Lisboa trava tuk-tuks infratores a partir desta terça-feira

Numa atividade em que nem se sabe quantos existem e circulam em Lisboa, assim como no país, os tuk-tuks têm novas regras na capital. A nova brigada da EMEL chega às ruas esta terça-feira.

Um passeio de três horas por Alfama, Baixa e Chiado, em Lisboa, pode chegar aos 200 euros. O serviço pode ser feito mediante marcação ou por angariação na via pública. É neste modelo que deverão ter maior impacto as alterações produzidas a partir desta terça-feira.Hugo Amaral/ECO

A circulação de tuk-tuks em Lisboa tem regras mais apertadas a partir desta terça-feira, com determinação de lugares específicos para estacionamento e para recolha de clientes na via pública. Autarquia procura regular atividade em que não se sabe quantas viaturas circulam, em que não é necessária formação específica e em que os condutores vestem o fato de guia turístico sem estar assegurado que conhecem a história de Portugal.

Sabendo que a vontade do autarca do Porto, Rui Moreira, de criar constrangimentos à circulação de veículos turísticos no centro da cidade acabou por esbarrar na justiça no início deste ano, a câmara de Lisboa escolheu um método distinto: determinou a proibição de circulação em mais 67 ruas da capital – para 337 – e o estabelecimento de 51 locais específicos para estacionamento, com 251 lugares no total.

O caminho escolhido pelo Executivo de Carlos Moedas é condicionado pelo facto de o licenciamento da atividade turística estar sob a tutela do Ministério da Economia, ao qual responde também o Turismo de Portugal. Entidade que, ao que o ECO/Local Online apurou, chamou a associação representativa dos operadores de tuk-tuk para uma reunião nesta quarta-feira.

Nos temas que a ANCAT – Associação Nacional de Condutores de Animação Turística levará ao Turismo de Portugal está a necessidade de se criarem registos fidedignos. “Não existe qualquer registo para viaturas. Enquanto não for alterada alguma legislação de base, vamos continuar sem saber quantos tuk-tuk há a circular. Ninguém sabe”, assegura Inês Henriques, em declarações ao ECO/Local Online. “Qualquer pessoa com carta de condução que obtenha o RNAAT [Registo Nacional de Agentes de Animação Turística], adquire uma viatura — ou 300, as que quiser — e é só operar”, denuncia.

A motivar a chamada, explica a responsável associativa, esteve a reportagem do canal Now em que se expuseram diversas falhas da atividade, designadamente a identificação por um condutor, da estátua de D. José na Praça do Comércio como “cavalo de Alfama”. Estava

Ciente da desordem que reina no Cais das Colunas, onde o estacionamento ilegal de tuk-tuks se tornou norma, Inês Henriques, secretária-geral da ANCAT, nota que a associação criou um canal de denúncias. Os condutores seus associados que sejam apanhados sobre a extensa passadeira junto ao rio serão expulsos. “Aquilo é uma vergonha. Os nossos associados já foram alertados que não podem parar lá. Desde 18 de janeiro que andamos a alertar as pessoas”.

Para prevenir explicações truncadas como a daquele condutor de tuk-tuk que identificou a estátua de Dom José como sendo do “cavalo de Alfama”, a câmara vai impor a frequência de um curso para quem queira concorrer a um dos 400 dísticos de estacionamento nos parques da cidade. ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSAANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

Entre os operadores, Tiago Monteiro, diretor-geral da empresa Boost, com 22 viaturas em Lisboa e 12 no Porto, considera as empresas familiares, dependentes da angariação direta, como uma das causas para o estacionamento abusivo que diz ser “comum a toda a cidade”. A alternativa está em lugares previamente estabelecidos, como na Baixa em frente ao hotel Pestana CR7 Lisboa, junto à sede da empresa, onde o ECO/Local Online inicia uma viagem que terminará no miradouro da Senhora do Monte, junto à Graça.

“Existe inevitavelmente acumulação. O que acontece é que, nas próprias zonas, essa acumulação ordena-se por si própria. Os lugares estão ocupados, o tuk-tuk chegou, não tem lugar, continua a circular e vai procurar outro lugar. A atividade conseguiu regular-se de forma positiva, exceto fora desses locais, em que a coisa é muito mais selvagem”, afirma.

Existe inevitavelmente acumulação. O que acontece é que, nas próprias zonas, essa acumulação ordena-se por si própria. Os lugares estão ocupados, o tuk-tuk chegou, não tem lugar, continua a circular e vai procurar outro lugar. A atividade conseguiu regular-se de forma positiva, exceto fora desses locais, em que a coisa é muito mais selvagem.

Tiago Monteiro

Diretor-geral da Boost

Com a redução da quantidade de lugares de estacionamento em vigor a partir desta terça-feira, “a coisa pode tendencialmente complicar-se”. E haver “poucos lugares de estacionamento vai criar mais atritos”.

O aperto no mapa da capital para a circulação também potenciará perdas, considera o responsável da empresa com cerca de década e meia de experiência nesta atividade. “Por serem menos ruas, onde tudo afunila, qualquer cliente vai sentir-se numa cidade onde todos ao lado são também turistas. Não prevejo que, pelo menos numa fase inicial, a coisa vá correr bem”.

Quem não está pelos ajustes é a câmara de Lisboa. Considerando que já houve tempo suficiente para os operadores e condutores interiorizarem as novas medidas, a ordem é para autuar segundo as novas regras, já a partir desta terça-feira.

Sem meios para ordenar a atividade, a autarquia irá aprofundar a fiscalização das restrições de circulação, de estacionamento e lugares de angariação de clientes, contando para isso com uma nova brigada de 61 pessoas na EMEL, constituída especificamente para este fim. Estes funcionários, a maioria agora contratados, serão um extra, já que qualquer fiscal da empresa de estacionamento municipal poderá fiscalizar e autuar os condutores de tuk-tuks.

O miradouro da Senhora do Monte é um dos locais escolhidos pela câmara para estacionamento. Ao contrário do que acontecia até aqui, há um número limite. Quem infringir poderá contar com autuação, à qual se dedica uma brigada especialmente criada pela autarquia na EMELHugo Amaral/ECO

A diretora-geral da ANCAT compreende a existência de um regulamento, de limitação de estacionamento e de contingente de viaturas, mas pede “bom senso” às autoridades. Ao contrário desta determinação da câmara para autuar de imediato, a expectativa de Inês Henriques é que haja um período de transição. Para já, espera sentar-se esta semana numa nova reunião com a câmara de Lisboa, que tem estado a ouvir os intervenientes neste processo nos últimos meses.

Para os operadores da atividade, a proibição de transitar em certas ruas necessita ainda de afinação, de modo a contemplar a circulação das viaturas em vazio, de e para a garagem de recolha ou em direção a um serviço contratado num hotel ou restaurante.

Num caso específico, na proibição de passagem no Largo de São Domingos, junto ao Rossio, onde muitas viaturas sobem a colina para descer para o Martim Moniz, e assim acederem às várias garagens no bairro dos Anjos, haverá efeitos noutras artérias. O condicionamento irá empurrar os tuk-tuk em final de dia de trabalho, entre as 17 horas e as 19 horas, para a Avenida da Liberdade ou para a Rua da Madalena, o que causará outros transtornos na cidade e no trânsito, alerta a secretária-geral da ANCAT.

“A cidade vai ficar um caos, e depois a culpa é dos tuk-tuks. Vão congestionar ruas onde já há reclamações e a culpa vai ser dos tuk-tuks”, lamenta Inês Henriques. “Estamos a negociar com a câmara. As pessoas não podem ser impedidas de recolher a viatura ou fazer um pickup. Até as exceções estarem contempladas, é questão de bom senso” das autoridades.

A cidade vai ficar um caos, e depois a culpa é dos tuks. Vão congestionar ruas onde já há reclamações e a culpa vai ser dos tuks. Estamos a negociar com a câmara. As pessoas não podem ser impedidas de recolher a viatura ou fazer um pickup. Até as exceções estarem contempladas, é questão de bom senso.

Inês Henriques

Diretora-geral da ANCAT

Contudo, além de não estar disposta a conceder na hora de autuar os prevaricadores, e desejosa de apertar a malha de modo a pôr termo aos abusos que se acumulam em vários pontos da capital, a autarquia irá ainda este mês levar à reunião de câmara o novo regulamento, no qual constarão os dísticos de estacionamento. A atribuição será antecedida de uma formação obrigatória e com testes, na qual serão apurados os contemplados com os 400 dísticos de estacionamento.

