“Falta em Portugal a apropriação nacional de uma regra orçamental que sirva o país”, defende Nazaré da Costa Cabral

Presidente do Conselho das Finanças Públicas recomenda que atores políticos consensualizem uma regra, na qual se revejam e digam há "este limite, isto é para cumprir, que não seja só uma letra morta".

A presidente do Conselho das Finanças Públicas defende, em entrevista ao ECO, que o país precisa da apropriação de uma regra orçamental adaptada às suas necessidades, “exigente”, mas cumprível, na qual todos os actores políticos se revejam, ao invés de replicar simplesmente as recomendações de Bruxelas. O objetivo é criar um sentimento de pertença a esta ‘linha mestre’, de forma a aumentar o grau de responsabilização. Nazaré da Costa Cabral aponta ainda o dedo à “falta de vontade política” para a institucionalização de uma revisão da despesa do Estado.

O que falta em Portugal é a apropriação nacional de uma regra orçamental que sirva o país, que seja uma regra que nos crie alguma exigência, alguma disciplina em termos financeiros, em termos de condução das nossas finanças públicas, mas que seja uma regra em que todos se revejam“, afirma a presidente do CFP.

As declarações de Nazaré da Costa Cabral ocorrem numa altura em que o Governo prepara uma revisão da Lei de Enquadramento Orçamental (LEO), que deverá ser apresentada ainda no primeiro trimestre, segundo o timing sinalizado em dezembro pelo ministro das Finanças.

O que falta em Portugal é a apropriação nacional de uma regra orçamental que sirva o país, que seja uma regra que nos crie alguma exigência, alguma disciplina em termos financeiros, em termos de condução das nossas finanças públicas, mas que seja uma regra em que todos se revejam.

Nazaré da Costa Cabral

Presidente do Conselho das Finanças Públicas

A responsável do CFP realça que o novo sistema orçamental europeu tem como âncora a trajetória de redução da dívida pública, utilizando como indicador operacional a da despesa líquida, mas considera que há um debate que é preciso fazer em Portugal sobre o tema.

Temos o hábito de pegar na Lei de Enquadramento Orçamental e transpormos as regras europeias. É como se tivéssemos que estar sempre dependentes daquilo que Bruxelas diz e, portanto, só fazemos aquilo que diz nos exatos termos em que diz e para os efeitos em que diz. Portugal, como país soberano que quer ser, independente até do ponto de vista financeiro, deve assumir uma atitude de adotar a sua própria regra orçamental“, argumenta.

Nazaré da Costa Cabral sustenta que uma vez que a LEO é uma proposta do Governo, mas vai ser discutida no Parlamento, “os atores políticos deveriam acordar uma verdadeira regra orçamental para o conjunto das instituições públicas, que depois naturalmente também alimentasse regras específicas para os subsectores do Estado, nomeadamente para o setor regional ou para o setor das administrações locais“.

Temos o hábito de pegar na Lei de Enquadramento Orçamental e transpormos as regras europeias. É como se tivéssemos que estar sempre dependentes daquilo que Bruxelas diz.

Nazaré da Costa Cabral

Presidente do Conselho das Finanças Públicas

“Uma regra orçamental adaptada àquilo que são os interesses orçamentais e financeiros do país, que seja exigente, cumprível, mas que seja, acima de tudo, uma regra na qual todos os atores se revejam e digam: nós temos este limite, isto é para cumprir. Que não seja só uma letra morta que está ali para cumprir um formalismo qualquer, uma exigência legal. Não, é uma lei para ser cumprida. Muitas vezes o que vemos é: ‘bom é uma regra europeia, não é uma regra nacional, vem de Bruxelas’”, aponta.

Ou seja, que a reforma das finanças públicas conduzisse a um regime “coerente” de regras orçamentais. “Esse é que é o grande desafio agora das nossas finanças“, adverte.

Novas autoridades? “Se permitir melhorias de gestão é um modelo bem-vindo”

O CFP teve “algumas interações” com o grupo de trabalho do Governo que está a trabalhar na revisão da LEO, até porque há um conjunto de matérias relacionadas com a transposição de uma diretiva europeia, que dizem respeito às competências das instituições orçamentais independentes, como é o caso da liderada por Nazaré da Costa Cabral.

O que importa ficar clarificado é qual é que vai ser a intervenção do CFP, nomeadamente ao nível da execução do próprio plano de médio prazo e no âmbito do relatório de progresso que o Governo vai ter que fazer todos os anos para dar nota dos termos dessa execução“, explica. Entre os pontos estão compreender se a instituição terá de endossar as previsões do Governo, se é que vão existir, subjacentes, mas também se irá, por exemplo, avaliar a execução do plano e o comportamento da despesa líquida do Estado, sinalizando, nomeadamente, a existência de desvios.

Tal como o ECO noticiou, o ministro das Finanças está a desenhar uma reforma do Ministério das Finanças e vai criar três novas autoridades que operam do lado da despesa: a autoridade orçamental, a autoridade financeira e a autoridade da Administração Pública. Questionada sobre se vê vantagens na alteração nas entidades do Terreiro do Paço, Nazaré da Costa Cabral salienta não ter informação detalhada sobre quais são os objetivos, mas supõe que na LEO exista referência às novas entidades.

“É um bocadinho feito à semelhança do que aconteceu quando a Autoridade Tributária substituiu a anterior Direção-Geral dos Impostos e a Direção-Geral dos Direitos Aduaneiros. Suponho que o modelo será um bocadinho inspirado nesse figurino. Se permitir melhorias de gestão, de eficiência ao nível da gestão da administração pública é um modelo bem-vindo. Mas é preciso esperar para ver exatamente o que é que vai sair desta reforma“, disse.

