Bruxelas quer ‘fábricas de IA’ na UE para impulsionar competitividade

'Fábricas de AI', 28º regime para startups e um novo fundo. Bússola para a Competitividade da UE promete um corte "sem precedentes" na burocracia, a começar pela sustentabilidade.

A Comissão Europeia está focada em “recuperar a competitividade” na União Europeia, sendo uma matéria “de máxima urgência e prioridade”. Assim, o executivo comunitário apresentou a Bússola para a Competitividade, uma estratégia inspirada no Relatório Draghi e que visa fechar o gap da inovação, acelerar a descarbonização e a competitividade nos 27 Estados-membros e reduzir as dependências, aumentando a resiliência e segurança económica. Desde logo, apostando massivamente no desenvolvimento de inteligência artificial (IA) na União Europeia (UE).

Só 13% das nossas empresas recorrem a inteligência artificial, uma em cada sete. E isso tem de mudar“, declarou Ursula von der Leyen durante a apresentação do roteiro, esta quarta-feira, após a reunião do colégio de comissários, em Bruxelas.

Durante a conferência de imprensa, a presidente do executivo comunitário anunciou o lançamento de uma “ampla estratégia para a IA” no bloco, com especial enfoque a nível industrial e em setores chave que “passará pela criação das chamadas ‘fábricas de IA’ que oferecerão às empresas supercomputadores para promoverem, desenvolverem e treinarem os seus modelos“, explicou von der Leyen. Mas as iniciativas não ficarão por aqui.

Focada em impulsionar novas utilizações industriais da IA e melhorar os serviços públicos com a referida estratégia, a Comissão Europeia vai ainda criar um novo Conselho Europeu de Investigação sobre IA. E, no sentido de assegurar uma partilha de dados segura, vai formalizar a Estratégia para uma União Europeia dos Dados.

Por fim, o executivo comunitário quer aumentar o investimento na supercomputação, nos semicondutores, na Internet das coisas (IoT), na genómica, na computação quântica e na tecnologia espacial. “Temos de estar focados na inovação”, defendeu von der Leyen, ciente de que a estratégia europeia surge depois da ambição de Donald Trump de trazer 500 mil milhões de dólares para os Estados Unidos para inaugurar novos centros de dados.

“O anúncio é claro”, referiu von der Leyen quando questionada sobre o investimento americano em IA, “está curso uma corrida para liderar a IA. É indubitável“, disse. Ainda assim, essa aposta não deverá minar os esforços europeus, apenas impulsioná-los. “Temos de disponibilizar estas fábricas de IA e dar às empresas a capacidade de criar supercomputadores para poderem treinar os seus modelos”, declarou.

Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, na apresentação da Bússola para a Competitividade da UE, em Bruxelas EPA/OLIVIER HOSLET

28.º regime para startups e 37 mil milhões em poupanças

Depois, a missão será reduzir a burocracia, passando por uma simplificação de processos. “Recebemos um sinal claríssimo das empresas europeias de que há uma excessiva complexidade e um processo de licenças longo e pesado”, começou por referir a presidente da Comissão Europeia. “Temos de cortar na burocracia”, acrescentou a líder alemã, dando nota que a primeira proposta de simplificação da Comissão, o Ombinus, será apresentado no próximo mês e terá como primeiro foco aliviar as regras de reporte das empresas em matéria de sustentabilidade, finanças sustentáveis e taxonomia.

Com esta simplificação, Bruxelas prevê reduzir as obrigações regulatórias em cerca de 25% para todas as empresas privadas e em 35% para as pequenas e médias empresas. Quanto a custos, a Comissão prevê que poderá ser possível poupar 37 mil milhões de euros por ano, até 2029.

Mais, Berlaymont prevê a criação um novo regime único — um 28.º regime — numa base de adoção voluntária com o objetivo de harmonizar as regras do mercado interno para startups. Os detalhes não foram conhecidos (isso só deverá acontecer no final do ano), mas von der Leyen quer que a fiscalidade na UE seja mais equilibrada.

“Queremos que as empresas consigam expandir. Que passem de emergentes para uma fase de expansão. A necessidade de todos na UE é vermos startups com sucesso, com capacidade de escalar, com valor acrescentado e terem o acesso de mercado que merecem. É do interesse de todos“, defendeu Von der Leyen, ressalvando, no entanto, que as políticas de fiscalidade discutidas e propostas no bloco exigem a unanimidade dos chefes de Estado no Conselho Europeu.

Bruxelas anuncia novo fundo e quer União de Capitais este ano

Para concretizar a nova estratégia para a competitividade, a Comissão Europeia está a preparar um novo Fundo Europeu de Competitividade, mais abrangente e menos fragmentado, que apoiará projetos importantes de interesse comum.

Segundo o comissário europeu para a Prosperidade e Estratégia Industrial, Stéphane Séjourné esse “trabalho já começou”, detalhando que este fundo “vai permitir que cada euro liberte mais investimento privado na nova economia”. Assim, acrescentou, este mecanismo somado às quotas orçamentais dos Estados-membros vai permitir dar o “verdadeiro ímpeto à competitividade europeia”, defendeu o comissário.

Segundo as contas de Mario Draghi, a recuperação da competitividade na UE face aos Estados Unidos e à China vai custar cerca de 5% do PIB da União Europeia por ano – cerca de 800 mil milhões de euros, recorrendo à emissão de dívida comum e à criação de novos recursos. Ademais, está em curso uma discussão entre os Estados-membros — e defendida também pelo primeiro-ministro Luís Montenegro — de um aumento das contribuições orçamentais.

