“Ambrósio, apetecia-me…” uns cereais. Ferrero quer comprar fabricante da Kellogg’s por três mil milhões

A conhecida empresa de chocolates italiana poderá fechar o negócio já esta semana, levando os títulos da fabricante do Corn Flakes a disparar em bolsa, já após o fecho do mercado.

A empresa de chocolates italiana Ferrero, que ficou associada à famosa publicidade “Ambrósio, apetecia-me tomar algo”, está em conversações avançadas para comprar a fabricante de cereais norte-americana WK Kellogg, dona de marcas como Corn Flakes, Froot Loops e Frosted Flakes, num negócio avaliado em três mil milhões de dólares. As ações da empresa norte-americana reagiram em forte alta a esta notícia, com os títulos a dispararem até 50%.

Segundo uma notícia avançada pelo Wall Street Journal esta quarta-feira, o acordo entre a dona da Nutella e dos chocolates Ferrero Rocher poderá ser fechado ainda esta semana, levando as ações da empresa de cereais a disparar mais de 50% em bolsa já após o fecho do mercado, apontando para uma abertura em forte alta, esta sessão.

A WB Kellogg fechou a última sessão a negociar nos 14,93 dólares e os títulos seguiam a negociar antes da abertura nos 17,50 dólares.

A empresa de cereais estava avaliada esta quarta-feira com uma capitalização bolsista de apenas 1,5 mil milhões de dólares e tem ainda uma dívida superior a 500 milhões de dólares.

A origem da empresa remonta a 1894, quando Will Keith Kellogg criou os Corn Flakes, levando à criação do negócio no início do século XX. No entanto a empresa tem estado a ressentir-se com as mudanças de hábitos no consumo dos norte-americanos, que procuram soluções de pequeno-almoço mais saudáveis.

Com uma faturação de 18,4 mil milhões de euros, a italiana Ferrero conta mais de 80 anos de história e é hoje a terceira maior empresa de chocolates do mundo, com 35 marcas vendidas em mais de 170 países, incluindo marcas bem conhecidas como o Ferrero Rocher, Raffaello, Nutella ou o Kinder.

A Ferrero tem vindo a expandir a sua atividade e nos últimos anos fez várias aquisições nos EUA. Em 2022 comprou a Wells Enterprises, que vendia os gelados Blue Bunny e Blue Ribbon.

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Taxas Euribor sobem a três, a seis e a 12 meses

  • Lusa
  • 10 Julho 2025

Taxas usadas no cálculo da prestação mensal da casa subiram a três, a seis e a 12 meses e ficaram acima de 2% nos três prazos.

As taxas Euribor, que servem de base para o cálculo da prestação da casa, subiram a três, a seis e a 12 meses em relação a quarta-feira e ficaram acima de 2% nos três prazos.

  • A taxa Euribor a seis meses subiu para 2,070%, mais 0,019 pontos que na quarta-feira.
  • No prazo de 12 meses, a taxa Euribor também avançou para 2,089%, mais 0,006 pontos do que na quarta-feira.
  • No mesmo sentido, a Euribor a três meses subiu para 2,001%, mais 0,032 pontos que na sessão anterior.

As médias mensais da Euribor voltaram a cair em junho nos dois prazos mais curtos, menos intensamente do que nos meses anteriores e de forma mais acentuada no prazo mais curto (três meses).

Já a 12 meses, a média mensal da Euribor manteve-se em 2,081%.

A média da Euribor em junho desceu 0,103 pontos para 1,984% a três meses e 0,066 pontos para 2,050% a seis meses.

Na última reunião de política monetária em 04 e 05 de junho, em Frankfurt, o Banco Central Europeu (BCE) desceu as taxas de juro em 0,25 pontos base, tendo a principal taxa diretora caído para 2%.

Esta descida foi a oitava desde que o BCE iniciou este ciclo de cortes em junho de 2024 e, segundo os analistas, deverá ser a última deste ano.

A próxima reunião de política monetária do BCE está marcada para 23 e 24 de julho em Frankfurt.

As Euribor são fixadas pela média das taxas às quais um conjunto de 19 bancos da Zona Euro está disposto a emprestar dinheiro entre si no mercado interbancário.

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Moção de censura a Ursula Von der Leyen chumbada

  • Joana Abrantes Gomes
  • 10 Julho 2025

Apesar da rejeição, a moção de confiança sinaliza a crescente oposição política a von der Leyen, que está cada vez mais em desacordo com dois dos principais partidos que a levaram ao poder.

O Parlamento Europeu chumbou esta quinta-feira a moção de censura contra a Comissão Europeia. O documento, que tinha sido apresentada por 77 eurodeputados de direita e extrema-direita, incluindo António Tânger Correia, eleito pelo Chega, foi rejeitado com 360 votos contra, 175 a favor e 18 abstenções.

