Presidente de Angola revela “incómodo” com lei dos estrangeiros
João Lourenço mostrou-se preocupado com a lei dos estrangeiros e defendeu que Portugal, enquanto país de emigrantes, não trate os imigrantes pior do que outros países trataram os portugueses.
O presidente de Angola, João Lourenço, reconheceu, esta terça-feira, que existe algum “incómodo” entre os países da CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa em relação à lei dos estrangeiros e disse que cabe a todos os Estados-membros da organização, incluindo Portugal, trabalhar para “não fazer descambar esse grande projeto que é a CPLP“.
“Existe algum incómodo [entre os países da CPLP]” com a lei dos estrangeiros, afirmou o presidente angolano, em entrevista à CNN. “O Brasil teve a coragem de manifestar esse mesmo incómodo e, nós, até aqui não dissemos nada, mas é evidente que estamos a seguir a evolução da situação com muita atenção”, reconheceu João Lourenço.
O presidente de Angola disse ainda que “os países são soberanos, têm as suas políticas de imigração”, mas, “por outro lado, não se deve fugir muito do que é prática internacional em termos de imigração”, lembrando que “Portugal é um país de cidadãos que emigram bastante. O passado de Portugal está muito ligado à emigração”.
“O mínimo que exigimos é que Portugal não trate os imigrantes, que escolheram Portugal como destino para fazer as suas vidas, de forma pior do que foram tratados nos países que os acolheram ao longo dos anos“, destacou ainda, deixando este “apelo” a Portugal.
Sobre o encontro que vai ter com o presidente da República, João Lourenço referiu que este será um tema do encontro e que irá falar em nome não só dos angolanos, mas de todos os africanos que vivem em Portugal.
Questionado sobre se esta lei pode fazer ruir a CPLP, o presidente de Angola disse que todos devem trabalhar para “não fazer descambar esse grande projeto que é a CPLP“.
“É a nossa obrigação enquanto Estados-membros tudo fazer para evitar que isso possa acontecer, inclusive Portugal”, defendeu.
Durante a entrevista, João Lourenço recusou que Portugal seja “uma porta de entrada” de Angola, ou outros países africanos. Sobre o investimento de empresas portuguesas que gostaria de ver em Angola, o chefe de Estado angolano aponta para o “setor industrial, agropecuária, pescas, turismo, e menos comércio”.
Já investimento de Angola em Portugal teve um “destino privado“, disse ainda o presidente angolano sobre as relações económicas entre os dois países no passado. Foi o caso da Galp, Efacec, adiantou, numa referência a Isabel Santos. O único investimento público, através de uma empresa angolana (Sonangol), é o do BCP, sublinhou.
João Lourenço diz mesmo que “os dinheiros eram do Estado mas algum espertalhão ou espertalhona pôs o investimento em seu nome”. “A sociedade angolana espera que se faça justiça”, remata.
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