“Se tivermos projetos europeus comuns com financiamento europeu comum, há duas possibilidades de criar esse financiamento: ou mais contribuições nacionais ou novos recursos próprios. Mas sobre os recursos próprios existe uma proposta em cima da mesa”, adiantou a líder do executivo comunitário.

À semelhança do 28º regime, os detalhes sobre o fundo são escassos e só deverão ser conhecidos em 2028. “No próximo orçamento da UE [Quadro Financeiro Plurianual], teremos uma grande oportunidade para voltar a a definir prioridades e simplificar o acesso ao financiamento“, disse von der Leyen, dando nota de que este mecanismo “substituirá vários instrumentos financeiros da UE com objetivos semelhantes”.

Comissário para a Prosperidade e Estratégia Industrial, Stéphane Séjourné e a Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, na apresentação da Bússola para a Competitividade da UE, em Bruxelas EPA/OLIVIER HOSLET

Além do novo mecanismo de financiamento, Bruxelas quer facilitar o acesso ao capital de risco. “Se olharmos a nível mundial, 5% [do capital de risco] tem origem na UE, 52% é proveniente dos Estados Unidos e 40% na China”, referiu von der Leyen, acrescentando que isto não se deve a “falta de capital” mas sim ao mau alocamento destas verbas.

As poupanças dos agregados familiares na UE são de cerca 1,4 biliões de euros por ano. Nos Estados Unidos, esse valor é de 800 mil milhões de euros. O que nos falta é um mercado de capitais emergente e que nos permita converter as poupanças em investimento“, disse, recordando que essa missão estará nas mãos da comissária europeia, Maria Luís Albuquerque.

Assim, este ano a ambição de Bruxelas é apresentar uma União Europeia das Poupanças e Investimentos, isto é, “criar novos produtos de poupança e investimento” no bloco europeu “para garantir que existe um fluxo de investimento” entre os 27 Estados-membros.

Energia, carros e indústria. Bruxelas prepara novas estratégias ‘verdes’

Embora o primeiro esforço da Comissão Europeia para simplificar a burocracia das empresas comece pelo reporte ‘verde’, certo é que o compromisso do executivo comunitário com a transição energética e o combate às alterações climáticas mantém-se intocável.

“Há muitos motivos para lutar contra o aquecimento global e trabalhar em prol de uma economia mais circular. Estamos focados no Green Deal e nos objetivos climáticos”, garantiu Ursula von der Leyen, reiterando o compromisso dos 27 com a neutralidade carbónica até 2050. “Temos de ser flexíveis, pragmáticos e termos de ser capazes de nos adaptar”, sublinhou.

E isso começa desde logo com o setor automóvel, que ficará a conhecer já esta quinta-feira, 30 de janeiro, uma nova estratégia para acelerar uma transição energética “justa” no setor. “Queremos garantir que o futuro automóvel continua enraizado na Europa e queremos apoiar esta transição“, garantiu von der Leyen.

A seguir, será dado um novo passo para garantir que os preços da energia na UE continuam acessíveis. Depois de o bloco europeu ter conseguido superar a crise energética, em 2022, provocada pelo início da guerra na Ucrânia, o foco do executivo é continuar a baixar os preços nos mercados grossistas. Assim, e tal como já tinha sido referido pelos porta-vozes em conferência de imprensa passadas, nas próximas semanas, a Comissão apresentará um “plano para preços de energia acessíveis”.

Por fim, e tal como tinha sido prometido aquando da reeleição de von der Leyen, Bruxelas dará a conhecer o Pacto Industrial Ecológico. A estratégia está calendarizada para vir a público durante os primeiros 100 dias de mandato da nova Comissão, que tomou posse a 1 de dezembro de 2024.

Fora do panorama da sustentabilidade, von der Leyen também deu nota de que a Comissão Europeia está focada em “promover competências e empregos de qualidade” no bloco europeu.

“A base da competitividade da Europa são os seus cidadãos. Para garantir uma boa correspondência entre as competências e as exigências do mercado de trabalho”, referiu a líder europeia durante a apresentação, dando nota de que a Comissão apresentará uma iniciativa para construir uma União de Competências.

Esta iniciativa estará centrada no investimento, na aprendizagem de adultos e ao longo da vida, na criação de competências orientadas para o futuro, na retenção das mesmas, na mobilidade equitativa, na atração e integração de talentos qualificados do estrangeiro e no reconhecimento de diferentes tipos de formação para permitir que as pessoas trabalhem em toda a União.

(Notícia atualizada pela última vez às 14h10)

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Regulador não foi ouvido sobre fim de portagens no interior. “É um caminho muito perigoso”, diz CEO da Brisa

A Autoridade da Mobilidade e dos Transportes não foi ouvida pelo Parlamento, lamenta a presidente da entidade. Reguladores e concessionárias defendem princípio do utilizador-pagador.

Ana Paula Vitorino, presidente da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT), lamenta que o regulador não tenha sido ouvido pelo Parlamento sobre o fim das portagens nas autoestradas do interior, medida que entrou em vigor no início do ano.