Para ser aprovada, seria necessária uma maioria de dois terços dos votos expressos, que representasse a maioria dos membros que compõem o Parlamento. Se tivesse perdido a votação, Ursula von der Leyen e o Colégio de Comissários teriam sido obrigados a demitir-se.

Embora a maioria tenha apoiado a líder do Executivo comunitário, a vice-presidente do Parlamento Europeu, Katarina Barley, do grupo dos Socialistas e Democratas (S&D), disse que muitos eurodeputados estão determinados a que esta seja a “última oportunidade absoluta” para von der Leyen.

Muitos eurodeputados do Partido Popular Europeu (PPE), do S&D, dos liberais do Renew Europe e dos Verdes, que apoiaram a eleição da atual presidente da Comissão Europeia para um segundo mandato, não compareceram no momento da votação.

Não obstante, von der Leyen não está livre de problemas. A moção de confiança — a primeira desde 2014 — expõe a crescente oposição política à líder do Executivo comunitário que, como grande parte da Europa, parece ter-se desviado para a direita, colocando-a em desacordo com dois dos principais partidos que a levaram ao poder.

Ainda que tenha sobrevivido à moção votada esta quinta-feira, as famílias políticas de todo o espetro não deixaram de expor as suas queixas contra a Comissão no decorrer deste processo, sobretudo no que toca a matéria de transparência e de centralização do poder, do recuo no Pacto Ecológico ou de acusações de violação dos procedimentos institucionais da UE.

Para garantir o voto contra dos socialistas e dos liberais, que ameaçaram votar a favor da moção, von der Leyen prometeu manter o Fundo Social Europeu, destinado a combater a pobreza e a apoiar os grupos vulneráveis, como parte do orçamento da União Europeia, apesar das indicações anteriores de que ficaria de fora.

(Notícia atualizada às 12h17)

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INE confirma que inflação acelerou ligeiramente para 2,4% em junho

Índice de Preços no Consumidor (IPC) aumentou 2,4% no último mês, face aos 2,3% registados no mês anterior, confirmou o INE esta quinta-feira.

A taxa de inflação homóloga em Portugal aumentou para 2,4% em junho, acelerando uma décima face ao registado em maio, indicou esta quinta-feira o Instituto Nacional de Estatística (INE), confirmando a estimativa rápida feita no final desse mês. A subida do Índice de Preços no Consumidor (IPC) foi suportada pelo aumento dos produtos alimentares não transformados.

O indicador de inflação subjacente, que exclui produtos alimentares não transformados e energéticos, registou uma variação de 2,4% (2,2% em maio), acrescenta o INE. “A variação do índice relativo aos produtos energéticos diminuiu para -1,3% (0,1% no mês anterior) enquanto o índice referente aos produtos alimentares não transformados acelerou pelo quinto mês consecutivo, para 4,7% (4,0% em maio)”, refere o instituto.

Por classes de despesa, e face ao mês precedente, o INE destaca aumentos das taxas de variação homóloga dos transportes e do vestuário e calçado, com variações de 1,8% e -1,0% respetivamente (1,0% e -1,7% em maio).

Em sentido oposto, “assinalam-se as diminuições das taxas de variação homóloga das classes da habitação, água, eletricidade, gás e outros combustíveis e do lazer, recreação e cultura, com variações de 2,1% e 2,9% respetivamente (4,2% e 3,7% no mês anterior)”, indica o gabinete de estatística.

“Em junho, nas classes com maiores contribuições positivas para a variação homóloga do IPC, destacam-se a dos bens alimentares e bebidas não alcoólicas e dos restaurantes e hotéis“, explica o INE. Em sentido contrário, a classe com contribuição negativa mais relevante foi a do vestuário e calçado.

Em termos mensais, a taxa de inflação fixou-se em 0,1% em junho, uma variação que compara com os 0,7% no mês anterior e 0,2% em maio de 2024. Excluindo os produtos alimentares não transformados e energéticos, a variação do IPC foi nula (0,4% no mês anterior e -0,2% em junho de 2024).

O Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) português, que permite a comparação com os restantes países da União Europeia e que se diferencia do IPC devido à inclusão da despesa realizada pelos não residentes, registou variação homóloga de 2,1%, acima dos dos 1,7% no mês anterior.

(Notícia atualizada às 11h25 com mais informação)

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Exportações sobem 2,5% em maio impulsionadas pelas vendas para Espanha e Alemanha

O défice da balança comercial de bens atingiu 3,2 mil milhões de euros em maio, refletindo um agravamento de 935 milhões face ao mesmo mês do ano passado.