Nazaré da Costa Cabral, presidente do Conselho das Finanças Públicas, em entrevista ao ECOHugo Amaral/ECO

“Falta de vontade política” na revisão de despesa

A presidente do CFP critica a “falta de vontade política” para levar a cabo “um verdadeiro sistema de revisão de despesa” do Estado, isto é, um exercício orçamental que analisa de forma detalhada e sistemática a despesa base do Estado, com o objetivo de gerir o nível agregado de despesas, identificar medidas de poupança ou de reafetação de verbas, criando margem orçamental e melhorando a sua eficácia.

Temos tido exercícios de revisão da despesa que são muito segmentados. Pega-se em pequenas coisinhas e faz-se um exercício de revisão na despesa específica para uma determinada área da despesa. Não é isso que se pretende quando se fala de revisão da despesa, é sim institucionalizá-la no conjunto dos serviços e departamentos da Administração Pública e ao nível de todos os programas orçamentais“, explica.

A revisão da despesa pública tem ficado aquém dos objetivos, segundo os alertas também de instituições como o Tribunal de Contas. Recentemente, a instituição concluiu que, após mais de dez anos após a primeira experiência, “este tipo de exercício não registou um nível de desenvolvimento que permita utilizá-lo como um instrumento significativo de apoio à gestão financeira pública”. No parecer à Conta Geral do Estado de 2023, contudo, assinala que se começaram “a criar relações efetivas, enquadradas em referenciais técnicos sólidos, com as entidades que se pretende que venham a desempenhar papéis relevantes nos processos de revisão da despesa”.

Temos tido exercícios de revisão da despesa que são muito segmentados. Não é isso que se pretende quando se fala de revisão da despesa, é sim institucionalizá-la no conjunto dos serviços e departamentos da Administração Pública e ao nível de todos os programas orçamentais.

Nazaré da Costa Cabral

Presidente do Conselho das Finanças Públicas

O Ministério das Finanças está a trabalhar num novo exercício de revisão da despesa e, no Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), prevê poupar 336,9 milhões de euros até 2027 com a identificação de despesa ineficiente e ineficaz e a ponderação de opções de poupança na saúde, no funcionamento das Administrações Públicas e de subvenções públicas.

Nazaré da Costa Cabral, que tem alertado para a necessidade destes exercícios serem consequentes nas suas conclusões, assinala que uma condição prévia para um exercício eficaz é programas de despesa com mecanismos de custeio de atividades associados. “Só quando tivemos esta identificação é que é possível identificar gastos desnecessários, gastos que não são prioritários e determinar a eliminação daquilo que efetivamente não é tão necessário ou daquilo que é mesmo supérfluo. Aí é que está o cerne de uma verdadeira revisão de despesa“, realça.

Para a responsável do CFP, existem agora “condições únicas” para avançar com este processo. “O Governo tem estado a trabalhar com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), esta tem prestado apoio técnico nesta nesta matéria, e há condições financeiras, porque há uma linha do Plano de Recuperação e Resiliência (PRRR) dedicada justamente a esta questão”, indica.

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CFP quer ter voz nas projeções de pensões: “Segurança Social está sempre a ser condicionada por interpretações”

Nazaré da Costa Cabral alerta para falta de confiança nas projeções do sistema de pensões, defende papel do CFP no tema e considera que regra sobre portefólio do FEFFS deve ser avaliada.

O Conselho das Finanças Públicas (CFP) considera que não existe confiança nas projeções do sistema de pensões, pelo que quer capitalizar a sua independência para ser parte ativa das mesmas e desfazer a ideia de “podem ser instrumentalizadas” e “estão a servir um determinado interesse”.

Em entrevista ao ECO, a presidente da instituição defende que não pode existir discricionariedade na utilização dos excedentes previdenciais e que a regra que determina a alocação de 50% do portefólio do Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social (FEFSS) em dívida portuguesa deve ser avaliada.

A presidente do CFP, Nazaré da Costa Cabral, considera que para “um conhecimento bastante isento e rigoroso do sistema previdencial da Segurança Social” é essencial ter “projeções rigorosas e certeiras da situação” do sistema de pensões, recordando que o último relatório do Tribunal de Contas sobre a sustentabilidade do sistema é crítico das projeções oficiais feitas pelo Ministério do Trabalho.

O que verificamos é que a Segurança Social está sempre a ser, digamos, condicionada por interpretações. As projeções não geram total confiança, sejam elas ou de grupos de trabalho ou as próprias oficiais. Não geram suficiente confiança nem na opinião pública em geral, na imprensa, por exemplo, e não geram nos atores políticos. Há sempre a ideia de que podem ser instrumentalizadas e estão a servir um determinado interesse“, argumenta.

O que verificamos é que a Segurança Social está sempre a ser, digamos, condicionada por interpretações. As projeções não geram total confiança, sejam elas ou de grupos de trabalho ou as próprias oficiais. Há sempre a ideia de que podem ser instrumentalizadas e estão a servir um determinado interesse.

Nazaré da Costa Cabral

Presidente do Conselho das Finanças Públicas

Neste sentido, recorda a recomendação do Livro Verde sobre o reforço da sustentabilidade do sistema previdencial de trazer o Conselho das Finanças Públicas para o centro deste sistema de projeções. “Isto é, enquanto entidade independente, reconhecida pela capacidade técnica que tem poderia passar a ter responsabilidades e competências ao nível das projeções no sistema de pensões“, aponta.

