e, por outro, a qualidade e a consistência dos serviços que prestamos”, diz.

A adoção da app por parte dos clientes espanhóis é “muito superior à esperada, sendo o fator ‘recomendação’ um dos principais motores de crescimento”, afirma o responsável. Atualmente, estão a “crescer 60%, mensalmente no mercado de Espanha, sendo que, em apenas seis meses, o negócio cresceu 14 vezes“, detalha.

Valores que dão otimismo para a evolução do negócio. “Espanha tem um enorme potencial. Assumindo a taxa de crescimento atual, esperamos crescer entre sete e dez vezes nos próximos 12 meses, apenas em Espanha“, adianta.

O número de utilizadores que em Espanha recorrem à Oscar não é revelado, mas globalmente a app tem mais de 500.000 clientes, segundo dados partilhados pelo CEO.

Esperamos quadruplicar este número nos próximos 12 meses. O nosso objetivo é expandir para múltiplos países da Europa durante 2025, sendo o Reino Unido o primeiro novo mercado onde queremos chegar este ano“, revela.

Quais os mercados europeus na trajetória de expansão, João Marques não revela. “Quando começamos a operar num novo mercado, olhamos para três fatores essenciais: rating médio de serviço, tempo médio de resposta dos profissionais e crescimento do número de novos utilizadores”, começa por explicar.

“O grande objetivo para o nosso próximo mercado passa por atingir um crescimento ainda mais acentuado do que aquele que conseguimos em Espanha, posicionando-nos como líderes nesse mercado em menos de dois anos (tal como aconteceu em Portugal)”, acrescenta.

Com Portugal e Espanha a darem contributo ao nível de receitas, “duplicámos o volume de negócio dos últimos seis meses. Atualmente, estamos perto dos 20 milhões de euros de volume de negócio anual“, adianta, sem detalhar o peso do mercado internacional neste resultado.

Para 2025, a estimativa é de crescimento no volume de negócios: “entre 60 e 80 milhões por ano. Mais de 50% de novos mercados internacionais.”

Quanto a reforços de equipa? “Estamos permanentemente à procura de talento, tanto em Portugal como em novos mercados, mas somos muito exigentes com as pessoas que trazemos para trabalhar connosco”, diz. Contam atualmente com 40 pessoas, a trabalhar no mercado ibérico, num modelo presencial, com escritórios em Lisboa, Porto e Madrid.

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O inverno mais quente chega ao Caldea com banhos de água termal com bolhas e champanhe

  • Servimedia
  • 20 Janeiro 2025

O centro de lazer termal centra-se nos casais com experiências de spa noturnas com “música ao vivo” e champanhe, massagens em duo e menus para “gastrolovers”.

Caldea, o centro de lazer termal de Andorra, oferece aos seus visitantes neste inverno uma experiência noturna que lhes permite tomar banho com uma taça de champanhe na água, fazer “massagens a dois” e desfrutar da gastronomia.

As experiências concebidas para esta época de inverno “convidam os casais a viver momentos muito românticos e inesquecíveis”. Por um lado, todas as sextas e sábados, a partir das 19h30, o espaço ‘adults-only’, ao qual se acede com o bilhete Premium, acolhe as Caldea Champagne Sessions, um evento em que a música e os cocktails se fundem numa combinação sofisticada.

Por outro lado, para quem procura um momento mais exclusivo, o Caldea oferece o ‘Romantic Room’, uma experiência que inclui a entrada no spa, um ritual de 30 minutos com uma ‘duo massage’, um copo de cava e um fondue de chocolate e 30 minutos de privacidade numa cabine equipada com uma cama balinesa sem dossel.

Além disso, para os mais “foodies”, o centro oferece duas ofertas gastronómicas diferentes, uma no renovado restaurante Blu, com cozinha natural e saudável, e outra no restaurante tailandês-japonês Siam Shiki. Com esta oferta, os casais têm tudo o que precisam para criar um inverno cheio de memórias, ligações e calor num ambiente urbano, mas rodeado de montanhas cobertas de neve”, explica o centro.

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ANA quer tirar travão a taxas e receber indemnização por obras na Portela

Concessionária quer tirar do contrato de concessão o limite às taxas imposto pela comparação com outros aeroportos europeus, criado para garantir a competitividade da Portela.

A ANA – Aeroportos de Portugal reclama no Relatório Inicial do novo aeroporto de Lisboa o fim da regra que impede as taxas aeroportuárias de excederem o nível praticado por um grupo de aeroportos europeus já definidos.

O aeroporto Luís de Camões tem um custo estimado pela ANA de 8,5 mil milhões de euros, que será suportado inteiramente pela concessionária, dos quais 1,5 mil milhões através de recursos próprios e 7 mil milhões através de financiamento bancário e nos mercados financeiros. Para fazer face ao elevado investimento, a ANA defende a necessidade de estender o prazo da concessão de 50 para 80 anos, passando assim a terminar em 2092.

Além disso, defende uma alteração do modelo económico do contrato de concessão, isto é, da fixação das taxas aeroportuárias cobradas aos utilizadores do aeroporto. E quer fazê-lo já a partir do próximo ano, antes ainda da construção arrancar ou existir um acordo fechado com o Governo sobre o que será a infraestrutura.

Uma das alterações propostas é acabar com a limitação que impede que as taxas aeroportuárias sejam mais de 15% superiores à mediana dos valores praticados por um grupo de 12 aeroportos europeus. Uma disposição que visa garantir que a Portela se mantém competitiva face à concorrência.