As exportações portuguesas de bens subiram 2,5% em maio, em termos homólogos, impulsionadas sobretudo pelas vendas para Espanha e Alemanha, de acordo com os dados divulgados esta quinta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Paralelamente, as importações aumentaram 12,1%, levando assim a um acréscimo do défice comercial.

O aumento homólogo da venda de bens portugueses ao exterior em maio veio contrariar a queda de 6% registada em abril, provocada nesse mês sobretudo pelos combustíveis. Segundo o organismo de estatística nacional, em maio, contudo, quando excluídas as transações com vista a ou na sequência de trabalhos por encomenda, ou seja, sem transferência de propriedade, o aumento foi menos expressivo: 1,5%. Já quando descontado os combustíveis e lubrificantes, o acréscimo das exportações foi de 5,2%

Fonte: INE

Em termos de categorias de produtos, em maio, destacam-se o aumento de 13,7% das exportações de máquinas e outros bens de capital, sobretudo para Espanha e para a Alemanha, e de 11,3% do material de transporte. Em sentido contrário, as exportações de combustíveis e lubrificantes caíram 31,6%, sobretudo para os Estados Unidos, refletindo “descidas em volume (-14,5%) e nos preços (-20,1%)”.

No global, entre os principais parceiros económicos, as exportações para a Alemanha subiram 12,7%, para Espanha 7,1%, enquanto para França aumentaram 2,4% e para os Estados Unidos 2,7%.

Já as importações de bens cresceram em termos homólogos 12,1%, o que compara com a taxa de 2% registada em abril. No entanto, o INE destaca que quando excluídas as transações sem transferência de propriedade, a subida foi de 3,5%.

Entre as principais compras de bens ao exterior assinalam-se os aumentos de 31,3% das importações de fornecimentos industriais, maioritariamente produtos químicos importados da Irlanda e dos Países Baixos, correspondentes, sobretudo, a
transações com vista a trabalho por encomenda.

Salienta-se também o acréscimo de 26,3% das importações de material de transporte, sobretudo de automóveis de passageiros. Por outro lado, as importações de combustíveis e lubrificantes registaram uma quebra de 28,1%, “maioritariamente óleos brutos de petróleo, refletindo sobretudo descidas nos preços (-27,7%), dado que em volume se registou uma diminuição residual de 0,5%”.

Com esta evolução o défice da balança comercial de bens atingiu 3,2 mil milhões de euros em maio, refletindo um agravamento de 935 milhões de euros face ao mesmo mês do ano anterior.

(Notícia atualizada às 11h43)

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Insolvências sobem 8,6% no primeiro semestre

No primeiro semestre do ano, houve um total de 1.100 empresas declaradas insolventes e também uma forte quebra na criação de empresas.

Até ao final do primeiro semestre foram decretadas 1.100 insolvências de empresas, uma subida de 8,6% face ao período homólogo, de acordo com os dados da Iberinform divulgados esta quinta-feira. A consultora contabilizou 305 processos de insolvência em junho, um aumento de 7,4% face ao mesmo mês do ano anterior.

Com 486 e 485 casos, respetivamente, Lisboa e Porto concentram o maior volume de insolvências, com crescimentos de 18% e 11,8%. Já em termos percentuais, as maiores subidas aconteceram em Angra do Heroísmo (+50%), Viana do Castelo (+44%), Leiria (+34,9%) e Bragança (+33,3%). Por outro lado, os maiores decréscimos verificaram-se na Madeira (-40,5%), Beja (-27,3%) e Viseu (-26,4%).

Por setor de atividade, os mais penalizados pelo aumento das insolvências, continuam a ser as telecomunicações (+100%), agricultura, caça e pesca (+63,3%) e transportes (+45,1%). O setor da eletricidade, gás e água registou a maior queda (-80%).

Número de novas empresas também em queda

A criação de novas empresas está em forte contração. Em junho foram constituídas 2.755 empresas, menos 1.036 face ao mesmo mês de 2024, o que representa um decréscimo de 27,3%.

Lisboa e Porto mantêm-se como os distritos com mais constituições no semestre, com 8.306 (-3,8%) e 4.707 (-0,8%) empresas, respetivamente. Contudo, alguns distritos contrariaram a tendência negativa: Viseu (+18,9%) e Évora (+14,5%) registaram os maiores crescimentos.

A nível setorial, os maiores crescimentos na criação de novas empresas ocorreram no setor da agricultura, caça e pesca (+20,4%) e construção e obras públicas (+12,6%). Por outro lado, verificaram-se descidas expressivas nas telecomunicações (-30,8%), transportes (-26,7%) e eletricidade, gás e água (-23,5%).

