Vai ser mais difícil aceder à nacionalidade. Governo quer alargar prazos

O Governo quer alargar as condições de exigência para acesso à nacionalidade. E a expulsão de imigrantes em situação de ilegalidade vai ser mais rápida.

Depois das alterações à lei da imigração, o Governo quer completar o círculo, desta vez com mudanças à lei da nacionalidade. De que forma? “Revisão da lei da nacionalidade, alargando o tempo mínimo de residência e presença efetiva em território nacional, eliminando a possibilidade de a permanência ilegal ser considerada para efeitos de contagem desse tempo“, lê-se no Programa de Governo entregue este sábado no Parlamento.

As migrações ganharam, nos últimos anos, uma relevância política sem precedentes, e um dos dados que o confirma é a ascensão de partidos como o Chega, que puseram a imigração no centro de debate político. O Governo, há um ano, mudou as regras da lei de estrangeiros e asilo, pôs fim à chamada ‘manifestação de interesse’, criou uma unidade para tratar da regularização de mais de 400 mil imigrantes sem documentos e à espera de resposta da AIMA, e concluiu que há em Portugal mais de 1.6 milhões de estrangeiros. Agora, de acordo com o programa de Governo que vai ser votado na Assembleia da República nos dias 17 e 18 deste mês, haverá mudanças na lei da nacionalidade, aquela que permite, nomeadamente, o exercício do direito de voto.

A política de imigração anterior ficou marcada por alterações facilitistas e irresponsáveis à lei da imigração, pela catastrófica extinção do SEF, pela abolição do controlo de fronteiras e das verificações criminais, pelo acumular de mais 1 milhão de processos pendentes, e pelo desmantelamento das políticas de integração“, escreve o Governo. Assim, além do alargamento do prazo para aceder à nacionalidade, que é hoje de cinco anos, “quem adquire a nacionalidade portuguesa tem uma relação efetiva e uma integração de sucesso no País, reunindo as condições necessárias para assumir os direitos e cumprir os deveres inerentes à nacionalidade”.

As mudanças não terminam aqui, haverá uma “revisão da lei de estrangeiros e da lei de asilo, limitando os fluxos migratórios, nomeadamente do reagrupamento familiar, à capacidade dos serviços públicos e de integração da sociedade portuguesa”. Acresce que o Governo admite “a introdução de critérios de progresso no domínio da língua portuguesa nas renovações de certas modalidades de autorização de residência“.

Quando as entidades oficiais identificarem situações de ilegalidade, o processo de expulsão do país é lento. Assim, o Governo quer avançar para a “criação de um novo regime rápido e eficaz de afastamento de estrangeiros em situação ilegal, em sintonia com a nova regulamentação em discussão nas instâncias europeias”.

E para garantir o controlo de fronteiras, o Governo confirma, neste programa entregue na Assembleia, a “criação da Unidade Nacional de Estrangeiros e Fronteiras da PSP como garante da eficácia e humanismo da política de controlo, de retorno e asilo”, além da conclusão da construção dos novos centros de instalação temporária e espaços equiparados, para implementar o novo processo de triagem dos migrantes nas fronteiras externas da União Europeia.

 

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Vai haver mudanças nos regimes de insolvência para facilitar acordos

  • Lusa
  • 14 Junho 2025

Os regimes de insolvência em vigor vão ser revistos para facilitar acordos de reestruturação e garantir maior celeridade, de acordo com o Programa do Governo.

O Governo quer rever os regimes de insolvência atualmente em vigor, para facilitar acordos de reestruturação e garantir maior celeridade, de acordo com o Programa do Governo, entregue este sábado na Assembleia da República.

No documento, o Executivo liderado por Luís Montenegro propõe-se a “rever os regimes de insolvência, adotando as melhores práticas europeias”. O objetivo é “facilitar acordos de reestruturação, garantir celeridade, preservar o valor económico dos negócios e reforçar os instrumentos de controlo dos credores”.

O Programa aposta na redução de impostos e na simplificação fiscal, para melhorar a competitividade das empresas. “Redução transversal do IRC, com diminuição gradual até 17% (e 15% para PMEs). Aproveitar o processo de revisão da despesa fiscal (benefícios fiscais) para sustentar a eliminação de incentivos fiscais dispersos e ineficientes e concentração naqueles que se revelam mais eficazes”, lê-se. Mas o Governo vai mais longe e admite, desta vez, “reduções adicionais das taxas marginais e atenuação gradual da progressividade do imposto via derrama estadual”.

Pretende ainda a revisão da legislação laboral para “melhorar a adequação do regime legal aos desa­fios do trabalho na era digital e “equilibrar a proteção dos trabalhadores com uma maior flexibilidade dos regimes laborais”. Aponta ainda “o equi­líbrio de interesses sociais na legislação da greve”.

No Programa, o Governo propõe um reforço da “capitalização das empresas e o ecossistema de capital de risco, através da criação de um fundo de fundos”, sob a gestão do Banco Português de Fomento.

O Programa do XXV Governo Constitucional, saído das legislativas de 18 de maio ganhas pela coligação AD (PSD/CDS), foi entregue na Assembleia da República, pelo ministro dos Assuntos Parlamentares, Carlos Abreu Amorim. O programa foi aprovado em Conselho de Ministros na quinta-feira e será discutido na Assembleia da República na terça e quarta-feira.

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Governo quer Portugal no top 10 dos países turísticos

  • ECO
  • 14 Junho 2025

Além dos setores tradicionais, o Governo quer IRC reduzido de 12,5% para empresas startup, reduzir a derrama estadual e a fiscalidade do “goodwill” por forma a incen­tivar operações de concentração.

