Pandemia destruiu quase 99 mil empregos num ano

O país perdeu quase 99 mil empregos, entre março de 2020 e fevereiro de 2021, por força da pandemia. Subutilização do trabalho aumentou consideravelmente.

A pandemia do novo coronavírus abalou o mercado de trabalho e provocou a inversão da tendência positiva que se registava, até então, no emprego. Segundo o balanço divulgado, esta quinta-feira, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), durante o primeiro ano da crise sanitária (de março de 2020 a fevereiro de 2021), a população empregada foi estimada em 4,657 milhões de pessoas, menos 98,6 mil do que no período pré-pandémico. Outro dos efeitos da Covid-19 no mundo laboral foi o aumento considerável da subutlização do trabalho, com as restrições à mobilidade e às atividades económicas a dificultarem a procura por novos postos de trabalho.

Numa nota publicada esta quinta-feira, o INE salienta que, “no mês de fevereiro de 2021 completou-se um ano em que o mercado de trabalho português foi fortemente afetado pela pandemia de Covid-19“, pelo que se divulga agora um balanço dos principais indicadores, baseado na comparação dos valores observados nos 12 meses imediatamente antes do período pandémico (março de 2019 a fevereiro de 2020) e os 12 meses após o início da crise sanitária (março de 2020 a fevereiro de 2021).

O primeiro desses indicadores é a população empregada, que perdeu quase 99 mil pessoas, entre o período anterior à Covid-19 e o primeiro ano da pandemia. Entre março de 2019 e fevereiro de 2020, população empregada foi estimada em 4,755 milhões de pessoas, tendo caído 1,2% para 4,657 milhões de pessoas, entre março de 2020 e fevereiro de 2021.

Para mitigar o impacto do novo coronavírus nas contas das empresas e nos postos de trabalho, o Governo lançou uma série de medidas — entre elas, o popular lay-off simplificado — que têm feito com que o agravamento do desemprego seja menos significativo do que o inicialmente esperado. Ainda assim, segundo os dados do INE (mas também do Instituto do Emprego e Formação Profissional), a população empregada tem sido prejudicada pelas circunstâncias atuais e o desemprego tem estado acima dos valores pré-pandémicos.

Por exemplo, diz o INE, que a taxa de emprego no ano anterior à pandemia foi de 62%, tendo recuado 1,3 p.p., nos primeiros 12 meses de crise sanitária em Portugal. Já a taxa de desemprego estava, antes da Covid-19, nos 6,7%, mas aumentou para 7,2%, entre março de 2020 e fevereiro de 2021. Em causa está um salto de 0,6 p.p. No que respeita à população desempregada, mais 22,7 portugueses passaram a integrar esse grupo, entre o período pré-pandémico e o primeiro ano marcado pelo coronavírus.

Pandemia torna inativos milhares de portugueses

O INE destaca que, à semelhança do desemprego, a subutilização do trabalho subiu por força da crise pandémica, tendo 84,1 mil portugueses passado a integrar este grupo. É que, no ano pré-pandemia, este indicador foi estimado em 679,9 mil pessoas, enquanto no período pandémico foi estimado em 764,0 mil pessoas, mais 12,4%”, explica o instituto, na nota divulgada esta manhã.

É importante explicar que a subutilização inclui a população desempregada, o subemprego de trabalhadores a tempo parcial, os inativos à procura de emprego mas não disponíveis e os inativos disponíveis mas que não procuram emprego. O INE explica que esse agravamento da subutilização do trabalho, no primeiro ano marcado pela pandemia, advém sobretudo de variações nas outras componentes que não o desemprego. Isto já que as restrições à mobilidade e às atividades económicas dificultaram a procura ativa por emprego, o que resultou na passagem de milhares de portugueses a inativos.

Aliás, sobretudo nos primeiros meses da pandemia, a subida da subutilização do trabalho (puxada pela dos inativos) acabou por “esconder” a evolução do desemprego, uma vez que, já que o país estava em confinamento, os portugueses que perdiam o emprego tinham dificuldade em procurar um novo. No total, a taxa de subutilização do trabalho subiu de 12,9% para 14,5%, mais 1,6 pontos percentuais, entre o período pré-pandémica e o primeiro ano de Covid-19.

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