Lisboa procura fundos europeus para plano drenagem. Veja imagens da tuneladora em Santa Apolónia
A um ritmo de 10 metros por dia, a tuneladora esventrou o subsolo da cidade, de Campolide a Santa Apolónia, passando sob a Avenida da Liberdade e a Almirante Reis, antes de chegar a Santa Apolónia.

A Câmara de Lisboa está a trabalhar com o Governo para captar fundos europeus que permitam reduzir os custos próprios da autarquia na construção do plano de drenagem da cidade, orçado em 250 milhões de euros, apurou o ECO/Local Online junto de fonte da autarquia. Atualmente, o município está a pagar a obra através de financiamento contraído junto do Banco Europeu de Investimento (BEI).
O ponto alto do plano de drenagem, destinado a travar as cheias na cidade, é o túnel com 4.600 metros de comprimento que permitirá reter excesso de água das chuvas e direcioná-la diretamente até ao rio Tejo, e que nesta terça-feira mereceu uma cerimónia com pompa e circunstância para assinalar a chegada da máquina de perfuração a Santa Apolónia, depois de ter começado o seu trabalho em Campolide há cerca de ano e meio.
Apesar de, num vídeo promocional da obra, que passava em contínua repetição no local da obra durante o evento de comemoração do final do túnel, se apontar a conclusão da obra para “início de 2025”, a verdade é que só agora, em julho, a tuneladora acabou de perfurar o subsolo e chegou a céu aberto. Entre os trabalhos ainda por executar está a rede de canalização de águas a montar ao longo do túnel, para usos vários na cidade. A câmara não se compromete com uma data para finalização do plano, que incluirá ainda um segundo túnel, de um quilómetro de extensão, entre o Beato e o rio.
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Incluída no plano de 250 milhões de euros está ainda uma bacia de retenção com capacidade para 17 mil metros cúbicos de águas pluviais, o equivalente a sete piscinas olímpicas, a partir da qual a água será direcionada para a ETAR de Alcântara, de onde seguirá através da referida canalização própria inserida no túnel, para usos como regas, limpeza de rua e uso pelos bombeiros.
No geral, nestes e noutros usos, conforme salientou o presidente da autarquia, Carlos Moedas, a cidade utiliza anualmente o equivalente a mais de mil piscinas de água potável, 2,8 milhões de litros. “Não faz sentido”, afirmou Moedas, num discurso feito a uma profundidade de cerca de dez metros junto ao Museu Militar, em Santa Apolónia.
Até chegar a Santa Apolónia, a tuneladora percorreu 4.600 metros a profundidades até 63 metros, avançando cerca de 10 metros por dia enquanto ia montando os 2.334 anéis de sustentação da estrutura. Nos 4.200 metros escavados foram retirados 140 mil metros cúbicos de terra.
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Apresentação da obra do Plano Geral de Drenagem de Lisboa na altura em que a tuneladora chega à zona de Santa Apolónia Hugo Amaral/ECO -
A ministra do Ambiente, Maria da Graça Carvalho, a comissária Europeia Jessica Roswall, responsável pelas áreas do Ambiente, Resiliência Hídrica e Economia Circular e o presidente da CM Lisboa, Carlos Moedas, durante a apresentação da obra do Plano Geral de Drenagem de Lisboa na altura em que a tuneladora chega à zona de Santa Apolónia. Hugo Amaral/ECO -
Apresentação da obra do Plano Geral de Drenagem de Lisboa na altura em que a tuneladora chega à zona de Santa Apolónia Hugo Amaral/ECO -
Apresentação da obra do Plano Geral de Drenagem de Lisboa na altura em que a tuneladora chega à zona de Santa Apolónia Hugo Amaral/ECO -
Estaleiro de obras do Plano Geral de Drenagem de Lisboa (PGDL), num momento em que estão a ser colocadas no terreno a cabeça e o corpo da tuneladora H2O que irá permitir dar início aos trabalhos de perfuração dos túneis, em Lisboa, 04 de outubro de 2023. O PGDL é um projeto fundamental para Lisboa e tem como objetivo proteger a cidade de fenómenos extremos de precipitação, cheias e inundações e preparando-a para os desafios do futuro. TIAGO PETINGA/LUSA TIAGO PETINGA/LUSA -
plano de reabilitação e beneficiação do sistema de drenagem pluvial de Leiria -
Apresentação da obra do Plano Geral de Drenagem de Lisboa na altura em que a tuneladora chega à zona de Santa Apolónia Hugo Amaral/ECO -
A ministra do Ambiente, Maria da Graça Carvalho, a comissária Europeia Jessica Roswall, responsável pelas áreas do Ambiente, Resiliência Hídrica e Economia Circular e o presidente da CM Lisboa, Carlos Moedas, durante a apresentação da obra do Plano Geral de Drenagem de Lisboa na altura em que a tuneladora chega à zona de Santa Apolónia. Hugo Amaral/ECO
Engenheiro hidráulico, Moedas destacou esta obra como sendo “a maior da Europa continental”, informação secundada por Maria da Graça Carvalho, ministra do Ambiente e Energia, igualmente presente no evento em que o município assinalou a chegada da tuneladora, sem direito a perguntas dos jornalistas ao autarca.
No local esteve igualmente a comissária europeia Jessica Roswall, responsável pelas áreas do Ambiente, Resiliência Hídrica e Economia Circular Competitiva, que, num curto discurso, designou o avanço da obra como “decisão arrojada” do Executivo de Moedas. A responsável europeia assinalou ainda que “a resiliência da água é agora uma prioridade da Europa”, não só no sul do continente, como nos países nórdicos, designadamente a Suécia, de onde é natural.
Entre as dezenas de convidados contava-se Carmona Rodrigues, a cujo mandato remonta os primórdios do plano de drenagem, conforme assinalou Moedas. “Devemos-lhe esta obra”, disse o autarca da coligação Novos Tempos, apontando as duas fortes chuvadas de 2022, consideradas, cada uma, um acontecimento único em 100 anos, como o gatilho para a decisão definitiva de arrancar o plano.
“Sem a União Europeia não estaríamos aqui”, notou Moedas, agradecendo “ao BEI, mas também à Comissão Europeia e à Europa”.
Mais uma das referências a dinheiros europeus veio da ministra do Ambiente e Energia. Graça Carvalho designou o plano de drenagem como “talvez o maior projeto dentro da estratégia Água que Une”, apontando: “Contamos com a Europa para nos ajudar a executar a nossa estratégia”.
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