No seu programa de Governo apresentado este sábado, o executivo revela querer “uma economia pujante, a crescer acima da média europeia, ga­rantindo uma convergência célere” e reforçar a atração de investimen­to, em particular investimento direto estrangeiro e projetos de dimensão, ganhos de escala e inovação, que permitam “alavancar a capacidade e a produtividade e competitividade da economia nacional”.

Assim, estabelece como meta alcançar um cres­cimento médio do PIB superior à média europeia, garantindo avanços na convergência e no caso da internacionalização das Empresas – atingir, até 2029, um nível de ex­portações de bens e serviços equivalente a cerca de 55 % do PIB.

Para o financiamento e Crescimento Empresarial, quer elevar o portfolio de ga­rantias financeiras de crédito do BPF (Banco Português de Fomento) para 5% do PIB até 2029, quer ainda elevar o investimento total em inves­tigação e desenvolvimento (I&D) para valores próximos dos 3% do PIB até 2030.

No período desta legislatura, o executivo quer posicionar Portugal entre os 10 primei­ros países mais competitivos nos termos do Travel & Tourism Develop­ment Index do Fórum Económico Mundial e lançará a Estratégia Turismo 2035 para transformar Portugal num dos destinos turísti­cos mais competitivos do mundo.

O Banco Português de Fomento será o reforço do estabelecimento de parcerias bilaterais estratégicas que atraiam investimento direto estran­geiro e promovam o investimento internacional das empresas portugue­sas, bem como a assegurarem o apoio à estruturação e ao financiamento de grandes projetos de investimento público em infraestruturas essenciais.

Concluir o processo de fusão das Sociedades de Garantia Mútua, é outra medida esperada, “asse­gurando um modelo de governança mais simples, ágil e orientado para as empresas, com maior eficácia na concessão de garantias bancárias e melhoria dos serviços prestados ao tecido empresarial”.

O Grupo Banco Português de Fomento (BPF) integrará a SOFID, garantindo o acesso ao programa europeu Global Gateway, e promovendo a participação de empresas portuguesas em projetos internacionais de desenvolvimento.

No apoio às empresas o Governo propõe-se reduzir o custo das garantias bancárias de forma transversal, com um modelo de pricing mais simples e ágil, além de constituir um fundo de fundos, estruturante e recorrente, que, sob gestão do Grupo BPF, possa dar continuidade à missão do Fundo de Capitalização e Resiliência replican­do as práticas de mercado das parcerias de capital com o Grupo BEI/FEI e promovendo a capacitação do ecossistema nacional de capital de risco.

Para esses fundos, o Governo vai incentivar a participação de investidores institucionais, como fundos de pensões ou seguradoras, em fundos de capital de risco, nomeadamente através da criação de mecanismos de mitigação de risco e de benefícios para particulares que invistam em entidades que canalizem fundos para estes investimentos.

Indica ainda pretender eliminar as restrições ou obstáculos injustificados ao acesso das empresas ao mercado de capitais, incluindo entradas em bolsa ou formas alternativas e inovadoras de financiamento como fintech, fundos de reestruturação, mode­los de entrada de capital ou quasi-capital, preservando a segurança dos pequenos investidores.

No apoio à tesouraria das empresas nacionais, propõe-se aplicar de forma efetiva, acelerar e automatizar a compensação de crédi­tos tributários e garantir, até ao final da legislatura, pagamentos a 30 dias pelas enti­dades públicas.

Pretende também estimular a cultura de spin-off de empresas a partir de instituições de Ensino Superior e alinhar os critérios de acesso das startups à taxa reduzida de IRC de 12,5% com os requisitos para o reconhecimento oficial do estatuto de startup.

O executivo vai reduzir gradualmente o IRC até aos 17% até 2029, com uma redução até aos 15% no caso das PME nos primeiros 50 mil euros de lucro tributável e eliminar, de forma gradual, a progressividade da derrama estadual em sede de IRC. Ainda quer rever o regime de dedutibilidade fiscal do “goodwill” por forma a incen­tivar operações de concentração.

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IRS vai ter novo corte até ao 8.º escalão. IRC vai para 17%

  • Lusa
  • 14 Junho 2025

Governo acredita que a reforma fiscal prevista no programa irá acelerar a economia e possibilitar uma racionalização dos benefícios fiscais dispersos.

O executivo defende a “sustentabilidade orçamental” da redução de impostos e argumenta que a reforma fiscal prevista no programa do Governo irá acelerar a economia e possibilitar uma racionalização dos benefícios fiscais dispersos. No programa do Governo, entregue este sábado na Assembleia da República, o executivo de Luís Montenegro confirma a intenção de reduzir o IRS até ao 8.º escalão, de dois mil milhões de euros até 2029, com uma redução de 500 milhões já em 2025, bem como de diminuir as taxas de IRC, de forma gradual até aos 17% no final da legislatura.

O Governo defende que esta reforma fiscal tem efeito “na aceleração do crescimento económico”, ainda que admita que, “por um princípio de prudência, não deve ser sobrevalorizado”. Além desse efeito no crescimento da atividade económica, assegura que a “sustentabilidade orçamental desta redução de impostos é reforçada pela racionalização dos benefícios fiscais dispersos, numa ótica de ampliação das bases tributárias”.

O executivo considera assim que há margem orçamental para esta descida de impostos, numa altura em que já há instituições que acompanham as contas públicas portuguesas que projetam um regresso aos défices orçamentais este ano ou no próximo.

