Dona do Pingo Doce paga dívida de 30 milhões ao Estado por taxa contestada em tribunal

Sem deixar cair ações judiciais e queixa a Bruxelas, Jerónimo Martins liquida taxa de segurança alimentar que recusava pagar desde 2012. Já rendeu 130 milhões e Governo diz que “será para manter".

Ao fim de 12 anos a recorrer aos tribunais portugueses para impugnar a cobrança da Taxa de Segurança Alimentar Mais (TSAM), a Jerónimo Martins JMT 0,00% decidiu “proceder ao pagamento integral de todos os montantes faturados”. A retalhista adianta ao ECO que a liquidação do valor em dívida aconteceu no final do ano passado e ascendeu a “cerca de 30 milhões de euros, incluindo todas as faturas de 2024”.

Ainda assim, o grupo liderado por Pedro Soares dos Santos, que detém as cadeias Pingo Doce, Recheio e Hussel, ressalva ao ECO que vai “manter as impugnações judiciais em curso”, com que tem avançado de seis em seis meses. Assim como a queixa feita à Comissão Europeia em junho de 2019, em que alegou também estar em causa “um auxílio ilegal do Estado”, e que continua sem resposta por parte do Executivo comunitário.

Não obstante continuarmos convencidos da injustiça da TSAM e considerando a demora da Comissão Europeia em pronunciar-se (…), não sendo possível antecipar quando tal pronúncia possa vir a ter lugar, foi decidido proceder ao pagamento integral de todos os montantes faturados.

Fonte oficial do grupo Jerónimo Martins

Em causa está uma taxa criada em 2012 pelo Governo de Pedro Passos Coelho e mantida no consulado de António Costa – e agora pelo Executivo de Luís Montenegro. Paga em função da área de vendas, com um valor de sete euros por metro quadrado (m2), aplica-se aos estabelecimentos de comércio alimentar com mais de 2.000 metros quadrados ou que tenham várias lojas em Portugal que perfaçam mais de 6.000 m2.

“Não obstante continuarmos convencidos da injustiça da TSAM e considerando a demora da Comissão Europeia em pronunciar-se sobre a queixa apresentada pela Jerónimo Martins e outros [operadores], não sendo possível antecipar quando tal pronúncia possa vir a ter lugar, foi decidido proceder ao pagamento integral de todos os montantes faturados”, detalha fonte oficial da distribuidora, que viu os lucros caírem 21% até setembro, para 440 milhões de euros.

Pedro Soares Santos, presidente do grupo Jerónimo MartinsMANUEL DE ALMEIDA/LUSA

Porém, durante o ano passado, antes de em dezembro pagar o valor em dívida, já tinha sido obrigada a entregar perto de cinco milhões de euros ao Estado. É que algumas decisões a favor da constitucionalidade desta taxa já tinham transitado em julgado e “nesses casos o pagamento teve de ser efetuado”. Por isso, no último relatório e contas, relativo ao terceiro trimestre, já “só” contabilizava em 21,3 milhões de euros as “taxas em discussão nos tribunais” relativas ao Pingo Doce, Recheio e Hussel.

As sociedades participadas pela MC têm procedido ao pagamento da Taxa de Segurança Alimentar Mais e, à semelhança de anos anteriores, têm impugnado a mesma junto dos tribunais.

Fonte oficial da MC (grupo Sonae)

O Ministério da Agricultura confirma ao ECO que a retalhista controlada pela holding Sociedade Francisco Manuel dos Santos, que vai mudar a sede para os Países Baixos, era “o único operador económico” a impugnar judicialmente a liquidação da TSAM, “não procedendo ao respetivo pagamento, na medida em que o recurso tem efeito suspensivo”.

Apesar de também continuar a recorrer à justiça, a concorrente MC, dona dos supermercados Continente e Meu Super, optou desde o início por pagar os montantes relacionados com essa taxa.

“Confirmamos que as sociedades participadas pela MC têm procedido ao pagamento da Taxa de Segurança Alimentar Mais e, à semelhança de anos anteriores, têm impugnado a mesma junto dos tribunais, em defesa dos seus direitos, nomeadamente por se discordar da natureza e razão de ser desta taxa”, respondeu ao ECO a principal empresa do grupo Sonae, liderado por Cláudia Azevedo.

Taxa já rendeu 130 milhões e “será para manter”, diz Governo

Implementada pela então ministra da Agricultura e do Mar, Assunção Cristas, para suportar os custos inerentes ao cumprimento das normas europeias em matéria de qualidade e segurança alimentar, e proteção animal e vegetal, desde junho de 2012, a receita arrecadada com a taxa de segurança alimentar já supera os 130 milhões de euros. É que, segundo contas da tutela, até este pagamento da Jerónimo Martins já tinham entrado 99,9 milhões de euros nos cofres do Estado.

Esta taxa que integra o Fundo Sanitário e de Segurança Alimentar, dirigido pela Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), é liquidada em abril e deve ser paga em duas prestações de montante igual, em maio e outubro. Começou por ter um valor de 4,08 euros por metro quadrado de área de venda do estabelecimento comercial, logo em 2013 subiu para sete euros e, desde então, permanece inalterado. O Ministério liderado por José Manuel Fernandes garante ao ECO que “a taxa será a mesma” em 2025 e afasta a possibilidade de deixar de ser cobrada.

Tendo em vista a manutenção destes controlos, na sua grande maioria impostos por legislação europeia, cujos resultados beneficiam todos os consumidores, constituindo ainda elemento promotor para o comércio externo, a taxa será para manter.

