PSD acusa PS de apresentar “receita para o desastre” com “fim das contas certas”

  • Lusa
  • 6 Abril 2025

O PSD acusou o PS de apresentar como programa eleitoral uma "receita para o desastre" com o empobrecimento que terminou na bancarrota". "Portugal voltaria a ter défice e a aumentar a dívida pública".

O PSD acusou o PS de apresentar como programa eleitoral uma “receita para o desastre” com o qual regressaria “o empobrecimento que terminou na bancarrota”, referindo que “Portugal voltaria a ter défice e a aumentar a dívida pública”. Numa reação na sede do PSD ao programa eleitoral do PS apresentado na véspera, Manuel Castro Almeida, ministro Adjunto e da Coesão Territorial e cabeça de lista do PSD por Portalegre, afirmou que o “desespero apoderou-se do PS“, acusando os socialistas de “prometer tudo a todos sem fazer contas a nada”.

Se este programa alguma vez fosse aplicado Portugal voltaria ao tempo do empobrecimento que terminou na bancarrota. Pedro Nuno Santos seria o novo José Sócrates. O PS entrou em roda livre, veio ao de cima o seu lado mais imaturo, menos ponderado“, apontou. De acordo com o programa eleitoral do PS, o Estado apresentará um défice público de 0,4% em 2026, regressando a saldos nulos e 0,1% de excedente no final da legislatura.

Considerando que este programa “é o fim das contas certas, é o enterro do equilíbrio orçamental do Estado”, Castro Almeida afirmou que “Portugal voltaria a ter défice e voltaria a aumentar a dívida pública”.

“Deixaria de ter possibilidade de aumentar as pensões e os salários da função pública, não teria qualquer hipótese de baixar o IRS, deixaria de ter um dos maiores crescimentos da União Europa”, disse.

Para o ministro, “o programa do PS é uma receita para o desastre” e “se fosse posto em prática atiraria o país outra vez para 2011”. “Decerto não foi por acaso que Fernando Medina não estava presente nesta apresentação“, referiu.

Segundo o social-democrata, “é o próprio programa do PS que no seu cenário macroeconómico prevê que vai haver défice em 2026”, considerando que isto confirma que os socialistas “desvalorizam as contas certas”.

Para Castro Almeida, o PS “está a abandonar a política de contas certas”, o que, diz, não é de admirar, porque “Pedro Nuno Santos valoriza pouco as contas certas”, considerando que isso é o contrário de socialistas como Mário Centeno, Fernando Medina ou António Costa, que sempre as valorizaram.

Tudo depende da mistura de políticas. O que é necessário é que, no fim de tudo, considerando todas as despesas e todas as receitas, haja equilíbrio orçamental. E a AD o que defende é equilíbrio orçamental e é isso que estamos a praticar”, disse, considerando que “o PS quebra este consenso que em Portugal se gerou em torno das contas certas”.

Os tempos que correm exigem prudência, muita prudência. O que o PS propõe é irresponsabilidade. É mesmo grau zero da responsabilidade política e financeira.

Castro Almeida

Os tempos que correm exigem prudência, muita prudência. O que o PS propõe é irresponsabilidade. É mesmo grau zero da responsabilidade política e financeira”, criticou, questionando quanto custa cada medida e “onde vai o PS inventar o dinheiro”.

Quanto ao IVA zero de forma permanente para um conjunto de bens alimentares – uma medida aplicada temporariamente pelo Governo de António Costa para combater a inflação – o social-democrata usou declarações do governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, que dizia, em 2023, que esta era uma medida com um “grande risco” de poder “não ser sentida” pelos consumidores finais e tinha um custo orçamental “relativamente elevado”.

Questionado quando será conhecido o programa eleitoral do PSD/CDS-PP, Castro Almeida disse que “será apresentado brevemente”. “As pessoas já sabem o que é que Luís Montenegro pensa, mas o programa será apresentado muito breve”, disse.

No programa eleitoral do PS, pode ler-se que “após medidas, o exercício apresenta saldos orçamentais equilibrados, uma redução sustentada da dívida pública e um crescimento médio da despesa corrente primária de 4%, em linha com o crescimento do PIB nominal”.

Segundo o cenário do PS, haveria um excedente de 0,1% em 2025, em 2026 o país voltaria a ter défice, previsto nos 0,4%, em 2027 e 2028 o saldo orçamental ficaria nos 0,0% e só em 2029, o último ano da legislatura, se voltaria a um excedente de 0,1%.

No mesmo quadro, os socialistas preveem uma redução da dívida pública ao longo de toda a legislatura, sendo que em 2025 seria de 90,4% e em 2029 terminaria em 76,6%.

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Latitude, a nova bússola dos viajantes que procuram histórias

  • Rita Ibérico Nogueira
  • 6 Abril 2025

Latitude é o novo projeto dos Octant Hotels que revela tradições e tesouros locais. Em outubro, o Douro recebe um fim de semana imersivo com gastronomia, arte e experiências únicas.

Há lugares que não se descobrem, reconhecem-se. Como se já lá tivéssemos estado noutra vida, ou como se o silêncio das pedras e o aroma do pão no forno nos sussurrassem memórias antigas. É para esses lugares que aponta o Latitude, o novo projeto dos Octant Hotels que não é apenas uma plataforma — é uma bússola sensível ao tempo, à terra e às pessoas, feita para quem viaja com os sentidos e com propósito.

Apresentado como uma extensão natural da filosofia da marca, o Latitude convida os viajantes a redescobrir Portugal pelas suas raízes, tradições e personagens — longe dos roteiros turísticos convencionais. Nasce da vontade de revelar o que não se encontra nos guias e de dar palco ao que verdadeiramente define um lugar: as pessoas, os gestos e os sabores que contam uma história maior. Latitude é, nas palavras de Filipe Bonina, Diretor de Marketing da Discovery Hotel Management, “um manifesto para viajar com propósito, mergulhando na essência de cada lugar”.