O Banco de Portugal prevê um défice de 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano e de 1,3% no próximo, enquanto o Conselho das Finanças Públicas aponta para um saldo orçamental equilibrado em 2025 e um défice de 1% em 2026.

A Comissão Europeia antecipa que Portugal irá conseguir um excedente orçamental de 0,1% do PIB este ano, que se transformará num défice de 0,6% em 2026. Já o executivo, por sua vez, espera ter um excedente de 0,3% do PIB, segundo as previsões inscritas no Orçamento do Estado para 2025 e confirmadas no Relatório Anual de Progresso, entregue à Comissão Europeia.

Neste programa do Governo, não foram atualizadas as estimativas para o cenário orçamental, mas o executivo reitera, no capítulo dedicado às Finanças, que “o equilíbrio orçamental e a redução da dívida pública são uma condição fundamental para um desenvolvimento económico e social sustentável”.

O Programa do XXV Governo Constitucional, saído das legislativas de 18 de maio ganhas pela coligação AD (PSD/CDS), foi entregue na Assembleia da República, pelo ministro dos Assuntos Parlamentares, Carlos Abreu Amorim. O programa de Governo foi aprovado em Conselho de Ministros na quinta-feira e será discutido na Assembleia da República na terça e quarta-feira.

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Portugal desaconselha viagens para Médio Oriente

  • Lusa
  • 14 Junho 2025

O Governo português desaconselha todas as viagens para Israel e Irão dada a atual situação do conflito, segundo uma informação publicada no Portal das Comunidades Portuguesas.

O Governo português desaconselha todas as viagens para Israel e Irão dada a atual situação do conflito, segundo uma informação publicada no Portal das Comunidades Portuguesas. “Tendo em consideração a atual situação de conflito entre Israel e o Irão desaconselham-se neste momento todas as viagens para a região”, lê-se na mensagem, divulgada através do portal do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE).

A embaixada de Portugal em Telavive disponibilizou um contacto de emergência consular (+ 972 54 5451172), “face à escalada do conflito entre Israel e o Irão e ao encerramento do espaço aéreo israelita”. Este número destina-se “exclusivamente para questões de emergências e situações especiais diretamente relacionadas com o atual momento”, divulgou a embaixada portuguesa através das redes sociais, repetindo vários apelos aos cidadãos para que se mantenham seguros e respeitem as indicações das autoridades israelitas.

A Lusa tentou obter informações sobre portugueses residentes em Israel e no Irão, junto do MNE, mas sem sucesso até ao momento.

Israel e o Irão estão em guerra desde a madrugada de sexta-feira quando Telavive bombardeou instalações militares e nucleares iranianas causando pelo menos 78 mortos, incluindo lideranças militares e cientistas, e centenas de feridos, segundo a diplomacia iraniana.

Os ataques israelitas, efetuados por 200 aviões contra uma centena de alvos, atingiram sobretudo Teerão (norte) e a central de enriquecimento de urânio de Natanz (centro).

O Irão retaliou lançando centenas de mísseis contra território israelita, com explosões registadas sobre as cidades de Telavive e Jerusalém, que mataram pelo menos três pessoas e deixaram dezenas de feridos.

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Menos licenças prévias, mais fiscalizações à posteriori. Governo quer desburocratizar e simplificar

A reforma do Estado passará por um contrato de confiança com os cidadãos, com menos licenciamentos e mais autorizações tácitas e fiscalização à posteriori. E vai haver um CIO do Estado.

O primeiro-ministro Luís Montenegro avançou com uma reorganização do Governo e a criação do Ministério da Reforma do Estado e tinha afirmado, na tomada de posse, que iria declarar “guerra à burocracia”. Agora, com a apresentação do Programa de Governo, começa a ser mais claro o objetivo político para os próximos quatro anos: A substituição do atual paradigma de licenciamentos por um sistema mais célere, que privilegia o deferimento tácito e a fiscalização a posteriori, reduzindo drasticamente o número de pareceres prévios — vinculativos ou não. “A confiança é a base de uma administração mais ágil, mais humana e mais justa – e o antídoto contra a corrupção que se alimenta da opacidade e da lentidão“, lê-se no programa de Governo que vai a votos no Parlamento nos próximos dias 17 e 18.

Neste contexto, o Governo quer “introduzir mecanismos de “sunset clauses” [cláusulas de caducidade], garantindo que a ausência de clarificação relativa a um processo de licenciamento extingue determinadas exigências, dando aos cidadãos e empresas previsibilidade e segurança nos seus investimentos“.

As mudanças neste ‘contrato de confiança’ incluem também a revisão do controlo financeiro, com o fim dos controlos prévios e um reforço do controlo sucessivo, focado na responsabilização individual. “Rever e acelerar o sistema de controlo financeiro da Administração Pública, substituindo o paradigma de controlo prévio pelo controlo concomitante e sucessivo, e concentrando a jurisdição do Tribunal de Contas no controlo específico e na responsabilidade financeira“, especifica o Governo.

A reforma do Estado também exige uma nova abordagem à sua organização interna: as estruturas e entidades devem ser apenas as estritamente necessárias, seguindo princípios de descentralização e autonomia operacional, mas acompanhadas de rigor na avaliação de resultados e na responsabilização política e técnica“, lê-se na introdução ao capítulo sobre as mudanças no Estado.