Não podendo controlar a criação de operadores turísticos e dos tuk-tuks, dependente do Estado central, a autarquia condiciona a circulação, por via da limitação de lugares e, nesta segunda fase, com o regulamento, também de autorizações de estacionamento.

A alternativa para os operadores será deixar a angariação in loco e passar a vender os serviços online ou junto de operadores. Uma transição com um óbice imediato: a comissão das agências online, como a Tripadvisor, que chegam aos 30%, aos quais se juntam 23% de IVA, nota Tiago Monteiro. O empresário assume que a concorrência se irá aprofundar neste canal.

“Sinto que esta loucura de rua vai certamente passar para o espaço online. Vão chegar mais operadores a querer ocupar esse espaço, que ficará muito mais concorrido, e todo o mercado vai ficar tendencialmente diluído”, salienta.

Num negócio onde um veículo elétrico usado ronda os 25 mil euros, segundo dados da Boost, e um pack de baterias para substituição se aproxima dos dez mil euros, a sobrevivência das empresas familiares poderá ficar mais árdua. As novas regras “afetam mais intensamente os negócios baseados na angariação de rua. Ficarão muito mais condicionados pelos locais de paragem, que são essenciais para a captação”, diz o empresário.

Junto à Sé de Lisboa, o caos é a nota dominante, mesmo fora da designada época alta, que nesta atividade se estende de maio a outubro.Hugo Amaral/ECO

Atividade em mercado livre e com muitos operadores dispersos – quantos, não se sabe, saliente a ANCAT, já que basta fazer um registo por escassas dezenas de euros e começar a operar com o tipo de veículo que se pretenda em qualquer lugar do país – o transporte de turistas em tuk tuk tem preços voláteis. Mas pegando na tabela desta empresa com mais de 20 tuk-tuks em circulação, o serviço supera o de um transporte que poderia ser feito num táxi.

Três horas da Baixa a Alfama, com passagem no Chiado para seis pessoas num tuk-tuk podem custar 200 euros. E se a opção for conhecer Belém, a viagem passa a durar quatro a cinco horas e a experiência sobe aos 300 euros. A época alta vai de maio a outubro, e é aí que a atividade faz dinheiro.

[Há] excesso de viaturas, excesso de pessoas a trabalhar que não têm mínima qualidade. Fala-se de especulação imobiliária, no nosso caso há especulação mobiliária. Não pode haver este tipo de pessoas a fazer este trabalho. Nós explicamos a cidade, a história, gastronomia, religião, cultura portuguesas. Não somos táxi nem TVDE

Inês Henriques

Secretária-geral da ANCAT

Face ao táxi, os tuk-tuks acrescentam a paragem em locais chave turísticos da cidade, por exemplo. O que leva a que empresas escolham esta atividade para team building ou nas horas de lazer dos congressos e conferências que decorrem na cidade, explica o empresário.

Para que não se vulgarizem os episódios como o do “cavalo de Alfama”, a ANCAT tem em curso uma formação a condutores, na qual estão envolvidos entidades que vão da Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa, às autoridades policiais da cidade e INEM.

Inês Henriques lamenta a ausência de obrigação de uma carteira profissional e que qualquer pessoa possa simplesmente inscrever-se no RNAAT, dependente do Ministério da Economia, e começar a operar.

Em resultado, diz, há “excesso de viaturas, excesso de pessoas a trabalhar que não têm mínima qualidade. Fala-se de especulação imobiliária, no nosso caso há especulação mobiliária. Não pode haver este tipo de pessoas a fazer este trabalho. Nós explicamos a cidade, a história, gastronomia, religião, cultura portuguesas. Não somos táxi nem TVDE”.

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Já pode entregar a declaração de IRS a partir de hoje. Veja como

A campanha arranca a 1 de abril e termina a 30 de junho e, este ano, há mais contribuintes abrangidos pelo IRS automático. Se entregar fora do prazo paga multa, que começa nos 25 euros.

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A partir desta terça-feira, 1 de abril, já pode entregar a declaração de IRS, através da submissão do formulário eletrónico no portal das Finanças. A campanha termina a 30 de junho e, pela primeira vez, os contribuintes vão poder beneficiar da dedução à coleta de 5% dos salários pagos a trabalhadores domésticos até ao máximo de 200 euros por agregado familiar.

De salientar que quem aufere rendimentos inferiores a 8.500 euros anuais ou recebe exclusivamente rendimentos sujeitos a taxas liberatórias, independentemente do seu valor, está dispensado da entrega da declaração de IRS.

A não ser que detenha jatos privados, casas, carros e ações detidos em offshores. Estes contribuintes estão obrigados a entregar a declaração, mesmo que apresentem rendimentos anuais inferiores a 8.500 euros, e não estão abrangidos pelo IRS automático.

Terminada a fase para reclamar as despesas gerais e familiares e por exigência de fatura, chegou a altura de preencher a declaração Modelo 3 do IRS. E o número de contribuintes com acesso ao IRS automático é cada vez maior, mas é sempre possível optar pelo preenchimento manual.

Desde 2021, o automatismo está disponível para trabalhadores independentes. No ano passado, foi alargado aos subscritores de certificados de reforma da Segurança Social. E, na declaração de IRS de 2025, relativamente aos rendimentos do ano passado, o mecanismo passou a incluir contribuintes que comunicaram ao Fisco os salários pagos a trabalhadores domésticos, podendo agora beneficiar dessa nova dedução.

No que diz respeito aos rendimentos da categoria B, nem todos os recibos verdes terão acesso ao IRS simplificado. Apenas os que prestam serviços no regime simplificado, e se enquadram na tabela de atividades aprovada pela portaria a que se refere o artigo 151.º Código do IRS terão acesso a esta forma mais fácil de entregar a Modelo 3. Devem também prestar em exclusivo apenas uma dessas atividades.

Os contribuintes abrangidos pelo IRS automático que, durante o respetivo prazo de entrega, de 1 de abril a 30 de junho, não confirmem a declaração automática de IRS nem entreguem a declaração nos termos gerais “verão, no final desse prazo, a declaração automática provisória tornar-se definitiva e ser considerada como a declaração entregue para todos os efeitos legais”, segundo a Autoridade Tributária.

Prazo médio dos reembolsos deve diminuir. Fisco não paga valores inferiores a 10 euros

Com um aumento de declarações pré-preenchidas, do IRS automático, o prazo médio do reembolso de IRS deverá diminuir face aos atuais 13 dias, estima a secretária de Estado dos Assuntos Fiscais, Cláudia Reis Duarte, em declarações à Lusa. Se os valores forem inferiores a 10 euros, a Autoridade Tributária (AT) não faz a transferência.

De lembrar que o limite da consignação de IRS para instituições solidárias, culturais, religiosas e ambientais duplicou de 0,5% para 1%, mas estão excluídas desta majoração as associações juvenis e de estudantes, como o ECO já noticiou.

Durante a entrega da declaração, as famílias podem aceitar o pré-preenchimento das despesas relacionadas com saúde, educação, juros ou rendas de imóveis, lares e encargos com o pagamento de salários a trabalhadores domésticos, feito pelo Fisco, ou optar por inserir manualmente, caso detetem que os valores não estão corretos. Estes encargos não puderam ser corrigidos antes do preenchimento dos formulários, ao contrário das despesas gerais e familiares e por exigência de fatura, que podem ser reclamadas antecipadamente.

O novo IRS Jovem, alargado aos 35 anos e a 10 anos de isenção faseada, entre 100% e 25% do imposto, só pode ser acionado na declaração de 2026 por referência aos rendimentos obtidos em 2025. Na campanha deste ano, os trabalhadores apenas podem usufruir do IRS Jovem anterior, que abrange contribuintes até aos 30 anos, desde que tenham uma licenciatura, requisito que caiu na nova medida, e dá um benefício entre 100% e 25% durante cinco anos.

Se falhar o prazo para a entrega, pode entregar a declaração antes da notificação do Fisco, pagando a multa mínima de 25 euros. Depois da notificação, a coima é maior. No IRS automático, a declaração provisória passa a definitiva, sem multa.

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Jacinto disputa concurso de 200 milhões para produzir 800 veículos para exército argentino

Empresa familiar de Esmoriz que emprega 170 pessoas e fatura 50 milhões de euros, quer estar na linha da frente da área da defesa. Disputa concurso de 200 milhões.

A Jacinto, empresa de Esmoriz que produz veículos de combate a incêndio, está a apostar na produção de veículos militares para a polícia e o exército. A portuguesa está a disputar com mais três empresas (alemã, checa e francesa) um concurso 200 milhões de euros para produzir 800 veículos logísticos para o exército argentino.