Nazaré da Costa Cabral adianta que a instituição que lidera tem desenvolvido trabalho “nos últimos tempos” para “quer ao nível dos seus recursos humanos, quer da aposta na dimensão tecnológica apetrechar-se para poder desenvolver projeções de pensões no futuro”, e defende que os estatutos dão mandato ao CFP para o fazer.

Nazaré da Costa Cabral, presidente do Conselho das Finanças Públicas, em entrevista ao ECOHugo Amaral/ECO

“Se uma entidade independente como o CFP pudesse ter condições para fazer projeções nesta área seria uma vantagem, porque fazer projeções de pensões é um exercício técnico. Não tem de ser sistematicamente objeto de instrumentalização política e muito menos de natureza ideológica“, afirma.

Vincando a “vontade de o fazer”, contudo, adverte que há fatores externos que ultrapassam a instituição como o “acesso à informação, nomeadamente a dados, incluindo microdados”. Para a responsável do CFP, “aquilo que o país neste momento precisa é de ter um modelo de pensões que seja bem adequado àquele que é o sistema da Segurança Social, àquela que é realidade no seu mercado de trabalho, um modelo que em que as especificações do mesmo sejam devidamente conhecidas para que possam ser trabalhadas”.

“Cerne do problema da sustentabilidade da Segurança Social é o seu sistema de pensões”

Nazaré da Costa Cabral aponta o conhecimento das eventualidades como determinante para responder aos desafios da sustentabilidade. “O cerne do problema da sustentabilidade da Segurança Social é o seu sistema de pensões. Defendo há muito que deveria haver uma clara separação na Taxa Social Única (TSU) daquela que é a taxa alocada ao financiamento na eventualidade de pensões de velhice, eventualmente invalidez também”, aponta.

Para a responsável do CFP, só assim é possível compreender se essa taxa está adequadamente ajustada àquilo que é o custo técnico e todos os outros custos associados à própria eventualidade de velhice. “Um modelo como temos de taxa única para todas as eventualidades não permite isso. Além de que torna a velhice muito condicionada pelas outras eventualidades, nomeadamente pelo desemprego. O desemprego é uma eventualidade muito volátil, tipicamente cíclica e, portanto, o custo do desemprego está sempre de certa maneira a contaminar a velhice“, adverte.

O desemprego é uma eventualidade muito volátil, tipicamente cíclica e, portanto, o custo do desemprego está sempre de certa maneira a contaminar a velhice.

Nazaré da Costa Cabral

Presidente do Conselho das Finanças Públicas

Alerta ainda para a necessidade de identificar “se o valor da taxa alocada à eventualidade de velhice está bem determinado”, de forma a determinar “se existe um equilíbrio atuarial ou não no sistema”.

“Aí das duas uma: ou esse equilíbrio atuarial está garantido e podemos estar tranquilos ou então temos de fazer qualquer coisa ou ao nível da taxa ou do ajuste da idade de reforma, que é o que tem vindo a ser feito. A permanente elevação da idade de acesso à pensão de velhice é um sinal de que o sistema não está atuarialmente equilibrado”, refere.

Nazaré da Costa Cabral, presidente do Conselho das Finanças Públicas, em entrevista ao ECOHugo Amaral/ECO

Regras de gestão do portefólio do FEFFS têm de ser avaliadas

A presidente do CFP realça a “importância sistémica” do FEFFS, alertando que este “tem de ser preservado e olhado com toda a cautela” quer a montante, quer a jusante. “Muitas vezes olhamos para o FEFFS e pensamos que ele é a almofada financeira do nosso sistema, que está ali para garantir o tal respaldo quando o sistema previdencial entrar em em défice. Só que o FEFFS não é só isso, é uma reserva que permite equalizar os índices de contribuição das várias gerações que nele se cruzam“, recorda.

Neste sentido, realça que este é alimentado a partir dos excedentes do sistema previdencial e “deveria mensalmente ser alimentado a partir de uma parte da quota do trabalhador – de dois a quatro pontos percentuais (pp.) da quota do trabalhador, algo que não tem sido cumprido inteiramente nos últimos anos”.

Assim, considera que “o excedente do previdencial nunca é demais, nunca pode ser usado para outros fins espúrios ao próprio sistema previdencial“, sendo “dos trabalhadores” e, por isso, “não pode ser desbaratado, porque não está ali na disponibilidade do decisor”.

O excedente do previdencial nunca é demais, nunca pode ser usado para para outros fins espúrios ao próprio sistema previdencial.

Nazaré da Costa Cabral

Presidente do Conselho das Finanças Públicas

Nazaré da Costa Cabral deixa ainda um alerta sobre a política de investimento do FEFFS: “Deve ser gerido de forma profissional como, aliás, tem sido, a sua política de investimento deve estar muito bem pensada. É importante que o Instituto Gestão de Fundos de Capitalização tenha condições para planear antecipadamente como é que vai investir o bolo financeiro que tem ao seu dispor“, indica.

“Claro que tem que ter princípios e aspetos que têm que ser conciliados. Por um lado, a gestão do risco, mas, por outro lado, a tentativa de obtenção do maior retorno possível”, sinaliza.

Quando questionada sobre a regra que determina que, pelo menos, 50% do portefólio deve estar alocado à dívida pública portuguesa deve ser alterada, salienta que “é uma decisão política, mas tem de ser avaliada e estudada“.