No contexto da desburocratização e simplificação públicas, o Governo definiu que “cada Ministério fará um levantamento exaustivo de todos os processos burocráticos que as empresas e os cidadãos enfrentam (com destaque para as áreas da Saúde, Educação e serviços de conhecimento intensivo)“. E promete que cada um dos processos será avaliado e, se a sua existência não se justificar, “será eliminado”. A Inteligência Artificial, claro, não poderia deixar de estar incluída nestas mudanças: “Avançar na digitalização integral de todos os processos administrativos, incluindo a integração com IA para validação automática de formulários, alertas de pendências e preenchimento assistido”, pode lêr-se.

No plano institucional, o Governo promete “completar a reforma do centro de Governo e cúpula da Administração Direta do Estado, com extinção de secretarias-gerais setoriais” e serviços partilhados, “aproveitamento do potencial sinergético e racionalizador do Campus XXI”. Mas a novidade é mesmo a criação de uma nova função dentro do Estado: “Criar a figura do Diretor de Sistemas de Informação da Administração Pública (ou CIO Chief Information Officer), responsável por liderar uma estratégia digital unificada entre sectores da Administração Pública, superando a atual fragmentação e concentrando os recursos hoje dispersos, com ganhos financeiros e de eficiência”.

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Governo quer avaliação global dos funcionários públicos

A reforma do Estado vai passar também por mudanças na administração pública. Se o Governo não quer despedir, quer avaliar, redistribuir e recompensar, lê-se no programa de Governo.

A reforma do Estado é uma das prioridades do Governo, e isso fica claro no programa que foi entregue este sábado no Parlamento para a discussão e votação nos próximos dias 17 e 18. Se a desburocratização e a simplificação fazem parte da agenda do novo ministro Gonçalo Saraiva Matias, a reforma vai também tocar na Administração Pública, que depende do ministro Joaquim Miranda Sarmento. E uma das medidas é a elaboração de uma “avaliação global dos trabalhadores por áreas setoriais e funções, antecipando necessidades e identificando redundâncias, a fim de promover uma política ativa de redistribuição de trabalhadores no âmbito da administração direta e indireta do Estado“.

De acordo com o Programa de Governo, a que o ECO teve acesso, “é fundamental valorizar os funcionários públicos, criando condições para atrair e reter talento, promovendo o mérito, o esforço e a produtividade. Os ganhos de eficiência e financeiros resultantes desta agenda permitirão libertar recursos que serão canalizados para a atração desse talento e a valorização do existente”. Na primeira legislatura, o Governo renegociou, e aumentou, quase uma vintena de carreiras especiais no Estado, desde logo os professores. Agora, reconhece que “a reforma do Estado também exige uma nova abordagem à sua organização interna: as estruturas e entidades devem ser apenas as estritamente necessárias, seguindo princípios de descentralização e autonomia operacional, mas acompanhadas de rigor na avaliação de resultados e na responsabilização política e técnica“.

Além da avaliação global dos trabalhadores e do objetivo de redistribuição de funcionários — esta possibilidade já existe, mas continua com números muito limitados –, O Governo voltará à carga com a criação de uma autoridade para a gestão da função pública, projeto que foi lançado na anterior legislatura e travado em Belém. “Criar uma única entidade (através da fusão da DGAEP, INA, SSAP e ligação funcional à CRESAP, mantendo a autonomia decisória desta última), que agregue várias funções e fases do ciclo-de-vida da política de pessoas e recursos humanos da Administração Pública, designadamente, políticas de recursos humanos, gestão de carreiras, compensação e benefícios, seleção e recrutamento de dirigentes e trabalhadores, avaliação, e formação, desenvolvimento e conhecimento dos trabalhadores e colaboradores do Estado“, lê-se no programa de Governo.

Finalmente, o Governo revela o objetivo de “evoluir para um sistema de avaliação simples, desburocratizado, dando autonomia e responsabilidade aos avaliadores e maior peso ao desempenho como critério de progressão por oposição ao critério da antiguidade”.

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As 10 medidas do novo Governo para mudar o país

  • ECO e Lusa
  • 14 Junho 2025

Salário Mínimo de 1.100€, salário médio 2.000€, e nenhum pensionista com rendimento abaixo de 870€ até ao final da legislatura fazem parte das prioridades definidas no Programa de Governo.

O programa do XXV Governo Constitucional foi entregue este sábado na Assembleia da República, com o ministro dos Assuntos Parlamentares a afirmar que é um documento “para quatro anos” e que visa “verdadeiramente transformar o país”. “Este Governo pretende, para além da estabilidade que foi a promessa que nós fizemos aos portugueses, pretende verdadeiramente transformar o país nas suas áreas mais importantes”, indicou Carlos Abreu Amorim, no momento de entrega do programa à vice-presidente do Parlamento, a social-democrata Teresa Morais.

O programa do segundo executivo liderado por Luís Montenegro tinha sido aprovado em Conselho de Ministros na quinta-feira e tem dez eixos prioritários:

Numa política de rendimentos que “valoriza o trabalho e a poupança, o mérito e a Justiça Social” o governo aponta para um Salário Mínimo de 1.100 euros, salário médio 2.000 euros , e nenhum pensionista com rendimento abaixo de 870 euros durante a legislatura, apontando ainda reduzir o IRS em 2.000 milhões de euros ao longo da legislatura, dos quais 500 milhões já em 2025, baixando a carga fiscal sobre os rendimentos, em especial para a classe média.

Indica ainda um reforço da simplificação e previsibilidade fiscal, limitando a discricionariedade da autoridade tributária, com medidas de estímulo à poupança e enfoque na literacia financeira, ao mesmo tempo que pretende rever o regime de atribuição e fiscalização do rendimento social de inserção (RSI), e avaliar a sua acumulação com outros apoios sociais e a introdução de obrigações de solidariedade.

