Lisboa procura fundos europeus para plano drenagem. Veja imagens da tuneladora em Santa Apolónia

A um ritmo de 10 metros por dia, a tuneladora esventrou o subsolo da cidade, de Campolide a Santa Apolónia, passando sob a Avenida da Liberdade e a Almirante Reis, antes de chegar a Santa Apolónia.

A ministra do Ambiente, Maria da Graça Carvalho, ao lado da comissária Europeia Jessica Roswall, responsável pelas áreas do Ambiente, Resiliência Hídrica e Economia Circular, e, a discursar, o presidente da CM Lisboa, Carlos Moedas, durante a cerimónia de chegada, a Santa Apolónia, da tuneladora do Plano Geral de Drenagem de Lisboa.Hugo Amaral/ECO

A Câmara de Lisboa está a trabalhar com o Governo para captar fundos europeus que permitam reduzir os custos próprios da autarquia na construção do plano de drenagem da cidade, orçado em 250 milhões de euros, apurou o ECO/Local Online junto de fonte da autarquia. Atualmente, o município está a pagar a obra através de financiamento contraído junto do Banco Europeu de Investimento (BEI).

O ponto alto do plano de drenagem, destinado a travar as cheias na cidade, é o túnel com 4.600 metros de comprimento que permitirá reter excesso de água das chuvas e direcioná-la diretamente até ao rio Tejo, e que nesta terça-feira mereceu uma cerimónia com pompa e circunstância para assinalar a chegada da máquina de perfuração a Santa Apolónia, depois de ter começado o seu trabalho em Campolide há cerca de ano e meio.

Apesar de, num vídeo promocional da obra, que passava em contínua repetição no local da obra durante o evento de comemoração do final do túnel, se apontar a conclusão da obra para “início de 2025”, a verdade é que só agora, em julho, a tuneladora acabou de perfurar o subsolo e chegou a céu aberto. Entre os trabalhos ainda por executar está a rede de canalização de águas a montar ao longo do túnel, para usos vários na cidade. A câmara não se compromete com uma data para finalização do plano, que incluirá ainda um segundo túnel, de um quilómetro de extensão, entre o Beato e o rio.

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Incluída no plano de 250 milhões de euros está ainda uma bacia de retenção com capacidade para 17 mil metros cúbicos de águas pluviais, o equivalente a sete piscinas olímpicas, a partir da qual a água será direcionada para a ETAR de Alcântara, de onde seguirá através da referida canalização própria inserida no túnel, para usos como regas, limpeza de rua e uso pelos bombeiros.

No geral, nestes e noutros usos, conforme salientou o presidente da autarquia, Carlos Moedas, a cidade utiliza anualmente o equivalente a mais de mil piscinas de água potável, 2,8 milhões de litros. “Não faz sentido”, afirmou Moedas, num discurso feito a uma profundidade de cerca de dez metros junto ao Museu Militar, em Santa Apolónia.

Até chegar a Santa Apolónia, a tuneladora percorreu 4.600 metros a profundidades até 63 metros, avançando cerca de 10 metros por dia enquanto ia montando os 2.334 anéis de sustentação da estrutura. Nos 4.200 metros escavados foram retirados 140 mil metros cúbicos de terra.

Engenheiro hidráulico, Moedas destacou esta obra como sendo “a maior da Europa continental”, informação secundada por Maria da Graça Carvalho, ministra do Ambiente e Energia, igualmente presente no evento em que o município assinalou a chegada da tuneladora, sem direito a perguntas dos jornalistas ao autarca.

No local esteve igualmente a comissária europeia Jessica Roswall, responsável pelas áreas do Ambiente, Resiliência Hídrica e Economia Circular Competitiva, que, num curto discurso, designou o avanço da obra como “decisão arrojada” do Executivo de Moedas. A responsável europeia assinalou ainda que “a resiliência da água é agora uma prioridade da Europa”, não só no sul do continente, como nos países nórdicos, designadamente a Suécia, de onde é natural.

Entre as dezenas de convidados contava-se Carmona Rodrigues, a cujo mandato remonta os primórdios do plano de drenagem, conforme assinalou Moedas. “Devemos-lhe esta obra”, disse o autarca da coligação Novos Tempos, apontando as duas fortes chuvadas de 2022, consideradas, cada uma, um acontecimento único em 100 anos, como o gatilho para a decisão definitiva de arrancar o plano.

“Sem a União Europeia não estaríamos aqui”, notou Moedas, agradecendo “ao BEI, mas também à Comissão Europeia e à Europa”.

Mais uma das referências a dinheiros europeus veio da ministra do Ambiente e Energia. Graça Carvalho designou o plano de drenagem como “talvez o maior projeto dentro da estratégia Água que Une”, apontando: “Contamos com a Europa para nos ajudar a executar a nossa estratégia”.

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Banca antecipa “ligeiro aumento” da procura de crédito por famílias e PME

Bancos esperam o aumento da procura de crédito por parte das famílias, para a compra de casa, e ainda das PME nos próximos meses à boleia da descida das taxas de juro.