“A Jacinto lançou oficialmente esta segunda-feira uma linha de produtos direcionados à defesa e segurança nas áreas militares e polícia”, revela ao ECO o diretor-geral, Jacinto Reis, que pertence à quarta geração da família, salvaguardando que já produziram cinco veículos anti-motim para a República Dominicana no final de 2024.

Nos dois primeiros meses do ano, a Jacinto enviou um protótipo para o exército argentino e foi selecionada para o concurso. “Esperamos que esta aposta possa alavancar a entrada de uma empresa portuguesa na produção de veículos de defesa militar que muito elevaria esta indústria em Portugal”, afirma Jacinto Reis.

Esperamos que esta aposta possa alavancar a entrada de uma empresa portuguesa na produção de veículos de defesa militar que muito elevaria esta indústria em Portugal.

Jacinto Reis

Diretor geral da Jacinto

Jacinto Reis que abraçou o negócio familiar em 2007 após terminar o curso de Engenharia Mecânica pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), detalha que o concurso contempla a entrega de 200 unidades por ano.

“Com a instabilidade política e a alavancagem financeira que existe para a parte da defesa, queremos estar nesta frente”, diz Jacinto Reis, numa altura em que o primeiro-ministro defende que a “indústria portuguesa pode reconfigurar-se para produzir equipamentos de defesa”, destacando que “Portugal tem excelentes condições para albergar investimentos na área”.

A Jacinto acabou de ganhar um contrato de 22 milhões de euros para produzir 81 veículos de combate a incêndio para a Grécia. Os veículos são entregues no prazo de 18 meses, adianta ao ECO o diretor-geral da empresa familiar.

Fundada em 1954 por Jacinto Marques de Oliveira, a fabricante nortenha, emprega 170 pessoas, fatura 50 milhões de euros e exporta 70% dos veículos para cerca de 40 mercados externos, sendo os principais Roménia, Estónia e Lituânia.

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Tarifas. “Dia da Libertação” de Trump mergulha comércio mundial na incerteza

Tarifas recíprocas vão avançar sobre todos os países, garantiu Donald Trump. Detalhes das novas taxas aduaneiras serão anunciados esta quarta-feira, assim como quais os setores que vão ser afetados.

2 de abril de 2025 é o dia que Donald Trump apelidou de “Dia da Libertação” e marca a entrada em vigor de uma série de novas tarifas que prometem atingir todos os países, com a implementação das chamadas taxas recíprocas e de outras sobre setores, que incluem a imposição de uma taxa de 25% sobre todos os carros exportados para os EUA. Pouco se sabe, para já, sobre os detalhes destas medidas, mas o impacto será enorme e ninguém vai escapar aos efeitos desta onda protecionista que afeta consumidores, empresas e a própria economia.

2 de abril é um dia libertador para o nosso país”, disse recentemente Donald Trump, confirmando esta data como o dia da “libertação”. A utilização deste termo tem sido recorrente, com o presidente dos Estados Unidos a garantir que as tarifas vão incidir “essencialmente sobre todos os países”, reforçando que esta política protecionista é o caminho para fazer crescer a economia americana e acelerar o investimento no país, mesmo que sejam os consumidores do país a pagar a fatura. Estamos a recuperar parte da riqueza que presidentes tolos cederam porque não tinham ideia do que estavam a fazer”, resumiu Trump.

Apesar das sucessivas declarações feitas pelo novo inquilino da Casa Branca ao longo dos últimos meses, têm sido poucos os detalhes sobre a forma de cálculo das chamadas tarifas recíprocas. Na teoria, os EUA querem igualar todas as taxas aplicadas pelos diversos países sobre os bens que chegam do país. No entanto, há vários fatores a pesar. No caso da União Europeia, caso a Administração norte-americana inclua a IVA, as tarifas poderão ser significativamente mais elevadas.

Se Donald Trump prosseguir com a sua ameaça de mais tarifas contra a UE na próxima semana, calculamos que ele poderá reduzir o crescimento do PIB em 0,33% no curto prazo.

ING

É no IVA que as coisas se tornam particularmente problemáticas para a Europa. As diferenças tarifárias podem ser pequenas, em geral, mas se Trump der grande importância ao IVA, então isso poderá resultar em tarifas de 20-25% sobre os produtos da UE”, avisam os economistas do ING.

O banco de investimento considera que se Trump avançar com mais tarifas sobre a UE esta semana, calcula que “poderá reduzir em 0,33% o crescimento do PIB no curto prazo“. “Embora isso pareça marginal, seria um verdadeiro golpe para as economias mais expostas, desesperadas para inverter as tendências de estagnação“, alerta o analista Ruben Dewitte, noutra nota.

Para a IMGA, “a forma que as tarifas tomarão ainda não é clara, uma vez que já houve rumores de diferentes formas de abordar o tema, nomeadamente de dividir os países em diferentes grupos aos quais se aplicaria uma taxa específica“. A gestora de ativos diz ao ECO que “certo parece ser que se trata de uma taxa única e que será adicional às que se encontram em vigor”. A dimensão das tarifas a anunciar por parte da administração Trump ainda estará a ser discutida internamente”, acrescentou.

No dia 2 de abril vão avançar as novas taxas de 25% sobre todos os carros fabricados fora dos EUA, uma medida que, segundo adiantou o conselheiro da Casa Branca, William Owen Scharf, permitirá aos EUA um encaixe de 100 mil milhões de dólares para os cofres públicos.

epa08419872 Autoeuropa employees work at the construction line for the Volkswagen T-Roc at Autoeuropa’s plant in Palmela, Setubal, Portugal, 13 May 2020. EPA/JOSE SENA GOULAOEPA/JOSE SENA GOULAO

No caso de Portugal, a Associação Automóvel de Portugal (ACAP) argumenta que o país não está diretamente exposto à tarifa dos EUA sobre automóveis importados, uma vez que as exportações destinam-se sobretudo à União Europeia, Mas alertou para o “efeito dominó” na economia global.

Além das novas tarifas sobre os carros, a União Europeia já sente o impacto da política protecionista norte-americana nas vendas de aço e alumínio, o primeiro grupo de produtos alvo de tarifas de 25%.

Para Portugal, as novas taxas aduaneiras sobre o aço e o alumínio têm um impacto mais reduzido, uma vez que incidem essencialmente sobre a matéria-prima, podendo incluir alguns produtos semiacabados ou acabados.

Grande parte dos produtos abrangidos [pelas taxas aduaneiras] são matérias-primas. Dos 1.000 milhões que exportamos para os EUA, 160 milhões estão abrangidos pelas tarifas”, calcula Rafael Campos Pereira, vice-presidente da Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP), o setor mais exportador da economia nacional, com exportações de 24 mil milhões de euros.

Ou seja, “as tarifas têm impacto em 15% a 20% das exportações do setor da metalomecânica para os EUA“, diz Rafael Campos Pereira, explicando que o impacto diz respeito a produtos como estruturas metálicas e perfilaria.

No entanto, no contexto europeu, o impacto é bem mais considerável. Os EUA são o segundo maior mercado europeu de alumínio, com vendas de 2,6 mil milhões de euros, mostram os dados divulgados recentemente pelo Eurostat relativamente às exportações realizadas em 2024.

O mercado norte-americano é especialmente importante para o bloco europeu, na medida em que é o maior mercado de exportação dos 27, tendo absorvido 20% das exportações para fora da região, no último ano.

Na agenda de Trump estarão ainda outros setores, que vão acrescer à lista. Até agora já entraram em vigor taxas aduaneiras de 20% sobre os bens importados da China, assim como uma taxa de 25% sobre o aço e o alumínio e de 25% sobre as importações canadianas e mexicanas.

Donald Trump ameaçou também aplicar tarifas de 200% sobre “todos os vinhos, champanhe e produtos alcoólicos”. Uma medida que afetará diretamente o setor vinícola português, que tem nos EUA o segundo maior mercado de exportação, com exportações acima de 100 milhões de euros.

O setor dos semicondutores é outro que deverá ser alvo de tarifas, com o presidente norte-americano a apontar que as taxas sobre a indústria deverão também começar nos “25%, ou mais“, ainda que não tenha adiantado uma data para a implementação destas tarifas.