Reforma do Estado e Guerra à burocracia: o Governo pretende simplificar a vida dos cidadãos e das empresas o programa descreve mediadas de ataque à burocracia que “prejudica as empresas e os cidadãos”, no aumento da eficiência da digitalização da Administração Pública e criar a figura do Diretor de Sistemas de Informação da Administração Pública (ou CIO Chief Information Officer), responsável por liderar uma estratégia digital unificada entre setores da Administração Pública, superando a atual fragmentação e concentrando os recursos hoje dispersos, com ganhos financeiros e de eficiência.

O regresso à redução transversal do IRC, com diminuição gradual até 17% (e 15% para PMEs) é medida em destaque para – segundo o Governo – “Criar riqueza, acelerar a economia e aumentar o valor acrescentado”. Aproveitar os benefícios fiscais para sustentar a eliminação de incentivos fiscais dispersos e ineficientes e concentração naqueles que se revelam mais eficazes.

O programa aponta para uma revisão da legislação laboral para melhorar a adequação do regime legal aos desafios do trabalho na era digital, equilibrar a proteção dos trabalhadores por turnos e procurar “o equilíbrio de interesses sociais na legislação da greve”.

Para melhorar concorrência, liberdade económica e regulação especializada independente nos setores regulados, designadamente o programa prevê a revisão das regras de governação dos reguladores, fomentando a sua independência e capacitação, bem como rever o papel e o poder de intervenção das ordens profissionais, e eliminar barreiras à entrada em todos os setores e no acesso a profissões.

Para melhorar a competitividade o Governo quer também garantir que o Estado paga a 30 dias, “desenvolvendo sistema de incentivos e penalização aos serviços e agentes envolvido, e reforçar a capitalização das empresas e o ecossistema de capital de risco, através da criação de um fundo de fundos, sob gestão do Banco Português de Fomento.

Ambicionando uma Imigração “regulada e humanista”, o Governo propõe uma revisão da lei da nacionalidade, alargando o tempo mínimo de residência e presença efetiva em território nacional, critérios de progresso no domínio da língua portuguesa nas renovações de certas modalidades de autorização de residência.

Serviços essenciais a funcionar para todos e com qualidade, com complementaridade entre oferta pública, privada e social é outro eixo prioritário e começa por reestruturar a gestão do SNS através da sua reorganização assente em Sistemas Locais de Saúde com a participação de entidades públicas, privadas e sociais. A reforma do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), maior autonomia dos hospitais públicos para flexibilização da contratação pública, ampliação do cheque-dentista para prevenção e tratamento das populações vulneráveis, e introdução do cheque protésico também são mediadas referidas.

Na área da educação está prevista a proibição do uso do telemóvel nas escolas até ao 6º ano e regular o consumo de redes sociais pelas crianças até aos 12 anos, bem como assegurar o acesso universal e gratuito à educação pré-escolar a partir dos 3 anos e integrar a faixa etária dos 0 aos 3 anos no sistema educativo tutelado pelo Ministério da Educação, Ciência e Inovação.

Também está previsto o fim de alguns monopólios da CP através da concessão de linhas ferroviárias específicas e aceleração da abertura à concorrência nas linhas que permitam a operação simultânea de vários operadores.

No combate à corrupção, o Governo tem mediadas diversas entre elas o regulamentar o registo de interesses legítimos (“lóbi”) e na segurança pretende proceder à revisão e atualização do conceito estratégico de segurança interna. Prevê reforço da prevenção e das capacidades de combate a: criminalidade juvenil e grupal, violência doméstica, criação e partilha de conteúdos digitais nefastos ao desenvolvimento das crianças e jovens, sinistralidade rodoviária, cibercrime e ameaças híbridas, como a desinformação, a interferência eleitoral ilegítima e a disseminação de conteúdos violentos no espaço digital.

No capítulo Construir Portugal: “mobilização de todos para ultrapassar a crise da habitação”, o Governo quer executar 59 mil casas públicas e disponibilizar financiamento para mais projetos, incluindo PPPs em imóveis do Estado devolutos com aptidão habitacional e aplicação de IVA à taxa mínima de 6% nas obras e serviços de construção e reabilitação, com limite de incidência no valor final dos imóveis e ainda uma revisão e racionalização de todos os programas públicos de apoio à renda, simplificando e acelerando procedimentos e reforçando a eficiência e equidade nos apoios.

Nas Novas infraestruturas “que projetam o país”, o Governo quer a transformação do setor da aviação em Portugal, com a conclusão da negociação e lançamento da construção do Aeroporto Luís de Camões, o reforço da capacidade na restante rede aeroportuária nacional e a concretização da primeira fase da privatização da TAP.

Na ferrovia o programa promete execução atempada da rede de Alta Velocidade (Porto-Lisboa, Porto-Valença e Lisboa-Caia) bem como da Terceira Travessia do Tejo e a definição das prioridades na expansão da rede nomeadamente na ligação às capitais de distrito que ainda não estão ligadas e que são Viseu, Vila Real e Bragança) e as linhas metropolitanas do Vale do Sousa e Loures.

No eixo designado por Água que Une: salvaguardar o futuro, o programa indica o reforço do armazenamento de água por via do aumento da capacidade das barragens existentes e da construção de novas barragens.