Fonte oficial do Ministério da Agricultura

“A TSAM destina-se a financiar ações conducentes à salvaguarda da saúde pública, através da realização de controlos oficiais no âmbito da sanidade animal, sanidade vegetal e segurança dos alimentos. A receita proveniente desta taxa acolhe os custos inerentes à aquisição de análises laboratoriais, aquisição de vacinas, medicamentos, abate e destruição de animais e projetos com vista ao incentivo ao desenvolvimento da qualidade dos produtos agrícolas e património genético”, justifica o Governo.

Assim, acrescenta fonte oficial do Ministério, “tendo em vista a manutenção destes controlos, na sua grande maioria impostos por legislação europeia, cujos resultados beneficiam todos os consumidores, constituindo ainda elemento promotor para o comércio externo, a taxa será para manter”. “Na prática, as ações levadas a cabo através do financiamento da TSAM, consubstanciam uma garantia para o consumidor de que os alimentos postos à venda mantêm a respetiva qualidade e genuinidade”, concluiu a tutela.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Quanto ganha um governador do banco central?

Ser governador de um banco central corresponde para muitos ao topo da carreira no setor financeiro. Na Zona Euro nem é Lagarde com o salário mais elevado. Centeno recebe 250 mil por ano.

Na Zona Euro, a presidente do Banco Central Europeu (BCE) recebe um salário de cerca de 450 mil euros por ano. Mas Christine Lagarde nem sequer é a que mais recebe no conselho de governadores. O governador belga aufere uma remuneração superior a meio milhão. Mário Centeno recebe metade disso.

Os salários pagos no topo da hierarquia do Banco de Portugal voltaram à discussão pública na sequência da polémica em torno do ex-administrador Hélder Rosalino, que acabou de ser nomeado para a empresa que imprime as notas depois de ter manifestado indisponibilidade para o cargo de secretário-geral do Governo. Centeno foi chamado ao Parlamento por causa disso. E o ministro das Finanças também quer avaliar o assunto.

Ser governador de um banco central corresponde para muitos ao topo da carreira no setor financeiro. Os salários ficam longe do que se paga na banca privada. Mas as responsabilidades são também elevadas. E as remunerações também.

O governador do Banco de Portugal recebeu pouco mais de 250 mil euros o ano passado, correspondendo a um salário mensal de 18.177,18 euros, conforme revela a instituição no seu site. De resto, os salários dos membros da administração do banco central só em 2024 voltaram a superar os níveis de 2009, anteriores à crise da dívida de 2011.

Mário Centeno está longe de ser o mais bem pago entre os seus pares que se sentam à mesa do conselho de governadores. Os governadores da Estónia, Letónia, Malta, Lituânia e Espanha recebem menos.

Dentro dos bancos centrais que integram o Eurosistema, os salários mais elevados (dentro daqueles que foi possível encontrar publicamente) ascendem a meio milhão de euros anuais, o dobro do que recebe o governador português.

Klaas Knot (Países Baixos) e Fabio Panetta (Itália) estão muito perto desse nível. Pierre Wunsch, governador do Banco Central da Bélgica, auferiu uma remuneração de 534,8 mil euros no ano passado. Mais do que a presidente do BCE.

powered by Advanced iFrame free. Get the Pro version on CodeCanyon.

E nos outros bancos centrais?

Em 2023, Jerome Powell foi questionado sobre os seus rendimentos como presidente da Reserva Federal norte-americana. Considerou o valor justo e respondeu assim: “Se as despesas familiares excederem o meu salário, então teremos de vender algum ativo”.

Powell recebe um salário de aproximadamente 220 mil euros. O governador do Banco do Japão ganhou um pouco mais: 230 mil euros. Tanto o americano como o japonês recebem menos do que Mário Centeno.

powered by Advanced iFrame free. Get the Pro version on CodeCanyon.

Por oposição, é na Suíça que melhor se remunera o banqueiro central. Martin Schlegel recebe perto de 1,4 milhões de euros por ano à frente do Banco Central da Suíça. A remuneração auferida por Andrew Bailey aos comandos do Banco de Inglaterra foi de cerca de 700 mil euros no ano passado.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

5 coisas que vão marcar o dia

Banco Central Europeu, Eurostat, Banco de Portugal e INE divulgam dados económicos. Marcelo Rebelo de Sousa presta homenagem a bombeiros falecidos em serviço.

Esta sexta-feira fica marcada pela divulgação de novos indicadores económicos pelo Banco de Portugal e o Instituto Nacional de Estatística (INE). Ainda por cá, Marcelo Rebelo de Sousa presta homenagem aos bombeiros falecidos em serviço. Já lá fora, o Banco Central Europeu apresenta as estatísticas do mercado monetário do euro e o Eurostat dá conta do índice de preços da habitação.

BCE e Eurostat divulgam dados económicos

Nesta sexta-feira, o Banco Central Europeu (BCE) divulga as estatísticas do mercado monetário do euro. Já o Eurostat apresenta o índice de preços da habitação relativo ao terceiro trimestre de 2024, assim como o volume de negócios dos serviços e dados sobre a produção de serviços referentes a outubro do último ano. O Gabinete de Estatísticas da União Europeia divulga igualmente o índice de produção total do mercado referente a outubro de 2024.

Banco de Portugal e INE apresentam indicadores

Por cá, o Banco de Portugal (BdP) apresenta as contas nacionais financeiras relativas ao terceiro trimestre 2024. Já o Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga indicadores a propósito do volume de negócios, emprego, remunerações e horas trabalhadas na indústria referentes a novembro.

Pedro Reis na tomada de posse da Ordem dos Economistas

O ministro da Economia, Pedro Reis, preside à cerimónia da tomada de posse dos novos órgãos sociais eleitos para o quadriénio 2025-2028 da Ordem dos Economistas. Tomam igualmente posse os órgãos da Delegação Regional do Centro e Alentejo nesta sessão.