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Bruxelas vai abrir um procedimento de infração contra Espanha por travar OPA do BBVA

  • ECO
  • 10 Julho 2025

Comissão Europeia considera que o Executivo espanhol excedeu nas condições que impôs na OPA do BBVA sobre o Sabadell e violou as regras comunitárias de livre circulação de capitais.

A Comissão Europeia prepara-se para instaurar um procedimento de infração contra Espanha por entender que o Governo de Pedro Sánchez excedeu nas medidas adicionais em relação à oferta pública de aquisição (OPA) hostil do BBVA sobre o Sabadell.

Bruxelas considera que a atuação do Executivo espanhol é contrária à livre circulação de capitais na União Europeia (UE), violando, designadamente, os artigos 63 e 66 do Tratado de Funcionamento da UE.

Fontes comunitárias ligadas ao processo sublinham que a intenção da Comissão Europeia é avançar com este processo contra Madrid antes das férias de verão, de acordo com jornal espanhol Expansión (acesso pago, conteúdo em inglês).

Há pouco mais de duas semanas, o Governo espanhol anunciou que não se iria opor ao negócio de mais de 11 mil milhões de euros, mas aprovou, em Conselho de Ministros, condições adicionais mais duras, nomeadamente a obrigatoriedade de o Sabadell se manter como um banco independente e com uma gestão autónoma durante pelo menos três anos (que podem aumentar para cinco).

Apesar da contrariedade, o BBVA decidiu manter a OPA que lançou há mais de um ano e que já teve luz verde das autoridades: Banco Central Europeu e Concorrência.

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Descontos personalizados trazem mais benefícios a longo prazo, aponta estudo. Decisores apostam cada vez mais nesta estratégia

Atrair um novo cliente custa cerca de cinco vezes mais do que reter um consumidor já existente, o que evidencia a importância de programas de fidelização bem construídos e de descontos personalizados.

Descontos personalizados aportam valor às marcas a longo prazo, aponta um estudo, que indica ainda que embora possam impulsionar as vendas a curto prazo, as promoções em massa, ou indiscriminadas, podem causar danos à marca no longo prazo. Decisores estão a apostar cada vez mais na personalização dos seus descontos e promoções, aponta o estudo.

Segundo se refere Getting Strategic About Incentives — Building Value Through Promotions and Loyalty Programs“, encomendado pela Talon.One à Harvard Business Review, atrair um novo cliente custa cerca de cinco vezes mais do que reter um consumidor já existente, o que evidencia a importância de programas de fidelização bem construídos e de descontos personalizados na geração de benefícios para as marcas.

A análise, que inquiriu 420 responsáveis de empresas que oferecem promoções ou descontos e que estão familiarizadas com decisões sobre preços promocionais e fidelização do cliente, mostra que praticamente a totalidade dos inquiridos (94%) partilha da ideia de que a personalização de descontos gera recompensas e benefícios para o negócio.

Entre os mais de metade (56%) de inquiridos que personalizam promoções e descontos, 62% indicam que essa estratégica contribuiu para crescimentos nas vendas, enquanto 47% apontam para um aumento da fidelidade dos consumidores e 44% referem uma melhoria da experiência de cliente.

No entanto, apesar destes benefícios, quase uma em cada quatro empresas (22%) diz não ter planos de vir a personalizar promoções ou descontos. Por outro lado, 66% pretendem aumentar o seu foco em programas de fidelização do cliente (entre aqueles que já têm um programa do género) nos próximos 12 meses, enquanto 65% dos inquiridos planeia aumentar o seu foco na lucratividade das promoções e descontos.

Entre os inquiridos em organizações com um programa de fidelização, 77% dizem que os seus esforços com estes programas são extremamente ou muito importantes para a sua equipa de liderança executiva, enquanto 71% dizem o mesmo sobre promoções/descontos.

Metade dos responsáveis de empresas com um programa de fidelidade de clientes diz ainda que os seus esforços no âmbito deste programa são extremamente ou muito eficazes, enquanto 48% têm a mesma opinião sobre a sua aposta em promoções/descontos.

A aposta em descontos em massa parece também estar a estagnar à medida que a personalização cresce. Três quartos dos inquiridos dizem que as suas empresas planeiam manter (51%) ou reduzir (24%) a sua aposta em promoções em massa nos próximos 12 meses. Já 14% apontam que vão aumentar os descontos em massa, o que compara com os 50% de inquiridos que afirmam que as suas empresas planeiam aumentar a utilização de descontos personalizados.