Finalmente, no Plano de reforço estratégico de investimento em defesa, o Governo pretende alcançar 2% do PIB em investimento na Defesa Nacional já em 2025, antecipando a meta de 2029, com 20% do investimento destinado a bens, infraestruturas e equipamentos, em linha com os compromissos NATO. No campo político internacional o Governo vai apoiar ativamente o alargamento da União Europeia, nomeadamente à Ucrânia, Moldávia e países dos Balcãs Ocidentais, reforçar a afirmação de Portugal no plano global através do reforço do papel e das capacidades da CPLP e da comunidade ibero-americana e apostar na eleição de Portugal como membro não permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

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Estados Unidos suspendem programa de operações indiscriminadas contra migrantes

  • Lusa
  • 14 Junho 2025

Operações com o objetivo de deter três mil ilegais por dia vão parar em locais de trabalho agrícolas, incluindo aquacultura e matadouros, restaurantes e hotéis.

O Governo dos Estados Unidos (EUA) decidiu suspender a campanha de operações indiscriminadas contra migrantes em determinadas áreas devido à preocupação com a crescente impopularidade destes métodos, informou o jornal New York Times.

De acordo com uma mensagem de correio eletrónico, obtida pelo jornal e confirmada pelas autoridades norte-americanas na sexta-feira, o Governo ordenou ao Serviço de Imigração e Alfândega (ICE, na sigla em inglês) que suspenda as operações contra os setores agrícola e hoteleiro.

A porta-voz do Departamento de Segurança Interna, Tricia McLaughlin, confirmou em comunicado que “as instruções do Presidente” norte-americano, Donald Trump, serão seguidas e que o departamento continuará “a trabalhar para remover os piores criminosos estrangeiros ilegais das ruas dos Estados Unidos”.

A decisão sugere que a campanha para tentar deportar imigrantes em grande escala está a prejudicar indústrias e grupos eleitorais cujo apoio Trump deseja manter antes das eleições intercalares de 2026.

As novas instruções foram transmitidas ao ICE num ‘e-mail’ enviado na quinta-feira, solicitando que “suspendam todas as investigações/operações de fiscalização em locais de trabalho agrícolas (incluindo aquacultura e matadouros), restaurantes e hotéis”.

As novas diretrizes surgem após mais de uma semana de intensos protestos em Los Angeles (sudoeste) contra a política de imigração e depois de o próprio Trump ter admitido que as rusgas policiais parecem estar a afetar o setor agrícola.

Em estados como a Califórnia, onde as rusgas policiais se intensificaram, a agricultura depende quase exclusivamente de mão-de-obra imigrante.

Desde o regresso à Presidência, em janeiro, Trump implementou uma repressão agressiva da imigração, e o Governo reuniu-se recentemente com a liderança do ICE para ordenar a realização de três mil detenções por dia, uma ordem que parece estar na origem da intensificação das rusgas policiais.

Mais de duas mil manifestações foram convocadas para hoje nos 50 estados norte-americanos, em parte como forma de protesto contra as operações em Los Angeles, que tiveram eco em outras cidades, com centenas de detenções em todo o país.

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Indústria das duas rodas ‘acelera’ inovação com casacos, mochilas e punhos

Setor que exporta 745 milhões de euros não abdica do título de campeão europeu na produção de bicicletas e aposta em produtos inovadores.

Um casaco que reluz, uma mochila que sinaliza mudança de direção e punhos de bicicleta que alertam para riscos. Estas são algumas das inovações da indústria das duas rodas que vale cerca de mil milhões de euros e emprega oito mil pessoas.

A indústria está a aproveitar as verbas da Agenda Mobilizadora para a Inovação Empresarial do Setor das Duas Rodas (AM2R), que reúne 47 entidades e tem uma verba de 214 milhões de euros, para inovar e destacar-se dos concorrentes ora não fosse Portugal o maior produtor de bicicletas da União Europeia.

“A agenda AM2R é crucial e indispensável para o crescimento futuro do setor das duas rodas“, afirma o presidente da Polisport Plásticos, empresa que lidera a AM2R. “O setor das duas rodas teve um desenvolvimento muito grande em Portugal nos últimos anos”, diz Pedro Araújo, que é também vice-presidente da Abimota.

A agenda AM2R é uma forma de conseguirmos manter a posição de liderança que temos em termos europeus, obriga-nos a apostar em novas tecnologias e a apresentar novos produtos que nos possibilitem fazer frente aos nossos concorrentes europeus.

Pedro Araújo

Vice-presidente da Abimota

“É uma forma de conseguirmos manter a posição de liderança que temos em termos europeus, obriga-nos a apostar em novas tecnologias e a apresentar novos produtos que nos possibilitem fazer frente aos nossos concorrentes europeus”, diz o líder da Polisport que está presente em 70 países e exporta 98% da sua produção.

O secretário-geral da Abimota corrobora a ideia de Pedro Araújo e realça que a “agenda é importantíssima para o setor porque está a permitir desenvolver um conjunto alargado de produtos e a fazer com que a Europa possa responder quase na globalidade à construção de uma bicicleta“, diz ao ECO Gil Nadais, destacando que o objetivo é não estar tão dependente da Ásia.

O setor das duas rodas em Portugal vale cerca de mil milhões de euros, conta com cerca de 80 empresas e emprega 8.000 postos de trabalho diretos e 30 mil indiretos, contabiliza Gil Nadais.

O ano passado, Portugal exportou bicicletas e componentes no valor de cerca de 745,3 milhões de euros, um valor ligeiramente inferior a 2023 (760 milhões de euros). O setor exporta essencialmente para a Europa, com especial predominância para a Alemanha, França e Espanha.