Presidente da República homenageia bombeiros

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, participa pelas 17h desta sexta-feira na cerimónia de homenagem aos bombeiros falecidos em serviço. A iniciativa acontece na sede da Liga dos Bombeiros Portugueses, em Lisboa.

Donald Trump conhece sentença pelo caso Stormy Daniels

A quase duas semanas de tomar posse, o Presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, é chamado esta sexta-feira a tribunal para ouvir a sentença relativa a um presumível suborno, por determinação do juiz Juan Merchan. Em causa estão pagamentos à ex-atriz de filmes para adultos Stephanie Clifford, conhecida como Stormy Daniels. Trump toma posse no próximo dia 20 de janeiro, dez dias depois da sentença.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Regras opacas para consultores deixam Centeno sob pressão

Prática de designação de ex-membros do Conselho de Administração ou quadros do banco em altos cargos não é nova. Falta de transparência no processo leva governador ao Parlamento.

A opacidade em torno da figura de ‘consultor’ do Banco de Portugal (BdP) e das respetivas condições remuneratórias e funções está a colocar a instituição sob pressão e vai mesmo obrigar Mário Centeno a dar explicações detalhadas no Parlamento. A lei orgânica do regulador bancário e o acordo da empresa são omissos sobre o tema e o banco central tem-se escusado a dar esclarecimentos. O rastilho da polémica acendeu-se com o anúncio de Hélder Rosalino, administrador do Banco de Portugal até setembro de 2024, para secretário-geral do Governo. Após a desistência da função que não chegou a assumir, o quadro do supervisor manteve-se na instituição com o estatuto de ‘consultor’ – em termos formais, é diretor — até ser nomeado na quarta-feira administrador da Valora, empresa detida pelo BdP e que imprime as notas.

A prática da nomeação de ‘consultores’ da Administração não é nova e não é exclusiva do mandato de Mário Centeno ou de Carlos Costa, o anterior governador. Quando um quadro do BdP abandona o Conselho de Administração ou regressa ao banco central após ter sido destacado para altos cargos – como ministro das Finanças ou para a administração de outros reguladores -, tradicionalmente passa a exercer as funções de ‘consultor’.

A figura faz parte do organograma do site do Banco de Portugal, embora não tenha qualquer descrição ou detalhes associados. Um antigo membro de conselho de administração do supervisor garante que, no passado, um ‘consultor’ poderia e deveria assumir funções de direção de departamento quando tal se verificava adequado ao perfil. E citou o exemplo de Vasco Pereira, ex-presidente do IGCP que passou ao estatuto de ‘consultor’ e foi depois diretor do Departamento de Supervisão Prudencial e Secretário Geral da instituição. “Os colaboradores classificados como ‘consultores’ são aqueles que, antes de integrarem o Conselho de Administração do BdP ou antes de serem destacados para outras funções, já tinham atingido o topo da carreira“, assinala a mesma fonte, que pediu o anonimato. E assegura que, pelo menos no passado, os procedimentos estavam padronizados.

No entanto, questionado pelo ECO sobre quantos consultores tem, quantos fizeram parte do Conselho de Administração e que tarefas lhes competem, o Banco de Portugal remeteu para a Lei Orgânica, que define as competências, atribuições e regras de funcionamento do Conselho de Administração e enquadra as regras a que estão sujeitos os seus trabalhadores. Só que a Lei não faz qualquer referência ao tema.

O capítulo dedicado ao quadro de pessoal define que os trabalhadores estão sujeitos às normas do regime jurídico do contrato individual de trabalho e que o banco pode celebrar instrumentos de regulamentação coletiva de trabalho, nos termos da lei geral. Prevê ainda que “o Conselho de Administração, tendo em atenção a natureza específica das funções cometidas ao Banco, definirá a política de pessoal, após audição dos órgãos institucionais de representação dos trabalhadores” e “compete ao conselho organizar os instrumentos adequados à correta execução e divulgação da política de pessoal”.

Fonte: Banco de Portugal

O ECO consultou ainda o acordo de empresa do Banco de Portugal, no qual estão descritas as funções dos trabalhadores do banco, como diretores, coordenadores, técnicos, entre outros, e a tabela salarial aplicável aos trabalhadores. No entanto, neste documento também não existe qualquer referência ao tema. Questionado pelo ECO sobre se a decisão segue regras não escritas, o Banco de Portugal não respondeu até à publicação deste artigo.

De acordo com informações recolhidas pelo ECO, o número de ‘consultores’ tem flutuado ao longo do tempo. Entre os exemplos inclui-se o do próprio Mário Centeno, que após abandonar o cargo de ministro das Finanças foi temporariamente ‘consultor’ da instituição de onde é quadro, até ser nomeado governador. Foi também o caso de Vítor Gaspar ou de Vítor Bento, mas também de Rui Cartaxo, que, como ‘consultor’, coordenou o Livro Branco sobre a regulação e supervisão do setor financeiro, publicado em 2016, na sequência da crise financeira e do processo que conduziu à aplicação da medida de resolução ao Banco Espírito Santo (BES), ou de Manuel Sebastião, ‘consultor’ entre 1996 e 1998 e entre 2013 e 2015, após ter exercido funções de presidente da Autoridade da Concorrência (AdC). Do atual leque faz também parte Ana Cristina Leal, que chegou a ser diretora do Departamento de Estudos Económico do Banco de Portugal, foi nomeada administradora da Caixa Geral de Depósitos (CGD) em 2013 e quando regressou ao supervisor teve como responsabilidade o departamento de Estabilidade Financeira, cargo que abandonou, passando a ser ‘consultora’.