No entanto, não é previsível que a aposta em descontos em massa caiam por completo, uma vez que estes ainda oferecem “muitas vantagens, como a facilidade de implementação, a capacidade de gerar buzz nas redes sociais e a possibilidade de serem coordenados com campanhas publicitárias”, diz Brett Hollenbeck, professor de marketing da Universidade da Califórnia, citado no estudo.

Em relação aos programas de fidelização, “a principal preocupação sempre foi a de que se poderia estar a canibalizar os lucros ou a reduzir as suas margens ao oferecer descontos aos melhores clientes, que já iam comprar de qualquer maneira”, refere Hollenbeck. “A grande questão é como usar esses programas para aumentar o número de clientes e impulsionar vendas e não apenas canibalizar as vendas já existentes“, acrescenta.

Já Neslihan Manikofski, global marketing director for retail promotions da Lego, diz que este tipo de incentivos “são mais do que preços, descontos ou vouchers”, consistindo numa “ferramenta estratégica para impulsionar o crescimento dos negócios e, ao mesmo tempo, construir valor de marca“.

“Acredito que, se os trabalharmos de forma mais estratégica — considerando o que o cliente realmente deseja — estes podem gerar benefícios significativos tanto para a empresa como para o consumidor”, acrescenta, citado no estudo.

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Desinformação veiculada por chatbots de IA aumenta em junho

  • Lusa
  • 10 Julho 2025

Em junho, verificou-se uma taxa de 40% de respostas com afirmações falsas ou uma não-resposta por parte dos 11 principais chatbots de IA, num aumento que compara com os 24% detetados em maio.

A desinformação veiculada por ferramentas de inteligência artificial (IA) generativa aumentou de 24% em maio para 40% em junho, refletindo um crescimento de notícias de última hora, segundo um relatório da organização especializada em desinformação NewsGuard.

Os 11 principais chatbots de IA (assistente virtual que usa inteligência artificial e programação para comunicar por texto com utilizadores) repetiram, em junho, afirmações falsas 28,49% das vezes e ofereceram uma não-resposta 11,51% das vezes.

Em junho, verificou-se uma taxa de 40% de respostas com afirmações falsas ou uma não-resposta, num aumento de 16 pontos percentuais em relação aos 24% detetados em maio.

“A onda de eventos de notícias de última hora de alto perfil em junho de 2025, incluindo o surto da guerra Israel-Irão, os debates no Congresso dos EUA e a guerra na Ucrânia resultaram num alta percentagem de informações falsas repetidas pelos chatbots de IA”, lê-se no relatório.

Neste sentido, “os sistemas de IA podem tornar-se amplificadores não intencionais de informações falsas quando os dados fiáveis são abafados pela repetição e pela viralidade, especialmente durante eventos de grande movimento”, refere.

No mês passado, “a narrativa falsa mais repetida e testada pela NewsGuard foi a alegação de que um avião de carga militar chinês voou secretamente para o Irão para apoiar o Governo de Teerão durante a guerra com Israel”, o que para a organização demonstra a vulnerabilidade à informação poluída associada a acontecimentos de desenvolvimento rápido e de grande importância.

O relatório refere ainda que as contas na rede social X operadas por IA das empresas Perplexity e Grok, às quais os utilizadores recorrem frequentemente para verificar factos, também veicularam a informação como verdadeira.

“Durante os primeiros dias do conflito israelo-iraniano, o Grok expôs falhas e limitações significativas na capacidade do chatbot de IA para fornecer informações precisas, fiáveis e consistentes em tempo de crise”, lê-se na informação disponibilizada.

A NewsGuard é uma organização especializada na luta contra a desinformação que explora notícias e a forma como a desinformação se espalha online, com o objetivo de descobrir as forças que moldam as narrativas falsas disseminadas na internet. Deste relatório fazem parte ferramentas de IA como o ChatGPT-4 (OpenAI), o Grok (xAI), o Claude (Anthropic) e o Gemini (Google).

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Infraestruturas de Portugal de fora dos fundos para a alta velocidade

  • ECO
  • 10 Julho 2025

Candidatura portuguesa “foi avaliada em regime concorrencial”, tendo “o valor global das candidaturas apresentadas no âmbito desta nova call superado largamente o valor total disponível”.

A Infraestruturas de Portugal (IP), que em janeiro voltou a candidatar-se aos fundos do Mecanismo Interligar a Europa (CEF, na sigla em inglês) para a primeira fase do projeto da linha de alta velocidade Lisboa – Porto, ficou fora da corrida a estes apoios para os transportes, mas diz estar a avaliar apresentar-se à “repescagem”, avança o Jornal de Negócios (acesso pago).