“Não fomos ouvidos sobre esse tema. Deve ter sido um lapso”, afirmou a presidente da AMT no VII Congresso da Associação Portuguesa das Sociedades Concessionárias de Autoestradas ou Pontes com Portagem (APCAP), que decorre esta quarta-feira no auditório do Laboratório Nacional de Engenharia Civil, em Lisboa.

Fico muito preocupado por serem tomadas decisões ao arrepio das entidades reguladoras”, reagiu António Pires de Lima, CEO da Brisa. “O primeiro passo que a classe política faz para tomar uma decisão sem base técnica é calar os reguladores”, lamentou.

Tomar decisões políticas sem ouvir as universidades e ouvir os reguladores é um caminho muito perigoso que eu não recomendaria“, reiterou Pires de Lima, salientando que “uma das maiores conquistas de Portugal nos últimos 15 anos foi a constituição de reguladores com peso, poder e salários competitivos”.

Não é pelas que foram isentadas. É por todas aquelas que estão a pedir para isentar. Abrimos a Caixa de Pandora e não sei como vamos fechar.

Hugo Espírito Santo

Secretário de Estado das Infraestruturas

O fim da cobrança de portagens em sete autoestradas (uma delas em apenas dois troços) foi aprovada com os votos favoráveis dos partidos de esquerda e do Chega. Além do fim das portagens nas antigas SCUT, a AMT também não foi ouvida sobre o diploma que pôs fim à obrigatoriedade de inspeção periódica dos motociclos.

Hugo Espírito Santo, secretário de Estado das Infraestruturas, mostrou preocupação com a possibilidade de serem aprovadas novas isenções. “Não é pelas que foram isentadas. É por todas aquelas que estão a pedir para isentar. Abrimos a Caixa de Pandora e não sei como vamos fechar”, afirmou.

Defesa do princípio utilizador-poluidor/pagador

Os reguladores e concessionários defenderam o princípio do utilizador-poluídor/pagador no financiamento da operação e manutenção das autoestradas e a adoção de sistemas de cobrança inteligentes, que tenham em conta as realidades regionais e fluxos de tráfego.

“O modelo tem de ser coerente e transparente e não em função das vontades do momento”, defendeu João Caetano, presidente do Instituto da Mobilidade e Transportes (IMT), alertando para o perigo de pôr em causa a perceção que as pessoas tem sobre a justiça do sistema”.

“Temos de evoluir para um sistema de gestão mais flexível com tarifas dinâmicas, de forma a gerir os fluxos”, defendeu o responsável, salientando que é necessário aproveitar a evolução tecnológica para “medir o que está a acontecer e trazer inteligência para o sistema”.

Ana Paula Vitorino considera que “não é uma questão de eliminação das portagens mas de reponderação das portagens“, e que devem ser tidos em conta critérios de territorialidade e pobreza de mobilidade.

Na componente das portagens, esta legislação que entrou em vigor traduz-se num corte de 120 a 130 milhões na receita em 2025.

Maria Amália Almeida

Vice-presidente da Infraestruturas de Portugal

Maria Amália Almeida, vice-presidente da Infraestruturas de Portugal (IP), assinalou que o fim das portagens nas autoestradas do interior “traduz-se num corte de 120 a 130 milhões na receita em 2025″ da empresa pública e que “vem na sequência de outras medidas que vinham a ser implementadas nos últimos anos. Já tínhamos na maioria das autoestradas descontos que chegavam aos 75%. Foi o último passo”.

Luís Silva Santos, CEO da Ascendi, argumentou que o “princípio utilizador-poluidor/pagador alinha interesses comuns da sociedade, como garantir a sustentabilidade da infraestrutura, a descarbonização e a segurança rodoviária”. O responsável disse ver “com muita preocupação o abandono em parte deste princípio” e que “pode ter consequências para decisões estratégicas de investimento em Portugal“.

António Pires de Lima também defendeu que “o princípio genérico do utilizador-poluidor/pagador devia ser a trave mestra de um sistema rodoviário”, embora possa “ter exceções do ponto de vista da coesão territorial, do rendimento, da sustentabilidade”.

(Notícia com última atualização às 13h45)

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Governo disponível para “salvaguardar” incentivo fiscal para gases renováveis

O Governo vê com bons olhos uma solução de compromisso que permita salvaguardar um incentivo fiscal aos gases renováveis, nomeadamente o biometano e hidrogénio.

A ministra do Ambiente, Maria da Graça Carvalho, considera que o Governo “agiu bem” quando decidiu retirar a isenção fiscal que era aplicada sobre os biocombustíveis. Contudo, e uma vez que, tal como o ECO/Capital Verde noticiou, a isenção retirada afetava também aos gases renováveis, a ministra avança que o Governo está disponível para encontrar uma solução que volte a beneficiar estes gases, que abrangem o hidrogénio verde e biometano.

O Governo vê com bons olhos, e estará disponível para considerar, uma solução de compromisso que permita salvaguardar um incentivo fiscal aos gases renováveis, nomeadamente o biometano e hidrogénio de origem renovável”, afirmou a ministra do Ambiente.

O Governo prevê alterar o Código dos Impostos Especiais Consumo (CIEC) e assim eliminar a isenção fiscal de que beneficiam os biocombustíveis avançados. Neste sentido, o Executivo sugere revogar um artigo do CIEC que não diz apenas respeito a estes combustíveis, mas também aos gases renováveis.