Não é diferente do que acontece noutros locais. Estamos a falar de pessoas muito séniores, com competências muito específicas. Não há nada de específico a não ser que passam a estar no topo da carreira se fizeram parte da Administração”, disse ao ECO fonte do setor financeiro.

A carreira aplicada aos trabalhadores mais antigos do Banco de Portugal tem 18 níveis remuneratórios, com o mais alto a ter três categorias, enquanto a atual, posterior a 2009 e com descontos para a Segurança Social, tem 25 níveis, divididos em dois grupos (A e B). Foi precisamente o nível 18 que Hélder Rosalino terá atingido quando deixou o Conselho de Administração, ficando no mesmo patamar que Mário Centeno e Luís Máximo dos Santos. A progressão na tabela remuneratória é também comum quando um quadro do supervisor é destacado e regressa ao banco, seguindo normalmente a promoção aplicada aos pares no período de ausência. Mas não são claros os critérios e prazo de promoção. Um antigo diretor do Banco de Portugal admitia uma promoção, em média, a cada três anos, mas outro quadro do banco, que também já saiu, apontava para um período entre quatro a cinco anos. “Em termos de promoções/progressões, em situação normal, um funcionário é promovido em média em 4/5 anos em meio nível”, apontou. E revelou também que há majorações salariais face ao valor de entrada em cada nível para os quadros em função do nível académico e isenção de horário.

O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, durante a conferência de imprensa para apresentação do Relatório de Estabilidade Financeira de maio de 2023, no Banco de Portugal, em Lisboa, 10 de maio de 2023. ANDRÉ KOSTERS/LUSAANDRÉ KOSTERS/LUSA

No entanto, a falta de esclarecimentos levou os deputados da Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública (COFAP) a chamarem com caráter de urgência Mário Centeno ao Parlamento, que poderá fazer-se acompanhar pela administradora Helena Adega, com quem divide a tutela do departamento de Pessoas e Estratégia Organizacional, caso o entenda. O pedido de audição surge na aprovação de um requerimento do Chega, e segundo indiciado pelos partidos na discussão do pedido, Centeno deverá ser questionado sobre o número de trabalhadores nesta situação e quando e por que razão surgiu, bem como os seus salários.

Gastos com pessoal caíram seis milhões em 2023

O valor de gastos com pessoal do Banco de Portugal caiu seis milhões de euros, em 2023, para 125 milhões de euros, de acordo com o relatório do Conselho de Administração. O número de trabalhadores em efetividade de funções no banco a 31 de dezembro desse ano era de 1.633 trabalhadores, quando na mesma altura de 2022 era de 1.642 trabalhadores.

A remuneração do governador e do Conselho de Administração está neste bolo. Em 2023 e 2024, o Governador do Banco de Portugal auferiu mensalmente 17.647,74 e 18.177,18 euros, respetivamente, o vice-governador 16.544,76 e 17.041,11 euros e um administrador 15.441,78 e 15.905,04 euros. A atualização de salários seguiu a atualização salarial de 1% e de 3%, aplicada aos funcionários públicos, prática que o banco central segue desde 2020, após a eliminação progressiva em 2016 da redução dos salários aplicada durante a Troika.

O ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, irá convocar uma reunião da comissão de vencimentos do Banco de Portugal para avaliar a política salarial do regulador bancário. A última reunião da comissão de vencimentos do supervisor bancário realizou-se há mais de uma década. Esta é composta pelo Ministro das Finanças ou um seu representante, que preside, pelo presidente do Conselho de Auditoria do Banco de Portugal, Óscar Manuel Machado Figueiredo, e por um antigo governador, designado para o efeito pelo Conselho Consultivo, liderado por sua vez pelo atual governador, Mário Centeno. É precisamente pela indicação deste nome que o Ministério das Finanças aguarda para marcar a reunião, sabe o ECO.

Fonte: Banco de Portugal

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Eslováquia vai usar poder de veto contra Kiev após corte de gás russo

  • Lusa
  • 9 Janeiro 2025

"Se a Ucrânia estender a mão para pedir dinheiro, milhares de milhões de euros da UE, alguns políticos podem dizer que não", frisou Robert Fico. Eslováquia perde 800 milhões com corte de gás russo.

O primeiro-ministro eslovaco realçou esta quinta-feira que o corte do fornecimento de gás russo pela Ucrânia é uma medida unilateral que prejudica os interesses da Eslováquia e da União Europeia, anunciando o uso do direito de veto em questões comunitárias.

“Tenho de ter em conta que existe um direito de veto, que em situações de necessidade poderia logicamente utilizar”, frisou Robert Fico, após uma reunião em Bruxelas com o comissário da União Europeia (UE) para a Energia e Habitação, Dan Jorgensen, para avaliar o impacto do corte da passagem de gás russo pela Ucrânia.

Na UE, as decisões sobre a política externa e de segurança comum, bem como a aprovação da adesão de novos Estados e a política orçamental e fiscal, entre outras, estão sujeitas a unanimidade. “Se a Ucrânia estender a mão para pedir dinheiro, milhares de milhões de euros da UE, alguns políticos podem dizer que não”, frisou Fico, argumentando que a Ucrânia poderia ganhar 800 milhões de euros em taxas de trânsito se mantivesse o gasoduto Druzhba aberto, o que se recusou a fazer desde 1 de janeiro.

Após a reunião com Jorgensen, Fico reiterou que o aumento dos preços do gás em resultado da interrupção do tráfego significa uma perda de competitividade para a indústria europeia. “O custo de um megawatt-hora nos EUA é inferior a 10 euros, e na Europa pagamos 50 euros por megawatt-hora”, lembrou o chefe do Governo eslovaco.