No Relatório Inicial, a ANA propõe a “supressão do teste de benchmark com outros aeroportos europeus e o seu impacto na evolução das taxas”. “Este condicionalismo exógeno não se adequa a um investimento considerável numa nova infraestrutura como o NAL (Novo Aeroporto Lisboa), tanto mais que a evolução das taxas aplicadas pelo painel de aeroportos não pode ser prevista com exatidão, o que conduz a uma incerteza quanto ao nível das receitas reguladas que podem ser cobradas pela ANA”, justifica a concessionária. “Qualquer fator exógeno – possivelmente negativo – aplicado ao nível das taxas afetaria em forma muito negativa a capacidade de obter fontes de financiamento internas e externas”, acrescenta.

Este teste de benchmark aplica-se aos aeroportos do Grupo de Lisboa, onde se incluem os Açores e a Madeira. A ANA propõe excluir estes últimos dois e incluir o NAL.

Para este grupo, a concessionária propõe que o aumento das taxas se faça sentir já a partir de 2026, de forma a fazer um pré-financiamento que permita acautelar as necessidades que “serão consideráveis durante a fase de construção”, justifica. Logo a partir desse ano e até 2030 é proposto um aumento igual à inflação acrescida de 9,8%. Seguem-se depois diferentes regimes para 2030, de 2031 a 2039 e de 2040 até ao final da concessão.

Alterações que a ANA quer negociar com o Governo já este ano, bem antes da aprovação final do projeto, para “evitar a descida contínua das taxas prevista na regulação em vigor (IPCH-2%), prejudicial para o financiamento do NAL e contraintuitiva, uma vez que as taxas terão de aumentar numa fase posterior”.

Indemnização por obras não amortizadas na Portela

O impacto das taxas não se fica pelo novo modelo proposto. “A ANA pretende ser indemnizada pelos investimentos a realizar na Portela para atingir um movimento de tráfego de 45 ATM por hora”, confirme ficou definido na Resolução do Conselho de Ministros 67/2024, que prevê medidas para reforçar a capacidade do Humberto Delgado. “A indemnização cobrirá o valor não amortizado destes investimentos na data de encerramento da Portela“, afirma.

Esta indemnização seria paga através de uma componente a acrescer às taxas aeroportuárias, após o encerramento da Portela, expressa em euros por passageiro terminal, com o valor necessário para amortizar, em 20 anos, o valor não amortizado das obras.

No final do ano passado foram adjudicadas obras de melhoria do Humberto Delgado, orçadas em 233 milhões de euros e que incluem a ampliação do Terminal 1. Segue-se um plano de investimento que permita assegurar o aumento da capacidade do aeroporto para 45 movimentos por hora e 40 a 45 milhões de passageiros por ano.

Governo tem “dúvidas substanciais”

O Governo confirmou na sexta-feira que pretende que a ANA prepare a candidatura para a construção do novo aeroporto de Lisboa, que envolve a preparação de vários relatórios, mas levantou dúvidas e deixou críticas.

A resposta enviada à concessionária pelos ministérios das Infraestruturas e Finanças começa por apontar “a total ausência de informação financeira detalhada, que permita aferir sobre a razoabilidade dos pressupostos,
bem como dos resultados daí resultantes”.

E diz existirem “dúvidas substanciais” sobre várias matérias. Uma delas é o “modelo de alteração das Taxas Aeroportuárias, nomeadamente no impacto que as mesmas possam ter na competitividade do hub e na economia portuguesa, bem como sobre o início do seu crescimento progressivo já a partir de 2026″.

Sublinha ainda que os modelos de pré-financiamento não podem, “em caso algum, substituir a utilização primária de fundos próprios da Concessionária como mecanismo de financiamento”.

São também questionados “os pressupostos subjacentes à necessidade de extensão da duração da Concessão por mais 30 anos“, bem como as projeções de tráfego e de receitas não-reguladas feitas pela ANA.

O Governo reserva, no entanto, para uma “avaliação posterior” as possíveis alterações à regulação económica do contrato de concessão, realçando que esta está sujeita à legislação e à pronúncia da Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC). Mas vai dizendo que “é intenção do Concedente minimizar o aumento de taxas e a extensão do prazo da Concessão”, sem “prejudicar a viabilidade económica da Concessão e uma remuneração equilibrada e adequada da
Concessionária”.

Um trabalho que será desenvolvido em conjunto com a Estrutura de Gestão e Acompanhamento dos Projetos de Aeroportos, criada a semana passada com o objetivo de fazer o acompanhamento técnico do contrato de concessão com a ANA e coordenar, em representação do Estado, a negociação com a concessionária sobre a construção do Aeroporto Luís de Camões e as obras no Humberto Delgado.

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No xadrez geopolítico de Trump, a Europa (e o mundo) pode ficar refém da guerra comercial com a China

  • Joana Abrantes Gomes
  • 20 Janeiro 2025

Com a ajuda do Indo-Pacífico, a “guerra comercial” dos EUA com o gigante asiático vai manter-se como a prioridade da nova Administração Trump. Europa arrisca viver mediante regras das duas potências.

Donald Trump está prestes a regressar à Casa Branca com um longo caderno de encargos pela frente: a guerra na Ucrânia sem um fim à vista, o conflito em Gaza cujas consequências se alastram ao resto do Médio Oriente e uma maior cooperação entre a Rússia e a China, os dois maiores concorrentes e rivais dos EUA no tabuleiro do xadrez geopolítico mundial.