A ministra considera que “o Governo agiu bem e por antecipação nesta matéria“, já que preocupações em relação a eventuais fraudes relativas à importação de biocombustíveis derivados de óleos de palma foi levantada, mais tarde, a nível do Conselho Europeu e, por outro lado, a isenção “não está de forma alguma a produzir os efeitos pretendidos”.

Em relação à falha nos objetivos, a secretária de Estado dos Assuntos Fiscais afirma que, desde 2021, a promoção da produção a nível nacional mostra-se “praticamente” estagnada, quando se pretendia que aumentasse na sequência da medida. Em paralelo, as importações, que se queriam diminuídas, “quase quintuplicaram” desde 2020, de acordo com dados provisórios de que dispõe.

Adicionalmente, Maria da Graça Carvalho argumenta que o que “verdadeiramente” dá capacidade de produção é a criação de um ecossistema favorável à inovação deste setor, mais do que a isenção fiscal.

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Diretor da PJ pede respeito pelo segredo de Justiça e presunção de inocência

  • Lusa
  • 29 Janeiro 2025

O diretor da PJ defendeu que é necessário “o respeito pela lei, o respeito pelo segredo de justiça e o respeito pela presunção da inocência”.

O diretor nacional da Polícia Judiciária (PJ) apelou, em Coimbra, perante uma plateia repleta de inspetores, ao respeito pelo segredo de justiça, para que seja salvaguardada a presunção de inocência.

“Temos de salvaguardar a integridade e a honra das pessoas”, afirmou Luís Neves ao discursar na tomada de posse do novo diretor do Centro da PJ, Avelino Lima, cerimónia que decorreu no auditório da reitoria da Universidade de Coimbra.

O diretor da PJ defendeu que é necessário “o respeito pela lei, o respeito pelo segredo de justiça e o respeito pela presunção da inocência”, entendendo-os como princípios basilares da atividade daquela força de investigação.

“Ao defendermos o segredo de justiça e não permitirmos que cheguem cá fora determinados conhecimentos – informações que são segredo de justiça -, estamos a salvaguardar a presunção de inocência de todos os cidadãos”, disse, alertando que qualquer um pode um dia ser constituído arguido.

Luís Neves notou que foi possível duplicar o número de elementos na PJ desde que assumiu a direção daquela força, considerando que a entidade tem hoje gente suficiente para “recuperar os processos atrasados”. “Temos de virar definitivamente a questão dos atrasos e das demoras”, disse.

Em declarações aos jornalistas, o diretor nacional da PJ afirmou que com o aumento de meios humanos e periciais aumenta a responsabilidade, defendendo que o tempo de demora das investigações “tem de encurtar”.

Para o responsável, não se pode voltar “nunca mais” a ter na PJ “processos que se arrastam ano após ano”.

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Influencer. PGR confirma investigação por violação de segredo de Estado

Gabinete de Amadeu Guerra confirmou ao ECO que a investigação deu origem a um inquérito aberto em novembro de 2024, na sequência da Operação Influencer.

Um ano depois de terem sido efetuadas buscas a São Bento no âmbito da Operação Influencer, o DCIAP deu início a uma investigação — autónoma — depois de uma reunião mantida com os magistrados responsáveis pela investigação (a Vítor Escária, Diogo Lacerda Machado e António Costa) e Amadeu Guerra, um mês depois do novo PGR tomar posse. Um inquérito que data de novembro de 2024 e que se encontra em segredo de Justiça, conforme confirmou fonte oficial da Procuradoria-Geral da República ao ECO/Advocatus.

Mas em maio de 2024, na altura em que o ex-primeiro ministro socialista foi ouvido no DCIAP, o Ministério Público não confrontou António Costa com esses factos. “Perante a notícia hoje tornada pública, quer deixar claro que em momento algum foi o seu constituinte confrontado com a existência desta alegada pen ou com o seu conteúdo, desconhecendo em absoluto do que se trata e o que dela efetivamente consta, pelo que nenhum comentário adicional fará.”, disse João Cluny, advogado de defesa de António Costa, em declarações ao ECO.

Segundo avançou a revista Sábado, em causa suspeitas de violação de segredo de Estado depois de ter sido encontrada uma pen drive, em novembro de 2023, nas buscas à residência oficial do então primeiro-ministro, António Costa, num cofre no gabinete de Vítor Escária, então chefe de gabinete de Costa. Essa pen drive contém, alegadamente, nomes e outros dados pessoais de centenas de agentes dos SIS e SIED, Polícia Judiciária e quadros das Finanças. Porém, a pen já estaria no gabinete de Escária antes de este ter começado a função de chefe de gabinete de Costa.

Em maio, o ex-primeiro ministro António Costa foi ouvido pelo DCIAP, mas na qualidade de “declarante” e não de arguido. A equipa do Ministério Público que está com a Operação Influencer, atualmente liderada pela procuradora Rita Madeira, decidiu ceder ao pedido feito por António Costa para ser ouvido no processo em que o antigo chefe de Governo socialista foi identificado como suspeito de crime de prevaricação. A audição demorou cerca de uma hora e meia e não foi perguntado nada que não seja já público ao ex-líder socialista. Nem tão pouco foi referida a palavra ‘prevaricação’, o crime de que alegadamente Costa é suspeito.