Do casaco que reluz aos punhos que alertam para riscos

As soluções que estão a ser desenvolvidos e que fazem parte da Agenda Mobilizadora para a Inovação Empresarial do Setor das Duas Rodas pretendem aumentar a produtividade, a competitividade e a resiliência do setor em Portugal, reduzindo a dependência face ao mercado asiático. Ao nível da internacionalização, o projeto, que visa introduzir no mercado 55 novos produtos, processos e serviços (PPS) prevê uma taxa de exportações média das empresas do consórcio de 73%, em 2027.

Parte destas tecnologias estão a nascer no Centro de Nanotecnologia e Materiais Técnicos, Funcionais e Inteligentes (Centi), em Vila Nova de Famalicão, que ganhou o ano passado um novo edifício de 5,4 milhões de euros para dar resposta à crescente atividade científica e tecnológica.

O casaco, que incorpora fitas refletoras e fios eletroluminescentes, tem como principal objetivo aumentar a visibilidade dos amantes de duas rodas. A pensar na visibilidade e segurança dos ciclistas ou utilizadores de trotinetes, o produto pode ser usado em ambientes urbanos, à noite ou em locais com pouca luminosidade, explica o Centro de investigação em Famalicão em comunicado.

Um casaco que reluz e a mochila que sinaliza mudança de direçãoCenti

Já a mochila e uma bolsa complementar, produzida a partir de resíduos têxteis e compósitos, contêm eletrónica e sensorização. A título de exemplo, permitem a um ciclista indicar a intenção de mudança de direção e alertam em caso de travagem brusca ou proximidade de outros veículos. Estes avisos são emitidos através de iluminação ativa na bolsa e da vibração dos punhos da bicicleta/trotinete, que comunicam e interligam diretamente com a bolsa, explica o Centi.

No sentido de maximizar a proteção dos utilizadores das duas rodas, estão também a ser desenvolvidos punhos de bicicleta/trotinete ergonómicos e funcionais. Conectados com a bolsa e incorporando tecnologia diferenciadora (sensores e atuadores), estes punhos sinalizam, também, diversas situações, nomeadamente mudança de direção, proximidade de outros veículos, travagem brusca e/ou queda. Através de vibração (feedback háptico), o utilizador é alertado para situações de risco.

Punhos de bicicleta que alertam para riscos: a indústria nacional alarga a oferta de produtos para mobilidade.Centi

Associada ao casaco, punhos e bolsa, os investigadores criaram, também, uma aplicação móvel capaz de comunicar e reforçar os avisos gerados pelos diferentes produtos. Os respetivos protótipos encontram-se em fase de otimização, estando previstos, para breve, testes em ambiente real.

Sistemas de iluminação que informam sobre obras, acidentes e até intempéries

Os investigadores estão, também, a desenvolver novos sistemas de iluminação, sinalização e sensorização que, acoplados em infraestruturas como módulos de apoio em ciclovias, vão informar os utilizadores de duas rodas de diversos acontecimentos na via, nomeadamente obras, acidentes, vias fechadas, intempéries, o fluxo existente e ainda a direção e velocidade dos ciclistas/trotinetes.

Diminuir o risco de colisão e aumentar a segurança dos utilizadores são os principais objetivos. Estes sistemas estarão, inclusivamente, habilitados a monitorizar, em tempo real, a qualidade do ar, libertando informações através de sinalização presencial, alertando os utilizadores para possíveis problemas.

Sistemas de iluminação, sinalização e sensorização estão em investigação.Centi

Com recurso a uma aplicação móvel, o ciclista não só compreenderá as adversidades existentes na estrada, como poderá traçar o seu percurso e aceitar as sugestões de rotas alternativas fornecidas pela aplicação.

Uma das principais inovações tecnológicas em desenvolvimento pelo Centi, em parceria com a EDMtech, empresa de desenvolvimento tecnológico, passa pela criação de um sistema de carregamento de baterias por indução, pensado para instalação em postos de carregamento de bicicletas elétricas.

Este sistema inovador poderá, no futuro, ser aplicado tanto em contexto doméstico, com uma aplicação simples e universal para simplificar a vida do utilizador, como em infraestruturas públicas, nomeadamente no âmbito de sistemas de bike-sharing (partilha pública de bicicletas).

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Ex-ministro da Economia e Finanças na Venezuela foi detido e está desaparecido

  • Lusa
  • 14 Junho 2025

Foi detido Rodrigo Cabezas, economista, político e professor universitário venezuelano, que foi ministro das Finanças da Venezuela num Governo liderado por Hugo Chavez.

Familiares de Rodrigo Cabezas disseram que desconhecem o paradeiro do economista, ex-ministro e professor universitário depois de ter sido detido, na quinta-feira, pelo Serviço Bolivariano de Inteligência, os serviços de informações da Venezuela.

“Não sei o paradeiro do meu pai (…) temo muito pela sua saúde, pois é um doente cardíaco, que faz um tratamento cardiovascular que deve cumprir diariamente por ter um estenose [estreitamento anormal de um vaso sanguíneo] e ser paciente hipertenso”, denunciou sexta-feira a filha, Rodna Cabezas.

Em um vídeo divulgado nas redes sociais, a filha do ex-ministro solicitou ao procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, “uma prova de vida” do pai, que lhe seja cumprido e garantido o devido processo legal e os direitos humanos.

Ex-ministro da Economia e Finanças do falecido presidente Hugo Chávez (1999-2013), Rodrigo Cabezas tem sido, segundo o Programa Venezuelano de Ação e Educação em Direitos Humanos (Provea), “um crítico ferrenho da política económica e do autoritarismo de [o Presidente] Nicolás Maduro”.