Fico falou de outras medidas recíprocas contra a Ucrânia, como a retirada parcial ou total da ajuda aos 127.000 refugiados daquele país que fugiram da guerra para a Eslováquia. Reconheceu, no entanto, que tal medida exige um árduo processo legislativo. Numa declaração conjunta publicada após a reunião, Bratislava e Bruxelas anunciaram a criação de um “grupo de trabalho de alto nível” para “acompanhar e identificar opções com base em análises conjuntas da situação e ver como a UE pode ajudar”.

Jorgensen destacou, por sua vez, que entende as preocupações da Eslováquia relacionadas com as “receitas de trânsito [de gás]” e garantiu que ambas as partes “continuarão a discutir estas questões cuidadosamente”. O comissário lembrou que as discussões terão sempre em linha com o compromisso do bloco de “acabar com todas as importações de energia da Rússia o mais rapidamente possível”.

O dinamarquês reiterou também que “não existem riscos para a segurança do abastecimento da UE” devido à cessação do contrato de passagem de gás russo pela Ucrânia: “Graças também ao facto de nos estarmos a preparar para isto há mais de um ano com os Estados-membros mais afetados”.

A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e “desnazificar” o país vizinho, independente desde 1991 – após o desmoronamento da União Soviética – e que tem vindo a afastar-se da esfera de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Gripe com tendência crescente e mortalidade acima do esperado nos idosos e mulheres

  • Lusa
  • 9 Janeiro 2025

Na primeira semana deste ano, verificou-se uma “mortalidade acima do esperado no grupo etário acima dos 85 anos e no sexo feminino”, adiantou o INSA.

Portugal regista uma atividade epidémica de gripe com tendência crescente e com impacto na mortalidade acima do esperado nos idosos com mais de 85 anos e nas mulheres, anunciou esta quinta-feira o Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA).

O boletim do INSA sobre a vigilância epidemiológica dos vírus respiratórios, relativo ao período entre 30 de dezembro e 05 de janeiro, indica que, nas últimas semanas, “tem sido observada uma tendência crescente dos casos de gripe” no país, que apresenta uma “atividade gripal epidémica com tendência crescente”.

Na primeira semana deste ano, verificou-se uma “mortalidade acima do esperado no grupo etário acima dos 85 anos e no sexo feminino”, adiantou o instituto. “Na época 2024/2025, os laboratórios da Rede Portuguesa de Laboratórios para o Diagnóstico da Gripe e Outros Vírus Respiratórios (hospitais) notificaram 41.778 casos de infeção respiratória e foram identificados 4.341 casos de gripe”, refere o documento.

Já na semana entre 30 de dezembro e 5 de janeiro, foram identificados, no âmbito desta rede, 1.048 casos positivos para o vírus da gripe.

O INSA refere ainda que, nesta semana, foram reportados oito casos de gripe pelas 16 unidades de cuidados intensivos que enviaram informação e que, desse total, quatro apresentavam doença crónica e sete tinham recomendação para vacinação contra a gripe sazonal, mas apenas um estava vacinado.

Nesta semana, a proporção da gripe em cuidados intensivos foi de 5,5%, aumentando face à semana anterior (2,9%), avança também o boletim.

Já em relação ao vírus sincicial respiratório (VSR), na época 2024/2025, foram reportados 221 casos de internamento de crianças com menos de 24 meses na rede de vigilância sentinela, das quais 6,3% tiveram de ser internadas em unidades de cuidados intensivos ou com necessidade de ventilação, mas verifica-se uma tendência estável dos casos de internamento.

Em Portugal, o Programa Nacional de Vigilância é composto pela Rede de Médicos-Sentinela (médicos de família), pelos serviços de urgência de obstetrícia, pela Rede Portuguesa de Laboratórios para o Diagnóstico do Vírus da Gripe e Outros Vírus Respiratórios e pelas Unidades de Cuidados Intensivos (UCI).

Habitualmente, este programa tem início no princípio de outubro, terminando em maio do ano seguinte, e integra as componentes de vigilância clínica e laboratorial.

O surgimento de infeções respiratórias na época de inverno, como é o caso da gripe, leva a um aumento da pressão sobre os cuidados de saúde primários e hospitalares, o que tem obrigado alguns hospitais a ativarem os seus planos de contingência para responder à crescente procura.

Como medida preventiva, as autoridades têm insistido na vacinação sazonal, que arrancou em 20 de setembro e que já permitiu vacinar mais de 2,3 milhões de pessoas contra a gripe e cerca de 1,5 milhões com a dose de reforço contra a covid-19.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Fábrica da Tupperware mantém trabalhadores até final de janeiro

  • Lusa
  • 9 Janeiro 2025

A fábrica da Tupperware em Montalvo, Constância, informou os 200 trabalhadores que a atividade vai continuar até final de janeiro.

Os 200 funcionários da Tupperware vão continuar a trabalhar até final de janeiro mas a incerteza sobre o futuro da fábrica instalada em Montalvo (Constância) permanece, podendo continuar a laborar, ser vendida ou entrar em insolvência, foi revelado esta quinta-feira .

A informação que nós tivemos é praticamente a mesma da reunião anterior [em 26 de dezembro] e não sabemos o nosso futuro, sendo que hoje foi-nos transmitido que até final do mês vamos continuar a apresentar-nos ao serviço e que há três hipóteses em cima da mesa: a fábrica pode continuar a funcionar com os atuais proprietários, pode ser vendida a um grupo português ou que pode ir para insolvência e que, até final do mês, se saberá”, disse hoje à Lusa Rui Caseiro, funcionário da Tupperware.

Rui Caseiro falava à saída de uma reunião que envolveu todos os trabalhadores e o diretor da fábrica da multinacional norte-americana.