Apesar de ser evidente alguma continuidade em relação ao mandato de Joe Biden — em particular no consenso alargado de que a “guerra comercial” com a China é prioridade dos EUA e no apoio a Israel para a estabilização do Médio Oriente –, as declarações do novo Presidente norte-americano, quer ao longo da campanha quer nas semanas que se seguiram à sua vitória a 4 de novembro, fazem prever uma viragem na condução da política externa dos EUA.

Face às ameaças de um aumento das taxas alfandegárias, os analistas consultados pelo ECO antecipam que a política externa norte-americana sob a liderança de Donald Trump vai ser pautada, acima de tudo, pelos interesses nacionais dos EUA e o aumento de poder, ao mesmo tempo que descartará valores como os direitos humanos e a democracia.

“Como a China e a Rússia não aceitam as regras que existiam desde 1945, não faz sentido os americanos continuarem a agir com as mãos atrás das costas, respeitando regras que as outras duas grandes potências já não respeitam. Trump pensa que, se os EUA continuarem a aceitar essas regras, os EUA vão perder”, observa Vasco Rato, que presidiu a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD) entre 2015 e 2019.

Presidente dos EUA, Donald J. Trump e o Presidente chinês, Xi Jinping, numa cerimónia de boas-vindas no Grande Salão do Povo em Pequim, China, 2017.EPA/ROMAN PILIPEY

Segundo o também professor de Ciência Política e Relações Internacionais na Universidade Lusófona, é do ponto de vista do crescimento da economia que o Presidente eleito pretende gerir a segurança nacional e a geopolítica norte-americana, refazendo as relações comerciais com outros países a partir de uma “abordagem revisionista da política internacional” e privilegiando os relacionamentos bilaterais em detrimento do multilateralismo.

A lógica de (ainda) maior protecionismo de Donald Trump não significa, porém, que ele seja “isolacionista”, ressalva Raquel Vaz-Pinto, investigadora do Instituto Português de Relações Internacionais da Universidade Nova de Lisboa (IPRI-NOVA), que antevê que o republicano “vai é ser seletivo em relação ao mundo que lhe interessa”.

Neste contexto, o novo Presidente dos EUA está a rodear-se de uma equipa “mais homogénea” face à do seu primeiro mandato, em particular em termos do pensamento ideológico e da hostilidade para com Pequim, pelo que Raquel Vaz-Pinto questiona se se podem tomar os primeiros quatro anos de Trump na Casa Branca como um esboço do que vai acontecer no próximo quadriénio.

No entanto, Elon Musk será uma incógnita nesta Administração no que diz respeito à política externa. Isto porque, contrariamente à restante equipa, não cabe no perfil de “falcão anti-China”: tal como com Trump, mantém uma relação próxima com o Presidente Xi Jinping, o que lhe permitiu construir em Xangai a maior fábrica de automóveis da Tesla fora dos EUA, fruto de um investimento de 2 mil milhões de dólares.

O Departamento de Defesa e o conselheiro de Segurança Nacional, mais do que Marco Rubio, nomeado para Secretário de Estado, vão ser as figuras mais relevantes para levar a cabo a estratégia de Trump em matéria de política externa, mas será o Presidente a fazer a diplomacia. E tem, pelo menos, dois anos — até às eleições intercalares de 2026 — para concretizar a sua agenda, visto que os republicanos têm maioria nas duas câmaras do Congresso.

Europa arrisca ser “campo de confronto” dos EUA com a China

Apesar da imprevisibilidade de Trump, uma coisa que é dada como certa pelos analistas é a mudança das relações transatlânticas. “Quer com o retraimento estratégico dos EUA, que revaloriza o seu domínio sobre o hemisfério ocidental, alargado à Gronelândia e ao Ártico, quer com a estratégia soberanista do novo Presidente, que recusa subordinar a liberdade dos EUA às suas alianças na NATO“, sinaliza Carlos Gaspar, professor catedrático da Universidade Autónoma de Lisboa (UAL), em resposta ao ECO.

A ameaça de Trump de retirar os EUA da NATO, caso os aliados não aumentem os gastos em Defesa, coloca a Europa numa encruzilhada estratégica. Este cenário, agravado pela guerra na Ucrânia, beneficia principalmente as empresas de armamento norte-americanas, dificultando o desenvolvimento de uma indústria de defesa autónoma na UE.

“Não é uma boa notícia para a construção, o reforço e a possibilidade de a União Europeia [UE] ter indústrias de Defesa autónomas”, ressalva a investigadora Raquel Vaz-Pinto, que vê “a Polónia, os Estados bálticos, a Escandinávia e a Finlândia — para os quais a opção de ter que esperar por uma indústria de Defesa europeia não funciona — como os países que terão mais interesse em fazer a ponte direta com os EUA”, além da Hungria — cujo primeiro-ministro, Viktor Orbán, é uma das poucas vozes a que Trump dá ouvidos no bloco comunitário.

É neste âmbito que o próprio secretário-geral da NATO tem apelado para um aumento da despesa em Defesa dos membros da Aliança Atlântica, falando já num investimento na ordem de 5% do PIB e não apenas de 2% — algo que para Portugal “não é exequível”, segundo disse no fim de semana o primeiro-ministro, Luís Montenegro. Mas a pressão de Mark Rutte para as nações europeias gastarem mais é “para se poder dizer que é uma opção própria e não uma obrigação imposta pela Administração Trump”, justifica Luís Tomé, professor catedrático de Relações Internacionais na UAL.

"Trump vai fazer da Europa gato-sapato. E a Europa vai engolir muita coisa porque é incapaz de se mostrar forte.”