“A sua detenção ocorre em meio da incessante escalada repressiva do Estado, que agora se volta contra os críticos da grave crise económica que o país atravessa”, explica o Provea na rede social X.

A líder da oposição Maria Corina Machado denunciou nas redes sociais a inexistência de uma ordem de um tribunal para a detenção de Cabezas e disse que “nas últimas horas se intensificou o terrorismo de Estado” no país.

“Economistas são presos por alertar sobre o aumento descontrolado da inflação e vendedores ambulantes por venderem em dólares ao preço de mercado. Na sua loucura delirante, [o regime] acredita que reprimindo o dólar e negando a inflação vão impedir que a realidade se imponha”, sublinha.

Em comunicado, o Observatório Venezuelano de Finanças (OVF) manifestou “a mais veemente condenação à perseguição, ao assédio e à criminalização de pessoas que recolhem, analisam e divulgam dados estatísticos relevantes para a compreensão da economia venezuelana”.

“Atacar quem gera e compartilha dados económicos confiáveis não só viola princípios democráticos fundamentais, mas também limita a compreensão coletiva da realidade nacional”, explicou o OVF.

Rodrigo Cabezas, 68 anos, é um economista, político e professor universitário venezuelano, conhecido principalmente por ter sido ministro das Finanças da Venezuela entre 2007 e 2008, num Governo liderado por Hugo Chávez.

Em fevereiro de 2022, Cabezas apoiou publicamente o opositor e ex-presidente do parlamento Juan Guaidó que, três anos antes, se declarou presidente interino da Venezuela prometendo afastar Nicolás Maduro.

Segundo dados recentes divulgados pela organização não governamental Foro Penal, estão detidas na Venezuela 927 pessoas por motivos políticos.

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Médio Oriente: Ataques de Israel ao Irão cancelam voos na região

  • Lusa
  • 14 Junho 2025

Air India, a Emirates e a Air France, cancelaram ou desviaram dezenas de voos na sexta-feira, na sequência dos ataques israelitas em território iraniano.

Muitas companhias aéreas, incluindo a Air India, a Emirates e a Air France, cancelaram ou desviaram dezenas de voos na sexta-feira, na sequência dos ataques israelitas em território iraniano.

Israel, Irão, Iraque e Jordânia fecharam o espaço aéreo na sexta-feira de manhã, provocando o cancelamento de muitos voos de e para o Médio Oriente, ou daqueles que planeavam sobrevoar a região.

Os voos da Air India de Nova Deli-Viena e Bombaim-Londres preparavam-se para entrar no espaço aéreo iraniano na sexta-feira quando Israel lançou o ataque, segundo o ‘site’ Flight Aware.

Os aviões regressaram aos aeroportos de origem, segundo a agência de notícias France-Presse (AFP).

Devido à “situação no Irão”, vários voos da Air India entre a Índia e os Estados Unidos ou a Europa tiveram de parar em aeroportos europeus, sauditas ou dos Emirados Árabes Unidos na sexta-feira, informou a companhia aérea.

A Air France também anunciou na sexta-feira a suspensão dos voos entre Paris e Telavive “até nova ordem”, mas manteve os serviços para o Líbano e outros aeroportos da região.

A Lufthansa, o maior grupo europeu do setor, suspendeu os voos para Teerão até 31 de julho, prolongou a suspensão dos voos para Telavive pelo mesmo período e evitará o espaço aéreo dos dois países, bem como do Iraque, “até nova ordem”.

A Swiss alinhou com estas decisões, optando, além disso, por suspender os voos para Beirute e não retomar os voos para Telavive até 25 de outubro.

A transportadora grega Aegean Airlines suspendeu os voos para Telavive até 12 de julho e os voos para Beirute, Amã e Erbil (Iraque) até 28 de junho.

O encerramento do espaço aéreo israelita levou ao cancelamento de todos os voos com partida de Israel, incluindo os das companhias aéreas locais El Al (até domingo) e Israir (até este sábado).

As transportadoras do Golfo cancelaram na sexta-feira vários voos de e para o Iraque, a Jordânia, o Líbano, o Irão e a Síria.

Os aeroportos internacionais do Dubai, que operam um grande número de voos para a região, anunciaram uma série de “cancelamentos ou adiamentos devido ao encerramento do espaço aéreo no Irão, Iraque e Síria”.

A agência russa de aviação civil, Rossaviatsia, ordenou às companhias aéreas russas que deixassem de efetuar voos de e para Israel e Irão, e que não entrassem no espaço aéreo israelita, jordano, iraquiano e iraniano até 26 de junho.

A transportadora norte-americana Delta Air Lines suspendeu a rota Nova Iorque JFK-Telavive até 31 de agosto, e a congénere United fez o mesmo com a rota Nova Iorque/Newark-Telavive até uma data não especificada.

A aviação civil, que fez da segurança a pedra angular, tem cada vez mais dificuldade em fazer face ao alastramento das hostilidades em todo o mundo.

Segundo os profissionais, as guerras na Ucrânia e no Médio Oriente, os golpes de Estado na África do Sahel e o desenvolvimento de zonas sem lei estão a criar uma dor de cabeça sem precedentes nas rotas de longo curso.

Israel atingiu na sexta-feira cerca de uma centena de alvos no Irão, incluindo instalações nucleares, e matou os dois mais altos responsáveis militares da República Islâmica, que retaliou com o lançamento de mísseis e ‘drones’ contra Telavive e Jerusalém.

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