Contramedidas agravam “guerra”

Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, promete uma resposta “bem calibrada” aos EUA.Lusa

Conhecidas as medidas da administração norte-americana, será a vez dos países e blocos visados avançarem com contramedidas. No lado da União Europeia, o bloco já anunciou um pacote de contramedidas no valor de 26 mil milhões de euros sobre produtos importados dos EUA, em resposta direta às tarifas de 25% sobre o aço e alumínio europeus impostas pela Administração de Donald Trump que entraram em vigor esta quarta-feira, e que terão um impacto de cerca de 28 mil milhões de euros.

No entanto, a resposta europeia à missiva de Trump não ficará por aqui. Bruxelas já garantiu que está a preparar uma resposta “bem calibrada” às tarifas dos EUA, ainda que também tenha mostrado abertura para negociar. O mesmo acontece em relação a outros países.

Na Ásia, China, Japão e Coreia do Sul concordaram em responder conjuntamente às tarifas dos EUA, segundo avançou, esta segunda-feira, a imprensa local.

Este não será um processo que irá terminar aqui, pois parte dos países visados já prometeu que vai retaliar com tarifas aos produtos norte-americanos. China, Japão e Coreia do Sul anunciaram já hoje a formação de uma aliança para responder de forma unida e articulada a estas novas tarifas”, adiantou fonte da IMGA, ao ECO.

Apesar de ser claro que uma guerra de tarifas deve ser evitada, pois acaba por penalizar a economia nacional e os cidadãos de cada país envolvido, os ganhos políticos obtidos por responder de forma agressiva às tarifas impostas por um parceiro comercial são demasiados tentadores para os políticos recusarem a sua contribuição para uma escalada desta guerra”, escreve a segunda maior gestora de ativos nacional, com cerca de cinco mil milhões sob gestão.

Para a IMGA, “independentemente de avançarem ou não com tarifas retaliatórias, os países visados pelas tarifas recíprocas irão tentar sentar-se à mesa das negociações com os norte-americanos de forma a chegar a um entendimento quanto ao novo nível de tarifas, e sabe-se que vários países, entre eles os europeus, já se preparam para essa fase de negociações”. “O maior risco a nosso ver, será a falta de entendimento e a escalada das tarifas, transformando-se numa guerra comercial. Mas como este resultado não é benéfico para ninguém, não constitui, para já, o nosso cenário base”, refere.

A gestora nota que, “ao nível da Europa, o que é expectável é um processo negocial que conduza a um acordo entre os dois blocos, sendo que já há muito tempo que é veiculada a intenção da Europa se comprometer a comprar aos EUA mais armamento e bens energéticos, entre outros bens, algo que iria de encontro às pretensões norte-americanas”.

Para a IMGA, “as tarifas, a serem impostas, teriam um impacto negativo ao nível do crescimento económico europeu, mas de recordar que as perspetivas económicas do bloco acabaram de melhorar com o pacote de estímulos aprovado, principalmente, na Alemanha, para investimento em defesa e infraestruturas”.

Num cenário em que não há um entendimento entre os dois blocos, poderá haver impacto ao nível da inflação, levando o Banco Central Europeu a “pausar o corte das taxas de juro na próxima reunião”. “O impacto no crescimento e na inflação dependerá sempre da dimensão das tarifas a seres implementadas, o que por enquanto permanece em segredo”, remata.

Incerteza arrasta mercados

O anúncio de taxas sobre as importações de automóveis e a aproximação do “Dia da Libertação” tem arrastado o sentimento, com as bolsas a recuarem, enquanto o ouro, o ativo de refúgio preferido dos investidores, escalou acima dos 3.100 dólares pela primeira vez na história. O índice europeu Stoxx 600 desceram, esta segunda, para mínimos de dois meses, penalizados pelos receios de novas tarifas.

Os agentes económicos precisam de visibilidade quanto ao futuro para tomarem as suas decisões de investimento e consumo, e a forma caótica como esta administração tem gerido este tema em nada ajuda as empresas e os mercados.

IMGA

“As empresas que importam são confrontadas com a obrigatoriedade de aumentar preços, que podem não ser absorvidos pelo mercado, ou reduzir as suas margens de lucros”, justifica a IMGA. A gestora nota ainda que, as empresas cujas fábricas se encontram em países afetados por estas tarifas terão de decidir se relocalizam as suas unidades fabris para os EUA, o que se traduz numa decisão de investimento estrutural e com impactos na valorização das empresas, ou se são impactadas pelas tarifas”.

Por outro lado, os mercados estão a sofrer com “o elevado grau de incerteza quanto ao futuro que esta administração veio introduzir, adicionando e retirando tarifas a seu belo prazer”. “Os agentes económicos precisam de visibilidade quanto ao futuro para tomarem as suas decisões de investimento e consumo, e a forma caótica como esta administração tem gerido este tema em nada ajuda as empresas e os mercados”, conclui.

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O Novobanco, um gestor e um negócio imobiliário em família sem concurso

Investigação interna do banco 'ilibou' Volkert Schmidt, denunciado por vender herdade à mulher. Havia outro investidor interessado, que se queixa de não ter tido acesso a toda informação do processo.

Uma herdade, um gestor do Novobanco e um negócio imobiliário com um desfecho… familiar. Foi o próprio Volkert Reig Schmidt quem “mencionou” um terreno no Meco ao grupo de investidores que haveria de comprar o imóvel ao Novobanco, num negócio imobiliário ao qual, mais tarde, se veio a juntar a sua própria mulher. Agora, o gestor foi denunciado por ter vendido a Herdade da Ferraria à sua cônjuge e a preço de saldo, de acordo com o jornal Público. O banco alega que se tratou de uma venda realizada num processo competitivo, mas o outro candidato interessado na aquisição da propriedade diz que não. Nem houve concurso, nem toda a informação lhe foi disponibilizada.

O caso remonta a maio de 2022, quando o GNB GA, a sociedade de gestão de ativos do Novobanco, então liderada por Volkert Reig Schmidt, decidiu vender a Herdade da Ferraria, localizada em Sesimbra, a um grupo de três investidores — Vasco Pereira Coutinho (Lince Capital), Álvaro Fernández (diretor-geral da Michael Page Portugal) e Alexandre Tilmant — por 1,5 milhões de euros, um milhão de euros abaixo das avaliações do banco.

Desde o início estava previsto a entrada de um quarto investidor, o que veio a acontecer dois anos mais tarde – logo em 2022, foi pedido à KPMG para estruturar a operação do ponto de vista financeiro e apenas o nome do quarto investidor não estava identificado do documento com o nome ‘Meco Project’.

Em junho de 2024, a esposa de Volkert Reig Schmidt, Ana Flor Argos, adquiriu uma quota de 25% na sociedade que detém o terreno localizado na mata de Sesimbra, por 400 mil euros, tornando-se sócia dos três investidores (e amigos) que compraram a herdade ao banco.

Foi nessa altura que o presidente do GNB GA comunicou internamente o negócio realizado pela sua mulher, ao abrigo das regras do banco que obrigam ao reporte de detenção de participações societárias por membros dos órgãos sociais e respetivas partes relacionadas.

De imediato, o Novobanco desencadeou uma investigação ao processo de venda da Herdade da Ferraria. Agora a instituição assegura ao ECO que “até à data, nada foi identificado que ponha em causa a integridade do processo de venda deste imóvel”.

Volkert “mencionou” herdade

Mas por que razão entrou como sócia da Herdade da Ferraria? Como surgiu esta oportunidade de negócio? Que relação tem com os outros três investidores? Apesar das insistências de contacto nas últimas semanas, nem Volkert Reig Schmidt, nem Ana Flor Argos estiveram disponíveis para prestar quaisquer esclarecimentos sobre a aquisição da sociedade Quadrante Frenético, que detém 25% da sociedade Várzea da Lagoa, que, por sua vez, é a proprietária da Herdade da Ferraria, um terreno equivalente a 257 campos de futebol.

Vasco Pereira Coutinho – que, através da Lince Capital, geria um dos principais ativos imobiliários do Novobanco, o terreno na Artilharia 1, em Lisboa, onde ia ser construída a nova sede do banco – explica ao ECO que o quarto investidor ia ser um familiar direto seu, mas este acabou por desistir “dado o tempo que passou sem qualquer desenvolvimento do projeto inicialmente previsto”. Adianta também que “o novo sócio garantiu total isenção de conflito e ilegalidades em poder fazer parte deste projeto”.

As mesmas garantias foram dadas a Alexandre Tilmant, outro dos três co-investidores iniciais. Revela que foi o próprio Volkert Reig Schmidt quem “mencionou” a Herdade da Ferraria, surgindo assim a oportunidade para, juntamente com os outros dois sócios, adquirir o terreno. Os três investidores não explicam, porém, por que razão convidaram, mais tarde, a mulher de Volkert Reig Schmidt para entrar no negócio após a desistência do familiar de Vasco Pereira Coutinho.