Francisco Seixas da Costa

Diplomata aposentado desde 2013

Ainda assim, o também investigador em Geopolítica e Estudos de Segurança é perentório: “Já nem com Biden nem com Obama a UE era a prioridade da política externa norte-americana. Portanto, como Trump quer que paguemos, nós temos de assumir que falamos a uma só voz de uma forma mais autónoma, ou então ficamos reféns de um campo de confronto apenas entre os EUA e a China e viveremos consoante as regras e as dinâmicas que eles criam“.

Outro motivo de sobressalto para a União Europeia é também a possibilidade de Trump aumentar os impostos sobre as importações. Como explica Vasco Rato, o propósito desta ameaça é “refazer” as relações comerciais com o bloco comunitário para alcançar uma “interação económica mais equitativa”, tendo em conta que os 27 Estados-membros da UE vendem mais do que compram aos EUA, enquanto as empresas norte-americanas estão condicionadas a regulação — como, por exemplo, à Lei dos Serviços Digitais — que lhes impede de aceder ao mercado europeu com a mesma facilidade.

No que toca à Gronelândia, cuja retórica de Donald Trump subiu de tom nas últimas semanas, ameaçando anexá-la aos EUA por via da força, a ambição do novo Presidente é criar a partir dali uma nova rota comercial e poder aceder às reservas de terras raras fundamentais para as novas tecnologias. “Um bocado de terra pode ter importância estratégica diferente consoante o que está a acontecer à volta. O que mudou foi o que está a acontecer à volta e isso tornou a Gronelândia importante”, aponta o ex-presidente da FLAD. A Dinamarca, a que pertence esta ilha do Ártico, já se mostrou disponível para negociações.

A previsão de Francisco Seixas da Costa, embaixador aposentado, é que “Trump vai fazer da Europa gato-sapato” e que “a Europa vai engolir muita coisa porque é incapaz de se mostrar forte”. Não obstante, o desfecho das eleições federais na Alemanha, a crise política em França, e ainda o Governo trabalhista do Reino Unido sob pressão do multimilionário Elon Musk podem ser variáveis que tanto a UE como Trump desconhecem como vão influenciar as relações entre ambos os lados do Atlântico.

Acabar com guerra na Ucrânia para afastar Rússia da China

Trump quer pôr fim à invasão russa da Ucrânia. Mas o que começou por ser uma promessa de acabar com a guerra “em 24 horas” já se transformou num cenário de meses. “Não é evidente que consiga realizar a sua promessa”, assinala o professor catedrático da UAL Carlos Gaspar. Mas esta prioridade de “encontrar uma paz”, segundo Luís Tomé, docente na mesma universidade, é para “parar o apoio financeiro e militar dos EUA a Kiev, porque esta não é a prioridade da política externa dos EUA com Donald Trump”.

Para o novo residente da Casa Branca, tal como para os seus antecessores — incluindo Biden –, o essencial é “normalizar as relações com a Rússia para a separar da China” e “romper a convergência euro-asiática entre as duas principais potências continentais”, sublinha Carlos Gaspar, notando que a estratégia de Trump neste capítulo “pode falhar”, uma vez que “não é certo que o Presidente Putin queira, ou sequer ainda possa, pôr fim à convergência estratégica com Xi Jinping”.

O Presidente russo, Vladimir Putin (à esquerda), e o homólogo chinês, Xi Jinping (à direita), num encontro bilateral.Lusa

Vasco Rato lembra, por outro lado, que a Rússia “é um dos dois países que pode ser uma ameaça real aos EUA”. Por possuir o maior arsenal nuclear do mundo e ter capacidade para os destruir, “os EUA têm que ter uma relação com a Rússia mais ou menos normalizada, que possa evitar uma catástrofe nuclear”, sustenta.

Recuperar acordos no Médio Oriente para “isolar” o Irão

É no Médio Oriente que se encontra um dos grandes vencedores, em termos práticos, do regresso de Donald Trump à Casa Branca. O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, “pressente que tem maior margem de manobra e menos críticas públicas vindas de Washington com Trump do que com Biden”, realça Luís Tomé, em declarações ao ECO.

Israel mantém-se o aliado privilegiado dos EUA na região para garantir que haja alguma estabilidade, mas a guerra levada a cabo pelo Governo de Netanyahu na Faixa de Gaza põe em causa a normalização das relações com a Arábia Saudita. Por isso, o professor de Relações Internacionais da UAL prevê que o novo Presidente norte-americano deverá “empenhar-se mais resolutamente na reaproximação de Telavive com os países árabes, em particular com o regime saudita, recuperando os Acordos de Abraão”.

Trump deve querer continuar os esforços para completar os Acordos de Abraão com o reconhecimento de Israel pela Arábia Saudita, que vai isolar ainda mais o Irão.

Carlos Gaspar

Professor catedrático na Universidade Autónoma de Lisboa (UAL) e investigador de Ciência Política e Relações Internacionais

Esses esforços, por sua vez, vão “isolar ainda mais o Irão”, que é o “grande derrotado” da vitória de Trump, antecipam os investigadores Carlos Gaspar e Raquel Vaz-Pinto. O regime do ayatollah Ali Khamenei está numa situação de “recuo estratégico” e, simultaneamente, de “maior expectativa” e “divisão interna”, acrescenta ainda Luís Tomé, apontando a fragilização de vários elementos do eixo de resistência iraniano, em particular do Hamas em Gaza e do Hezbollah no Líbano, mas também a queda do regime de Bashar al-Assad na Síria — onde as relações com os EUA ficam dependentes da Turquia — e os ataques contra os houthis do Iémen.