Disponível online, o projeto reúne mais de 200 sugestões curadas pela equipa dos Octant Hotels, que durante meses percorreu o território à volta das suas oito unidades, do Alentejo aos Açores, passando pelo Algarve e pelo Douro, à procura dos tais “pequenos grandes mundos” que fazem a diferença.

O resultado é um verdadeiro mapa afetivo. Entre os destaques estão as festas do Espírito Santo nos Açores, com a tradição do “picar da carne”, o trabalho minucioso do artesão Joaquim Boavida na construção de cadeiras alentejanas ou o entusiasmo do algarvio António Manuel Marques, apaixonado por aves e por preservar a fauna local. Histórias reais, contadas por quem vive e sente o território.

As sugestões estão organizadas por temáticas como Gastronomia, Heróis Locais, Arts & Crafts e Fauna & Flora, criando uma teia de experiências que vai além do hotel e que transforma a estadia num ato de descoberta.

E se o Latitude nasceu digital, em outubro (24 a 26) será possível vivê-lo ao vivo. O Octant Douro será o epicentro de um fim de semana imersivo onde se celebra a autenticidade local com um programa feito de encontros improváveis, sabores puros e arte com identidade. Durante dois dias, chefs, artesãos, produtores e artistas da região vão ocupar os espaços do hotel com uma programação que inclui jantares de degustação, concertos, talks intimistas, ioga à beira-rio e passeios pelo prado. Um convite a sentir o Douro por dentro — com a sofisticação descontraída que define o luxo informal da marca Octant. A experiência será ainda personalizável, com possibilidade de acrescentar momentos especiais, como jantares privados ou provas de vinhos premium.

Este primeiro evento Latitude propõe um novo olhar sobre o turismo de luxo, ancorado na identidade e na emoção. Porque o que realmente marca uma viagem não são os quilómetros percorridos, mas os laços que se criam com o lugar.

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BMW X6: A “Besta” bávara ficou mais agressiva e sedutora<span class='tag--premium'>premium</span>

Ousado e sedutor na estrada, mas também polémico, controverso e particularmente pesado na carteira, é assim feita a matéria do BMW X6 após um renovado facelift.

Este artigo integra a 13.ª edição do ECO magazine, que pode comprar aqui.Desde 2008 que o BMW X6 tem sido o elefante na sala do mundo automóvel -- impossível de ignorar e difícil de categorizar. Atualmente na sua quarta geração, esta “besta” recebeu recentemente um faceliftque o torna ainda mais agressivo, mas surpreendentemente mais romântico. É como se o Hulk tivesse ido a um spade luxo e voltasse de smoking. Ao volante do xDrive40d M Sport testado pelo ECO, rapidamente se percebe que esta não é uma simples maquilhagem. O motor de 3.0 litros de 6 cilindros em linha, com 352 cavalos de potência e 720 Nm de binário, é como ter um rinoceronte sob o capô -- poderoso, mas surpreendentemente ágil. A aceleração dos 0 aos 100 km/h em 5,5 segundos faz-nos sentir como se estivéssemos numa

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Movimento de Seguro lança campanha contra ‘fake news’

  • ECO
  • 6 Abril 2025

O Movimento UPortugal, presidido pelo antigo líder do PS António José Seguro, lança este domingo uma campanha de sensibilização contra as 'fake news'.

O Movimento UPortugal, presidido pelo antigo líder do PS António José Seguro, lança este domingo uma campanha de sensibilização contra as ‘fake news’, pretendendo contribuir “para a defesa da democracia dos seus inimigos” e proteção dos cidadãos da manipulação.

António José Seguro, que está a refletir sobre uma eventual candidatura presidencial, lançou este movimento em janeiro para contribuir para a participação cívica dos portugueses, recusando então que tivesse qualquer relação com apoio a uma eventual corrida eleitoral.

Segundo informação adiantada à agência Lusa, esta campanha de alerta e sensibilização contra as ‘fake news’ (notícias falsas), que é hoje lançada nas redes sociais, é a primeira ação pública deste movimento.

“Este projeto pretende contribuir para a defesa da democracia dos seus inimigos e proteger os cidadãos da manipulação, das mais diversas naturezas”, explica-se na mesma nota.

A justificação para esta campanha é o “crescente número de notícias falsas” e o “sensível contexto nacional”.

“O combate à desinformação exige um compromisso contínuo e a participação ativa de todos. Cada pessoa tem um papel fundamental de verificar a veracidade das informações antes de compartilhá-las, contribuindo para um ambiente digital mais seguro e confiável”, defende.

No total são nove publicações sob o lema “Falso ou verdadeiro? Aprenda a identificar” e através das quais se aconselha, por exemplo, que se verifique uma notícia em vários locais, que se veja a data ou a ler antes de partilhar.

O alerta de que as imagens difundidas podem ser falsas e que isso não significa que aconteceu de verdade ou o conselho de pensar caso uma notícia cause medo, raiva ou ódio, são outras das mensagens passadas nesta campanha.

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A psicologia e o Sporting. Este é João Massano, o novo bastonário da Ordem dos Advogados

"Este foi um dos dias mais felizes da minha vida, profissional e pessoalmente falando", disse, na noite de 31 de março, em que conseguiu derrotar a bastonária incumbente, Fernanda de Almeida Pinheiro.

Filho único, nascido e criado em Odivelas por um funcionário da rodoviária e de uma mãe que começou a trabalhar nas limpezas para ajudar a pagar os custos da faculdade do filho, João Massano, advogado, 54 anos, até aqui líder do Conselho Regional de Lisboa da Ordem dos Advogados, é o novo bastonário da classe de quase 37 mil advogados.

“Este foi um dos dias mais felizes da minha vida, profissional e pessoalmente falando”, disse, na noite de 31 de março em que conseguiu derrotar a bastonária incumbente, Fernanda de Almeida Pinheiro, com mais 1.500 votos (acabou com cerca de 54% do total dos votos). Logo nessa noite, prometeu acabar com a divisão da classe porque “não podemos alimentar o ódio entre advogados ricos e pobres.” João Massano foi eleito Bastonário da Ordem dos Advogados com uma missão, segundo o próprio: “reconstruir pontes, unir a classe e defender os interesses de todos os colegas — sem exceções. Não me afastarei da realidade da advocacia. Continuarei a exercer, lado a lado com os colegas nas salas de audiência, porque acredito que é aí que um Bastonário deve estar: próximo, presente e ativo”.