Dois anos e meio depois, o projeto imobiliário previsto para a Herdade da Ferraria não registou qualquer desenvolvimento no terreno, segundo o Novobanco e os investidores. “O imóvel mantém-se nas mesmas condições em que foi vendido, isto é, sem licenças de edificação, onde se inclui acesso a água (furo) e saneamento (fossa)”, nota o banco.

A instituição frisa ainda que a venda da herdade em 2022 não foi realizada a partes relacionadas e que o preço de venda do ativo ao grupo de três investidores foi 36% (400 mil euros) acima do preço oferecido por outro interessado.O banco garante assim que se tratou de um processo “competitivo” e de acordo “com as melhores práticas”. Mas o outro interessado na herdade contraria esta versão.

“Fui surpreendido”

Embora sem registar qualquer avanço até hoje, o que limita a utilização do terreno de 257 hectares praticamente à atividade de cultivo, para a Herdade da Ferraria está projetada outra ambição: a construção de nove moradias com 500 metros quadrados cada.

Foi com esse objetivo que, antes de avançar para a venda aos três investidores, o GNB GA solicitou um parecer a uma sociedade de advogados para apurar a viabilidade de um projeto naqueles moldes.

A nota da Abalada Matos Moraes e Cardoso (AMMC), com a data de 11 de março de 2022, concluiu que sim: a “operação de transformação fundiária” com vista a converter os dois prédios existentes na herdade em nove novos prédios de 500 metros quadrados pode ser conseguida dentro de um “prazo razoável”. A AMMC alertava, ainda assim, para o facto de serem necessários procedimentos “normalmente muito morosos”. Ou seja, quem viesse a comprar a herdade não poderia esperar avanços do dia para a noite e tinha de ser paciente.

Por esta altura, o banco já tinha um interessado (antigo) no imóvel. Uma sociedade chamada Monte da Ferraria, que ‘mora’ ao lado da herdade, já tinha tentado comprar o terreno em 2019, por 900 mil euros, mas a proposta foi rejeitada.

Em 2020, a Monte da Ferraria submeteu uma nova oferta, com uma revisão em alta do preço, propondo 1,1 milhões de euros, com base no pressuposto (segundo a due diligence que realizou) de que aquele terreno só permitia a construção de 500 metros quadrados para habitação – apenas um décimo da capacidade de edificabilidade que o parecer dos advogados pedido pelo banco veio a sustentar depois.

Contactado pelo ECO, Alexandre Godinho, proprietário da Monte da Ferraria, revela que não teve conhecimento do parecer jurídico. E que se tivesse tido conhecimento, “apresentaria uma proposta diferente” pelo terreno que pertencera à família há mais de duas décadas e agora tentava recuperar.

De resto, para se perceber a importância do parecer, Alexandre Tilmant admite que foi “uma das razões que espoletou” o seu interesse e dos outros dois sócios na herdade em 2022.

Alexandre Godinho também rejeita a ideia de que tenha havido um concurso e conta que foi apanhado de surpresa quando lhe disseram do banco que o terreno já tinha sido vendido. “Foi criada a ideia de que haveria um procedimento concursal e quando, passado algum tempo, perguntei quando seria lançado, fui surpreendido com a resposta de que a propriedade já tinha sido vendida”, conta ao ECO, rejeitando, porém, avançar com qualquer tipo de ação legal contra o banco.

Houve tensão competitiva no processo? Como é que a omissão de parecer relevante se coaduna com as melhores práticas?

Confrontado com estes factos, o Novobanco assegura que sim. Diz que que teve “interações” com a Monte da Ferraria para que melhorasse o preço, mas sem sucesso. E que “todas as partes (incluindo todos os potenciais compradores) e decisores relevantes receberam todas as informações necessárias para tomar decisões informadas”. “Nenhum potencial comprador foi prejudicado”, defende o banco.

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Inscreva 8 projetos e divulgue o Plano de Atividades da sua autarquia

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  • 1 Abril 2025

O desconto de 15% nas inscrições para o Prémio Autarquia do Ano ainda está em vigor. Além disso, as autarquias que se inscreverem a partir de agora poderão também divulgar o seu Plano de Atividades.

Se a sua autarquia ainda não se inscreveu no Prémio Autarquia do Ano – Grupo Mosqueteiros, esta é a oportunidade ideal para o fazer. Agora, as autarquias que submeterem oito ou mais projetos ganham a possibilidade de divulgar o seu Plano de Atividades, garantindo mais visibilidade para as suas iniciativas e projetos estratégicos.

Além disso, as inscrições realizadas até 11 de abril continuam a beneficiar de um desconto de 15%.

Por que participar?

✔ Reconhecimento nacional dos projetos e iniciativas da sua autarquia

✔ Maior transparência e proximidade com a comunidade

✔ Desconto de 15% para inscrições até dia 11 de abril

Da educação à saúde e ao bem-estar

As autarquias podem candidatar-se a centenas de subcategorias como, por exemplo:

Apoio à Juventude: Promoção de iniciativas que visam o desenvolvimento pessoal, social e profissional dos jovens;

Gastronomia Local: Preservação e valorização das tradições culinárias regionais, incentivando a sustentabilidade da gastronomia local;

Orçamento Participativo: Implementação de processos democráticos que envolvam os cidadãos na definição e afetação de recursos públicos;

Apoio ao Desporto Amador: Fomento da prática desportiva não profissional, incentivando a participação da população em atividades recreativas e competitivas;

Reciclagem e Gestão de Resíduos: Implementação de programas de reciclagem eficazes e estratégias inovadoras de gestão de resíduos;

Apoio à Saúde Mental: Implementação de programas de apoio psicológico e psiquiátrico acessíveis à população.

Consulte aqui as restantes subcategorias que estão disponíveis.

Prazos importantes

  • 11 de abril – Último dia para garantir 15% de desconto
  • 20 de junho – Encerramento das candidaturas

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“É fundamental que existam mecanismos de incentivo à produção de biometano”

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  • 1 Abril 2025

Cláudia Pereira da Costa, da Confederação dos Agricultores de Portugal, acredita que o sector pode fazer parte da resposta para a transição energética. Porém, há obstáculos a resolver.

São mais de 290 mil as explorações agrícolas que preenchem o território português e que ocupam 5,12 milhões de hectares, uma potencial fonte de matéria-prima para a produção de biometano. Esta é a convicção dos oradores que participaram na conferência “Qualificar Portugal para uma Economia do Biometano”, organizada pela Goldenergy e Axpo Iberia, mas também dos representantes dos agricultores.

Cláudia Pereira da Costa, do departamento técnico da CAP – Confederação dos Agricultores de Portugal, conversou com o ECO sobre as principais oportunidades e desafios que este gás renovável pode representar.

Que visão tem a CAP em relação ao potencial do biometano e, sobretudo, ao papel que os agricultores podem ter neste percurso?

Vemos com bastante potencial a produção de biometano. Consideramos que é uma área que precisa de desenvolvimento em Portugal. É impensável que não tenha. O setor agrícola surge aqui como fornecedor de matéria-prima para a produção de energia, enquanto o digerido resultante pode ser utilizado na fertilização orgânica. Assim, contribuímos para a descarbonização da economia tanto pela produção de gases renováveis quanto pela redução da fertilização de síntese. É uma área com potencial, há interesse do setor, mas é preciso criar condições adequadas.

Cláudia Pereira da Costa, do departamento técnico da CAP – Confederação dos Agricultores de Portugal

Quais são os principais desafios a ultrapassar?

Em primeiro lugar, ainda não existe um mercado para o biometano. Qualquer decisão de investimento tem de se basear na viabilidade económica, não apenas nos benefícios ambientais. É fundamental que existam políticas públicas, incluindo mecanismos de incentivo à produção do biometano, para desenvolver toda a cadeia. Os agricultores, ao considerarem investir, precisam saber qual será a remuneração pela matéria-prima e pela produção do biometano.

Além disso, há questões regulamentares e legislativas que precisam de ser abordadas. É essencial criar um ambiente favorável ao investimento, antecipando possíveis bloqueios e constrangimentos. Resolver estas questões de antemão evita que os promotores enfrentem dificuldades na fase de execução dos projetos, permitindo que tudo aconteça de forma mais célere e eficiente.

Tem havido conversas entre a CAP e o Governo ou outras entidades para abordar estas questões regulatórias?