O também diretor do Observatório de Relações Exteriores (OBSERVARE) alerta, no entanto, para a “complexidade do xadrez e das variáveis” no Médio Oriente que Donald Trump não controla e que, por isso, “podem ter de o obrigar a decisões difíceis ou a ter de se confrontar com opções que ele não queria ter de enfrentar”.

Aumento de tarifas: uma tática para trazer a China à mesa das negociações?

Os analistas são unânimes em dizer que a China é a prioridade da política externa da nova Administração, sendo um dos poucos temas consensuais na sociedade norte-americana. Embora não seja (ainda) possível distinguir entre o que Trump tem prometido e o que vai acontecer na realidade, “se se acreditar no que foi dito, vai haver uma continuação de uma ‘guerra comercial’ entre os EUA e a China”, tendo em conta a ameaça de um forte aumento das tarifas aduaneiras, que, a confirmar-se, segundo Jorge Tavares da Silva, professor de Ciência Política e Relações Internacionais na Universidade de Aveiro, será “trágico para a economia chinesa”.

A menos que seja — e esta é uma possibilidade — [uma estratégia] para criar condições para negociações“, ressalva o especialista na política do gigante da Ásia. Ou seja, Trump pode aceitar manter as tarifas mais baixas, mas pedir a Pequim que abdique de concorrência em determinadas áreas. Esta ideia é secundada por Luís Tomé, que sublinha que o interesse do Chefe de Estado dos EUA “é escalar para depois ganhar margem de manobra”.

Durante o mandato de Biden, o combate às alterações climáticas e a inteligência artificial foram duas das áreas em que os EUA e a China estabeleceram acordos de cooperação. Mas “Trump não quer saber das alterações climáticas, portanto não se vê como é que aí possa ser uma área de cooperação com a China e, por outro lado, descreve a inteligência artificial como a nova corrida entre China e EUA e que os EUA vão vencer”, nota o docente da UAL.

Antecipando que a competição mais importante entre os dois países será ao nível da tecnologia, Jorge Tavares da Silva frisa que “quem a dominar vai também dominar a economia e vai, no fundo, ter mais importância em termos internacionais“.

Quanto a Taiwan, embora Biden tenha ido mais longe do que Trump quando declarou que os EUA estavam prontos para intervir militarmente para defender o território insular de uma invasão da China, não se perspetiva uma mudança da posição norte-americana.

Todavia, os analistas chamam a atenção para a retórica do novo Presidente no sentido de os taiwaneses investirem mais na sua própria Defesa — antevendo que a indústria do setor nos EUA beneficie disso –, além de esperar que a militarização em curso do Japão e da Coreia do Sul seja suficiente para dissuadir a China. Afinal, é em Taiwan e no mar do sul da China que está “o verdadeiro perigo de uma nova guerra mundial, não é no Médio Oriente ou na Europa”, prenuncia Vasco Rato.

Indo-Pacífico, o aliado para conter Pequim

Na contenção da hegemonia chinesa na Ásia, o investigador de Relações Internacionais Carlos Gaspar considera que Trump vai seguir uma linha de continuidade também no fortalecimento das parcerias estratégicas no quadro do QUAD (Diálogo de Segurança Quadrilateral), nomeadamente com o Japão, a Índia e a Austrália.

A grande preocupação do Indo-Pacífico é a parte económica e comercial.

Raquel Vaz-Pinto

Investigadora do Instituto Português de Relações Internacionais da Universidade Nova de Lisboa (IPRI-NOVA)

Contudo, no entender do diretor do OBSERVARE, será numa lógica de instrumentalização, envolvendo os países do Indo-Pacífico na estratégia de competir com Pequim. “A Austrália, o Japão e a Índia vão aproximar-se ainda mais dos EUA para equilibrar a China. Ninguém vai descolar”, antecipa, igualmente, o ex-presidente da FLAD.

A região vai ter, mesmo assim, uma grande preocupação sob a Administração Trump, segundo Raquel Vaz-Pinto: a parte económica e comercial, e não tanto a parte da Defesa (ao contrário da Europa), porque “estes países têm feito um esforço muito grande para investir cada vez mais nessa área”.

Já as relações com os seus dois vizinhos territoriais, Canadá e México, “não se avizinham fáceis” e “vão determinar uma série de fatores, sobretudo em termos da política interna” dos EUA, com a luta contra a imigração em massa e o narcotráfico, assinala ainda Luís Tomé.

Ainda na lógica de conflito comercial entre os EUA e a China, a importância de África para Donald Trump vai ser conter a influência de Pequim e de Moscovo, mas, sobretudo, garantir que, tal como a Gronelândia, será uma fonte das matérias-primas necessárias para as novas tecnologias. Algo que o antecessor, Joe Biden, procurou fazer já no final do mandato, com uma visita a Angola em que anunciou um investimento de 600 milhões de dólares para expandir o Corredor do Lobito.

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Trump já está a abalar o financiamento para a transição verde

Oposição declarada de Trump face às energias limpas tem abalado as ações de empresas do setor em bolsa. Já os bancos norte-americanos retiram-se em massa de uma aliança global para a descarbonização.

Donald Trump só regressa à Casa Branca a 20 de janeiro, mas já está a fazer mossa no que diz respeito ao financiamento da transição verde e energética. Desde dezembro, multiplicam-se os bancos que se afastam da Net Zero Banking Alliance, um grupo criado para fomentar uma economia mais verde através do sistema financeiro. Mais recentemente, um comentário a rejeitar novos investimentos em energia eólica foi suficiente para fazer cair as cotações de várias empresas focadas na transição.