Fonte oficial da empresa liderada por Miguel Cruz explica que, ao contrário do que aconteceu no ano passado, em que 729 milhões de euros de fundos do CEF estavam reservados a Portugal, agora a candidatura portuguesa “foi avaliada em regime concorrencial”, tendo “o valor global das candidaturas apresentadas no âmbito desta nova call superado largamente o valor total disponível”, de 2,8 mil milhões de euros da soma dos envelopes Geral e Coesão.

A IP sublinha ainda que, “no que concerne ao envelope Coesão, no qual Portugal concorria, grande parte do financiamento foi direcionado para os países bálticos, Polónia, Grécia, Eslováquia e Chéquia, e em particular para projetos transfronteiriços”, notando que esta decisão da Comissão Europeia “surge na sequência da call anterior, deste mesmo programa de financiamento, onde o projeto português de alta velocidade beneficiou de cerca de 813 milhões de financiamento comunitário”.

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Acionistas da Zumub em pé de guerra

Fundo ActiveCap acusado de travar a entrada de novos investidores e causar danos de quatro milhões. Tribunais vão decidir divórcio na empresa de nutrição desportiva fundada por Urbano da Veiga.

Em 2021, a Zumub, fundada por Urbano da Veiga, celebrou um ‘casamento’ com o fundo de private equity ActiveCap, num investimento de dois milhões de euros para acelerar o crescimento da empresa de suplementos alimentares e nutrição desportiva. Quatro anos depois, o divórcio — que ninguém previa — está à vista. Com mais de 100 trabalhadores, a Zumub fatura quatro vezes mais, com o negócio internacional a escalar, mas os acionistas estão em pé de guerra. Agora, os termos da separação litigiosa – com a mais que provável saída da ActiveCap do capital da empresa — vão ter de ser decididos na barra do tribunal.

O ECO tentou contactar Urbano da Veiga, sem sucesso. A ActiveCap não quis fazer qualquer comentário sobre a história desta separação que se precipitou nos últimos meses, quando se começou a preparar o exit da sociedade liderada por Pedro Correia da Silva.

A ActiveCap entrou na Zumub em junho de 2021 e, prestes a cumprir o plano de negócios e o ciclo de investimento, arrancou-se com os preparativos para encontrar novos investidores para substituir o fundo português – como acontece habitualmente neste tipo de operações envolvendo capital de risco.

Porém, o processo da saída da ActiveCap do capital da Zumub avançou para um caminho litigioso que já não voltará atrás. As partes estão extremadas e num clima de desconfiança, como mostram as assembleias-gerais extraordinárias da empresa — uma teve lugar em meados de maio e outra ainda irá acontecer a 4 de agosto – e a necessidade de intervenção dos tribunais.

Dúvidas sobre novos investidores

Com sede em Agualva-Cacém (Sintra), a Zumub foi fundada em 2010 por Urbano da Veiga, um antigo trader do BCP que ainda hoje se mantém como acionista maioritário, com mais de 60% do capital da empresa, e também presidente do conselho de administração. A ActiveCap tem mais de 25%, através do seu fundo Portuguese Growth Fund, enquanto o restante capital está distribuído por vários sócios ligados ao fundador.

Nos últimos quatro anos, a empresa de suplementos desportivos passou de uma faturação de sete milhões de euros para perto de 28 milhões no ano passado, com o negócio fora de portas a prosperar e a representar mais de metade do volume de negócios.

A história de sucesso não impediu, ainda assim, a rutura entre os acionistas.

Em abril, a ActiveCap pediu a realização de uma assembleia geral (que teve lugar a 15 de maio) com o objetivo de obter informações de Urbano da Veiga sobre as propostas recebidas de potenciais investidores, incluindo de investidores neerlandeses — a Rohusa Holding e a Festina Lente Schoor – com quem a administração já estaria numa fase mais avançada de negociações.

Se o pedido de informação da sociedade de capital risco de Pedro Correia da Silva indiciava um clima de desconfiança, o mal-estar entre acionistas confirmou-se quando mais tarde foram adicionados pontos à ordem de trabalhos da assembleia geral: um para discutir e deliberar sobre a conduta do administrador Francisco Martins, nomeado pela ActiveCap (e da qual é partner), e a eventual violação dos deveres legais, nomeadamente o de lealdade e confidencialidade; e outro para apreciar a conduta da ActiveCap “à luz dos acordos e compromissos assumidos com os acionistas e perante a sociedade”.

A ActiveCap ripostou dias depois e acrescentou mais pontos na ordem de trabalhos. Visando não só Urbano da Veiga, mas também outros administradores e acionistas, para se discutir e deliberar sobre a conduta deles e os compromissos assumidos.