Com 47 anos e idade e “23 anos de casa”, Rui Caseiro, residente em Tramagal, disse ainda que “a produção está parada” e que está a ser dada resposta “às últimas encomendas”, trabalho que pode estender-se por “mais uma semana”, pelo que, depois, e até final do mês, “haverá trabalho ao nível de inventários de stocks, limpezas, manutenção”, podendo haver, no entrementes, “uma solução ou não”.

A fábrica da Tupperware instalada em Montalvo não fechou portas na quarta-feira, como havia sido previamente anunciado pelo presidente da câmara e pelos trabalhadores, tendo os responsáveis da fábrica adiado para hoje uma reunião com os funcionários onde foram comunicadas as notícias de futuro pelo diretor da unidade fabril, que nunca respondeu aos pedidos de informação solicitados pelos jornalistas.

Esta quinta, à porta da fábrica, os jornalistas esperaram mais uma vez pela saída dos trabalhadores para tentar obter alguma informação sobre o futuro da empresa e dos 200 funcionários, informação que tem sempre surgido aos poucos e quase sempre de maneira informal, tendo os mesmos indicado aos jornalistas que se mantêm as “dúvidas e incertezas” mas que saíram da reunião com a “garantia verbal que seria tudo pago”, caso haja necessidade de despedimentos.

“O que foi divulgado [na reunião] é que continua tudo em stand by até final de janeiro e que, se até lá não for divulgada informação para continuar, que vai entrar em insolvência. Que estão à espera de ordens dos Estados Unidos e mantêm-se as incertezas e as dúvidas até final do mês”, disse à Lusa Helena Jesus, 57 anos, residente em Abrantes.

Com 35 anos de casa, Helena disse que, no período de perguntas dos trabalhadores na reunião, “a dúvida era se, caso a empresa feche, se era tudo pago”, e os direitos dos trabalhadores salvaguardados, o que terá sido assegurado. “Eles dizem que vai ser tudo pago, indemnizações, subsídio de férias ou férias não gozadas, que isso vai ser tudo pago e que isso garantem a 100%”, declarou.

Luísa Batista, com 62 anos de idade e 38 anos de fábrica, afirmou sair da reunião “mais tranquila” com as garantias dadas, apesar da incerteza no futuro. “Não tenho razão para não confiar, sempre pagaram, não devem nada, temos os salários em dia, ainda vamos receber este mês e temos ainda trabalho”, afirmou, tendo feito notar que “ainda não é certo que a fábrica feche” e que estão “três opções” em cima da mesa.

“Gostava que a fábrica continuasse a funcionar, pelo menos até à minha reforma, faltam quatro anos”, disse, numa gargalhada.

A fábrica vai manter a atividade por mais uns dias para dar resposta às encomendas, continuando, no entanto, incerto o futuro de 200 trabalhadores, apesar de duas das três opções em cogitação viabilizarem a continuidade da unidade industrial e manterem “acesa uma luz ao fundo do túnel”, disse à Lusa o presidente da Câmara de Constância.

“Se hoje dissessem às pessoas que a partir de segunda-feira a fábrica está fechada e vamos começar os despedimentos, teríamos chegado ao fim da linha”, afirmou Sérgio Oliveira, tendo feito notar que, “o facto de haver mais umas semanas em que a fábrica está a trabalhar, até 31 de janeiro, alimenta-nos a todos a esperança que efetivamente a pior solução de todas não venha a acontecer”.

Tendo feito notar que “o poder de decidir está nas mãos dos credores, dos investidores e dos fundos de investimento na América”, o autarca disse que os trabalhadores estão a viver “momentos muito difíceis de incerteza e angústia” mas que há hipóteses de continuidade.

“Há um grupo de investidores interessados na fábrica da Tupperware, que a Câmara acompanhou numa reunião com a secretaria de Estado da Economia, e já foi apresentada uma proposta de aquisição da fábrica à empresa norte americana, tendo chegado ontem um pedido de esclarecimentos adicionais, já respondido, e aguarda-se resposta”, avançou, sem detalhar o nome do grupo empresarial.

Por outro lado, indicou, “a licença de produção da fábrica expirou na quarta-feira”, dia 08 de janeiro, e “os atuais proprietários pediram a renovação da licença, ainda sem resposta”. Face a estas movimentações, Sérgio Oliveira frisou existirem ao momento “três possibilidades, sendo que a da insolvência é que ninguém quer”.

“Esperemos que seja um período difícil e que no fim haja efetivamente essa luz ao fundo do túnel e que a Tupperware continue a laborar, com o nome Tupperware ou com outro nome qualquer, e que continue a assegurar o número de postos de trabalho que ali tem para aquelas famílias todas”, concluiu.

A fábrica da multinacional Tupperware em Portugal, a funcionar desde 1980 na freguesia de Montalvo, dependia a 100% da casa-mãe norte-americana, vendida depois de em setembro ter entrado em falência, e os planos para o futuro não parecem passar pela Europa, uma vez que a empresa revogou a sua licença de venda de produtos em todos os países europeus, segundo noticiou a imprensa internacional.

O pedido de insolvência da casa-mãe tem consequências diretas na unidade portuguesa e pode deixar no desemprego os 200 trabalhadores que ali são efetivos, a maioria dos quais residente em Montalvo. A Lusa pediu informações à administração da fábrica instalada em Portugal, sem resposta até ao momento.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

“Vale a pena esperar para ver” como será a administração Trump, diz Marcelo

"A grande dúvida é sobretudo depois de dia 20 como é que a administração Trump começa", alertou o Presidente da República que deixou em aberto se vai à tomada de posse do presidente do Moçambique.