É a energia mais cara que existe. É muitas, muitas vezes mais cara do que o gás natural, por isso vamos ter uma política em que nenhum parque eólico será instalado“, afirmou o Presidente eleito, numa conferência de imprensa, a 7 de janeiro.

Nesse dia, a EDP Renováveis, que tem operações nos Estados Unidos, caiu 1,95% em bolsa, uma quebra reforçada no dia seguinte, em quase 5%. O mesmo aconteceu com a dinamarquesa Orsted, com uma grande aposta no eólico offshore, cujas cotações desceram, em termos acumulados, 8,9 pontos percentuais nos mesmos dois dias. A Vestas, potência europeia da indústria eólica, desceu muito ligeiramente no dia 7, mas na sessão seguinte desvalorizou 7,4%. O iShares Global Clean Energy ETF registou um quebra de 2,45% no dia 8 de janeiro e outra, equivalente, na sessão seguinte, depois de subir 0,85% no dia 7.

A oposição de Trump às energias renováveis já era bem conhecida, tanto que na sua última passagem pela Casa Branca retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris. Ainda como mero candidato ao seu segundo mandato, no passado mês de maio, o republicano anunciou que, caso chegasse ao poder, iria terminar a aplicação do Inflation Reduction Act (IRA), um pacote de incentivos lançado em 2022 pela Administração chefiada por Joe Biden, e que destina um apoio de 400 mil milhões de dólares à aposta em energias limpas.

Já mais perto das eleições, e antes da vitória de Trump, os analistas relativizavam. Instituições como o Goldman Sachs ou o holandês ING advogam que seria difícil uma reversão completa do IRA, dado que cerca de 80% dos investimentos em indústria associados ao diploma se situam em Estados tipicamente republicanos. Ainda assim, concediam que a eleição de Trump poderia mesmo enfraquecer este pacote, sobretudo nos incentivos atribuídos a tecnologias como carros elétricos, hidrogénio verde, captura de carbono e energia eólica offshore.

Bancos retiram-se da aliança para a descarbonização

A Aliança da Banca para a Neutralidade Carbónica (NZBA, na sigla em inglês) conta de momento com com 141 bancos, espalhados por 44 países, e que somam 61 biliões de dólares em ativos. Sob este chapéu já estiveram reunidos 150 bancos, embora no pontapé de partida, em 2021, contava apenas com 43 instituições. Mas foi também no fatídico 7 de janeiro que o JP Morgan Chase se tornou o sexto nome de uma já longa lista de instituições norte-americanas que decidiram abandonar a NZBA.

“O JPMC vai terminar a sua participação na Net Zero Banking Alliance. Vamos continuar a trabalhar independentemente para avançar com os interesses da firma, dos nossos acionistas e clientes, e mantemo-nos focados em soluções pragmáticas para apoiar as tecnologias de baixo carbono”, assim como “os nossos clientes que estão comprometidos com a transição energética”, afirmou um porta-voz da instituição, citado pelo ESG Today.

A aliança ainda conta com o apoio de importantes instituições financeiras globais e com o respaldo de uma agenda climática internacional crescente.

Paulo Rosa

Economista Sénior do Banco Carregosa

Antes desta retirada, outros nomes sonantes da mesma praça – Morgan Stanley, Bank of America, Citigroup, Wells Fargo e Goldman Sachs – já haviam anunciado a mesma decisão, espalhando os anúncios ao longo do mês de dezembro e início de janeiro. Também entre estas instituições foi recorrente a ressalva de que manteriam os respetivos esforços no âmbito da transição, ainda que fora da aliança. Restam agora três bancos norte-americanos na NZBA: o Amalgamated Bank, o Areti Bank e o Climate First Bank.

A Bloomberg, numa newsletter dedicada ao tema, atribui estas desistências a “um cenário tenso” nos Estados Unidos, onde campanhas republicanas já se referiram a grupos de promoção da neutralidade carbónica como “cartéis climáticos”. O analista da XTB, Henrique Tomé, explica que, nos Estados Unidos, alguns legisladores argumentaram que a participação em alianças climáticas, como a NZBA, poderia ser interpretada como uma restrição ao financiamento de indústrias de combustíveis fósseis, levantando dúvidas sobre a conformidade com regras de concorrência.

Por outro lado, complementa o economista sénior do Banco Carregosa, Paulo Rosa, as recentes resistências do setor podem refletir conflitos entre objetivos de curto prazo dos bancos (lucratividade imediata) e os compromissos de longo prazo, associados à descarbonização, sendo que “a falta de benefícios claros é um fator determinante”. Em paralelo, “as exigências para medir e reportar emissões em financiamentos podem ser vistas como onerosas e complexas, exigindo recursos significativos das instituições financeiras”.

A principal barreira reside na reconciliação entre os objetivos de sustentabilidade e a necessidade de garantir rentabilidade.

Henrique Tomé

Analista da XTB

A Net Zero Banking Alliance é maior coligação mundial de instituições financeiras empenhadas na transição da economia global para um cenário de neutralidade carbónica, convocada pelas Nações Unidas. A aliança exige que os respetivos membros procurem alinhar as emissões associadas às suas operações e portefólios com o objetivo de atingir a neutralidade carbónica até 2050. Devem também definir metas de descarbonização até 2030 e, a partir daí, para o horizonte de cada cinco anos. As metas devem focar-se nos setores nos quais a instituição possa ter maior impacto. Por fim, os bancos têm de, anualmente, publicar as suas emissões, reportar o progresso e anunciar medidas.