“Foi justificada num determinado contexto muito particular, nos idos anos de 2012 em que Portugal estava só sob a égide de um programa de assistência financeira. Foi usado para dar segurança da dívida pública. Neste momento, temos de pensar se esse modelo se mantém como o mais adequado, na perspetiva também de aquilo que é a rentabilização do fundo e do que pode ser o retorno para os pensionistas do futuro“, considera.

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Marcelo recebeu Montenegro esta tarde em Belém

  • Lusa
  • 4 Março 2025

O Presidente da República esteve reunido com o primeiro-ministro esta terça-feira no Palácio de Belém, indicou a Presidência da República, na véspera do debate da moção de censura do PCP.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, esteve reunido com o primeiro-ministro, Luís Montenegro, esta tarde de terça-feira no Palácio de Belém, indicou a Presidência da República, na véspera do debate da moção de censura do PCP.

O Presidente da República reuniu com o primeiro-ministro, ao fim da tarde de hoje, no Palácio de Belém“, lê-se numa nota divulgada na página oficial da Presidência da República.

A reunião entre Marcelo e Luís Montenegro realizou-se na véspera do debate, no parlamento, da moção de censura do PCP e depois de, segundo o Observador, o Presidente da República não ter atendido o telefone ao primeiro-ministro no sábado à noite.

De acordo com o Observador, Luís Montenegro só telefonou a Marcelo Rebelo de Sousa depois de ter feito a declaração ao país na qual admitiu avançar com uma moção de confiança, tendo o Presidente da República optado por não atender o telefonema por estar “com outros afazeres”.

A Assembleia da República discute e vota esta quarta-feira, a partir das 15:00, uma moção de censura ao Governo, destinada ao chumbo, tendo em conta que o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, já anunciou que não pretende viabilizá-la.

A moção, com o título “Travar a degradação nacional, por uma política alternativa de progresso e de desenvolvimento”, foi anunciada pelo PCP após o primeiro-ministro, Luís Montenegro, ter feito uma declaração ao país no sábado à noite na qual admitiu avançar com uma moção de confiança ao Governo se os partidos da oposição não esclarecessem se consideram que o executivo “dispõe de condições para continuar a executar” o seu programa.

Montenegro fez esta declaração após ter sido noticiado pelo semanário Expresso que a empresa Spinumviva – até sábado detida pela sua mulher, com quem é casado em comunhão de adquiridos, e filhos -, recebe uma avença mensal de 4.500 euros do grupo Solverde, que representou como advogado antes de ser presidente do PSD.

TA // PSC

Lusa/Fim

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Lisboa acompanha bolsas internacionais e fecha a perder com Galp a recuar 6,47%

  • Lusa
  • 4 Março 2025

A bolsa de Lisboa acompanhou hoje as principais bolsas europeias e mundiais, terminando a sessão a perder 1,64% para 6.700.33 pontos, com os 'pesos pesados' Galp e BCP a sofrerem as maiores perdas.

A bolsa de Lisboa acompanhou esta terça-feira as principais bolsas europeias e mundiais, terminando a sessão a perder 1,64% para 6.700.33 pontos, com os ‘pesos pesados’ Galp e BCP a sofrerem as maiores perdas.

Entre as 15 cotadas que integram o PSI, nove recuaram face à abertura e cinco ganharam, tendo a Sonae mantido a cotação nos 1,02 euros, naquela que foi a primeira sessão bolsista desde o início das tarifas dos EUA contra os três principais parceiros comerciais (México, Canadá e China).

A Galp Energia, dona da Petrogal, a principal empresa exportadora em Portugal para os Estados Unidos da América, fechou a terça-feira de Carnaval com perdas de 6,47%, encerrando nos 14,95 euros. Também com perdas significativas esteve o BCP, que recuou 3,7% para 0,52 euros.

Em sentido inverso, houve duas cotadas com variações acima de 1,00%: a REN (3,63%, para 2,57 euros) e a NOS (1,04% para 4,36 euros). Nas principais bolsas europeias, o cenário foi ‘vermelho’, com perdas em todos os principais índices. Frankfurt perdeu 3,54%, Milão 3,41%, Madrid 2,55% e Paris 1,85%. Fora do Euro, também Londres recuou (1,27%).

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Versace veste Prada? O negócio de 1,5 mil milhões que vem agitar a moda

  • Rita Ibérico Nogueira
  • 4 Março 2025

A Prada está em vias de comprar a Versace por 1,5 mil milhões de euros, unindo no mesmo grupo as duas icónicas casas italianas. O negócio pode consolidar a Prada como líder do setor.

A indústria da moda está em vias de testemunhar uma das suas aquisições mais significativas dos últimos anos. Segundo o Financial Times, a Prada está a ultimar um acordo para a compra da Versace à Capri Holdings por cerca de 1,5 mil milhões de euros, num negócio que poderá ser fechado ainda este mês de março. A confirmar-se, esta operação uniria duas das mais icónicas casas de moda italianas sob o mesmo grupo, numa fusão que promete transformar o setor.

As negociações entre a Prada e a Capri Holdings, detentora de marcas como Michael Kors e Jimmy Choo, têm sido intermitentes, mas fontes próximas do processo afirmam que as partes estão agora mais próximas de um entendimento. Inicialmente, a Capri pedia cerca de 3 mil milhões de euros pela Versace, mas a possibilidade de um acordo em torno dos 1,5 mil milhões reflete não apenas as condições de mercado, mas também a urgência da Capri em vender a marca.