Obcecado pelo Sporting desde jovem – “não por influência paterna mas por causa de um amigo meu que me começou a levar aos jogos em Alvalade” – admite que a maior loucura que fez pelo seu clube foi no dia em que fez uma viagem de Viana do Castelo a Lisboa – só para conseguir festejar o título no último jogo do campeonato em Alvalade – tendo voltado na mesma noite. Fez parte da Juve Leo, “numa fase em que as claques eram bem mais civilizadas” e sublinha a “traição” que sentiu quando Ruben Amorim saiu do seu clube.

Pai de uma filha e de um filho filhos já adultos – que optaram por não seguir direito – o advogado admite que o momento mais traumático da sua vida foi a morte de ambos os pais com apenas meses de diferença, em 2020, no ano em que acabara de ser eleito para o primeiro mandato frente ao Conselho Regional de Lisboa. Na noite que vence as eleições a bastonário, pensou de imediato nos seus pais e na pena de não estarem a assistir a “este momento tão importante para mim”.

O direito e a certeza de ser advogado surge no 9º ano quando decide que iria para a área de Humanidades – mas “mas não para fugir à matemática” mas sim para fazer alguma diferença, “mexendo e tocando na vida das pessoas. E tínhamos, na altura, aquela ideia de justiça que nos foi passada pelas séries americanas, que também ajudou…”, diz a rir.

FOTOS: HENRIQUE CASINHAS

Quando fala da infância diz apenas que foi “normal” mas conta que guarda ainda muito boas memórias dos tempos passados na ‘terra’ dos pais, em Estremoz, Alentejo. “Era a altura que eu gostava mais do ano. Recordo, por exemplo que, à data, o meu pai não tinha carro e eu nunca tive carro até aos 22, mais ou menos. Então, eu ia à terra e andava no carro do meu tio. E isso para mim era um festival porque eu gostava das luzes do tablier, daquilo tudo”, diz o advogado que assume gostar muito de conduzir o seu Mercedes elétrico que “parece uma nave espacial”.

Apesar de não ter tido uma infância privilegiada, frequentou um colégio privado até à primária, o que, admite, que foi sempre um “ambiente protegido”. O choque da realidade e do mundo real viria quando chega ao 7º ano, a um liceu com muitos alunos e em que viu as notas baixar a pique. Mas, chegado ao 10ª ano, melhorou a atitude e aplicou-se. E com isso conseguiu a entrada numa das melhores faculdades do país: a faculdade de direito da Universidade de Lisboa. Da faculdade não guarda recordações memoráveis e admite que o primeiro ano de direito foi um “pesadelo”. “Estávamos na fase da PGA, das manifestações estudantis, fizemos o primeiro ano num só semestre e eu, para passar o tempo, decidi ir tirar um curso de eletricidade na Lisnave”. Aí, conheceu pessoas diferentes, “muito diferentes do que estava habituado. Apesar de ser humilde, nunca tinha estado num ambiente fabril”.

Na faculdade, foi desde logo confrontado pela diferença de classes: “notava-se a diferença entre os que tinham pouco e os que tinham muito e que chegavam de carro descapotável à faculdade. E as pessoas ou colegas meus que em casa discutiam política ou direito à hora do jantar, obviamente tinham uma vantagem sobre mim”. Foi colega de João Tiago Silveira e Rui Patrício, sócios da Morais Leitão, de Sérgio Sousa Pinto ou de Marcos Perestrelo, mas assume que o seu núcleo duro de amigos – que ainda hoje se mantém – não foi o dos colegas de direito, mas sim o os que o acompanhavam desde os tempos de criança de Odivelas. Pelo meio – apenas com 21 anos e em pleno 3º ano de direito – nascia a sua filha, mas isso não impediu o advogado de ainda fazer um mestrado de ciências jurídico-empresariais. E talvez por isso essa fase estudantil não tenha sido uma época de farras e copos. “Saí mais à noite depois, com 30 ou 40 anos, do que nesta altura”. Ou também porque já na altura tinha a paixão pelo atletismo, tendo chegado a ser desportista federado. “Ainda hoje, correr é das coisas que faço no pouco tempo livre que tenho”. Mais ainda quando foi sempre dominado pela sensação de que não queria desiludir os pais. “Depois dos sacrifícios todos que fizeram eu tinha que acabar o curso”.

Um período que também admite ter sido muito duro, com alguns professores que não esquece. Recorda “a Prof. Magalhães Colaço e ela era dura mas tinha razão. Acabou por ser uma das professoras que mais me marcou”, diz João Massano referindo-se à primeira mulher, em Portugal, a obter o doutoramento em Direito. A esta lista junta ainda o constitucionalista Jorge Miranda e Marques dos Santos, que lecionava a cadeira de Direito Internacional Privado.

O estágio veio a seguir. Aliás, os dois estágios. “Fiz dois estágios mas não correram muito bem porque os meus patronos mal tinham tempo para me acompanhar”. Seguiu-se a sua primeira contratação na sociedade de advogados de Alcides Martins, na Av. Duque de Loulé, em Lisboa. Em 2004 tornou-me sócio fundador da ATMJ com o amigo António Jaime Martins mas acabaria por sair em rutura com o advogado que, agora, foi eleito presidente do Conselho Superior da Ordem dos Advogados. Manteve uma carreira académica durante cerca de 17 anos, como docente universitário na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, na Universidade Lusófona e na Universidade Moderna. Agora trabalha no seu escritório de prática individual e admite que, gosta da liberdade que pode ter com isso”. Apesar de nada ter contra o sistema de acesso ao direito, não está inscrito no SADT e não faz defesas oficiosas porque não tem tempo. Recusa a ideia de ter sido eleito pela elite da advocacia e dos grandes escritórios de advogados e reforça o mote da sua candidatura e programa eleitoral de “unir a advocacia”.