Paulo Rosa acredita que a adesão à NZBA “oferece múltiplos benefícios para as instituições bancárias”, entre eles a possibilidade de atrair investidores e clientes que priorizem critérios de sustentabilidade nas suas decisões financeiras e a antecipação de possíveis regulamentações futuras sobre descarbonização. Além disso, a aliança promove a diversificação do portfólio com ativos resilientes às mudanças climáticas.

Em oposição, “a principal barreira reside na reconciliação entre os objetivos de sustentabilidade e a necessidade de garantir rentabilidade”, acredita o analista da XTB. O Banco Carregosa assinala ainda possíveis dificuldades na medição de emissões, a resistência de clientes empresariais à transição climática e a escassez de dados confiáveis.

Estas desistências terão certamente um impacto global no que diz respeito aos esforços de descarbonização do sistema financeiro, dado que são protagonizadas por bancos de elevada dimensão, podendo ainda ter um efeito de contágio noutras instituições norte-americanas. No entanto, acreditamos que terão pouco impacto nas instituições bancárias europeias.

Filipa Saldanha

Diretora de Sustentabilidade do Crédito Agrícola

Mas não são apenas as instituições bancárias a dizer adeus a iniciativas pró-descarbonização. O maior fundo do mundo, Blackrock, retirou-se da Net-Zero Asset Managers Initiative (NZAM) a 9 de janeiro, afirmando que “a participação neste tipo de organizações causou confusão no que diz respeito às práticas da Blackrock e sujeitou-nos a inquéritos legais da parte de vários atores públicos”, cita a Reuters, com base numa carta dirigida a um cliente, a que a agência noticiosa teve acesso.

Esta saída levou a que a própria iniciativa suspendesse a respetiva atividade, “para assegurar que a NZAM se mantém adequada ao seu propósito no novo contexto global”. A iniciativa vai tentar uma reforma, pausando a supervisão da implementação e reporte por parte dos associados. Antes de a Blackrock, que gere 11,5 biliões de dólares, anunciar a saída, a NZAM contava com 325 signatários, que somavam 57,5 biliões de dólares em ativos sob gestão.

A NZBA continua a ser uma plataforma crucial para a mobilização de capital em prol da transição climática.

Caixa Geral de Depósitos

Fonte oficial

Questionados sobre se a NZBA estará em risco de ruir, os analistas afastam essa hipótese. “Parece prematuro antecipar que a aliança esteja em risco. O sucesso da aliança no futuro dependerá da capacidade de bancos, governos e reguladores de criar novas formas de colaboração que sustentem o financiamento sustentável”, indica Henrique Tomé. “A aliança ainda conta com o apoio de importantes instituições financeiras globais e com o respaldo de uma agenda climática internacional crescente”, reforça Paulo Rosa, que entende, em paralelo, que será necessário reforçar os incentivos para a adesão, aumentar a transparência nos benefícios e resultados alcançados e uma adaptação face às diferenças regionais.

Há dois bancos portugueses que fazem parte desta aliança, a Caixa Geral de Depósitos e a Caixa de Crédito Agrícola. Filipa Saldanha, diretora de sustentabilidade nesta segunda instituição, vê algumas consequências negativas e perigo de contágio, mas não tanto a nível europeu. “Estas desistências terão certamente um impacto global no que diz respeito aos esforços de descarbonização do sistema financeiro, dado que são protagonizadas por bancos de elevada dimensão, podendo ainda ter um efeito de contágio noutras instituições norte-americanas. No entanto, acreditamos que terão pouco impacto nas instituições bancárias europeias”. Fonte oficial da Caixa Geral de Depósitos afere que as saídas “diminuem a força coletiva da aliança” mas acredita que “a NZBA continua a ser uma plataforma crucial para a mobilização de capital em prol da transição climática”.

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Trump toma posse como Presidente dos EUA. Meloni é a única líder da UE que vai marcar presença

  • Joana Abrantes Gomes
  • 20 Janeiro 2025

Donald Trump é empossado esta segunda-feira numa cerimónia de mais de 170 milhões de dólares, voltando à Casa Branca como apenas o segundo Presidente dos EUA a cumprir mandatos não consecutivos.

Como manda a 20.ª Emenda da Constituição norte-americana, a tomada de posse do novo Presidente dos Estados Unidos decorre a 20 de janeiro, esta segunda-feira. Donald Trump, que venceu as eleições de 4 de novembro, vai fazer o juramento às 12 horas locais (17 horas em Lisboa) diante de convidados como o multimilionário Elon Musk, o líder argentino Javier Milei e o ex-primeiro-ministro polaco Mateusz Morawiecki.

O chamado “Dia da Inauguração” começa ainda antes da cerimónia do juramento, com uma missa na Igreja Episcopal de St. John, em Washington D.C., e um chá matinal na Casa Branca que juntará os casais Biden e Trump e a vice-presidente cessante Kamala Harris.

Ao meio-dia, arranca a tomada de posse formal de Donald Trump e do seu vice-presidente, J.D. Vance, nos degraus da fachada oeste do Capitólio. O presidente do Supremo Tribunal, John Roberts, vai conduzir o juramento, a que se segue um discurso do novo Presidente — proferido no interior do Capitólio, devido às temperaturas frias — e a despedida oficial de Joe Biden e Kamala Harris.

Momento em que Donald Trump faz o juramento de posse como Presidente dos EUA ao lado da primeira-dama, Melania Trump, no dia 20 de janeiro de 2017. Fotógrafo: Andrew Harrer/Bloomberg

Trump dirige-se depois à Sala do Presidente, perto do Senado, para cumprir a tradição de assinar as nomeações para o gabinete. E, a seguir a um almoço organizado pelo Comité Conjunto do Congresso para as Cerimónias Inaugurais, tem início o desfile presidencial, que costuma ir do Capitólio até à Casa Branca, mas, por causa do tempo frio, vai decorrer na Capital One Arena. Já na Sala Oval, o novo líder norte-americano vai assinar (ou reverter) várias ordens executivas, em áreas desde a segurança das fronteiras à produção de petróleo e gás.