Tribunal arbitral para definir preço de saída

Fonte próxima do processo adiantou ao ECO que na base desta disputa estão divergências em relação ao preço a pagar à ActiveCap para a sua saída do capital da Zumub. Essa diferença situa-se na ordem dos vários milhões de euros, admitiu a mesma fonte, embora o acordo celebrado em 2021 estabeleça os termos e condições para o exit da gestora de fundos de capital de risco.

Neste tipo de transações envolvendo capital de risco, o preço está normalmente associado ao prazo e custo de capital e poderá incluir uma ‘cláusula de boa fortuna’, uma disposição legal que permite o ajustamento do preço em função da evolução da empresa.

Ao que tudo indica, o contrato entre a ActiveCap e a Zumub obedecerá às mesmas regras, mas não foram suficientes, ainda assim, para haver um acordo entre as partes.

De acordo com as informações recolhidas pelo ECO, para superar as divergências, a ActiveCap avançou no início do mês passado com um processo no tribunal arbitral da Câmara do Comércio para que fosse um juiz-árbitro a definir o valor para a sua saída da Zumub. Mas o private equity também deverá ser alvo de um processo por danos causados à empresa.

ActiveCap acusada de danos de 4 milhões

Os acionistas vão voltar a reunir-se em assembleia geral extraordinária no dia 4 de agosto. Foi convocada por um acionista com mais de 5% e visa responsabilizar a ActiveCap por danos causados à Zumub por ter travado o investimento de perto de 1,7 milhões de euros de dois investidores neerlandeses: a AIM Donjon e a Rohusa Holding.

A convocatória fala em “dano de perda de chance e danos patrimoniais” num montante estimado de 3,96 milhões de euros, a saber: ao bloquear o investimento de 1,67 milhões de euros, que seriam aplicados em estrutura de produção e logística, marketing e expansão internacional, o fundo de private equity atrasou o crescimento da Zumub, impedindo-a de obter lucros que se estimam de 1,89 milhões; incumprimento de um acordo de 250 mil euros; danos reputacionais e de imagem cifrados em 150 mil euros.

A esta fatura somar-se-ão as despesas que a empresa vier a incorrer com a ação judicial ou arbitral que os acionistas vão deliberar na assembleia geral, incluindo custas e honorários com advogados, árbitros peritos e consultores.

Caso a proposta seja aprovada, o conselho de administração fica mandatado para contratar uma equipa jurídica para avançar com a referida ação no prazo máximo de 30 dias.

Além disso, os acionistas também irão decidir a saída da ActiveCap da estrutura acionista da Zumub através da redução do capital da empresa e respetivo reembolso de capital à gestora de fundos de capital de risco.

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O custo de apagar a luz tirou mais de mil milhões à economia nacional

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  • 10 Julho 2025

Peritos alertaram, em conferência organizada pela Proforum, que o apagão de abril revelou fragilidades nas infraestruturas críticas e na preparação do país. “Não estamos preparados”, apontam.

O apagão elétrico de 28 de abril, que afetou Portugal e Espanha durante várias horas, foi um aviso para as fragilidades que ainda persistem nas infraestruturas críticas, sobretudo num contexto de crescente eletrificação e digitalização. A conferência “Impactos do ‘Apagão’ em Infraestruturas Críticas”, organizada na quinta-feira pela Proforum, em Lisboa, reuniu especialistas de setores chave como a energia, comunicações, transportes e água para uma análise profunda das consequências do incidente e das lições que dele se retiram.

“Um mal que veio por bem”

O sistema elétrico europeu é uma máquina de precisão com interligações delicadas e, quando algo falha, o efeito dominó pode ter consequências sérias. “Em três segundos, desapareceram mais de 10 mil megawatts da rede”, lembrou António Vidigal, consultor em sistemas elétricos. A origem do problema esteve do outro lado da fronteira, mas os efeitos foram sentidos também em território português, onde se sentiram constrangimentos que, embora sérios, não provocaram danos profundos – em Espanha, por outro lado, registaram-se mortes associadas a este evento. “Não havia absolutamente nada que pudéssemos ter feito”, sublinhou o especialista.

António Vidigal defende que o incidente deve ser visto como um alerta para que a rede seja preparada para lidar com situações deste tipo, nomeadamente em caso de guerra ou catástrofe natural, como um sismo. “Foi um mal que veio por bem. Qualquer dia vamos ter um problema destes a sério e, nesse caso, não estamos preparados”, lamenta.