Atualmente é assíduo das redes sociais: “Estou em todas e acho importante” mas admite que o que gosta mesmo é do contacto com as pessoas, olhos nos olhos. Sublinha que a campanha eleitoral – em que teve apenas dois meses para percorrer o país de lés a lés – sempre teve esse objetivo: conhecer as pessoas, explicar-lhes o programa eleitoral. Campanha essa que só interrompia quando o ‘seu’ Sporting jogava em Alvalade. É ainda assíduo como comentador televisivo há uns anos, primeiro na TVI e agora na RTP.

Frequentador de festivais de música, sendo o NOS Alive o favorito, considera que a música tem de ser um bálsamo diário. “Eu ouço tudo, ouço tudo. Por exemplo, agora, de vez em quando ouço e gosto bastante do Kendrick Lamar, Imagine Dragons, Coldplay, entre outros”.

Atualmente, confessa que está numa fase de ouvir e ler sobre questões que mexam com a parte da psicologia e da mente. “É o que me fascina mais agora, perceber como a nossa mente funciona e como nós funcionamos sociologicamente”, assumindo que outra das vocações que poderia ter seguido como licenciatura foi a psicologia. Confessa ainda, sem medos ou vergonha, que na altura da morte dos pais, “porque coincidiu com muitos eventos que não foram fáceis de lidar, apesar de ter conseguido resistir em termos de trabalho, não passei por momentos muito fáceis e aí tive que recorrer a algum apoio profissional”.

A política e João Massano

Politicamente, não consegue definir-se como um homem de esquerda ou de direita – “tanto voto no PS como no PSD” – mas em novo conta que chegou a ter uma aproximação ao PS, na fase em que Mário Soares se candidatava a Chefe de Estado. “Eram os tempos do MASP, do ‘Soares é fixe’ mas nunca fui filiado na Juventude Socialista”. Agora, considera que o país não precisava de ir a eleições antecipadas, não consegue dizer se a culpa do atual cenário é de Pedro Nuno Santos ou de Luís Montenegro e a verdade é que faz parte da percentagem de indecisos relativamente à intenção de voto nas eleições de 18 de maio. Critica o poder político pela falta de ideias de fundo e de ideologias marcadas e admite que muitas vezes nem percebe se uma medida de Montenegro é de esquerda ou de direita. Politicamente, tem uma certeza: não gosta de extremos porque, ele próprio, é um homem “tranquilo, moderado e pouco impulsivo”. Qualidades que aprendeu desde que começou a ter um papel ativo na estrutura da OA e em que conta que foi alvo de muitos ataques de caráter. “Chamaram-me de tudo. E esta vitória, assim, tem ainda mais importância para mim”. Aprendeu, com isso, que “o melhor mesmo é não responder nem dar importância”.

Do 25 de abril pouco se lembra porque tinha apenas 4 anos mas recorda-se do 11 de março de 1975 – a tentativa de golpe de estado dirigida por António de Spínola, precedida pela manifestação da “maioria silenciosa” – em que “havia o terror que houvesse uma guerra civil e os meus pais queriam levar-me para as beiras para ficar lá escondido e protegido dos ataques dos malucos da extrema-esquerda na altura, porque havia o temor que de repente houvesse uma guerra civil”.

Ligado ao Conselho Regional de Lisboa da Ordem dos Advogados desde 2011, primeiro, como vogal Tesoureiro depois, nos dois mandatos seguintes, como Vice-Presidente responsável pelo pelouro da Formação e, finalmente (desde 2019), como Presidente do CR Lisboa, foi Vasco Marques Correia (ex-líder do mesmo órgão) que o levou para os corredores do Largo de Santa Bárbara de onde nunca mais saiu.

FOTOS: HENRIQUE CASINHAS

Sob o mote “Juntos Podemos Mais”, na noite eleitoral, o bastonário eleito para o próximo triénio – e que deverá tomar posse nos primeiros dias de maio – promete uma mudança “baseada em medidas concretas, trazendo uma liderança forte e moderna e que trabalha com todos e cada um dos advogados”.

E ainda o que chama de “liderança transparente”, que “não se feche em Lisboa na sua torre de marfim”, com uma nova energia e novas ideias para a profissão. E que “dialoga com o poder político”.

Pretendo ainda devolver à OA o seu posicionamento original, de instituição que tem “competências fundamentais”, tais como, “defender o Estado de Direito e colaborar na administração da Justiça, representar a profissão de Advogado e reforçar a solidariedade entre os Advogados, promover o acesso ao conhecimento e aplicação do direito e contribuir para o desenvolvimento da cultura jurídica e ser ouvida na construção legislativa relevante para o exercício da Advocacia e colaborar na sua alteração para melhor”.

O mesmo acredita que, nos últimos anos, “estas competências têm sido descuradas, com efeitos perniciosos para a credibilidade da Ordem e para a reputação da Advocacia e de todos os Advogados”. Massano defende ainda que esse posicionamento, que considera errado, tem tido consequências nefastas para a profissão, tais como, “um clima de desunião e mal-estar na classe, que tem afastado os Advogados da vida da Ordem (…)”, bem como “uma erosão da reputação e da notoriedade da Ordem e da Advocacia, levando mesmo a que algumas portas se venham fechando ao seu contributo para construir uma Justiça melhor”.

Na Ordem, o novo ciclo começa no final da primeira semana de maio.

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PS quer Estado a comprar casas aos bancos para arrendamento acessível

O ataque à crise de habitação foi considerado prioridade por Pedro Nuno Santos. Alojamento Local, programa Revive, compra de habitações hipotecadas e IVA a 6% para construção a custos controlados.