No setor privado, tem havido interesse e algumas aprendizagens. Paralelamente, temos procurado sensibilizar o Ministério da Agricultura e o Ministério do Ambiente para estas questões. Estamos expectantes quanto ao Plano de Ação do Biometano, que deve iniciar em breve os trabalhos do grupo de acompanhamento. Acreditamos que será uma forma de discutir e concretizar melhor estas matérias.

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App no smartphone pode reduzir acidentes rodoviários em 30%

A WingDriver já está em contacto com três seguradoras para lançar o seu sistema de monitorização do condutor. A ideia são poupanças em seguros com uma app instalada num simples smartphone.

Em 2024 as seguradoras a operar em Portugal pagaram 1.341 milhões de euros em indemnizações devidas por 1,243 milhões de acidentes de viação, referem dados da Associação Portuguesa de Seguradores (APS). Pior, foram envolvidas com 35.712 pessoas em sinistros em que se verificaram danos corporais. Ainda pior, 421 pessoas morreram na sequência desses acidentes.

André Azevedo e Filipe Monteiro, fundadores do sistema de monitorização do condutor WingDriver, deram um passo para a democratização do sistema: Informação e avisos sobre a condução em tempo real num normal smartphone.

“As seguradoras são as segundas entidades mais interessadas em resolver o problema, os primeiros são os familiares da vítimas”, diz André Azevedo que, com Filipe Monteiro, fundaram a WingDriver, uma empresa tecnológica financiada de início por 2,5 milhões de dólares pela Techstars, uma das maiores aceleradoras norte-americanas, alguns business angels dos EUA, um investidor português e um italiano.

A União Europeia (UE) está já a adotar medidas que, na opinião do co-fundador da WingDriver, vão contribuir para melhorar a sinistralidade rodoviária. “A partir de 2026, novos veículos comercializados na UE serão obrigados a ter uma tecnologia como a da WingDriver, uma Driver Monitoring System”, refere André Azevedo.

Se, pelo uso generalizado desta tecnologia, a estimativa de redução de acidentes é de 30%, uma conta média grosseira poderia indicar que as seguradoras portuguesas poderiam poupar 400 milhões de euros por ano, lidar com menos 130 mortos e 10.500 feridos por ano resultantes de acidentes em Portugal.

Para esse efeito, a WingDriver desenvolveu um sistema em que a câmara selfie e a tecnologia de inteligência artificial desenvolvida emite alertas sonoros e visuais em tempo real, que ensinam o condutor que o seu comportamento é errado e que deverá ser corrigido.

“O que há de novo no WingDriver é que qualquer smartphone de 150 euros pode receber a app”, refere André Azevedo ao ECOseguros, acrescentando que “a nossa tecnologia é capaz de detetar com elevada precisão, distrações, níveis de fadiga, adormecimento, manobras bruscas como viragens, travagens e acelerações, entre outros fatores. No futuro será capaz de detetar stress, condução sob o efeito do álcool e outros segredos que temos na manga”.

Os clientes mais naturais são as empresas com soluções para gestão de frotas em que a digitalização está a trazer para o cockpit das viaturas smartphones e tablets. Logo depois as plataformas de Ride-Hailing, empresas como Uber ou Bolt que oferecem serviços de transporte de passageiros baseados nas tecnologias mobile. André Azevedo prevê que no futuro vão “estar presentes nos veículos desde a sua construção, através de parcerias com fabricantes automóveis e seus fornecedores”.

A personalização dos produtos ou serviços é uma tendência global em diversos setores. É expectável que o mesmo possa vir a acontecer também nos prémios de seguro.

André Azevedo

Co-fundador da WingDriver

As seguradoras que oferecem apólices de seguro automóvel convencionais e com apólices personalizadas são clientes obrigatórios. “A relação com as seguradoras é muito interessante, pois na realidade todas as seguradoras do mundo têm o mesmo objetivo. Elas procuram reduzir as perdas relacionadas com a sinistralidade e dar ao cliente o melhor preço para o seu seguro”, refere André Azevedo, acrescentando que “um dos grandes fatores que altera o equilíbrio é o risco percecionado pela seguradora sobre determinado condutor”.

Para o co-fundador da WingDriver “diferentes mercados como os EUA e na Inglaterra têm já disponível para o consumidor seguros baseados na performance da condução ou na quilometragem percorrida pelo veículo, chamam-lhe usage-based insurance (UBI). “Nós vimos revolucionar completamente estes UBI, pois pela primeira vez estas aplicações móveis poderão, por um lado, impactar positivamente a sinistralidade dos seus clientes e, por outro, educá-los em tempo real para melhorar a sua performance, contribuindo para uma redução do risco daquele condutor e consequentemente o seu prémio de seguro”, diz André Azevedo.

O empresário considera que o mercado dos seguros automóveis em Portugal tem características ligeiramente diferentes dos EUA e Inglaterra, mas tudo indica que irá percorrer este caminho no futuro.

“A personalização dos produtos ou serviços é uma tendência global em diversos setores. É expectável que o mesmo possa vir a acontecer também nos prémios de seguro”, avança André Azevedo, referindo ainda que “a personalização é um fator diferenciador que permitirá ganhar uma posição no mercado mais apelativa aos olhos do consumidor. Estamos já em contacto com três seguradoras em Portugal com o intuito de demonstrar a efetividade da tecnologia, para que depois possamos desenhar o futuro dos produtos de seguros em conjunto, tirando o máximo proveito do conhecimento das equipas de ambas as equipas”.

A medição do batimento cardíaco permite-nos identificar a maior causa de mortalidade mundial, paragens cardíacas, bem como detetar o nível de stress do condutor.

André Azevedo

Co-fundador da WingDriver

O avanço maior da difusão do sistema é, para os seus fundadores, ser desnecessário hardware específico para o utilizar. Com a sua adoção estimam uma redução da sinistralidade em pelo menos 30%. No entanto, como continuam em pleno crescimento, com lançamentos da nossa tecnologia em diversas regiões do planeta, Portugal, UE, EUA, Austrália, Chile e Cazaquistão ainda não conseguem “precisar o valor global ou por tipo de comportamento perigoso”.

Segundo a ANSR – Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, as vítimas mortais em acidentes rodoviários no primeiro semestre de 2024, foram, em proporção, 74,4% condutores, 14,3% peões e 11,3% passageiros. Deve ainda salientar-se que 52% dos acidentes se deram em automóveis ligeiros e 22% em motociclos ou velocípedes. Quanto a veículos de duas rodas, o sistema WingDriver apenas permite, por enquanto, detetar quando o condutor está a olhar para o smartphone.

Para André Azevedo, “a medição do batimento cardíaco permite-nos identificar a maior causa de mortalidade mundial, paragens cardíacas, bem como detetar o nível de stress do condutor”. Estas duas capacidades, prossegue, “permitirão, por exemplo efetuar uma chamada de emergência automática, ou sugerir uma alteração da playlist para músicas mais relaxantes em caso de stress”.

“Também a deteção de condução sob efeito de álcool e drogas é fundamental nos dias de hoje em qualquer região do mundo, pois não existem soluções altamente eficazes que permitam efetuar uma medição durante a condução”, conclui.

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Quais os melhores lugares para trabalhar?

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  • 1 Abril 2025

80 mil colaboradores falaram e a resposta foi revelada. No seu 25º aniversário, a Great Place To Work® revelou as 50 Melhores Empresas para trabalhar em Portugal. Conheça as Best Workplaces.

Numa cerimónia conduzida pelo humorista Guilherme Geirinhas e realizada em Lisboa a 26 de março, num Convento do Beato decorado a rigor, equipas e líderes de empresas celebraram. E não era para menos. Nesta noite sobressaíram as empresas que, independentemente do seu setor ou da sua dimensão, demonstraram colocar as pessoas em primeiro lugar e desenvolver um esforço contínuo para que os seus colaboradores ali se sintam bem. O estudo, esta semana apresentado pelo 25º ano, afirmou-se também. Além do mais antigo, confirmou-se como o maior estudo no âmbito da cultura organizacional e ambientes de trabalho, contando com o contributo de mais de 80 mil colaboradores de empresas.