António Vidigal, consultor em sistemas elétricos, Vítor Santos, professor catedrático no ISEG e antigo presidente da ERSE, José Sardinha, presidente da EPAL, Miguel Cruz, presidente da Infraestruturas de Portugal e Jorge Graça, administrador executivo da NOS

Vítor Santos, professor catedrático no ISEG e antigo presidente da ERSE, destacou que os custos de interrupções no fornecimento elétrico na Europa rondam os 50 mil milhões de euros anuais, impulsionados sobretudo pelos fenómenos climáticos extremos. No caso do apagão ibérico, estimativas apontam para perdas de 1,1 mil milhões de euros em Portugal e 4,5 mil milhões em Espanha, segundo contas de Óscar Afonso, professor na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. Outros estudos, como os promovidos pela CIP e AIP, apontam para impactos ainda maiores na ordem dos 2 mil milhões de euros.

“O que é preocupante não são só os danos diretos, mas o impacto reputacional”, alertou. “Os apagões são como desastres de aviação – raros, mas com enorme cobertura mediática. Isso pode afetar o investimento direto estrangeiro”, apontou. E lembrou, a título de exemplo, o caso do Texas onde uma sequência de apagões, em 2021, teve impactos estimados entre 89 mil e 125 mil milhões de dólares, levando a uma reformulação total da operação energética no estado.

E o impacto nas infraestruturas críticas?

No setor da água, que representa cerca de 3% do consumo energético do país, os sistemas de contingência provaram a sua eficácia. “As reservas [de água] funcionaram muito bem. Temos infraestruturas elevadas que permitem o funcionamento por gravidade. Na generalidade, não houve falhas de abastecimento”, garantiu José Sardinha, presidente da EPAL. A empresa mantém ainda um sistema autónomo de comunicações, testado regularmente em exercícios como o “dia de rádio”, em que toda a operação é feita sem telemóveis ou rede fixa. “Este treino revelou-se muito útil durante o apagão”, sublinhou.

Já nas telecomunicações, a resposta foi mais tensa. Jorge Graça, administrador executivo da NOS, revelou que a operadora teve de transportar combustível manualmente em jerricãs para garantir a alimentação elétrica dos data centers.

“As redes móveis aguentaram-se bem em Portugal, ao contrário de Espanha, onde colapsaram ao fim de 15 minutos”, disse. Ainda assim, a pressão sobre a rede foi evidente, com deslocações massivas de pessoas para zonas em que a infraestrutura não estava preparada. “Temos de pensar se, numa crise séria, devemos limitar o acesso a redes sociais para garantir a capacidade da rede em processos críticos”, sugere.

O responsável da operadora de telecomunicações reforçou também a necessidade de definir claramente os corredores de comunicação que devem resistir a tudo, sobretudo em casos de catástrofe. “É possível criar bolhas de conectividade à prova de falhas. Mas é preciso identificar e investir”, afirma, pedindo que esse trabalho seja feito em antecipação.

Jorge Graça, administrador executivo da NOS, revelou que a operadora teve de transportar combustível manualmente em jerricãs para garantir a alimentação elétrica dos data centers

No setor dos transportes, Miguel Cruz, presidente da Infraestruturas de Portugal, garantiu que “o apagão não teve consequências sobre a segurança das infraestruturas rodoviárias e ferroviárias”. Nesse dia, a greve da CP limitava já a circulação e os comboios a diesel acabaram por ser suspensos por precaução e para evitar acidentes, devido às falhas nos sistemas de sinalização. No entanto, surgiram dificuldades logísticas inesperadas. “O centro de controlo do tráfego manteve-se com geradores, mas ao longo do dia fomos perdendo algumas câmaras. E só conseguimos reabastecer combustível à noite, apesar de estarmos na lista de prioridades. Isto deve ser algo a rever”, defende.

O líder da IP sublinhou ainda a necessidade de reforçar a autonomia energética e a definição clara do que é crítico: “Temos de aumentar a capacidade de geradores nos pontos-chave. E temos de ter planos fora do computador, porque se falhar a energia não podemos depender de ficheiros digitais”, conclui.

Coordenação é fundamental

Um dos temas transversais ao painel foi a falta de coordenação e clareza na resposta, que deve ser mais ágil em situações deste tipo. “Não faz sentido demorar horas a montar equipas. A resposta tem de surgir na primeira meia hora”, criticou Jorge Graça. Para Vítor Santos, a recente transposição da diretiva europeia sobre entidades críticas, publicada em março, é uma oportunidade para melhorar. “As entidades têm agora dez meses para elaborar planos de continuidade e resiliência. Temos a oportunidade de fazer bem feito”, reitera.

Com as alterações climáticas e o aumento de fenómenos climáticos extremos, a eletrificação transversal da economia e a ameaça crescente de ciberataques, o que aconteceu a 28 de abril não foi apenas um susto, mas antes um ensaio geral. Os especialistas pedem, por isso, que o Governo e as entidades responsáveis sejam capazes de preparar o país para situações anómalas como a que se viveu na Península Ibérica.

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