PA/OLIVIER HOSLETEPA/OLIVIER HOSLET

António Costa é suspeito do crime de prevaricação devido a uma lei alegadamente negociada entre João Tiago Silveira e João Galamba para beneficiar Start Campus. Segundo o Ministério Público, o ex primeiro-ministro é suspeito da alegada prática do crime de prevaricação devido à aprovação do novo Regime Jurídico de Urbanização e Edificação no Conselho de Ministros do dia 19 de outubro de 2023. Mas, um ano e meio depois do comunicado da PGR da altura, Lucília Gago, que culminou na demissão de Costa e marcação de eleições antecipadas, não houve desenvolvimentos face a esta investigação ao ex-líder do PS.

Em abril do ano passado, o Supremo Tribunal de Justiça decidiu entregar a investigação ao DCIAP. Ou seja, o processo de António Costa passou para a primeira instância, igual a qualquer cidadão, perdendo o foro especial de primeiro-ministro. Mas estará a ser investigado de forma autónoma às restantes investigações que envolvem Vítor Escária, Diogo Lacerda de Machado e Rui de Oliveira Neves.

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Fundo da Explorer compra dois hotéis na região do Douro e já tem na mira “mais de cem oportunidades”

Com o objetivo de tornar-se o "maior fundo português dedicado à hotelaria", o fundo da Explorer "já tem identificado mais de cem oportunidades".

O fundo Explorer Hospitality Fund I, gerido pela Explorer Investments, anunciou esta quarta-feira que adquiriu dois hotéis na região do Douro, o Douro Royal Valley Hotel & SPA e o Douro Palace Hotel Resort & SPA, ambos detidos pela Joaquim, Afonso & Salvador.

“Estas aquisições marcam o início da estratégia do fundo, que se concentra na compra e gestão de hotéis de elevado desempenho nas principais regiões turísticas de Portugal”, avança a Explorer, em comunicado. “Com o objetivo de se tornar o maior fundo português dedicado à hotelaria”, o Fundo Hospitality I “foca-se na criação de valor através de um reposicionamento estratégico, captura de sinergias e escala, expansão e crescimento através de um target de clientes internacionais”.

O fundo avança ainda que o objetivo passa por “aumentar ainda mais a atratividade dos hotéis Douro Royal Valley Hotel & SPA e Douro Palace Hotel Resort & SPA, melhorar a sua imagem, acrescentar novas experiências e entrar num período de crescimento, num das regiões mais extraordinárias de Portugal, o Vale do Douro”. O negócio foi notificado à Autoridade da Concorrência em novembro.

O Douro Royal Valley Hotel & SPA é um hotel de cinco estrelas com 84 quartos, três restaurantes, piscina exterior “infinity”, centro de conferências e SPA. Construído em 2013, “oferece vistas panorâmicas sobre o Rio Douro a partir de todos os quartos. Localiza-se no Lugar de Portela do Rio, Ribadouro, concelho de Baião, na margem norte do rio”, detalha o fundo.

Construído em 2008 e situado na encosta norte do Rio Douro, em Santa Cruz do Douro, Baião, o Douro Palace Hotel Resort & SPA é um hotel de quatro estrelas com 60 quartos, três restaurantes, vinhedos que descem até ao rio, uma quinta biológica com animais e plantas, piscina exterior, centro de conferências e SPA. Está inserido numa antiga casa senhorial rodeada por dez hectares de floresta protegida.

O fundo garante “a continuidade da equipa atual” e “assegura um futuro de crescimento robusto e sustentável para os dois hotéis”.

Por fim, o Fundo Hospitality I revela que “já tem identificado mais de cem oportunidades com o intuito de promover a excelência do setor hoteleiro nacional”.

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Fed resiste a Trump e prepara-se para manter inalteradas as taxas de juros

O Comité de Política Monetária da Fed deverá manter as Fed Funds no intervalo 4,25% - 4,50%, como é amplamente esperado pelo mercado, apesar das constantes pressões de Trump para cortes imediatos.

O Presidente dos EUA Donald Trump tem feito vários discursos a pressionar que a Fed, liderada por Jerome Powell, baixe rapidamente as taxas de juro, algo que o banco central dos EUA não parece estar de acordo.

A Reserva Federal dos EUA (Fed) conclui hoje a primeira reunião do Comité de Política Monetária (FOMC) do ano, que deverá ficar marcada pela manutenção das taxas de juro, como é amplamente esperado pelo mercado.

De acordo com a plataforma CME FedWatch, que analisa os preços dos futuros da Fed Funds, a probabilidade de manutenção das taxas no intervalo atual de 4,25%-4,50% é de 99,5%. Este consenso quase unânime reflete a cautela da Fed face às incertezas económicas e políticas que se avizinham, e sobretudo mostra que o banco central deverá resistir às inúmeras pressões do Presidente Donald Trump por cortes imediatos.

“É a decisão certa manter-se firme”, afirmou à CNBC o ex-presidente da Fed de Dallas, Robert Kaplan. A Fed, e particularmente o seu presidente Jerome Powell, enfrenta múltiplas variáveis que podem dificultar a formulação de políticas este ano e manterão o banco central em espera.

“Ninguém sabe o que esperar da Casa Branca. As medidas políticas ainda são pouco claras, mas sabemos que várias das propostas que têm sido discutidas na Casa Branca são um pouco inflacionárias, e penso que isso vai manter a Fed em xeque”, referiu Beth Ann Bovino, economista-chefe do US Bank, numa nota enviada aos clientes do banco recentemente.

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Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para abrir o gráfico.