A Versace, fundada em 1978 por Gianni Versace, foi adquirida pela Capri em 2018 por cerca de 1,85 mil milhões de euros, incluindo dívidas. Desde então, o grupo norte-americano tem procurado um comprador adequado, especialmente depois do colapso da sua fusão, em Novembro passado, com a Tapestry – proprietária da Coach, Kate Spade e Stuart Weitzman -, devido a questões concorrenciais nos Estados Unidos.

Miuccia Prada, fundadora da Prada, e Donatella Versace, à frente da Versace.

Prada: crescimento e consolidação
A Prada tem mantido um desempenho financeiro sólido, apesar dos desafios que o mercado de luxo atravessa. O grupo, que inclui também a Miu Miu e a marca de calçado britânica Church’s, tem beneficiado do crescimento da Miu Miu, que tem vindo a conquistar novos públicos com as suas propostas arrojadas.

A aquisição da Versace seria um passo estratégico para a Prada ganhar escala e diversificar o seu portefólio. O contraste entre a elegância discreta da Prada e o estilo exuberante da Versace permitiria criar uma dinâmica interessante dentro do grupo, permitindo-lhe captar diferentes segmentos do mercado de luxo.

Miuccia Prada, co-fundadora e acionista de controlo da Prada, comentou na última semana, durante a apresentação da coleção da marca em Milão, que “toda a gente está de olho” na Versace, sugerindo que a negociação pode estar perto da sua conclusão.

Caso o negócio se concretize, a Prada consolidar-se-á como o maior grupo de moda de luxo de Itália, reforçando a sua posição num setor altamente competitivo. Esta fusão pode também influenciar outras casas de moda, estimulando novas aquisições e reconfigurando o mapa do luxo global.

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Três casos de reinvenção. Covid deixou marca nas operações das empresas

Durante a pandemia, várias empresas apostaram em outras áreas de negócio. Cinco anos depois do grande confinamento, continuam a colher os frutos dessa transformação. Conheça alguns exemplos.

A pandemia foi uma ameaça para a maioria das empresas portuguesas, como refletiu a quebra de 10,3% nas exportações logo em 2020, mas para outras acabou por ser uma oportunidade, levando-as a apostar noutras áreas de negócio. Passados cinco anos do ‘grande confinamento’, algumas ainda continuam a colher os frutos dessa transformação. Conheça os exemplos da Casa São Bernardo, da askblue e da Lavoro.

Para sobreviverem a esta crise que assombrou grande parte do tecido industrial português, também os empresários nacionais foram obrigados a adaptar-se e a abrirem novas avenidas de crescimento. Foi o caso da produtora de calçado de segurança Lavoro, que se reinventou durante a pandemia e ainda hoje está a faturar com essa transformação.

A fabricante de Guimarães, no distrito de Braga, viu na crise pandémica uma oportunidade de negócio e adaptou as linhas de produção para começar a produzir calçado especializado para os profissionais de saúde. Uma aposta que mantém até aos dias de hoje.

“Antes da pandemia já tínhamos um chinelo ortopédico em pele para os profissionais de saúde, mas com a Covid-19 adaptámos esse modelo para um chinelo feito com matérias antimicrobianas, que é possível ser lavado a 60 graus”, explica Ana Oliveira, diretora de marketing da Lavoro, que produz anualmente 600 mil pares de calçado de proteção individual.

A pandemia acabou por ser uma oportunidade para a Lavoro, que viu o número de colaboradores e a faturação aumentar.

Ana Oliveira

Diretora de marketing da Lavoro

Esta aposta no chinelo antimicrobiano continua a dar frutos com a fabricante nortenha a preparar uma encomenda de dez mil unidades para o setor hospitalar sueco, sem revelar o valor do negócio. “A pandemia acabou por ser uma oportunidade para a empresa, que viu o número de colaboradores aumentar de 240 para 284 pessoas em cinco anos (2020 – 2025) e a faturação de 18 para 22 milhões”, detalha a porta-voz da Lavoro.

Chinelos antimicrobianos da Lavoro começaram a ser produzidos na pandemiaLavoro

Para além deste chinelo, a fabricante liderada por Teófilo Leite aproveitou o know-how e acrescentou ao portefólio dois sapatos antimicrobianos com propriedades semelhantes (antimicrobiano e lavável) direcionados para a restauração e hotelaria. “Depois da pandemia, este setor registou um boom e estamos a ter muita procura por este tipo de produtos e está a ser uma das nossas apostas dentro de portas”, detalha a diretora de marketing da Lavoro.

“Com estas apostas, crescemos a nível de faturação e clientes”, afirma a diretora de marketing da empresa, que perspetiva produzir 40 mil pares deste calçado antimicrobiano, que representará quase 6% da faturação.

Casa São Bernardo ainda fatura com entregas ao domicílio

Fundada em 1995 em Lisboa por Isabel Beltrão, a Casa São Bernardo produz e vende comida para fora. Durante a pandemia, a Casa São Bernardo começou a entregar comida ao domicílio face às restrições impostas. “Quase passamos de uma loja para um serviço de logística”, conta ao ECO Duarte Beltrão, diretor-geral da Casa São Bernardo e que pertence à segunda geração à frente da empresa.

O gestor conta que, antes do Covid-19, o serviço de entregas ao domicílio já existia, principalmente para a terceira idade, mas pesava apenas 2% do volume de negócios, número que escalou durante a pandemia para os 20% da faturação, sendo que nos dias de hoje pesa 15%.

Com a adesão ao serviço de entregas ao domicílio durante a pandemia, Duarte Beltrão sentiu a necessidade de comprar mais duas viaturas, uma delas com refrigeração, porque entregam comida congelada. Contas feitas, antes da pandemia a frota era composta por três carrinhas e agora por cinco.