O programa do PS para as eleições legislativas de 18 de maio, apresentado este sábado, propõe, sem detalhes, “fomentar um programa de aquisição por parte do Estado de habitações hipotecadas à banca, com garantia de arrendamento vitalício aos proprietários da mesma habitação ou integração dessas habitações em programas de arrendamento acessível”. Para os socialistas, “não há soluções únicas nem milagrosas para responder à crise da habitação, mas há um caminho claro: assumir a habitação como desígnio coletivo, com contributo do Estado, setor privado e cooperativo”.

Para aumento da oferta de habitação ao mercado, o PS propõe a transferência da forma de utilização de algum do parque atual. O polémico tema do alojamento local volta a ser mencionado pretendendo “repor um conjunto de regras mínimas de regulação do Alojamento Local (AL), e ao mesmo tempo incentivando a transferência de imóveis afetos ao AL para arrendamento de habitação permanente”.

Transformar segundas habitações em primeira, e única, passará por estabelecer um regime de isenção de tributação de mais-valias na venda de segundas habitações em zonas de pressão urbanística, sempre que as habitações sejam adquiridas para habitação própria e permanente.

Em sentido sancionatório prevê agravar as mais-valias em imóveis adquiridos e vendidos sem que estes tenham sido recuperados ou habitados. Também volta ao tema de avaliar o enquadramento fiscal a não residentes ou a residentes fora do espaço da EU, para efeitos de habitação.

O PS defende ainda a transferência progressiva da gestão dos imóveis do IHRU para as autarquias, adequando a gestão do património às realidades locais e otimizando assim a promoção de políticas públicas de habitação pelo IHRU.

Classe média com apoio ao arrendamento

Várias medidas para enquadrar o arrendamento estão previstas. Começa por rever a fórmula de cálculo para atualização de rendas, incluindo a evolução dos salários nos critérios de atualização em anos com inflação superior a 2%.

“Para promover um mercado de arrendamento eficaz e assente no equilíbrio entre as partes”, o PS promete elaborar um “Código do Arrendamento Urbano que unifique todas as regras do arrendamento num só instrumento jurídico equilibrado e simplificado. Quer ainda criar uma entidade fiscalizadora do arrendamento, promover um regime excecional de regularização de contratos informais reforçando garantias de senhorios e arrendatários, criar projetos de mediação, geridos pelas câmaras municipais, entre inquilinos e senhorios e fomentar a criação de seguros no arrendamento.

O PS também quer assegurar que todas as famílias com taxa de esforço elevada, incluindo as da classe média, têm acesso a um apoio ao pagamento da renda.

Ainda no lado da procura, o PS coloca reservas às medidas do Governo AD, pretendendo “assegurar condições de previsibilidade e segurança nos apoios à compra de habitação através de uma monitorização rigorosa do acesso ao mecanismo de Garantia Pública para apoio à compra da 1.ª Casa e avaliar “em diálogo com o Banco de Portugal, a introdução de mecanismos que garantam a proteção dos beneficiários da Garantia Pública em caso de incumprimento do pagamento do crédito à habitação”.

Construir mais habitação pública

No seu programa eleitoral propõe criar instrumentos permanentes de financiamento da construção de habitação pública, “especialmente dirigida à classe média, jovens, trabalhadores deslocados e estudantes do ensino superior, ampliando as soluções já postas em prática pelo Partido Socialista”.

Insiste na criação de uma dotação anual, financiada por parte dos dividendos da CGD, destinada à promoção e manutenção de habitação pelas autarquias.

Volta ainda ao seu programa Mais Habitação propondo executar as linhas de financiamento previstas e ainda não concretizadas, como a garantia mútua e bonificação de juro, para promoção de habitação para arrendamento acessível por parte de privados e cooperativas e quer Lançar o Programa REVIVE Habitação para agilizar a mobilização dos imóveis devolutos do Estado para habitação.

Para conseguir dar “maior celeridade, sustentabilidade, estabilidade e eficácia à promoção de habitação para as famílias carenciadas e a classe média”, pretende garantir regras de contratação pública mais ágeis e eficazes, salvaguardar um quadro fiscal estável e atrativo, nomeadamente com IVA a 6% para projetos de habitação a custos controlados, individuais ou coletivos, e a isenção fiscal para as rendas a preços acessíveis.

Promete ainda revisitar, com vista à sua simplificação, requisitos de construção que não se afigurem necessários e estabelecer condições de maior estabilidade legislativa, reforçando o planeamento estratégico e a previsibilidade dos investimentos.

Promover a habitação comunitária

Em complemento a medidas mais tradicionais, o PS propõe outras que considera “de combate à pobreza”. Desde logo promover “o contributo dos empregadores para soluções de habitação dos trabalhadores, assegurando uma regulamentação adequada das condições mínimas de alojamento temporário de trabalhadores deslocados ou migrantes e definindo responsabilidades dos empregadores nestes casos”.

Para libertar fogos para arrendamento, quer lançar projetos-piloto de uma nova resposta social inovadora com base em modelos de habitação colaborativa ou unidades de reforço de autonomia, em articulação com os municípios e com as políticas de habitação. Assim, o PS considera positiva a expansão de iniciativas de economia social como cooperativas direcionadas para habitação colaborativa (“co-housing”) com abordagens inspiradas no modelo “housing first”.

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Montenegro compara Pedro Nuno Santos a Sócrates e acusa PS de “prometer tudo a toda a gente”

  • Lusa
  • 5 Abril 2025

O presidente do PSD, Luís Montenegro, comparou o PS atual, que apresentou o seu programa eleitoral ao do antigo primeiro-ministro José Sócrates por "prometer tudo a toda a gente".

O presidente do PSD, Luís Montenegro, comparou o PS atual, que apresentou o seu programa eleitoral às próximas eleições legislativas, ao do antigo primeiro-ministro José Sócrates por “prometer tudo a toda a gente”. Na Póvoa de Lanhoso, distrito de Braga, na apresentação de Fátima Alves como candidata pela Coligação PSD/CDS-PP — Juntos Pela Nossa Terra, às eleições autárquicas deste ano, o líder dos sociais-democratas associou José Sócrates ao programa eleitoral do PS.