Os bancos esperam um “ligeiro aumento” da procura de empréstimos por parte das famílias para a compra de casa e também das pequenas e médias empresas (PME), antecipando critérios menos restritivos para este último segmento.

Foi isto que o setor respondeu ao inquérito do Banco de Portugal sobre as expectativas para a evolução do mercado de crédito para os próximos três meses. Que, de resto, acompanha a tendência observada no último trimestre, no qual a banca observou um crescimento também ligeiro da procura de crédito por parte dos particulares, “sobretudo no segmento da habitação”, e das PME.

O supervisor explica que o aumento da procura de crédito se deveu à descida das taxas de juro, mas não só.

No caso do crédito à habitação, também ajudou a confiança dos consumidores e também o “regime regulamentar e fiscal” do mercado da habitação – o Banco de Portugal não especifica, mas estará a aludir às medidas de apoio aos jovens, nomeadamente a garantia pública e a isenção de IMT.

Já no que toca às PME, “as necessidades de financiamento de existências e de fundo de maneio deram também um contributo ligeiro para o aumento da procura”.

Os bancos esperam ainda um alívio dos critérios de concessão de crédito às PME e sem alterações nas grandes empresas e no crédito a particulares.

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INEM transfere 3,5 milhões para bombeiros. Liga espera pagamento do restante valor em dívida

  • Lusa
  • 22 Julho 2025

A dívida total ascende, no entanto, a cerca de 15 milhões de euros. Liga dos Bombeiros espera que as associações recebam nos próximos dias o montante ainda em falta.

O INEM pagou 3,5 milhões de euros de dívidas do serviço de emergência pré-hospitalar, confirmou esta terça-feira a Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), que espera que as associações recebam nos próximos dias o montante ainda em falta.

O presidente da LBP adiantou à Lusa que os corpos de bombeiros receberam 3,5 milhões de euros de uma dívida que ascende a cerca de 15 milhões pelos serviços prestados ao Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) nos últimos meses.

Esta transferência para os bombeiros aconteceu depois de a liga ter exigido ao Governo o pagamento, até quarta-feira, das dívidas do serviço de emergência pré-hospitalar, ameaçando suspender, na próxima sexta-feira, o uso das ambulâncias do INEM. Já esta terça, António Nunes adiantou que, se o presidente do instituto garantir que vai transferir nos próximos dias mais uma “tranche significativa” do montante da dívida, “não faz sentido que, na sexta-feira, se tome esta posição”.

“O INEM o que diz é que, da sua parte, todo o processo burocrático está pronto, a única coisa que precisa é que o Ministério da Saúde transfira para o INEM os valores para eles poderem pagar”, afirmou o responsável da liga. António Nunes salientou ainda que este é um “período do ano bastante complicado” para as associações de bombeiros, que têm de pagar os subsídios de férias, além da Taxa Social Única, um encargo mensal que tem de ser pago à Segurança Social.

Por vezes não se tem a noção de que as 464 associações de bombeiros pagam, por ano, à Segurança Social 35 milhões de euros”, realçou o presidente da liga. Segundo referiu, se no dia 20 de cada mês não for paga a Segurança Social, as associações entram em incumprimento e deixam de “poder tirar certidões de não dívida, o que as impede receber as verbas do Estado”.

“É um processo que se pode transformar numa situação muito grave para as associações e era o que estava a acontecer”, alertou o responsável da liga, ao salientar que os corpos de bombeiros fazem o transporte de 1,2 milhões de utentes por ano, por mobilização do INEM.

“Temos de ter a certeza absoluta de que há alguma regularidade no pagamento das despesas, porque elas são feitas antecipadamente”, alegou ainda António Nunes.

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Governo espanhol dá primeiros passos para regular sigilo profissional dos jornalistas

  • Lusa
  • 22 Julho 2025

Será agora realizada uma consulta pública para recolher opiniões sobre como aumentar a eficácia do direito ao sigilo profissional para jornalistas e prestadores de serviços de comunicação social.

O Governo espanhol deu os primeiros passos para regular o sigilo profissional dos jornalistas e dos prestadores de serviços de comunicação social, aprovando esta terça-feira um projeto de Lei Orgânica para proteger o trabalho dos profissionais da informação.

O anúncio foi feito pelo ministro da Presidência, Justiça e Relações Parlamentares, Félix Bolaños, que garantiu que, com este regulamento, casos como o que ocorreu em Palma de Maiorca, quando um tribunal ordenou a apreensão dos telemóveis e computadores de dois jornalistas, não se vão repetir.

Conforme avança a agência EFE, esta situação, segundo Bolaños, foi “um gatilho” para a necessidade de elaboração desta lei, pendente desde 1978. O responsável considerou que se trata de um avanço “muito substancial”, que vai evitar que situações como a que causou “tanta angústia” aos jornalistas se repitam.

A regulamentação estará em consonância com o Regulamento Europeu sobre a liberdade de imprensa aprovado pela União Europeia (UE) e com o consenso das federações e associações de jornalistas. Estará também em conformidade com a doutrina do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem e do Tribunal Constitucional, e com as recomendações do Comité de Ministros aos Estados-membros do Conselho da Europa.