Depois do Covid, conseguimos manter os clientes e temos todos os dias um volume significativo de entregas ao domicílio.

Duarte Beltrão

Diretor geral da Casa São Bernardo

“Depois do Covid, conseguimos manter os clientes e temos todos os dias um volume significativo de entregas ao domicílio”, afiança o gestor da Casa São Bernardo, que conseguiu fintar a pandemia que destruiu quase 99 mil empregos num ano.

A juntar-se às entregas ao domicílio, a Casa São Bernardo apostou no serviço de catering corporativo durante a pandemia. “Já no fim da pandemia, quando algumas medidas abrandaram, começámos a perceber que os serviços de catering, nomeadamente para empresas, começaram a crescer e a procura de novas oportunidades surgiu com frequência –o paradigma tinha mudado”, constata o gestor, acrescentando que “desde então têm sido crescentes as novas oportunidades e novos clientes”. Antes da pandemia, o catering pesava 2% na faturação, hoje já pesa 28%.

Duarte Beltrão, diretor-geral da Casa São BernardoCasa São Bernardo

Para além da venda take away e o catering, a Casa São Bernardo tem um pequeno restaurante nas instalações que, na ótica de Duarte Beltrão, “serve com um cartão de visita”.

A Casa São Bernardo emprega 39 pessoas e fechou o ano passado com uma faturação de 2,7 milhões de euros. Na altura da pandemia empregava 32 pessoas e faturava 1,6 milhões de euros. Para o filho da fundadora, que assumiu a gestão do negócio, “este crescimento no volume de negócios deve-se a adaptação e apostas nestas duas áreas de negócios”.

Está nos planos abrir mais três lojas Casa São Bernardo na área de Grande Lisboa até 2031, um investimento de três milhões de euros, contabiliza o gestor que fez programas executivos na AESE Business School que “acabaram por ser úteis nesta mudança de estratégia na empresa familiar”.

askblue: pandemia surgiu como um acelerador

A Covid também deixou marca nas operações da askblue. A empresa portuguesa de consultoria tecnológica e de negócio com capitais 100% capitais portugueses, desenvolveu, na pandemia, aplicações e serviços para as empresas gerirem espaços de trabalho ou lugares de estacionamento, já que muitos colaboradores passaram a estar em regime híbrido, não tendo lugares ou datas fixas para estar nas instalações.

Passados cinco anos do surgimento da pandemia, a tecnológica liderada por Pedro Nicolau continua a disponibilizar essas soluções. “A pandemia surgiu como um acelerador, já que os clientes continuam a ter interesse em gerir os espaços e os recursos humanos“, conta ao ECO Élia Faustino, head of strategy & consulting da askblue.

A pandemia surgiu como um acelerador, já que os clientes continuam a ter interesse em gerir os espaços e os recursos humanos.

Élia Faustino

Head of strategy & consulting da askblue

Este tipo de aplicações e serviços foram e são usados por empresas de várias setores de atividade como distribuição, seguros, alimentar, banca, aviação e energia. “Criamos produtos que não estavam confinados ao período da pandemia e os mesmos continuam a ser usados ainda hoje”, explica a head of strategy & consulting da Askblue.

Élia Faustino, head of strategy & consulting da Askblue Askblue

Fundada em 2013 e com escritórios em Lisboa, Coimbra, Ilha Terceira, São Paulo e Goiânia (Brasil) e Londres (Reino Unido), a askblue tem quase 50 clientes, emprega 410 pessoas e faturou 19 milhões de euros em 2023.

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Bolsa em Wall Street arranca no ‘vermelho’ a digerir tarifas sobre México e Canadá

  • Lusa
  • 4 Março 2025

A bolsa dos EUA começou o dia em queda, na primeira sessão após a entrada em vigor de tarifas de 25% sobre as importações canadianas e mexicanas e de 10% sobre as chinesas.

A bolsa dos EUA começou esta terça-feira em queda, na primeira sessão após a entrada em vigor de tarifas de 25% sobre as importações canadianas e mexicanas e de 10% sobre as chinesas, os três maiores parceiros dos EUA.

Cerca de cinco minutos depois do toque do sino na Bolsa de Nova Iorque, o Dow Jones recuava 0,98% para 42.770 pontos, o alargado S&P 500 perdia 0,92% para 5.795 pontos e o tecnológico Nasdaq recuava 1,03% para 18.161 pontos. Por sua vez, o ‘índice de medo’ Vix, que mede a volatilidade do mercado, subiu para 8,47%.

Na segunda-feira, com a confirmação das tarifas sobre as importações de Canadá, México e China, os investidores entraram em força a vender títulos, resultado num dos piores dias da bolsa nova-iorquina em meses.

Os resultados definitivos da sessão indicam que o índice seletivo Dow Jones Industrial Average recuou 1,48%, o tecnológico Nasdaq perdeu 2,64% e o alargado S&P500 baixou 1,76%, naquela que foi a sua maior perda diária desde dezembro. Entre os títulos mais atingidos na sessão de hoje, estão as fabricantes automóveis GM (-4,47%) e a Ford (-2,34%).

Dentro do Dow 30, destacavam-se as perdas dos bancos JP Morgan (-4,5%) e do Goldman Sachs (-3,65%), assim como da Boeing (-5,54%), da 3M (-3,63%) e da American Express (-3,29%). Já o barril de petróleo do Texas caiu 1,43% para 67,43 dólares, e a onça de ouro valorizou-se 0,63% para 2.917 dólares.