Hoje, a nossa candidata disse [na sua intervenção] que não estava aqui para fazer falsas promessas, que não estava aqui para prometer aquilo que não podia fazer. É curioso porque ao mesmo tempo que a Fátima [Alves] estava a falar, alguém mais longe, estava a apresentar o programa eleitoral para as eleições legislativas de 18 de maio, e estava precisamente, à boa maneira de um ex-primeiro ministro, chamado José Sócrates, a prometer tudo a toda a gente“, acusou Montenegro, no seu discurso.

Para o também primeiro-ministro em gestão, a política de “prometer tudo a toda a gente” é o caminho para o empobrecimento e para que as dificuldades aumentem no futuro. Foi a resposta à apresentação do programa eleitoral socialista, que apontou um conjunto de prioridades, entre as quais ressaltam três medidas: Repor o IVA Zero na alimentação, rever o atual Acordo de Concertação de forma a acelerar a subida do salário mínimo nacional para 1.110 euros por mês e reduzir o horário de trabalho semanal para 37,5 horas por semana.

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ECO Quiz. Tarifas de Trump, ‘cheques’ elétricos e ‘rankings’ das escolas

  • Tiago Lopes
  • 5 Abril 2025

Agora que termina mais uma semana, chegou a altura de testar o seu conhecimento. Está a par de tudo o que se passou esta semana?

Na semana que agora termina, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a implementação de tarifas recíprocas sobre importações de diversos países, com o objetivo de igualar os direitos aduaneiros que cada nação aplica aos produtos norte-americanos. Esta medida faz parte de uma estratégia mais ampla para “libertar” a economia dos EUA e reduzir o défice comercial. As novas tarifas variam conforme o país, refletindo as taxas que esses países impõem sobre os produtos dos EUA.

A ministra do ambiente, Maria da Graça Carvalho, indica que já estão esgotadas as verbas que estavam destinadas a veículos elétricos e bicicletas no âmbito do concurso para apoio à compra de veículos verdes. O Governo vai avaliar a capacidade para reforçar este programa.

Os alunos dos colégios voltam a ter melhores resultados nos exames do secundário, com a primeira escola pública a surgir apenas em 33.º lugar de uma tabela nacional em que os estabelecimentos públicos localizados no norte ficam melhor na fotografia.

O ECO publica todas as semanas um quiz, que desafia a sua atenção. Tem a certeza que está a par de tudo o que se passou durante a semana? Teste o seu conhecimento.

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Pedro Nuno ataca Montenegro. “Falta idoneidade ao líder do Governo”

  • Lusa e ECO
  • 5 Abril 2025

"Os impostos que temos de baixar não é que só alguns pagam, mas os que todos pagam", referiu Pedro Nuno Santos, na apresentação do programa do PS para as eleições legislativas.

O secretário-geral do PS afirma que “falta idoneidade” ao primeiro-ministro e que o projeto do Governo para Portugal não tem credibilidade, apontando a saúde e a habitação como “exemplos da incompetência”. Na apresentação do programa eleitoral com o qual o PS se apresenta às eleições legislativas, hoje em Lisboa, e ainda antes de anunciar as principais medidas, Pedro Nuno Santos começou com uma análise da situação política nacional e reiterou críticas ao Governo de Luís Montenegro.

Assegurando que os socialistas não vão fugir ao debate sobre primeiro-ministro, o líder do PS apontou “falta de seriedade do Governo que governa Portugal”. “Falta idoneidade ao líder do Governo e falta credibilidade ao projeto que o Governo dizia ter para Portugal”, acusou.

Para Pedro Nuno Santos, a avaliação da seriedade de um líder político é importante porque “ela é reflexo da forma como um Governo se comporta”, dando vários exemplos deste último ano durante o qual considerou que faltou esta seriedade.

O líder do PS não esqueceu o recente Conselho de Ministros no Mercado do Bolhão, no Porto, e acusou o executivo de usar “o dinheiro público e o Estado para fazer propaganda política”. A saúde, para o líder do PS, “é o expoente máximo da incompetência do Governo”.

Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS apresentou o programa do partido para as próximas eleições legislativas salientando que “os impostos que temos de baixar não é que só alguns pagam, mas os que todos pagam”.

Destacou o retorno do IVA zero a um pacote de produtos alimentares, a extensão do IVA de 6% na eletricidade de 2 milhões para 5 milhões de famílias e a redução do IUC, justificando que a ausência de transportes públicos em algumas zonas do país obriga a as pessoas a deslocarem-se de automóvel para o trabalho, concluindo “”Não é possível fazer uma transição energética contra as pessoas”.

Afirmou depois que mais de 2 milhões de famílias dependeram do apoio do Estado para comprar bilha de gás por apoio direto de 15 euros. Uma botija de 36 euros o dobro do que custa em Espanha. O PS regulou os preços e quer voltar a regular: “Quando o mercado não funciona, o Estado tem de intervir, mas subsidiar não resolve se as empresas não colaborarem, por isso tem de se fixar preços”, disse.

Após explicar a aposta na “redução sobre os impostos, a energia e a mobilidade, focou a Habitação estado precisa de construir casas. “Se o esforço de construir um parque público tivesse começado há 20 ou 30 anos as pessoas não viviam como vivem hoje”. Defendendo um fluxo estável de financiamento destinada à manutenção do parque habitacional, utilizando os dividendos da Caixa geral de Depósitos para resposta à crise de habitação, financiando as autarquias na construção de um parque público para “venda arrendamento ao povo português”, disse.

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PS quer repor IVA zero na alimentação, aumentar salário mínimo para 1.110 euros e reduzir horário de trabalho

Pedro Nuno Santos apresentou um programa eleitoral para as legislativas com "10 respostas para cinco prioridades". PS prevê ligeiro excedente em 2025, mas antecipa défice de 0,4% em 2026.

O secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, à chegada para partticipar na apresentação do programa eleitoral “Um novo impulso para Portugal” no Parque das nações, em Lisboa, 05 de abril de 2025. TIAGO PETINGA/LUSA

Repor o IVA Zero na alimentação, defende a revisão do atual Acordo de Concertação de forma a acelerar a subida do salário mínimo nacional e quer reduzir o horário de trabalho semanal para 37,5 horas, são medidas de destaque do Partido Socialista ao apresentar este sábado a síntese do seu programa eleitoral para as eleições legislativas.

Intitulado “Um Novo impulso para Portugal – 10 respostas para 5 prioridades, o PS resumiu as medidas na “Redução Do Custo De Vida, Habitação Como Maior Desafio Nacional e Um SNS Universal, Forte E Resiliente, Menos Tempo De Trabalho, Mais Salários e Apoiar As Jovens Famílias”.

A medida com maior impacto é “assegurar às famílias o regresso – agora de forma permanente – do IVA Zero na alimentação”, retomando o PS um regime temporário criado no governo de António Costa como resposta à subida da inflação, selecionando 46 produtos alimentares de maior consumo para a adoção de 0% de IVA.

Avançar com a redução faseada da semana de trabalho de 40 horas para 37,5 horas para todos os trabalhadores, “no quadro de um acordo de Concertação Social”, é outra das pretensões do PS para a nova legislatura. Um novo acordo de Concertação Social deve ainda estabelecer uma valorização dos salários, “com metas mais ambiciosas na trajetória do SMN e do salário médio, com o objetivo de atingir pelo menos 1.110 euros e 2.000 euros em 2029, respetivamente”. O atual Acordo prevê uma subida anual de 50 euros no salário mínimo, culminando em 2029 nos 1.020 euros.

Ainda no combate ao custo de vida, o programa prevê a aplicação da taxa de 6% do IVA à totalidade do consumo de energia elétrica para as famílias com potência contratada até 6,9 kVa. Desde de 1 de janeiro de 2025 esse benefício está restrito a consumos de 200 kWh e, no caso das famílias numerosas, de 300 kWh. Todo o restante consumo, mantém-se sujeito à taxa de IVA de 23%.

O partido pretende ainda a fixação do preço do gás engarrafado com base numa proposta da ERSE, que reavaliará periodicamente o limite de preço. Propõe ainda reduzir em pelo menos 20% o IUC dos veículos até média cilindrada, matriculados após 1 de julho de 2007.

Em relação à habitação, o PS quer estabelecer uma dotação anual, financiada por parte dos dividendos da CGD, destinada à construção ou promoção e requalificação de habitação pública pelas autarquias. Quer ainda assegurar que “todas as famílias com taxa de esforço elevada, incluindo as da classe média”, têm acesso a um apoio ao pagamento da renda.

Na área da saúde, o PS pretende “colocar mais médicos de família nos centros de saúde que mais precisam de médicos através da criação de um apoio ao alojamento para médicos que aceitem deslocar-se”. Junta novos serviços ao SNS, pretendendo integrar a medicina dentária e a saúde mental no pacote de cuidados básicos do SNS, e generalizar os rastreios visuais e auditivos na infância.

Para apoio das jovens famílias, o PS propõe aumentar em 50% o valor do abono de família para as crianças dos 3 aos 6 anos, em todos os escalões de rendimento e Criar o Programa “Pé-de-Meia”, em que o Estado atribui 500 euros em certificados de aforro a cada criança nascida, com efeito retroativo a nascimentos desde 1 de janeiro de 2025, valor que pode ser reforçado e resgatado aos 18 anos de idade. Miguel Costa Matos, deputado socialista responsável pela coordenação do Manifesto Legislativas 2025, referiu à Lusa que “se olharmos para aquela que é a taxa de juro neste momento aplicada nos certificados de aforro, irá crescer dos 500 euros para os 768 euros, que poderão ainda ser reforçados pelas famílias“, concluiu.

Os socialistas estimam que, com 85 mil crianças nascidas por ano, no final da legislatura haverá certificados emitidos no valor de 215 milhões de euros e uma despesa anual com juros de 5,1 milhões de euros, que não terá impacto imediato, e que concluem ser “perfeitamente justificados”.

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Produtores portugueses indisponíveis para exportar ovos para os EUA

Embaixada americana já procurou ovos em Portugal, mas os produtores não têm disponibilidade. Gripe das aves nos EUA é principal "culpada" pela escalada de preços.

Os EUA estão a braços com a gripe das aves e a embaixada americana já entrou em contacto com os produtores portugueses de ovos na esperança de algum aprovisionamento. No entanto, Portugal não tem disponibilidade para abastecer o mercado norte-americano, apesar de também já ter visto os preços dispararem.

Tanto a Companhia Avícola do Centro como a Associação Nacional dos Avicultores Produtores de Ovos (Anapo) confirmam ao ECO que já receberam pedidos para enviar ovos para os EUA, apesar de Portugal “não ter disponibilidade para exportar“. “Há compromissos assumidos com a distribuição nacional”, explica Paulo Mota, líder desta associação que representa o setor no país.

“Já recebemos contactos diretos de uma empresa americana e indiretos através da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), por via da embaixada americana”, assume o administrador da Companhia Avícola do Centro, Manuel Sobreiro. O responsável acrescenta também que os produtores portugueses “não têm disponibilidade”, tendo em conta “os compromissos que têm para abastecer o mercado interno e o espanhol”.

Já recebemos contactos diretos de uma empresa americana e indiretos através da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária, por via da embaixada americana.

Manuel Sobreiro

Administrador da Companhia Avícola do Centro

O administrador da Companhia Avícola do Centro detalha que em 2015 exportou 6.500.000 dúzias de ovos para os EUA, altura em que se verificou um grande surto de gripe aviária, mas, depois desse ano, tal não voltou a acontecer. “Nunca mais nos foi solicitado, até porque, em condições normais, é um dos mercados ao nível dos ovos com mais protecionismo“, afiança Manuel Sobreiro.