Os analistas do Barclays antecipam uma pausa nos cortes da taxa de juro, destacando que não há urgência para a Fed cortar a taxa de juros. A equipa de analistas do banco britânico sublinha que múltiplas variáveis estão em jogo, tornando a formulação de políticas particularmente desafiante este ano.

Entre os fatores a considerar estão as incertezas em torno das políticas do Presidente Donald Trump, que já sinalizou o desejo de taxas de juro mais baixas. Trump, que iniciou recentemente o seu segundo mandato, afirmou na semana passada que iria “exigir que as taxas de juro caiam imediatamente”, como voltou a frisar recentemente no Fórum Económico Mundial em Davos. No entanto, é importante notar que o presidente não tem autoridade direta sobre as decisões da Fed, que é uma instituição independente.

Os analistas da agência de notação de risco Moody’s apontam que a pausa nos cortes de juros pode beneficiar os bancos, pelo menos no curto prazo. “Um caminho mais lento em direção a taxas de curto prazo mais baixas apoia os bancos”, refere o analista Allen Tischler numa nota publicada na segunda-feira, sustentando essa opinião na ideia de que assim as instituições financeiras conseguem ajustar o preço dos depósitos de forma mais alinhada com a queda dos juros dos empréstimos indexados a taxas flutuantes.

Menos cortes das Fed Funds no horizonte

A Fed cortou as taxas em cada uma das suas últimas três reuniões, reduzindo a taxa de empréstimos de curto prazo em 100 pontos base entre meados de setembro e dezembro. No entanto, na reunião de dezembro, segundo as atas da Fed, os membros do FOMC sinalizaram que “pode estar na hora, ou perto, de começar a abrandar a flexibilização da política monetária”, indicando que, provavelmente, só baixaria as Fed Funds mais duas vezes em 2025, conforme a matriz “dot plot” (gráfico de pontos) das expectativas individuais dos membros relativamente às taxas futuras — os dois cortes indicados reduzem para metade as intenções do Comité quando o gráfico foi atualizado pela última vez em setembro.

Esta revisão em baixa das expectativas de cortes reflete a postura mais cautelosa da Fed face à persistência da inflação e às potenciais pressões inflacionárias das políticas de Trump.

“O que Trump obviamente gostaria que eles fizessem é acelerar a sua análise, acelerar a sua avaliação destas novas políticas e agir mais cedo, mesmo que não estejam confortáveis”, referiu o ex-presidente da Fed de Dallas, Robert Kaplan, agora executivo da Goldman Sachs, sublinhando ainda que “o trabalho das pessoas na Fed, neste caso, é fazer a sua análise e não agir até terem confiança.”

Apesar da pausa esperada na reunião desta quarta-feira, os economistas ainda preveem cortes das taxas ao longo do ano. De acordo com a mais recente sondagem da FactSet, os economistas estão a prever mais cortes de taxas em 2025, mas não até maio ou mesmo mais tarde. Porém, um fator imprevisível é se a inflação poderá subir no início deste ano devido às políticas da administração Trump.

“É importante notar que as perspetivas estão obscurecidas por uma maior incerteza política à medida que uma nova administração assume o cargo”, referiu Gregory Daco, economista-chefe da EY, à CBS News, acrescentado que antevê três cortes de 25 pontos base este ano — em março, junho e setembro.

A decisão da Reserva Federal dos EUA de manter as taxas de juro inalteradas não é apenas uma medida de cautela, mas um sinal claro de que o banco central está determinado a navegar as turbulentas águas económicas com firmeza e independência.

Num cenário de pressões políticas crescentes e incertezas económicas globais, esta postura da Fed demonstra uma resiliência crucial para a estabilidade financeira a longo prazo. O banco central está a enviar uma mensagem inequívoca: não cederá a caprichos políticos ou a soluções de curto prazo que possam comprometer a saúde económica da maior economia do mundo.

Este momento marca um ponto de inflexão crítico na política monetária dos EUA. A decisão desta quarta-feira não só reafirma a autonomia da Fed face às pressões externas, mas também estabelece um precedente para futuras ações do banco central.

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Não salvar Inapa foi uma decisão “difícil”, mas que “envelheceu bem”

Secretário de Estado do Tesouro e Finanças disse que o dossier Inapa não estava na pasta de transição do anterior Governo e só dia 12 de julho soube da necessidade de liquidez de emergência.

O secretário de Estado do Tesouro e Finanças, João Silva Lopes, afirmou esta quarta-feira que rejeitar uma injeção de emergência no valor de 12 milhões de euros na Inapa, para impedir a falência na Alemanha com impacto direto no grupo, foi uma decisão “difícil”, mas que “foi muito pensada e adotada na defesa do interesse público e contribuintes”. Apesar desta decisão ter resultado na insolvência do Grupo, o governante defende a sustentabilidade da decisão: “não estamos a discutir um cenário igual à Efacec”.

Rejeitar a injeção de fundos de emergência na Inapa foi “decisão eminentemente técnica e não foi política“, assegurou esta quarta-feira João Silva Lopes numa audição no Parlamento sobre a Inapa. O secretário de Estado citou os pareceres dados pela Direção-Geral do Tesouro e Finanças (DGTF) e pela Unidade Técnica de Acompanhamento e Monitorização do Setor Público Empresarial (UTAM), assim como a própria Parpública, que detém perto de 45% do capital da Inapa, para justificar a decisão do Governo, ainda que assuma que a decisão de não pôr dinheiro na empresa, precipitando o seu pedido de insolvência, é da responsabilidade deste Executivo.