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Hyundai Santa Fe: Quando o tamanho importa (e impressiona)<span class='tag--premium'>premium</span>

O histórico Santa Fe reinventou-se, passando de um todo-o-terreno para um familiar espaçoso. O resultado é um SUV que desafia expectativas, mas que questiona o seu próprio propósito.

Este artigo integra a 12.ª edição do ECO magazine. Pode compraraqui.No mundo dos SUV de grande dimensão, o Hyundai Santa Fe sempre ocupou um lugar de destaque.Agora, na sua quinta geração, este veterano com quase 25 anos de história surge completamente renovado, desafiando as convenções e levantando questões intrigantes sobre o seu verdadeiro propósito. À primeira vista, o novo Santa Fe na versão HEV 1.6 Calligraphy Pack MY25, testada pelo ECO, impressiona pelo seu designfuturista, fazendo até lembrar clássicos como o Land Rover Defender. A frente, dominada por faróis LED em formato “H” e uma grelha arrojada, não deixa a nova estrela da marca sul-coreana passar despercebida. O mesmo sucede com a traseira, mas não pelas mesmas razões, por força das óticas estarem mais baixas do que é

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Governo avisa que pode avançar com moção de confiança depois de PS anunciar CPI a Montenegro

  • ECO
  • 4 Março 2025

O ministro Pedro Duarte avisou que o executivo ainda poderá apresentar uma moção de confiança. Pedro Nuno Santos anunciou esta segunda-feira que vai pedir uma comissão parlamentar de inquérito (CPI).

Na reunião da conferência de líderes que agendou para quarta-feira o debate da moção de censura do PCP, o ministro Pedro Duarte avisou que o executivo ainda poderá apresentar uma moção de confiança.

Na conferência de líderes foi reorganizada toda agenda parlamentar até final de março. No encontro, o ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte, adiantou que o Governo não coloca de parte a hipótese de apresentar uma moção de confiança.

Pedro Duarte, que participou na reunião à distância, disse que o calendário pode ter ser novamente alterado. Isto porque a moção de censura do PCP, que vai ser debatida já esta quarta-feira, tem o chumbo determinado à partida, pelo voto contra do PS.

Pedro Nuno Santos anunciou esta segunda-feira que vai pedir uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) ao caso da empresa familiar do primeiro-ministro, depois de ter reunido com o secretariado do PS para analisar a atual situação política. O líder socialista afirmou que o país está “a viver uma crise política” e que o “principal fator de instabilidade” é Luís Montenegro.

“O PS apresentará, na Assembleia da República, um requerimento potestativo para a constituição de uma comissão parlamentar de inquérito”, disse o secretário-geral socialista, na sede do partido no Largo do Rato. “Não o fazemos com gosto, sei bem quão duro é uma CPI. Infelizmente, o senhor primeiro-ministro não nos dá alternativa, esta é mesmo a última figura regimental ao nosso dispor para assegurar que temos o direito a saber a verdade”, justificou.

A prioridade socialista passa por “proteger o regime e as instituições”, com “sentido de Estado” e sem querer “provocar crises políticas”.

“Não é matéria do foro privado, é matéria de Estado”, diz Pedro Nuno Santos, que lembra que Montenegro “esteve a receber avenças de empresas ao mesmo tempo que era primeiro-ministro” durante dez meses. “Isto é inaceitável”, sublinhou, antes de acrescentar que a “empresa é Luís Montenegro”. O socialista classificou ainda como “grave” a notícia de que o primeiro-ministro não tinha declarado todas as contas bancárias à Entidade da Transparência.

O líder socialista disse ainda que pediu uma audiência ao Presidente da República e conversou, antes de falar aos jornalistas, com Marcelo Rebelo de Sousa sobre esta decisão do partido. O chefe de Estado tinha lamentado, esta terça-feira, que Luís Montenegro só lhe tinha telefonado meia hora após a declaração ao país no passado sábado, onde anunciou que empresa familiar seria totalmente entregue aos filhos.

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Metsola fala em “oportunidade de ouro” para UE alinhar orçamento com foco na defesa

  • Lusa
  • 4 Março 2025

A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, falou numa "oportunidade de ouro" para a União Europeia (UE) mobilizar verbas para a defesa comunitária.

A presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, falou numa “oportunidade de ouro” para a União Europeia (UE) mobilizar verbas para a defesa comunitária, quando se iniciam discussões sobre o próximo orçamento europeu a longo prazo.

“A Europa tem de levar a sério a sua própria defesa. Precisamos de duas coisas: precisamos da vontade e precisamos de verbas”, afirmou Roberta Metsola, intervindo hoje em Bruxelas num fórum organizado pelo grupo de reflexão Centro de Política Europeia (European Policy Center).

Após o anúncio desta manhã, sobre um plano de 800 mil milhões de euros para armamento comunitário, a líder da assembleia europeia apontou: “Estamos agora a começar a negociar o próximo Quadro Financeiro Plurianual, pelo que temos uma oportunidade de ouro para alinhar melhor o nosso orçamento com as nossas prioridades estratégicas”.

Lembrando que “qualquer reafetação de fundos para a defesa no âmbito do atual Quadro Financeiro Plurianual tem de passar pelo Parlamento”, Roberta Metsola prometeu que a sua instituição “dará o seu melhor” para que instrumentos como o Fundo Europeu de Defesa e o Programa Industrial Europeu de Defesa sejam reforçados.