Após este primeiro passo, será agora realizada uma consulta pública para recolher opiniões sobre como aumentar a eficácia do direito ao sigilo profissional para jornalistas e prestadores de serviços de comunicação social.

A lei regula quem detém aquele direito: os profissionais da informação, os prestadores de serviços de comunicação social e as suas redações e as pessoas singulares que, por relação privada, habitual ou profissional com os mesmos, possam também identificar as fontes destes jornalistas.

Regula também aquilo em que consiste o segredo profissional e tudo o que ele abrange, como o direito de não revelar as fontes, o canal através do qual a informação foi transmitida ou qualquer outra informação que possa levar à identificação da fonte do jornalista.

A norma inclui ainda limites a este exercício do direito e fá-lo em consonância com a regulamentação europeia, pelo que os juízes e os tribunais podem determinar procedimentos para identificar uma fonte de informação quando haja um dano grave e iminente que afete a vida, a integridade física ou a segurança de uma pessoa, ou quando haja um risco grave e iminente para a segurança nacional ou para elementos fundamentais do sistema constitucional.

Também regula os casos em que os juízes e os tribunais podem determinar a instalação de software de vigilância intrusiva nos dispositivos daqueles que têm direito ao sigilo.

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Municípios pedem revisão de carreiras face à dificuldade de recrutar funcionários

  • Lusa
  • 22 Julho 2025

Luísa Salgueiro diz que começa "a ser difícil recrutar e fixar" funcionários, mas também chefias e dirigentes, face a um mercado "muito dinâmico".

A Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) defendeu esta terça-feira uma revisão das carreiras e das condições remuneratórias dos funcionários da administração local, alertando para a dificuldade sentida em recrutar e fixar trabalhadores.

“Vivemos um tempo em que deixou de ser atrativo ser funcionário da administração local por várias razões”, afirmou a presidente da ANMP, Luísa Salgueiro, que falava aos jornalistas no final da reunião do conselho diretivo, que decorreu na sede da associação, em Coimbra.

Nessa reunião, foi discutido um documento da ANMP com contributos para a missão da reforma do Estado, que será entregue em primeira mão ao Governo, mas que Luísa Salgueiro deu nota que irá contemplar, entre outras questões, a necessidade de revisão de carreiras e condições remuneratórias da administração local.

A presidente da ANMP recordou a questão das carreiras e o facto de terem desaparecido várias áreas especializadas como carpinteiros, eletricistas ou mecânicos, que ficam todas “no grande chapéu dos assistentes operacionais”, numa carreira sem condições “de progressão atrativas”.

Além disso, a administração central “concorre com a administração local”, assegurando melhores condições remuneratórias para um técnico superior que exerça as mesmas funções e responsabilidades, constatou. “Nós estamos a assistir a uma sangria de quadros para a administração central”, alertou.

Para Luísa Salgueiro, começa “a ser difícil recrutar e fixar” funcionários, mas também chefias e dirigentes, face a um mercado “muito dinâmico” e com um setor privado que consegue oferecer “melhores condições”.

“Tudo isto merece uma reflexão”, defendeu, considerando que parte das dificuldades das autarquias em assumir mais competências e responsabilidades já não passará apenas por condições financeiras, mas pela falta de pessoal “capaz e preparado e competente para realizar tarefas”.

Se Portugal tem um problema de falta de mão-de-obra, os municípios “têm um problema de fixação de recursos humanos”, alertou, dando nota de que já há serviços municipais “em rutura porque os funcionários que existem não são suficientes ou não têm o perfil certo”.

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Grupo Trofa Saúde anuncia compra de Hospital Escola Fernando Pessoa em Gondomar

  • Lusa
  • 22 Julho 2025

O grupo Trofa Saúde não divulgou os valores envolvidos na operação, que se enquadra "na estratégia de expansão sustentada da rede".

O grupo Trofa Saúde anunciou esta terça-feira, sem divulgar os valores envolvidos, a aquisição do Hospital Escola Fernando Pessoa, em Gondomar, “uma operação enquadrada na estratégia de expansão sustentada da rede”.

Citado pela nota de imprensa, o presidente executivo do grupo, Bruno Gomes, justificou a aquisição: “No âmbito da visão Trofa Saúde 2030, assumem especial relevância a formação médica, a investigação científica e a excelência assistencial como pilares estratégicos”.

“O Hospital Escola Fernando Pessoa, reconhecido pela sua forte vocação académica, elevada qualidade clínica e ligação à comunidade, enquadra-se plenamente nesta visão”, acrescentou.

No comunicado, a instituição assinala que a operação “enquadra-se na estratégia de expansão sustentada da rede, com o objetivo de reforçar a acessibilidade a cuidados de saúde de elevada qualidade, ampliar a cobertura geográfica e aprofundar a sua diferenciação clínica”.

Segundo o grupo, esta integração “permitirá potenciar sinergias operacionais, reforçar a partilha de boas práticas e impulsionar o desenvolvimento de novas áreas clínicas e académicas estratégicas para o futuro da rede”.