“Vale a pena esperar para ver” como será a nova presidência dos EUA, liderada por Donald Trump, que toma posse dia 20 de janeiro, afirmou esta quinta-feira o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a partir de Washington, à margem do funeral do antigo presidente Jimmy Carter.

“A grande dúvida é sobretudo depois de dia 20 como é que a administração Trump começa. Internamente, vai começar com medidas económicas puxando pela economia americana, que terão projeção nas outras economias. Até onde vai essa projeção na Europa, Canadá, no mundo? Será muito ou pouco pesada, qual será a posição relativamente à Ucrânia, à guerra na Ucrânia e ao Médio Oriente, questionou.

O Chefe de Estado português sublinhou que Donald Trump tem “um estilo próprio” e que goza de “uma maioria esmagadora” no congresso norte-americano. “Como será o seu relacionamento económico com o resto do mundo, será mais intenso e agressivo?“, indagou.

Por isso, Marcelo prefere “esperar para ver”, porque “uma coisa é o pré-início de funções, outra coisa é perante o dia a dia no exercício de funções na relação com a Ucrânia, com o primeiro-ministro do Canadá e com a Europa”. Questionado se o chefe do Governo do Canadá – ao lado de quem ficou no funeral – está preocupado, o Presidente da República não quis revelar as conversas que teve em privado com Justin Trudeau, porém salientou que “já é de longe a preocupação canadiana com o relacionamento económico em matéria tarifária e em matéria de impostos”.

Sobre os incêndios que têm fustigado a Califórnia, Marcelo revelou que, “até agora não há portugueses afetados em termos de mortes ou danos pessoais e patrimoniais”. “Há mais de 300 mil portugueses na Califórnia e a maior parte vem das regiões autónomas, nomeadamente dos Açores, por isso é uma boa notícia dentro de uma má notícia”.

Marcelo Rebelo de Sousa deixou ainda em aberto se vai ou não à tomada de posse do novo presidente de Moçambique, Daniel Chapo, que se realiza na próxima semana, a 15 de janeiro, tendo em conta o clima de violência que se vive no país.

“A situação está a ser acompanhada para depois haver uma decisão. Iremos falando entre Presidente e Governo e veremos qual a decisão a adotar por Portugal”, indicou. O primeiro-ministro, Luís Montenegro, também ainda não tomou uma posição.

Montenegro teve esta quinta-feira uma conversa telefónica com Daniel Chapo, na qual foi abordada a necessidade de assegurar um cessar imediato da violência e de garantir a segurança da população e de todos os atores políticos, designadamente dos que foram candidatos a 9 de outubro.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Covid leva seguradora a pagar 3 milhões de euros ao grupo Tasty

  • ECO Seguros
  • 9 Janeiro 2025

O grupo indicou que o montante será pago em 21 dias. Mas, devido aos custos legais e aqueles associados às dívidas que tem com os seus credores, espera receber 1.8 milhões de euros.

O grupo de restauração Tasty vai receber uma indemnização 2,5 milhões de libras (cerca de 3 milhões de euros) da sua seguradora pela quebra de faturação durante a pandemia da Covid-19, avançou o Insurance Times.

O dono das cadeias de restaurantes Dim T e Wildwood disse que a queixa apresentada estava relacionada com a quebra do contrato de seguro para perdas ocorridas em 2020.

Numa atualização publicada na Bolsa de Valores, Tasty indicou que o montante será pago em 21 dias. Mas, devido aos custos legais e aqueles associados às dívidas que tem com os seus credores, espera receber 1,5 milhões de libras (1,8 milhões de euros).

O grupo de restauração indicou que as condições comerciais continuavam difíceis no setor da restauração pelo “declínio na confiança do consumidor e um declínio percetível nos gastos discricionários, pressões inflacionárias sobre os alimentos, aumentos no salário mínimo nacional e após o orçamento do governo do Reino Unido em outubro de 2024, um aumento nas contribuições do seguro nacional dos empregadores a partir de abril de 2025.”.

A Tasty encerrou 18 restaurantes em 2024.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Marrocos pondera obrigatoriedade de seguro para habitação

  • ECO Seguros
  • 9 Janeiro 2025

Governo contratou consultores para avaliar as necessidades reais de proteção e estudar a implementação de um quadro legislativo e um roteiro para a sua aplicação.

A autoridade de supervisão de seguros de Marrocos caminha na direção de tornar os seguros para habitação obrigatórios no país. Segundo avançou o Atlas Magazine, o supervisor contratou a ARM Consultants para avaliar as necessidades reais de proteção e estudar a implementação de um quadro legislativo e um roteiro para a sua aplicação.

Marrocos está a reforçar proteção contra sismos, com Fundo para seguradoras e outro para famílias.Lusa

O objetivo da iniciativa é reforçar a proteção do património face aos riscos, como catástrofes naturais.

De acordo com o jornal, a análise vai permitir fazer um balanço das ofertas comerciais locais e vai aproveitar as experiências internacionais para desenvolver uma estratégia adaptada às necessidades internas.

Em comparação, em Portugal o único seguro para habitação obrigatório é contra incêndio e apenas para edifícios constituídos por apartamentos, segundo indicado no sítio da internet da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões (ASF).

Marrocos com plano de contingência. Portugal fica para trás

O sismo que abalou Marrocos em setembro de 2023 expôs a vulnerabilidade das famílias, muitas das quais ficaram desprotegidas contra os custos dos sinistros.

Não obstante, o país tem um plano de contingência contra sismos mais robusto do que Portugal. Após um terramoto atingir o país em 2004, o governo marroquino desenvolveu um sistema de parcerias público-privadas para financiar previamente ao acontecimento a sua resposta aos sismos.