Localizada na Bidoeira de Cima, em Leiria, a Companhia Avícola do Centro tem um efetivo de 3,4 milhões de galinhas poedeiras, distribuídas por 65 explorações em todo o território nacional. O grupo classifica e embala anualmente mais de 900 milhões de ovos, emprega 680 pessoas (590 em Portugal e 90 em Espanha) e fechou 2024 com um volume de negócios consolidado de 240 milhões de euros.

A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) disse que a capacidade produtiva do país é de 104%, o que significa que Portugal tem uma pequena margem para exportação além de abastecer a totalidade do consumo interno.

Alfredo Martins, diretor geral da Zêzerovo, recorda ao ECO que os “graves problemas de gripe aviária não são um problema exclusivo dos EUA” e que “a Europa também teve casos de gripe das aves“. Apesar de se dedicar apenas ao mercado nacional, a produtora, que tem dois milhões de galinhas poedeiras, que dão 550 milhões de ovos por ano, explica que a “subida de preços” que se tem verificado “é o mercado a funcionar com base na oferta e procura”. O porta-voz recorda que “existem anos em sentido contrário “, em que “os preços descem muito e abaixo do custo de produção”.

A subida de preços é o mercado a funcionar com base na oferta e procura.

Alfredo Martins

Diretor geral da Zêzerovo

O diretor geral da Zêzerovo justifica a subida dos preços pelo “aumento da procura, já que o ovo é o segundo alimento mais rico nutricionalmente, e ainda assim a preço mais acessível”. O líder da Anapo, a associação nacional do setor, estima que cada português consuma, em média, cerca de 200 ovos por ano. Paulo Mota faz uma analogia e diz que, pelo “preço de um café, conseguimos fazer uma refeição de ovos, por exemplo uma omelete”.

Ainda assim, o responsável da Zêzerovo está convicto que “o preço deve estabilizar” e que “não são esperadas novas subidas”.

Gripe das aves nos EUA é a principal culpada da subida do preço dos ovos em Portugal

Mesmo assim, o presidente da Anapo, Paulo Mota, confirma ao ECO que a crise aviária nos EUA é um dos principais culpados pela subida do preço dos ovos em Portugal, aliada ao “aumento dos custos de produção nos últimos anos” e ao “aumento do consumo”. “Estes fatores todos juntos acabam por refletir-se no bolso dos consumidores” por via do custo dos ovos, afirma Paulo Mota.

Dados da Deco Proteste mostram que o preço da dúzia de ovos em Portugal registou um aumento de 27% desde o início deste ano, sendo o produto com maior variação de preço. Feitas as contas, se a 1 de janeiro custava 1,61 euros, no início de abril o preço era de 2,05 euros, e nos 12 meses até abril de 2025, o aumento foi de 32%.

Igualmente, desde o final de 2022, o preço dos ovos nos EUA tem vindo a aumentar de forma constante, impulsionado pelo surto de gripe aviária que já levou ao abate de mais de 100 milhões de galinhas poedeiras, sendo que só este ano mais de 30 milhões de galinhas foram mortas.

Devido à escassez de ovos no mercado norte-americano, os EUA têm pedido mais exportações a países como o Brasil, mas também à Europa, numa altura em Trump anunciou tarifas recíprocas para “países em todo o mundo” e os produtos da UE vão pagar 20%.

Este surto fez com que os ovos atingissem preços recorde. Dados do Departamento de Agricultura dos EUA mostram que o custo da dúzia de ovos aumentou 63% no último ano. E, no início do ano, uma dúzia de ovos custava cinco dólares, um preço recorde, sendo que em alguma das grandes cidades o preço chegou a tocar nos dez dólares por dúzia, avança a Reuters.

No início de março, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acusou Joe Biden, de deixar o país numa “catástrofe económica e um pesadelo de inflação”, incluindo com falta de ovos em muitos supermercados ou com preços muito elevados. “Joe Biden deixou descontrolar o preço dos ovos e estamos a trabalhar arduamente para reduzi-lo novamente”, disse Trump.

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Credores aprovam venda da Inapa Packaging a empresa de Carlos Martins

  • Lusa
  • 5 Abril 2025

Por 600 mil euros os credores da Inapa Portugal aprovaram a venda da Inapa Packaging à Black and Blue passando o empresário Carlos Martins a controlar todos os ativos propostos.

Os credores da Inapa Portugal aprovaram a venda da Inapa Packaging à Black and Blue Investimentos, passando o empresário Carlos Martins a controlar todos os ativos por si propostos num pacote de 600 mil euros.

À Lusa, o administrador de insolvência, Bruno da Costa Pereira, disse que na reunião da comissão de credores, que decorreu esta sexta-feira, foi aprovada a operação de venda Inapa Packaging, por 130 mil euros.

Após esta reunião da comissão de credores, os ativos da distribuidora de papel, que entrou em insolvência em julho de 2024, vão passar a ser controlados pela empresa de Carlos Martins, fundador e presidente do conselho de administração da Martifer.

A venda da Inapa Packaging insere-se num pacote de 600 mil euros proposto pelo empresário, que contempla também a Inapa Portugal, por 390 mil euros, e a Inapa Comunicação Visual, por 80 mil euros. A venda destas duas últimas já tinha sido aprovada esta semana pelos credores.

Após a aprovação pelos credores, do ponto de vista técnico, dos três processos, na próxima semana irá avançar a formalização da transação que deverá ficar concluída até ao final deste mês, segundo referiu Bruno da Costa Pereira.

Em julho do ano passado, a ‘holding’ Inapa IPG anunciou a insolvência devido a uma “carência de tesouraria de curto prazo” da sua subsidiária Inapa Deutschland GmbH no montante de 12 milhões de euros, para a qual não foi encontrada solução.

Fundado em 1965 e líder em Portugal na distribuição de papel e embalagens, o grupo Inapa tem como principal acionista a empresa pública Parpública, com 44,89% do capital social.

Em agosto, as Finanças demitiram a administração da Parpública, liderada por José Realinho de Matos, e escolheram Joaquim Cadete para lhe suceder.

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