“Reforçamos a nossa capacidade de prestação de cuidados, o compromisso com a investigação e a excelência clínica, elementos essenciais para um cuidado mais humano e inovador”, reforçou Bruno Gomes.

Em 29 de maio, numa informação divulgada na sua página eletrónica, a Autoridade da Concorrência divulgou ter recebido a 23 de maio uma notificação prévia da operação de uma concentração, que “consiste na aquisição pela Trofa Saúde Aveiro, S.A. do controlo exclusivo do Hospital-Escola da Universidade Fernando Pessoa”.

O Hospital Escola da Universidade Fernando Pessoa presta cuidados de saúde, nomeadamente consultas de várias especialidades e serviços de medicina dentária, enfermagem, imagiologia, cirurgia, internamento e bloco operatório, patologia clínica e análises clínicas, radiologia e medicina física de reabilitação, entre outros.

Foi inaugurado em 4 de dezembro de 2012, em Gondomar, no distrito do Porto, apresentando-se como “uma unidade multifuncional de cuidados primários, secundários e terciários, prestados numa lógica pedagógica, exigida pela sua natureza de hospital-escola para a formação e qualificação permanente de profissionais de saúde e pela humanização na relação terapêutica”.

Em dezembro de 2024, num edifício anexo ao hospital, foi inaugurada a Escola de Medicina e Ciências Biomédicas (EMCB), uma unidade orgânica da Universidade Fernando Pessoa, que integra o Mestrado Integrado em Medicina daquela instituição privada do ensino superior e dispõe de ambientes digitais de ensino, de aprendizagem e de investigação científica, nomeadamente laboratórios de simulação médica de realidade virtual e de realidade aumentada, centro de anatomia e de treino de cirurgia, laboratório de medicina genómica, centro de estudos clínicos e clínica pedagógica de prática médica e cirúrgica gerida por Inteligência Artificial.

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Autoridade da Concorrência volta a fazer mira aos bancos e lança inquérito sobre o setor

Consulta ao mercado, que está a receber contributos até setembro, pretende analisar dificuldades na comparação e contratualização de produtos financeiros, na mudança de banco e barreiras a fintechs.

A Autoridade da Concorrência (AdC) anunciou esta terça-feira que lançou uma consulta pública sobre a banca a retalho em Portugal, mostrando-se especialmente atenta à remuneração dos depósitos e entraves a mudanças de banco. O regulador avança com esta iniciativa depois, de no passado, ter acusado os bancos de práticas concorrenciais ilícitas no mercado de crédito, um processo, conhecido como ‘cartel da banca‘, que acabou por prescrever.

O inquérito ao mercado destina-se a todos os interessados, entre os quais consumidores, entidades do Estado, empresas do setor bancário e de outras indústrias “relevantes”, fintechs, associações de consumidores e empresariais.

Os objetivos desta iniciativa são os seguintes: ajudar a identificar eventuais dificuldades na comparação e contratualização de produtos bancários/financeiros e maneiras de agilizar essa comparação e contratualização; eventuais dificuldades no processo de mudança de banco e formas de agilizar esse processo e eventuais barreiras à entrada ou à expansão, incluindo estratégias de operadores que possam limitar a concorrência.

“Procura atualizar o diagnóstico sobre práticas e condições de concorrência nos mercados bancários mais relevantes para os consumidores, que vão do crédito à habitação ao crédito pessoal, passando pelos serviços de pagamentos, pelas comissões associadas à manutenção de contas ou pelo grau de mobilidade entre instituições”, esclareceu o presidente da AdC, Nuno Cunha Rodrigues, na intervenção inicial na Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública (COFAP), que decorre no parlamento.

A AdC está particularmente preocupada com a remuneração dos depósitos devido à banca a retalho ser propensa a barreiras à mobilidade. “Em situações em que os bancos têm uma base de clientes pouco móvel, a pressão concorrencial é mais reduzida e os incentivos dos bancos para aumentar a remuneração dos depósitos serão mais reduzidos”, adiantou a entidade, em comunicado divulgado online pouco tempos antes da COFAP.

“As taxas de juros de novos depósitos a prazo até um ano de particulares, em Portugal, mantêm-se menos atrativas do que a média da zona euro, e as ofertas de depósitos a prazo são particularmente menos atrativas no caso dos cinco principais bancos”, alerta a instituição liderada por Nuno Cunha Rodrigues.

Ademais, considera relevante analisar os possíveis obstáculos que os clientes enfrentam ao tentar mudar de banco quando pretendem determinado serviço/produto financeiro do concorrente (mobilidade bancária). Obstáculos esses que se devem a eventuais dificuldades na pesquisa e na comparação de produtos financeiros e até no processo de mudança de conta.

É crucial aferir da prevalência de custos à mudança na banca a retalho, a nível nacional, e identificar os respetivos fatores explicativos, com vista a propor, se necessário, medidas que visem reduzir as barreiras à mobilidade”, explica a AdC.