Na edição deste ano dos Best Workplaces, a 25ª, foram novamente distinguidas cinquenta empresas

Antes da festa dos vencedores, no entanto, o primeiro dado anunciado e de assinalar referiu-se ao índice de confiança de 89% registado na edição deste ano do estudo Best WorkplacesTM. De acordo com a organização, este é o índice mais elevado de sempre e que coloca o nível de confiança dos colaboradores das empresas vencedoras cerca de 36 pontos percentuais acima da média do mercado, conforme apurada pelo Estudo Europeu sobre o Mercado de Trabalho / European Workforce Study 2025, desenvolvido pela Great Place to Work Europe. A este dado juntam-se ainda outros, dignos de registo: as 50 empresas este ano distinguidas ostentam níveis de produtividade duas vezes superiores à média do mercado, uma probabilidade de reter talento três vezes maior e uma qualidade no serviço ao cliente superior em 30 pontos percentuais face à média. Mas há mais dados que merecem atenção pelo que aqui se partilha as principais conclusões do estudo.

Vencedores de 2025, o 25º ano da GPTW

Apoiando-nos nas palavras de Maurício Korbivcher, CEO & Country Manager da Great Place To Work® em Portugal, «Vivemos tempos em que tudo muda com uma rapidez sem precedentes, em que só organizações resilientes, inovadoras e ágeis conseguiram prosperar. Estas tiveram de se adaptar às “novas” exigências e necessidades de quem mais importa e interessa – os colaboradores. Adaptação só possível em organizações que promovem a escuta ativa e genuína dos colaboradores. Estamos, assim, todos de parabéns por estes 25 anos! As organizações pelo investimento nas suas pessoas e a GPTW por reconhecê-las e apoiá-las nesta jornada, nunca deixando de cumprir a nossa missão de criar um excelente lugar para trabalhar para todos.»

"E hoje percebemos que as empresas não existem. É um chavão, mas as empresas são entidades abstratas. O que são realmente as empresas? São as pessoas”

Mauricio Korbivcher, responsável pela GPTW

Instado por Guiherme Geirinhas, a quem coube a condução do evento no Convento do Beato, a falar sobre o que iríamos presenciar esta noite, Mauricio Korbivcher referiu ser este «um momento de reflexão daquilo que estamos a fazer de bom para as pessoas, de bom para a nossa comunidade. Acreditar genuinamente que as pessoas fazem a diferença. E hoje percebemos que as empresas não existem. É um chavão, mas as empresas são entidades abstratas. O que são realmente as empresas? São as pessoas.»

O responsável pela GPTW agradeceu a todas as empresas representadas no evento e às que acompanham a iniciativa ao longo dos 25 anos de atividade esta noite celebrados, sublinhando «vínculos de amizade e de parceria» estabelecidos.

No mesmo palco do Convento do Beato, Cândida Morais, CFO da Great Place to Work reforçou a importância das 80 mil pessoas que participaram no processo, graças às quais foi possível reconhecer as empresas esta noite distinguidas. «Deram-nos a confiança na resposta e a confiança nas vossas empresas é suficiente para se manifestar e ajudar a mudar aquilo que é necessário mudar, e ajudar na estratégia das empresas a serem muito mais adequadas a todos, não são só os colaboradores ou só as organizações. Os dois têm de sair e ganhar.»

A mesma responsável frisou a responsabilidade dos líderes das empresas: «Quando vocês criam ambientes que são inclusivos, que são seguros, que motivam as pessoas a investir nas carreiras, que dão liberdade de errar – porque a aprendizagem também vem dos erros -, onde elas sabem que vão ser ouvidas, onde elas sabem que fazem a diferença, obviamente, vocês estão a criar oportunidades de ter mais engajamento, mais produtividade, que é chave do crescimento em Portugal

Antes de um sentido agradecimento à equipa da GPTW, Cândida Morais destacou ainda que um bom ambiente na empresa faz com que «os colaboradores sejam melhores pais, porque têm mais segurança, melhores mães, porque têm mais tempo para cuidar dos filhos, para participar nas suas atividades, e investir na carreira sem culpa. Serão melhores filhos e melhores filhas, porque podem apoiar e ajudar os mais velhos, os menos jovens das suas famílias, aqueles que precisam, às vezes, de um carinho extra. Mas, acima de tudo, serão melhores cidadãos, porque sabem que não basta apontar o dedo aos erros, mas dar a voz para motivar as mudanças necessárias e fazer parte efetivamente das soluções.»

Nesta linha, na lista vencedora esta noite apresentada no evento Best WorkplacesTM, de cinco dezenas de empresas que apostaram em colocar as pessoas no centro das suas atividades destacaram-se os setores de IT, farmacêutico, serviços financeiros, seguros e transportes, que foram os mais representados. Conheçamos, então, os grandes vencedores:

Em 1º lugar na categoria de empresas de até 50 colaboradores, ficou a JTA – The Data Scientists, sediada no Porto. Ao subir, junto com a equipa, ao palco do evento, Margarida Fonseca, Marketing Strategist da empresa, destacou o facto de ser o terceiro ano que a JTA era distinguida nos Best WorkplacesTM, o que reflete «o «compromisso enquanto equipa e enquanto empresa».

Empresa global líder na área da saúde, a farmacêutica Novo Nordisk foi a vencedora na categoria de entre 51 e 100 colaboradores.

O hotel InterContinental Lisbon, unidade hoteleira de referência a nível nacional e internacional, obteve a 1ª posição na categoria de entre 101 e 200 colaboradores.

A Mind Source, especializada em projetos de consultoria e outsourcing de IT, venceu na categoria de entre 201 e 500 colaboradores. No seu discurso de receção da distinção, Carlos Seguro de Carvalho, Founder e Partner da empresa, destacou a parceria de longa data com a Great Place to Work. O responsável agradeceu ainda aos colaboradores da Mind Source: «são eles que fazem a diferença, no dia-a-dia, no companheirismo e na familiaridade.»

Por fim, a consultora tecnológica global Noesis obteve o 1º lugar entre as empresas com mais de 500 colaboradores.

Na lista das 50 Best Workplaces™ 2025 saltam à vista algumas das empresas mais conhecidas da economia nacional. EY, a MetLife, a ERA Imobiliária, a DHL, a GSK, a Allianz, o Banco Credibom, ou a Goldenergy, entre tantas outras, estão de parabéns.

Descubra aqui todos os vencedores da noite.

«Repetentes» de 2024

Foram várias as empresas que, na edição de 2024 dos Best WorkplacesTM já figuravam entre as melhores para trabalhar. A AdvanceWorks, vencedora, no ano passado, na categoria de empresas de até 50 colaboradores, voltou este ano a fazer parte das 10 selecionadas nesta categoria. O mesmo ocorreu com a Cisco, que em 2024 venceu na categoria de mais de 500 colaboradores e que este ano se posicionou no 3º posto entre as 10 selecionadas desta categoria.

Na edição do ano passado colaboradores e líderes de algumas destas empresas destacavam, entre as principais qualidades da iniciativa promovida pela Great Place to Work, a promoção de um ambiente profissional seguro e motivante, trabalhadores mais felizes, produtivos e comprometidos e a auscultação permanente das equipas e ação conforme o feedback.

A já mencionada Noesis, vencedora da edição deste ano entre as empresas com mais de 500 colaboradores, e que no ano passado surgia no segundo posto, destacava, então, que a participação nesta iniciativa permitia melhorar processos e reconhecer o cuidado com os colaboradores, opinião partilhada pelos responsáveis da ERA Imobiliária, BestWorkplac desde 2020 e que este ano voltou a constar na lista de dez melhores na mesma categoria, no 4º lugar.

"É um orgulho brutal, pelo sexto ano consecutivo, sermos considerados um Great Place to Work”

Rosário Morgado, Diretora de Recursos Humanos da ERA Imobiliária

Durante o evento, Rosário Morgado, Diretora de Recursos Humanos da ERA Imobiliária, espelhava a satisfação por esta nova distinção: «é um orgulho brutal, pelo sexto ano consecutivo, sermos considerados um Great Place to Work. Esta consistência reflete práticas muito cuidadas das nossas pessoas, cada vez mais exigentes, e nós estamos à altura de devolver aquilo que as pessoas mais querem. Conseguimos conciliar muito bem esta capacidade de cuidar das pessoas com resultados de alto rendimento. Nós tivemos o melhor ano de sempre em 2024, estamos ainda a celebrar um 2024 fantástico e ainda assim conseguimos conciliar isso com uma cultura de felicidade, de bem-estar, onde as pessoas dizem que aquilo que mais valorizam é de facto o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Portanto, acho que estamos mesmo de parabéns e estou de facto muito orgulhosa

Como se apuram os vencedores?