“Para todos os efeitos fomos nós [Governo] que tomamos a decisão que tomamos e veio a espoletar no processo de insolvência que veio a decorrer”, assumiu.

Mesmo afirmando que não viabilizar a injeção de 12 milhões — dos quais nove seriam assegurados pela Parpública — foi uma “opção técnica fundamentada nos pareceres técnicos”, reconheceu que se tratou de uma “decisão difícil, complexa, mas foi muito pensada e adotada na defesa do interesse público e contribuintes”, voltando a referir que foi uma decisão que “envelheceu bem”. “Não estamos a discutir um cenário igual à Efacec”, atirou em resposta às questões colocadas pelos deputados.

À imagem do que já tinha adiantado o ex-presidente da Parpública, Realinho de Matos, numa audição anterior, João Silva Lopes garantiu queda parte da Inapa não foi apresentado qualquer estudo de viabilidade, nem provas que o Estado iria recuperar o dinheiro. O mesmo em relação à oferta informal dos japoneses da JPP, a qual “não chegou de forma concreta e formal”.

Quanto ao modo como se desenrolou o processo, “apenas no dia 12 de julho o Governo teve conhecimento de toda esta situação iminente de rutura de tesouraria”, na sequência da suspensão de negociação das ações por parte da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários no dia 11 de julho.

Foi após este comunicado que o Governo pediu uma reunião de emergência com a Parpública, reunião esta que aconteceu no dia seguinte e na qual o secretário de Estado foi informado sobre os dois pedidos de injeção de capital feitos pela Inapa ao maior acionista. Em causa, uma primeira injeção de 15 milhões para responder a problemas estruturais em Portugal e uma segunda injeção de 12 milhões para salvar a empresa da falência na Alemanha. Juntando as duas linhas de financiamento, a empresa pedia à Parpública que colocasse 27 milhões de euros na Inapa.

“Esse valor por si só é superior ao valor nominal da participação que detinha na Inapa“, de 8,7 milhões de euros, conforme explicou o secretário de Estado.

Silva Lopes afirmou ainda aos deputados que não tinha conhecimento do despacho do anterior Executivo de António Costa que dava ordem à Parpública para procurar um comprador para a posição da Inapa. “Só tive conhecimento deste despacho no dia 12 de julho do ano passado”, garantiu, acrescentando que “este processo [da Inapa] não estava na pasta de transição que me foi transmitida pelo anterior Governo”.

Trabalhadores em Portugal com salários em dia

Quanto à situação dos 200 trabalhadores da Inapa em Portugal, o secretário de Estado garante que o Governo está a acompanhar todo o processo e “tanto quanto é conhecimento da Parpública não há qualquer dívida de salários aos trabalhadores“.

O governante garantiu ainda que a situação dos trabalhadores vai continuar a ser acompanhada pelo Executivo, através da Parpública, que está em contacto com o administrador do processo de insolvência da empresa.

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Crédito às famílias cresceu ao ritmo mais elevado em 16 anos

Alívio das taxas de juro puxou pelo crédito às famílias no ano passado, que registou a maior taxa de crescimento desde 2008.

O crédito às famílias cresceu em 2024 ao ritmo mais elevado desde 2008, impulsionado sobretudo pelos empréstimos para a compra de casa, de acordo com os dados divulgados esta quarta-feira pelo Banco de Portugal.

Em dezembro do ano passado, o montante de empréstimos concedidos pelos bancos a particulares registou uma variação anual de 4,2%, que compara com a taxa de -0,6% observada no final de 2023. “Trata-se do maior crescimento em final de ano observado desde 2008 (4,5%)”, observa o supervisor.

O montante de crédito para habitação ascendia a 102,4 mil milhões de euros no final de 2024, mais 3,5 mil milhões face há um ano. “Os empréstimos à habitação cresceram 3,5%, contrariando o decréscimo de 1,2% registado em 2023, que tinha sido motivado pelo contexto de subida das taxas de juro”, explica o Banco de Portugal.

Por seu turno, o crédito ao consumo atingiu os 20,1 mil milhões de euros, mais 1,2 mil milhões em relação ao final de 2023. Neste caso, deu-se um aumento de 7,5%, a maior taxa em final de ano desde 2019 (9,4%).

Já o montante de empréstimos às empresas caiu 600 milhões de euros no ano passado, totalizando os 72,6 mil milhões em dezembro.

O Banco de Portugal explica que o decréscimo do montante vivo de empréstimos às empresas decorre essencialmente de perdas em operações de vendas de crédito, apesar do aumento dos empréstimos concedidos.

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Eversheds Sutherland reforça a equipa do Algarve

A Eversheds Sutherland anuncia a contratação de Alexandre Barreto para o escritório de Faro.

A Eversheds Sutherland anuncia a contratação de Alexandre Barreto para o escritório de Faro.

Com um percurso sólido na área jurídica, Alexandre Barreto irá integrar a equipa do escritório de Faro como Associado Sénior. “Esta contratação reforça o compromisso da Eversheds Sutherland em atrair talento de excelência para consolidar o seu posicionamento como uma referência no mercado jurídico nacional”, segundo comunicado do escritório.

Advogado com mais de 20 anos de prática, formado em Direito pela Universidade Autónoma de Lisboa e pós-graduado em Direito, Finança e Justiça no Desporto pela Faculdade de Direito de Lisboa.