A autoridade dedicada a garantir a economia de mercado e de livre concorrência para proteção dos consumidores está a recolher respostas até ao próximo dia 24 de setembro de 2025. Depois dessa data, os resultados serão analisados e poderão originar recomendações específicas para operadores, reguladores setoriais e legislador.

“Visa-se, com este inquérito, recolher informação detalhada que permita à AdC avaliar, com rigor, o grau de contestabilidade dos mercados, os fatores que afetam a escolha dos consumidores e eventuais constrangimentos existentes à entrada de novos operadores, incluindo plataformas digitais ou entidades não bancárias”, sintetizou Nuno Cunha Rodrigues, em declarações aos deputados presentes da COFAP.

Notícia atualizada às 16h com declarações de Nuno Cunha Rodrigues na Assembleia da República

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Barómetro ACEGE. Empresários concordam com aumento da regulação da imigração

Mais de 95% dos empresários inquiridos concorda com o aumento da regulamentação da imigração. Presidente da República recebe esta tarde os líderes do Chega, IL, Livre e PCP em audiências sobre o tema.

O Governo quer maior regulação na imigração e os empresários mostram-se favoráveis. De acordo com o último Barómetro ACEGE (Associação Cristã de Empresários e Gestores), 95,58% dos inquiridos concordam que a opção é necessária.

O Parlamento aprovou alterações à lei de estrangeiros, com os votos favoráveis do PSD, Chega e CDS, abstenção da IL e oposição de toda a esquerda, tendo sido enviado à Presidência da República para ser promulgado. O Expresso noticiou na semana passada que Marcelo Rebelo de Sousa pondera enviar o diploma para o Tribunal Constitucio­nal e partidos políticos e associações de imigrantes já pediram audiências ao Presidente da República.

Para já, nesta terça-feira à tarde, o Presidente da República recebe os líderes do Chega, Iniciativa Liberal, Livre e PCP em audiências separadas agendadas para o Palácio de Belém, Lisboa.

A nova lei exige que os imigrantes tenham um visto de trabalho passado pelo consulado português no país de origem para conseguirem depois regularizar-se em Portugal com autorização de residência, com exceção dos vistos gold e dos imigrantes altamente qualificados, que podem obter um visto de procura de emprego. O diploma prevê também novas regras para o reagrupamento, impondo um prazo de dois anos após a autorização de residência aprovada para pedidos para familiares maiores de idade.

O Barómetro ACEGE revela ainda que os empresários estão ligeiramente menos otimistas face à situação do país. No inquérito de junho, 65,4% afirmam estar otimistas (3,54% estão francamente otimistas e 61,95% moderadamente otimistas), quando no inquérito de maio a percentagem era de 69,44% (com 463% francamente otimistas e 64,81% moderadamente otimistas). Paralelamente, o número de pessimistas subiu. Em junho, 13,27% dos empresários diz estar moderadamente pessimista e 3,54% francamente pessimista, contra 10,19% e 1,85%, respetivamente, no barómetro anterior.

Por outro lado, revelam-se mais positivos em relação à sua empresa do que em maio. No barómetro de junho, 74,22% estão otimistas (14,16% francamente otimistas e 62,04% moderadamente otimistas), contra 6,19% a assumirem-se moderadamente pessimistas. No mês anterior, 67,6% assumiam estar otimistas (5,56% francamente otimistas e 62,04% moderadamente otimistas), enquanto 6,48% afirmaram estar moderadamente pessimistas.

Mais de metade dos empresários considera ainda que a opção do governo de fundir no mesmo Ministério a Economia e a Coesão apenas beneficia as empresas, dependendo da execução das políticas, com 35,4% a considerar que sim e apenas 5,31% que não.

Nota: O Barómetro é uma iniciativa mensal realizada em colaboração com o ECO, Rádio Renascença e Netsonda, e tem como objetivo saber a opinião dos Associados da ACEGE sobre temas da atualidade, não sendo por isso uma sondagem de opinião. Foi enviado por email a 1.094 associados da ACEGE, através de uma plataforma da Netsonda, e esteve aberto entre os dias 10 e 16 de julho, tendo respondido 113 pessoas.

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EDP e Merlin unem-se para primeiro centro de dados neutro em carbono

As duas empresas pretendem que este seja um passo significativo para estabelecer a Península Ibérica como um hub digital e tecnológico líder na Europa.

A elétrica EDP e a Merlin Properties, empresa imobiliária e de infraestruturas, assinaram uma parceria com o objetivo de vir a alimentar com fontes de energia limpa o primeiro campus de data centers neutro em carbono em Portugal.

Este campus está a ser desenvolvido pela Merlin Edge, empresa do grupo Merlin, no concelho de Vila Franca de Xira, a cerca de 20 quilómetros de Lisboa.

Esta colaboração visa responder à crescente procura de soluções de energias renováveis para alimentar infraestruturas tecnológicas, lê-se no comunicado enviado às redações. A EDP planeia implementar o maior projeto de energia solar descentralizada da sua história num único local, para fornecer energia a estes centros de dados, com centrais solares que podem atingir até 100 megawatts-pico (MWp) de capacidade instalada.