É um mecanismo assente em dois pilados: no Fundo Nacional de Seguro contra Catástrofes que apoia os tomadores de seguro privados com proteção total contra riscos catastróficos e um Fundo de Solidariedade para dar cobertura às pessoas sem seguro e aos membros mais vulneráveis da sociedade.

Por cá, apesar da vontade do setor segurador, ainda se espera pela criação do fundo sísmico. A ASF entregou ao Ministério das Finanças a proposta para a criação de um fundo para proteção em caso de eventos sísmicos.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Líder da oposição na Venezuela já foi libertada

  • Lusa
  • 9 Janeiro 2025

María Corina Machado deslocou-se a Chacao, em Caracas, para participar nas manifestações a favor da vitória do candidato Edmundo González. Depois de uma breve detenção, foi libertada.

A líder opositora na Venezuela, María Corina Machado, foi esta quinta-feira “violentamente intercetada”, depois de comparecer numa manifestação para reivindicar a vitória do candidato da oposição nas presidenciais de julho, após mais de quatro meses escondida, denunciou a sua equipa. O seu partido, entretanto, anunciou que já tinha sido libertada, avança o El País.

María Corina foi violentamente intercetada quando saía da manifestação em Chacao. Esperamos poder confirmar a sua situação dentro de alguns minutos. Membros do regime dispararam contra as motas que a transportavam”, denunciou o Comando Venezuela no seu perfil oficial nas redes sociais. Pouco depois, a organização Human Rights Watch confirmou a detenção da líder da oposição.

Machado deslocou-se a Chacao, em Caracas, para participar nas manifestações a favor da vitória do candidato da oposição Edmundo González nas últimas eleições presidenciais venezuelanas, na véspera da data marcada para a posse do Presidente venezuelano.

Vestida de branco e agitando uma bandeira venezuelana, Maria Corina Machado chegou ao comício no distrito comercial de Chacao num camião, sob muitos aplausos. “Nunca me senti tão orgulhosa na minha vida. Em toda a Venezuela as pessoas saíram à rua”, disse, ao chegar ao local onde milhares de pessoas a esperavam há horas.

A opositora garantiu ainda que os próximos dias serão “históricos e decisivos para a liberdade” do país caribenho, no âmbito do “impressionante” movimento de cidadãos. “Estamos, a partir de hoje, numa nova fase. Temos estado a preparar-nos para estes dias e estas semanas”, disse Machado à multidão. Para Machado, principal apoiante de González Urrutia, “o fim do regime chavista” dependerá do que este fizer na sexta-feira, quando está prevista a tomada de posse presidencial.

O candidato da oposição venezuelana, Edmundo González Urrutia, exigiu entretanto a libertação imediata de Corina Machado. “Como presidente eleito, exijo a libertação imediata de María Corina Machado. Às forças de segurança que a raptaram, digo: não brinquem com o fogo”, sublinhou o líder da oposição numa breve mensagem publicada nas suas redes sociais.

Edmundo González Urrutia, que se exilou em Espanha em setembro após ter sido alvo de mandados de captura, anunciou que estará “muito em breve” em Caracas e tem reiterado que tenciona assumir a Presidência do país.

Nicolás Maduro tenciona ser indigitado na sexta-feira para um terceiro mandato presidencial, após ter sido dado como vencedor das presidenciais de 28 de julho, o que a oposição e parte da comunidade internacional contestam.

 

(Atualizado às 21h12)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

BPI Vida e Pensões bate recorde em classificação pelo investimento responsável

  • ECO Seguros
  • 9 Janeiro 2025

As classificações ficaram acima da média do setor. Alcançara a pontuação máxima nos indicadores: elementos e cobertura da política de investimento responsável, estratégia de voto e mudança climática.

Pela primeira vez todas as entidade sdo Grupo CaixaBank aderentes aos PRI obtiveram a classificação máxima na revisão anual de 2024 do promotor dos Princípios de Investimento Responsável (PRI, sigla em inglês) que reconhece o compromisso dos gestores de ativos e pensões com o investimento responsável, integrando critérios sociais, ambientais e de governação nas suas decisões de investimento.

O BPI Vida e Pensões, BPI Gestão de Ativos em Portugal e CaixaBank Asset Management e VidaCaixa em Espanha alcançaram a classificação máxima de 5 estrelas no módulo “Política, Governação e Estratégia”. Segundo comunicado pelo BPI, as suas classificações ficaram acima da média do setor.

As empresas obtiveram a pontuação máxima em vários indicadores, como: elementos e cobertura da política de investimento responsável, estratégia de voto e mudança climática.

A BPI Gestão de Ativos alcançou “uma avaliação excelente na integração ESG para estratégias de Hedge Funds Long/Short Equity, bem como em medidas de confiança, auditorias internas e revisões periódicas”.

Este reconhecimento “confirma e reforça o nosso compromisso com um modelo de investimento que combina a rentabilidade dos produtos com decisões de investimento alinhadas aos Princípios para o Investimento Responsável, promovendo a criação de valor para toda a sociedade”, afirmou Adérito Oliveira, responsável pela área de Desenvolvimento de Negócio e Sustentabilidade, e administrador executivo da BPI Gestão de Ativos.

Por sua vez, a BPI Vida e Pensões considera o reconhecimento alcançado é reflexo do “compromisso estratégico da companhia, de políticas corporativas rigorosas e da integração dos princípios de investimento sustentável na gestão de investimentos”. Outra vantagem vista pela BPI Vida e Pensões é de a adoção destes princípios ter “um efeito favorável nos resultados financeiros de longo prazo e contribui para um maior progresso económico e social”.

Os Princípios de Investimento Sustentável foram criados com o objetivo de ajudar nas decisões de investimento a mais longo prazo. Em 2024, esta iniciativa contava com 3.051 signatários.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.