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Riopele emite três milhões de euros em obrigações verdes

Numa operação totalmente subscrita pelo Banco Montepio, a têxtil de Vila Nova de Famalicão pretende utilizar os três milhões para financiar o terceiro parque solar fotovoltaico.

A têxtil Riopele fez a primeira emissão de obrigações verdes, no montante de três milhões de euros, por oferta particular e direta. O Banco Montepio assumiu a responsabilidade pela organização e montagem da operação e subscreveu a emissão.

“Esta emissão de obrigações verdes a cinco anos vai servir para financiar o terceiro parque fotovoltaico da Riopele em Pousada de Saramagos, que já está em construção“, explica ao ECO o presidente da Riopele José Alexandre Oliveira, acrescentando que a inauguração deve acontecer em abril. A têxtil já investiu dez milhões de euros na construção de dois parques fotovoltaicos rumo à neutralidade carbónica.

Esta emissão de obrigações verdes a cinco anos vai servir para financiar o terceiro parque fotovoltaico da Riopele em Pousada de Saramagos, que já está em construção e deverá ser inaugurado em abril.

José Alexandre Oliveira

Presidente da Riopele

Em comunicado, o Banco Montepio afirma que a emissão obrigacionista “Riopele 2025-2030”, sob a forma de Green Bonds, tem como objetivo apoiar o investimento associado à construção de um terceiro parque solar fotovoltaico nas instalações da Riopele, em Pousada de Saramagos, para autoconsumo, com potência instalada de 4.586 kWp.

O Banco Montepio detalha ainda que a “construção do parque solar fotovoltaico está enquadrada no projeto Riopele EE+R – Energia mais Eficiente e mais Renovável e apresenta benefícios ambientais como a redução das emissões de gases com efeito de estufa (permite evitar emissões de 1.081 toneladas de CO2 por ano), contribuindo para o objetivo da estratégia de sustentabilidade da Riopele Mitigação e Adaptação às Alterações Climáticas”.

Para Pedro Leitão, CEO do Grupo Banco Montepio “a participação na estruturação e subscrição desta emissão com impacto na aceleração da transição energética e na descarbonização reforça o nosso compromisso enquanto parceiro das empresas na prossecução dos seus objetivos de sustentabilidade”.

“A Riopele tem vindo a desenvolver uma forte aposta no cruzamento da competitividade com a sustentabilidade ambiental, seja ao nível dos processos seja ao nível dos produtos”, afirma o CEO da têxtil. “Com o projeto Riopele EE+R – Energia mais Eficiente e mais Renovável, a empresa dá continuidade a essa aposta investindo em produção de energia renovável solar para autoconsumo e em componentes associadas à eficiência energética na produção e utilização de vapor e de ar comprimido. Inclui ainda uma componente de monitorização e otimização dos consumos energéticos, com base em tecnologias digitais”, nota José Teixeira.

Fundada em 1927, a Riopele é uma das mais antigas empresas têxteis europeias. Especializada na criação e no fabrico de tecidos para coleções de moda e de vestuário, emprega mais de 1.000 pessoas e exporta cerca de 95% da produção, de forma direta ou indireta, para clientes espalhados por 30 países.

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Carlos Costa contraria Centeno e vê Portugal capaz de evitar regresso ao défice em 2025

  • ECO
  • 29 Janeiro 2025

Apesar da estimativa do Banco de Portugal de um défice de 0,1% este ano, o ex-governador da instituição acredita que o país vai conseguir evitar um regresso das contas públicas ao vermelho.

Carlos Costa está convicto de que o país vai conseguir evitar o regresso aos défices orçamentais este ano, contrariamente à estimativa do Banco de Portugal (BdP), instituição que liderou entre 2010 e 2020, que aponta para que as contas públicas voltem a uma execução deficitária de -0,1% do PIB em 2025.

Em entrevista na manhã desta quarta-feira ao programa “Ponto Central”, da Antena 1, o antecessor de Mário Centeno diz que Portugal precisa de uma reforma da Administração Pública para evitar um regresso das contas públicas ao vermelho.

“A única questão que tem de ter é capacidade para fazer uma grande reforma que está por fazer, que é o aumento da eficiência da Administração Pública, de forma a poder fornecer os mesmos bens públicos a um custo menor”, afirmou Carlos Costa.

O ex-governador do BdP realça que esta reforma tem de ser feita “tendo em conta que os processos da Administração Pública foram pensados num momento em que não havia capacidade de automatização nem inteligência artificial”, pois “há tarefas que vão ter de ser repensadas com as novas condições do ponto de vista de produção desses mesmos serviços”.

A entrevista de Carlos Costa à rádio pública coincide com o dia em que Mario Draghi, ex-governador do Banco Central Europeu (BCE) e antigo primeiro-ministro italiano, vem a Lisboa para participar na reunião do Conselho de Estado desta tarde, com o objetivo de analisar “as perspetivas e os desafios sobre o futuro da União Europeia”.

Neste âmbito, o antigo governador do Banco de Portugal insiste que o país tem de pensar a longo prazo, traçando como prioridades para melhorar a competitividade da economia nacional o “relançamento da base industrial” e a criação de “parcerias externas” para “evitar ficar estrangulado no confronto entre dois polos — o americano e o chinês — e, sobretudo, no acesso a matérias-primas e mercados”.

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