As duas empresas pretendem que este seja um passo significativo para estabelecer a Península Ibérica como um hub digital e tecnológico líder na Europa. De acordo com a Agência Internacional de Energia, espera-se que a procura de eletricidade por parte dos centros de dados mais do que duplique nos próximos cinco anos.

O projeto de energia solar descentralizada que a EDP pretende desenvolver será complementado por outras soluções de fornecimento de energia a longo prazo, permitindo que a Merlin Edged tenha acesso a eletricidade renovável 24 horas por dia, 7 dias por semana. Como resultado, o campus será alimentado pela sua própria energia, com benefícios que incluem uma maior eficiência energética, custos operacionais reduzidos, maior independência energética e uma contribuição significativa para a redução das emissões de carbono na região.

O centro de dados e os projetos de energias renováveis estão a ser desenvolvidos em paralelo. Neste sentido, o fornecimento de energia limpa será assegurado desde o primeiro dia de funcionamento do campus.

“Estas infraestruturas [centros de dados] de grande escala requerem um fornecimento de energia robusto, fiável e acessível – acelerando ainda mais a procura de projetos de energias renováveis. A Península Ibérica está especialmente bem posicionada para liderar este crescimento“, afirmou Miguel Stilwell d’Andrade, CEO da EDP, citado no comunicado.

“Estamos perante um mercado em claro crescimento, impulsionado pela rápida evolução tecnológica e pelo elevado consumo digital. (…) O desafio é fazê-lo de forma sustentável e eficiente, num setor tradicionalmente intensivo na utilização de energia e água”, reconhece Ismael Clemente, CEO da Merlin. De forma a colmatar esta questão, os centros de dados da Merlin têm um consumo líquido zero de água para arrefecimento e utilizam 67% menos energia para estes sistemas, em comparação com a média europeia. A parceria com a EDP “ajuda a posicionar Portugal como um mercado de referência na área dos centros de dados”, concluiu o mesmo responsável.

Importa recordar que, em maio, a imprensa espanhola revelou que a Merlin decidiu desviar de Portugal para Espanha parte do investimento neste centro de dados. Citando declarações do CEO, Ismael Clemente, durante uma assembleia geral de acionistas, o Cinco Días noticiou que a capacidade inicial deste centro foi reduzida de 108 MW (megawatts) para 36 MW por “prudência”, o que representa apenas um terço da capacidade inicialmente prevista.

“Tirámos 72 MW que iríamos instalar em Portugal e acrescentámos 78 MW aos ativos localizados em Madrid”, explicou o gestor, justificando com as restrições que os EUA previam aplicar à compra de chips em Portugal a partir de maio, implementadas ainda pelo Governo de Joe Biden, e que foram entretanto rasgadas pela nova Administração Trump antes sequer de entrarem em vigor.

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Revolut abre 400 vagas de emprego até 2029 e “algumas dezenas” em Portugal

O neobanco britânico vai recrutar na Europa nos próximos quatro anos para áreas como 'compliance', gestão de risco, cibersegurança, finanças, departamento legal ou vendas.

A Revolut anunciou um extenso plano de recrutamento que prevê a contratação de 400 pessoas na Europa Ocidental ao longo dos próximos quatro anos. Portugal deverá ficar com “algumas dezenas” destes novos profissionais no banco digital, mas cerca de 200 vão para França até 2029.

“Estimamos que pelo menos metade será em França, e as 200 restantes serão distribuídas pelos outros países, sendo Espanha e Portugal dois dos mercados onde tradicionalmente mais recrutamos”, informou fonte oficial da Revolut ao ECO.

A estimativa para o mercado português é de “algumas dezenas”, mas será complicado prever em concreto, porque o regime de trabalho na empresa é 100% remoto. Aliás, o cofundador e CEO da Revolut, Nik Storonsky, reafirmou que pretende manter a opção de teletrabalho, ao contrário do que tem estado a acontecer em várias multinacionais do setor tecnológico, financeiro, retalho entre outros.

As vagas de emprego são para cargos nas áreas de compliance (conformidade), gestão de risco, cibersegurança, controlos internos, prevenção de crimes financeiros, finanças, jurídico, vendas e operações de produtos.

Além da Península Ibérica e França, os talentos distribuir-se-ão também por Itália, Alemanha e Irlanda com o objetivo de robustecer as operações locais, depois de a Revolut abrir uma sede em Paris. Paralelamente, cerca de 600 colaboradores da Revolut vão transitar progressivamente para esta nova sociedade francesa mal seja estabelecida, sobretudo para funções de apoio ao cliente, crédito e produtos/funcionalidades da aplicação, incluindo empréstimos e créditos empresariais.

“Já estamos a trabalhar arduamente na construção da nossa nova sede na Europa Ocidental em Paris [onde tem em curso um pedido de autorização bancária] e isso vem com um grande impulso de contratação em toda a região. A Europa Ocidental é casa de uma enorme reserva de talentos, e pretendemos aproveitá-la ao máximo, atraindo profissionais de topo ansiosos por moldar o futuro da banca e construir a próxima geração de serviços financeiros”, referiu a CEO da Revolut Europa Ocidental, Béatrice Cossa-Dumurgier.