“A Europa precisa de uma integração mais profunda no domínio da defesa: precisamos de um mercado único da defesa, com regras mais simples para as nossas empresas e isto simplificará a produção, reforçará a interoperabilidade e colmatará lacunas críticas em termos de capacidades”, concluiu.

Já quanto à Ucrânia, quando os Estados Unidos suspenderam temporariamente as verbas militares às forças ucranianas, Roberta Metsola avisou: “Se Kiev cair, a Europa e o mundo ficarão menos seguros, menos protegidos e menos prósperos”.

As declarações surgem depois de, esta manhã, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ter anunciado querer mobilizar 800 mil milhões de euros para investimento na defesa europeia.

Em causa está o plano “Rearmar a Europa”, com o qual a líder do executivo comunitário quer mobilizar “800 mil milhões de euros em despesa de defesa para uma Europa segura e resiliente”.

Este plano, cujos traços largos von der Leyen referiu, implica ainda a disponibilização de 150 mil milhões de euros de financiamento para os 27 Estados-membros da UE, que deverão ainda poder reafetar fundos, como os de Coesão, para investimento na defesa e rearmamento.

Salientando “a grave natureza das ameaças” que a UE enfrenta, Ursula von der Leyen acrescentou que “a Europa está preparada para agir com a decisão e a velocidade requerida”, devendo responder a necessidades de curto e longo prazo.

Bruxelas propôs também uma flexibilização das regras orçamentais para incentivar o investimento na defesa sem desencadear um procedimento por défice excessivo.

“Se os Estados-membros aumentassem as suas despesas com a defesa em 1,5% do PIB, em média, isso poderia criar uma margem orçamental de cerca de 650 mil milhões de euros durante um período de quatro anos”, precisou a responsável europeia.

“Esta medida permitirá que os Estados-Membros aumentem significativamente as suas despesas com a defesa sem desencadear o procedimento por défice excessivo”, adiantou.

O plano — que será ainda hoje enviado às 27 capitais da UE com vista a ser debatido no Conselho Europeu extraordinário de quinta-feira — permitirá ainda enviar rapidamente ajuda militar à Ucrânia, após Washington ter decidido cancelar a enviada pelos Estados Unidos.

Essa cimeira europeia extraordinária, que terá lugar em Bruxelas, será dedicada ao apoio à Ucrânia e à defesa europeia, numa altura de ameaças norte-americanas de corte das ajudas aos ucranianos.

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📹 Como é que uma esponja pode limpar a artrite?

  • ECO
  • 4 Março 2025

O projeto ReCaP, financiado pela UE em 2,99 milhões de euros, desenvolveu um colagénio impresso em 3D impregnado de genes terapêuticos.

O projeto ReCaP desenvolveu uma nova abordagem para a regeneração da cartilagem utilizando biomateriais impressos em 3D e terapia genética. Ao melhorar a reparação dos tecidos e reduzir a inflamação, esta tecnologia inovadora poderá reduzir radicalmente a necessidade de substituições articulares.

Com um apoio de 2,99 milhões de euros, do programa Ciência Excelente do Concelho de Investigação Europeu, o projeto foi bem-sucedido no desenvolvimento de um biomaterial para reparar tecidos, permitindo uma terapia genética. Foi testado em animais (cabra), está em revisão um artigo sobre os resultados e alguns aspetos da tecnologia foram alvo um pedido de proteção da propriedade intelectual associada.

O coordenador do projeto Fergal O’Brien do Colégio Real de Cirurgiões, na Irlanda, explica que uma das opções em análise é estabelecer uma parceria com uma multinacional ou criar uma startup a partir de um spin-off.

Veja o vídeo.

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Ucrânia “absolutamente determinada a continuar a sua cooperação com os EUA”

  • Lusa
  • 4 Março 2025

A Ucrânia está pronta para assinar "a qualquer momento" o acordo-quadro sobre a exploração dos seus recursos naturais pelos Estados Unidos, apesar do anúncio da Casa Branca da suspensão da ajuda.

O primeiro-ministro do governo de Kiev, Denys Shmygal afirmou esta terça-feira que “a Ucrânia está absolutamente determinada a continuar a sua cooperação com os Estados Unidos”.

Estas declarações de Shmygal surgem depois de a Casa Branca ter anunciado a suspensão da ajuda militar norte-americana, que é crucial para Kiev e o seu exército fazerem frente à invasão da Rússia.

“Os Estados Unidos são um parceiro importante e devemos preservá-lo”, disse, numa conferência de imprensa em Kiev. “Faremos tudo para nos mantermos firmes”, continuou Shmygal, enquanto o anúncio de Washington mergulha Kiev e os seus aliados europeus no desconhecido.

A Ucrânia está a “discutir” com os europeus a possibilidade de substituir a ajuda militar norte-americana e ao mesmo tempo está aberta a “negociações” com Washington, afirmou, por seu turno, um conselheiro do Presidente Zelenski

“Estamos a discutir opções com os nossos parceiros europeus”, disse o conselheiro presidencial ucraniano Mykhailo Podoliak na rede social X. “E, claro, não descartamos a possibilidade de negociações com os nossos homólogos norte-americanos”, acrescentou.

A Ucrânia está ainda pronta para assinar “a qualquer momento” o acordo-quadro sobre a exploração dos seus recursos naturais pelos Estados Unidos, apesar do anúncio da Casa Branca da suspensão da ajuda militar norte-americana. “Estamos prontos para começar a trabalhar na assinatura deste acordo a qualquer momento”, disse Denys Shmygal numa conferência de imprensa, especificando que Kiev aguardava o “feedback” americano sobre o assunto através dos canais diplomáticos.

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