Na edição deste ano dos Best WorkplacesTM, a 25ª, foram novamente distinguidas cinquenta empresas, escolhidas de entre 250 participantes iniciais e separadas em cinco categorias: até 50 colaboradores; entre 51 e 100 colaboradores; de 101 a 200 colaboradores; de 201 a 500 colaboradores; e mais de 500 colaboradores. No seu conjunto, as empresas vencedoras representam mais de 80 mil colaboradores.

Para constar na lista, todas as empresas ouviram a opinião dos seus colaboradores, ao longo do ano de 2024, através da plataforma Emprising, utilizando um modelo testado a nível nacional há 25 anos. Apenas as empresas que atingiram o selo Certified™, ou seja, que atingiram os 65% ou mais no índice de confiança por parte da sua equipa, ficam elegíveis a integrar os Best Workplaces™. É neste momento que são auditadas as práticas nas organizações com mais de 100 colaboradores, que corresponde a 25% da nota final, prevalecendo com um peso de 75% a nota obtida no questionário aos colaboradores.

Ao analisar a cultura da empresa e a experiência dos colaboradores, o referido questionário permite aos gestores avaliar e melhorar continuamente o seu ambiente de trabalho, transformando a sua cultura numa vantagem competitiva, tal como hoje já fazem os Best Workplaces™.

Sobre a Great Place To Work® Portugal

A Great Place to Work® é autoridade mundial na pesquisa e consultoria em ambientes de trabalho. Para além de identificar e reconhecer os bons lugares para trabalhar através da Certificação™ e dos Best Workplaces™, a consultora ajuda as organizações a criar e a manter a excelência dos ambientes de trabalho com a sua plataforma digital, Emprising, com análise de resultados em tempo real e benchmark com as melhores empresas de todo o mundo. Mundialmente, o estudo da GPTW® representa a opinião de mais de 20 milhões de colaboradores.

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Sporting oficializa contratações de Kochorashvili e Alisson Santos para 2025/26

  • Lusa
  • 31 Março 2025

No resumo das entradas e saídas de jogadores ocorridas na janela de transferências de inverno, o campeão nacional tornou oficiais as duas primeiras contratações para a próxima época desportiva.

Os futebolistas Giorgi Kochorashvili e Alisson Santos vão reforçar o Sporting a partir da temporada 2025/26, chegando provenientes dos espanhóis do Levante e dos brasileiros do Vitória, revelou o campeão nacional e líder da I Liga.

No resumo das entradas e saídas de jogadores ocorridas na janela de transferências de inverno, que esteve aberta entre 01 de janeiro e 03 de fevereiro, os leões dão conta das aquisições a título definitivo do médio internacional georgiano Kochorashvili e do extremo brasileiro Alisson, emprestado à União de Leiria (II Liga) na primeira metade da época.

Giorgi Kochorashvili, de 25 anos, foi negociado junto do Levante, do escalão secundário espanhol, por 5,5 milhões de euros (fixos, mais dois mlihões em variáveis, assinando contrato por cinco anos, até junho de 2030, com uma cláusula de rescisão de 80 milhões.

Com igual vínculo e cláusula ficou Alisson, de 22 anos, numa transação em que o Vitória, do campeonato brasileiro, recebeu 2,1 milhões de euros e reservou 10% de mais-valias futuras – no caso de Kochorashvili, poderá ser reduzida de 12,5% para 10% por opção do Sporting.

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João Massano é o novo bastonário da Ordem dos Advogados

João Massano, até aqui líder da Regional de Lisboa, é o novo bastonário da Ordem dos Advogados com 54,58% (9.541 votos). Fernanda de Almeida Pinheiro obteve 45,42 % (7.941 votos).

João Massano, até aqui líder da Regional de Lisboa, é o novo bastonário da Ordem dos Advogados. Fernanda de Almeida Pinheiro obteve 45,42 % (7.941 votos) e João Massano 54,58% (9.541 votos). Votaram 19.928 advogados.

Assim, nas eleições marcadas antecipadamente por Fernanda de Almeida Pinheiro, ainda bastonária e recandidata, a vencedora foi a Lista R encabeçada pelo advogado João Massano.

A 27 de novembro do ano passado, um ano e meio antes do período eleitoral ordinário e quando nada o fazia prever e por alguns considerado de ‘golpe palaciano’, a ainda bastonária anunciou a convocação de eleições antecipadas para todos os órgãos da instituição. “Este novo estatuto impunha a criação de novos órgãos e naturalmente esses dois órgãos tinha um regime transitório da norma previa duas opções: podíamos designar o órgão ou convocar eleições antecipadas até 31 de março de 2025”, dizia a bastonária. A OA optou, à data, designar e dar posse ao Conselho de Supervisão e ao Provedor do Beneficiário dos Serviços.

“Porém, tal decisão gerou alguma divisão na nossa classe, com críticas públicas àquela designação (incluindo de titulares de órgãos da Ordem), apresentação de recursos daquela deliberação e ameaças públicas de ações judiciais. A Ordem dos Advogados não pode viver refém de controvérsias internas, litígios judiciais ou debates infindáveis sobre a regularidade de atos administrativos. O cenário atual não só cria desconfiança e insegurança quanto aos atos praticados pelo Conselho de Supervisão, como compromete a capacidade da Ordem de se focar nos verdadeiros desafios da advocacia”, acrescentava.

João Massano, 54 anos, concluiu a licenciatura na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, em 1994. Em 2004 tornou-me sócio fundador da ATMJ. Mestre em Direito em 2006, na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Manteve uma carreira académica durante cerca de 17 anos, como docente universitário na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, na Universidade Lusófona e na Universidade Moderna. Agora trabalha em prática individual, com escritório próprio.

Ligado ao Conselho Regional de Lisboa da Ordem dos Advogados (CR Lisboa) desde 2011, primeiro, como Vogal Tesoureiro do CRL (triénio 2011-2013) depois, nos dois mandatos seguintes, como Vice-Presidente responsável pelo pelouro da Formação (triénios 2014-2016 e 2017-2019) e, finalmente (desde 2019), como Presidente do CR Lisboa.

Sobe o mote “Juntos Podemos Mais”, o candidato vencedor lançou a candidatura porque acreditava “que há outro caminho – um caminho melhor – para a OA. Um rumo que permita devolvê-la ao seu posicionamento original, de instituição que tem competências fundamentais”, tais como, “defender o Estado de Direito e colaborar na administração da Justiça, representar a profissão de Advogado e reforçar a solidariedade entre os Advogados, promover o acesso ao conhecimento e aplicação do direito e contribuir para o desenvolvimento da cultura jurídica e ser ouvida na construção legislativa relevante para o exercício da Advocacia e colaborar na sua alteração para melhor”.

O mesmo acredita que, nos últimos anos, “estas competências têm sido descuradas, com efeitos perniciosos para a credibilidade da Ordem e para a reputação da Advocacia e de todos os Advogados”. Massano defende ainda que esse posicionamento, que considera errado, tem tido consequências nefastas para a profissão, tais como, “um clima de desunião e mal-estar na classe, que tem afastado os Advogados da vida da Ordem (…)”, bem como “uma erosão da reputação e da notoriedade da Ordem e da Advocacia, levando mesmo a que algumas portas se venham fechando ao seu contributo para construir uma Justiça melhor”.

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Nova sondagem dá vitória à AD com sete pontos de vantagem sobre o PS. Chega é o que mais perde

  • ECO
  • 31 Março 2025

Estudo de opinião da Pitagórica para o JN, TSF e TVI/CNN aponta para nova vitória da coligação de direita (34,4%) nas eleições antecipadas de maio. Chega é o partido que mais perde. Confira os dados.

A mais recente sondagem da Pitagórica para o JN, TSF e TVI/CNN para as eleições legislativas de maio aponta para uma vitória da Aliança Democrática (AD) com 34,4% das intenções de voto. Em segundo lugar, a sete pontos de diferença surge o Partido Socialista (PS) com 27,8%.

Segundo avança o JN, o Chega (14,9%) é o partido que mais perde. Já a Iniciativa Liberal reúne 6% dos votos, o Livre 5,5%, a CDU 3,4% e o Bloco de Esquerda 2,7%. De fora do Parlamento ficaria o PAN, com apenas 0,5% dos votos.

A vantagem da coligação liderada por Luís Montenegro sobre o partido liderado por Pedro Nuno Santos é atribuída à tendência de voto do eleitorado do sexo masculino na AD. Ainda assim, os dados revelados por estudo de opinião apontam que o futuro Governo deverá voltar a ser minoritário.

Esta sondagem resultou de 1.000 entrevistas telefónicas e decorreu entre 24 e 29 de março.

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