O ramp-up prevê começar cerca de 80 novas contratações neste primeiro ano e aumentar para mais de 400 empregos diretos até 2029.

A Revolut emprega atualmente mais de 13 mil trabalhadores em todo o mundo, dos quais aproximadamente 1.300 em Portugal. No ano passado, mais de 1,6 milhões de pessoas candidataram-se a empregos na Revolut.

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Cerâmica Revigrés faz contrato de longo prazo para substituir 20% do consumo de gás por biometano

A cerâmica portuguesa Revigrés vai substituir em cerca de 20% do seu consumo de gás natural por biometano.

As empresas portuguesas Revigrés e Rega Energy, empresas do setor da cerâmica e das energias renováveis, respetivamente, assinaram um acordo para o fornecimento de biometano a longo prazo. A Rega Energy vai fornecer biometano que será produzido nas unidades que está a instalar em Portugal, pelo período de 10 anos.

Este acordo permitirá à Revigrés produzir cerâmica mais sustentável, liderando a substituição do gás natural por fontes de energia renovável. Ao substituir em cerca de 20% do seu consumo de gás natural por biometano – que pode ser introduzido diretamente nos processos produtivos sem necessidade de alterações -, a empresa implementa uma alternativa mais eficiente e sustentável, marcando um passo “decisivo” rumo à descarbonização do seu processo industrial.

A Revigrés tem vindo a implementar um Plano Integrado para a Descarbonização e Eficiência Energética, que contempla várias iniciativas para reduzir as emissões de CO2 e otimizar o consumo de energia e de água. Este esforço foi reconhecido recentemente com a atribuição de um prémio Sustainability Initiative Award.

“O contrato com a Rega Energy é um passo muito importante no quadro da nossa estratégia de sustentabilidade e inovação, que nos diferencia e que vai reforçar a nossa capacidade competitiva a médio e longo prazo”, afirma a Revigrés.

Para a Rega Energy, a parceria com a Revigrés “enquadra-se na missão da nossa empresa, que está empenhada em contribuir para o rápido desenvolvimento de uma indústria e de produtos nacionais competitivos e sustentáveis”.

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“Não houve nenhuma interferência política ou pressão” na reorganização da RTP, assegura Nicolau Santos

Afirmando que António José Teixeira é um “enorme profissional", o presidente do conselho de administração disse que "não é isso que está em causa", mas antes a necessidade de iniciar um "novo ciclo".

Não houve nenhuma interferência política, nenhuma pressão, para procedermos a esta reorganização da RTP“, assegurou Nicolau Santos, presidente do conselho de administração da RTP. Esta reorganização “é absolutamente necessária para fazer face à transição digital que todos os meios de comunicação social — em particular os públicos — estão a fazer em todo o mundo”, disse ouvido em audição parlamentar esta terça-feira, na sequência da demissão da direção de informação da televisão e da reorganização da empresa.

A audição, no âmbito de um requerimento do Livre e do PS, acontece um dia depois de a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) ter dado parecer favorável à nomeação de Vítor Gonçalves para diretor de informação da RTP e à destituição de António José Teixeira.

Segundo Nicolau Santos, a RTP “atuou no seu legítimo direito de propor uma nova organização da empresa e de novos diretores para essa organização”, estando neste momento a dar cumprimento às linhas de orientação do projeto estratégico “que foram aprovadas pelo conselho geral independente [CGI] e endossadas ao conselho de administração”.

Estamos estritamente a cumprir as linhas de orientação estratégicas que nos foram dadas pelo CGI, que é a estrutura a que temos de responder”, disse o responsável, acrescentando que esta estrutura é também a responsável por nomear ou exonerar os elementos do conselho de administração, segundo o atual modelo de organização da RTP. Este modelo foi implementado durante o Governo de Passos Coelho e criado por Miguel Poiares Maduro, “um modelo que se aproxima muito do da BBC e que visa precisamente travar qualquer tipo de influência política no funcionamento da RTP“, detalhou ainda Nicolau Santos.

Observando que António José Teixeira é um “enorme profissional”, o presidente do conselho de administração disse que “não é isso que está em causa”. “É um novo ciclo que se inicia e é um ciclo diferente que, do nosso ponto de vista, exigia uma nova visão, uma nova energia, uma nova capacidade para entender estas transformações, para trabalhar em conjunto com as diferentes áreas e proceder às modificações que consideramos serem fundamentais para salvaguardar o serviço público em Portugal tal como existe atualmente”.

E a ideia de que há uma rutura completa com a direção de informação exonerada “não é verídica”, vincou. “Vão haver pessoas que estavam nesta direção de informação e que vão passar para a próxima. Nós queremos continuar a trabalhar com o António José Teixeira, é uma cara da RTP, estará seguramente no ecrã e na rádio, e não o queremos tirar”, acrescentou.