A noite está reservada para três bailes inaugurais — o “Commander in Chief Ball”, o “Liberty Inaugural Ball” e o “Starlight Ball” —, estando previsto que Donald Trump discurse em todos eles. Mas as atividades oficiais do “Dia da Inauguração” terminam apenas na manhã de terça-feira, com o Serviço Nacional de Oração.

Note-se, porém, que os eventos da tomada de posse de Trump e de J.D. Vance já arrancaram no sábado, com a receção do Presidente e espetáculo de fogo-de-artifício no Trump National Golf Club, no estado da Virgínia, e também a receção do gabinete e jantar do vice-presidente. Ontem, houve ainda a habitual cerimónia de colocação de coroas de flores no Túmulo do Soldado Desconhecido, no cemitério nacional de Arlington, e um “comício de vitória MAGA” na Capital One Arena, em Washington, D.C..

A cerimónia deste ano decorre sob o tema “A Nossa Democracia Duradoura: Uma Promessa Constitucional”, que contrasta com os acontecimentos de há quatro anos, quando, a 6 de janeiro de 2021, Donald Trump, então presidente cessante, incitou os seus apoiantes a invadir o Congresso e impedir a certificação da vitória de Joe Biden na eleição de 2020, cujos resultados pôs em causa.

Segundo o comité organizador, foram disponibilizados mais de 220.000 bilhetes para o “Dia da Inauguração”, estimando-se ainda uma multidão de até 250 mil pessoas, sem bilhetes, para assistir à cerimónia no National Mall.

Quanto ao custo do evento inaugural, o comité conseguiu arrecadar mais de 170 milhões de dólares — parte dos quais doados pelos líderes das gigantes tecnológicas norte-americanas —, um valor acima do recorde de 106,7 milhões de dólares angariados para a tomada de posse de Donald Trump em 2017.

“Pesos pesados” da tecnologia marcam presença. André Ventura foi convidado

Embora Donald Trump tenha rompido com essa prática na tomada de posse de Joe Biden em 2021, todos os antigos presidentes dos EUA vivos — Joe Biden, Barack Obama, George W. Bush e Bill Clinton — vão marcar presença no Capitólio para a cerimónia de tomada de posse. À exceção de Michelle Obama, que, por razões desconhecidas, não vai comparecer, as antigas primeiras-damas também estarão presentes.

O universo das tecnológicas norte-americanas também se vai fazer representar: além do multimilionário Elon Musk, que foi um apoio financeiro (e mediático) substancial para a campanha do Partido Republicano e vai fazer parte da nova Administração com a missão de reduzir custos e remodelar o Governo federal, também os fundadores da Amazon, Jeff Bezos, e da Meta, Mark Zuckerberg. O CEO da OpenAI, Sam Altman, também planeia marcar presença.

Presidentes ou chefes de Governo estrangeiros serão poucos, visto que, historicamente, fazem-se representar pelos embaixadores dos seus países nos EUA. Ainda assim, alguns foram convidados, entre os quais o Presidente da Argentina (e fã declarado de Trump), Javier Milei — cuja presença foi confirmada —, e o Presidente chinês, Xi Jinping — que não vai estar presente, mas vai enviar, no seu lugar, um “representante de alto nível”.

Dos líderes europeus, terá sido convidada apenas a primeira-ministra italiana. Giorgia Meloni será a única chefe de Governo da União Europeia a participar na cerimónia. O ex-primeiro-ministro da Polónia Mateusz Morawiecki (Lei e Justiça), o político francês nacionalista e anti-imigração Éric Zemmour, o líder do partido de direita radical Reform UK, Nigel Farage, e Tino Chrupalla, copresidente da extrema-direita alemã da AfD, confirmaram que vão estar presentes.

Segundo o Politico, o líder do espanhol Vox, Santiago Abascal, também recebeu um convite para assistir à tomada de posse de Donald Trump, bem como o português André Ventura, presidente do Chega. O convite foi endereçado ao grupo dos Patriotas pela Europa — a terceira maior força política do Parlamento Europeu —, do qual ambos os partidos fazem parte, e não diretamente a Abascal e Ventura.

A presença de Santiago Abascal já foi confirmada, de acordo com a imprensa espanhola. O líder do Chega, por sua vez, congratulou-se por ser “o primeiro português convidado” para a tomada de posse de Donald Trump, numa publicação na rede social X, tendo anunciado no fim de semana que estará presente em Washington.

Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil, foi convidado, mas não vai poder viajar para os EUA, depois de a Justiça brasileira lhe ter negado a devolução do passaporte, apreendido desde o início do ano passado na sequência da investigação à alegada tentativa de golpe de Estado.

Dos que não foram convidados destacam-se os líderes da extrema-direita francesa, Marine Le Pen e Jordan Bardella, e os presidentes da Comissão Europeia e do Conselho Europeu.

Fonte do gabinete de António Costa em Bruxelas confirmou ao ECO que não lhe foi endereçado nenhum convite para o “Dia da Inauguração”, enquanto a porta-voz do Executivo comunitário, Paula Pinho, assinalou, numa conferência de imprensa na semana passada, que os anteriores presidentes da Comissão Europeia nunca foram a uma tomada de posse de um Presidente dos EUA e que nunca receberam convites oficiais.

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