Questionado sobre o facto de já ter apontado os resultados da RTP3 como um dos motivos para a exoneração de António José Teixeira — o qual rebateu este argumento, inclusive num artigo de opinião — Nicolau Santos disse que a avaliação foi feita de forma “global” e não só à RTP3.

No entanto, “nesta matéria não há perceções, há relatórios da GFK sobre as audiências“, disse, apontando que o último relatório mostrava que o share da RTP3 variava entre 1 e 1.1% e que a RTP3 “é o único canal que não sobe em todas as faixas, falhando o incremento na tarde, onde está estacionado nos 0,9%“. “Mas este não foi o argumento [para a exoneração], foi uma das avaliações que fizemos”, sublinhou.

O problema, na verdade, não está só na informação, defendeu Nicolau Santos, apontando que “por isso é que esta reorganização ultrapassa em muito a questão da direção de informação da RTP”. O presidente do conselho de administração deu a RTP2 como exemplo, canal que é “indispensável”, tendo em conta o espaço que dedica às artes e cultura, mas que a administração pensou que “pode dar um salto em frente”, pelo que também junto desse canal ocorreu substituição de Teresa Paixão por Gonçalo Madail, que passa a liderar a RTP2 em acumulação com a RTP Memória.

Nicolau Santos foi questionado precisamente sobre a criação de “super direções”, uma vez que, com a sua nova organização, a RTP passa a ter 23 diretores (com cinco direções em acumulação), que comparam com os atuais 30 diretores e diretores adjuntos. “Antes éramos acusados de termos muitos diretores, e penso que tínhamos demasiados diretores. E entendemos que enxugar a empresa, até tendo em conta os constrangimentos financeiros, fazia sentido“, afirmou.

Também na semana passada foi ouvido o diretor de informação exonerado, António José Teixeira, sobre o mesmo tema. “Nunca saberei se calhar completamente todas as razões que possam estar nas circunstâncias por detrás da decisão. A razão que me foi apresentada, de renovação, é uma que eu obviamente devo considerar como motivo para o que aconteceu. Se houve algo mais, eu não consigo responder, mas é uma pergunta que obviamente é legítima”, disse na audição parlamentar.

“Sou jornalista há bastantes anos e tenho feito algum exercício de análise política. Poderia até correr o risco de tentar fazê-lo, de alguma forma em causa própria, mas não acho que isso seja obviamente adequado. E portanto deixo para outros a avaliação do que entenderem em relação ao contexto, ao timing, etc“, afirmou também.

A direção de informação da RTP foi demitida a 24 junho pela administração, que anunciou o jornalista Vítor Gonçalves como novo diretor de informação da RTP. A alteração aconteceu na mesma altura em que a gestão anunciou uma reorganização interna, enquadrada nos objetivos do novo Projeto Estratégico para o triénio 2024-2026.

Sobre a nomeação de Vítor Gonçalves, Nicolau Santos defendeu que este tem um currículo “impressionante, relativamente ao trabalho que desenvolve há 33 anos na RTP”. “No quadro das pessoas que estariam disponíveis para assumir a mudança na RTP, com uma visão de futuro, ele era obviamente a pessoa indicada”, justificou.

Com a reestruturação anunciada, o organograma da RTP passa a estar organizado em quatro grandes áreas de atividade e será subdividido em 28 direções, em vez das 39 atuais: corporativa (10), operações (quatro), conteúdos temáticos (sete) e conteúdos programáticos (sete).

Temos claramente a consciência que as pessoas estão a ver muito mais os conteúdos nos tablets e telemóveis e menos na televisão linear. Há mudanças que têm de ser feitas e formas de trabalhar dentro da RTP que têm de ser alteradas. Tem de haver uma colaboração muito maior entre os profissionais da rádio, televisão e digital e esta organização tem a ver com uma resposta a isso”, justificou Nicolau Santos na audição.

No âmbito da renovação e qualificação dos trabalhadores, o plano elegia também como fatores críticos de sucesso o lançamento de um plano de saídas e novas contratações “com competências digitais”, a realização de um programa de formação “multiplataforma, inteligência artificial e funções técnicas” e manutenção da paz social, com “maior participação, mecanismos de motivação e maior transparência na comunicação”.

Recorde-se que a primeira fase do plano de saídas voluntárias da RTP, cujas candidaturas terminaram a 18 de abril, contou com mais de 130 candidatos, um número que se situou “acima do previsto”. O custo previsto para esta fase situava-se na ordem dos 5,5 milhões de euros. Uma segunda fase de saídas voluntárias está prevista para o final do ano, mas dependerá de financiamento.

Além do plano de rescisões, a empresa tem em curso investimentos de cerca de 16 milhões na remodelação de instalações, nomeadamente os estúdios, e na compra de material. Nicolau Santos refere que foi pedido – e já autorizado pelo Governo – um financiamento de 40 milhões de euros. Em 2025, a RTP deverá ter um prejuízo de 18,2 milhões de euros, interrompendo 15 anos consecutivos de lucros, estima o presidente. O regresso aos lucros deverá acontecer em 2027.

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