Queda do Governo não interrompe processo do novo aeroporto

ANA não espera que processo seja interrompido, tendo em conta que já foi formalmente aprovado pelo Governo e nos próximos meses decorre um processo de consulta.

O processo para a construção do novo aeroporto de Lisboa não deverá ser afetado pela queda do Governo. É essa a expectativa da ANA, segundo apurou o ECO, dado que a resolução do Conselho de Ministros foi já aprovada e, neste momento, decorre a consulta às partes interessadas. Auscultação às companhias aéreas continua a decorrer e poderá levar à alteração de especificações e previsões de tráfego.

Dos vários dossiês que o Governo tinha em mãos, a construção do futuro aeroporto Luís de Camões no Campo de Tiro de Alcochete era dos mais complexos. Ainda assim, não deverá ser interrompido pela queda do Executivo.

Ao contrário da venda da TAP, cujo decreto-lei de privatização não chegou a ser aprovado, no caso do desenvolvimento do Novo Aeroporto de Lisboa (NAL) foi aprovada em maio de 2024 uma resolução do Conselho de Ministros que desencadeou formalmente o processo.

Desde então, a ANA já entregou o Relatório Inicial ao Governo, em dezembro, e este deu em janeiro luz verde à concessionária para avançar com a candidatura ao NAL. Neste momento, decorre um período de consulta às partes interessadas, tendo a ANA de entregar até 17 de julho um Relatório das Consultas. Tendo em conta que o Presidente da República irá agendar as eleições para 11 ou 18 de maio, naquela altura já deverá existir um novo Executivo em funções para receber o documento.

Este é, além disso, um tema onde existe consenso entre os dois maiores partidos. O líder do PS, Pedro Nuno Santos defendeu também a opção pelo Campo de Tiro de Alcochete, seguindo as conclusões do relatório da Comissão Técnica Independente, que apontou aquela localização como a que tem mais vantagens.

Plano do novo Aeroporto Luís de Camões durante a entrega do Relatório Inicial (High Level Assumption Report) da concessionária ANA sobre o desenvolvimento da capacidade aeroportuária de Lisboa, para iniciar formalmente negociações sobre a extensão do contrato de concessão e viabilizar a construção do novo Aeroporto Luís de Camões, em Alcochete, 17 de dezembro de 2024. ANDRÉ KOSTERS/LUSAANDRÉ KOSTERS/LUSA

Mais ou menos mangas e afinar previsões de tráfego

Entre as entidades que estão a ser ouvidas pela ANA estão as companhias aéreas, incluindo as que estão interessadas na privatização da TAP, como avançou o ECO, apesar de não figurarem entre as cinco maiores a operar no Humberto Delgado, cuja consulta é obrigatória, de acordo com o contrato de concessão.

O contrato de concessão determina que a consulta deve versar sobre o local escolhido, as especificações da infraestrutura e o nível de taxas aeroportuárias. Fixadas em 2012, as especificações que constam do contrato estão desatualizadas, pelo que a ANA está à perguntar às companhias aéreas quais as suas necessidades, nomeadamente se pretendem ter mais ou menos pontes telescópicas (conhecidas como mangas) ou lounges para passageiros.

A concessionária está também a pedir às companhias a sua previsão para a evolução do tráfego em Lisboa, de forma a ajustar a sua própria previsão, vertida no Relatório Inicial, onde projeta que o novo aeroporto possa receber 45 milhões de passageiros no ano da abertura, apontada para 2037.

Quer as especificações da futura infraestrutura quer as previsões de tráfego têm impacto na valor das taxas aeroportuárias, que a concessionária pretende aumentar a partir do próximo ano, de forma a pré-financiar os estudos e as obras do projeto. Uma intenção que terá de passar pelo acordo do futuro Governo e dos reguladores, o Instituto da Mobilidade e Transportes e a Autoridade Nacional da Aviação Civil.

A ANA tem mantido contactos com o Executivo no âmbito do grupo de trabalho criado para os aeroportos.

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Colisão de navios no mar do Norte pode custar até 300 milhões a seguradoras

A colisão entre um navio português e um petroleiro ativará múltiplas apólices de seguro, incluindo casco, carga e responsabilidade civil, aumentando as preocupações sobre a rentabilidade deste ramo.

As seguradoras deverão pagar entre 100 a 300 milhões de dólares (cerca de 92 a 275 milhões de euros) pelos danos provocados pela colisão entre o navio de carga de bandeira portuguesa e o petroleiro norte-americano na costa de Inglaterra no mar do Norte, prevê a Morningstar DBRS.

Apesar destas perdas serem financeiramente viáveis para o setor dos seguros marítimos a nível mundial, o incidente aumenta as preocupações da agência quanto à rentabilidade deste ramo de atividade. A consideração surge devido aos sinistros do ano passado que levaram a avultadas perdas, como o colapso da ponte de Baltimore e os ataques no Mar Vermelho.

Navio de bandeira portgueusa, MV Solong, após tervembatido no petroleiro americano, Stena Immaculate, na costa de InglaterraDAN KITWOOD, Getty Images Pool

“Embora o nível de perdas estimadas resultantes deste evento seja viável para o setor global de seguros marítimos, levanta preocupações sobre a lucratividade desse setor de negócios”, diz Marcos Alvarez, diretor administrativo da Global Financial Institution Ratings. “No entanto, não esperamos que este evento afete materialmente o perfil de crédito das seguradoras marítimas em 2025”, refere o responsável.

A colisão entre o Solong, o navio de bandeira portuguesa, e o norte-americano Stena Immaculate vai ativar “várias apólices de seguro, incluindo as de casco e maquinaria, responsabilidade civil e carga marítima”. “As perdas por responsabilidade civil (protection and indemnity insurance ou P&I) e salvamento excederão o custo dos sinistros do casco e da carga”, indica a agência. Ainda não são conhecidas as seguradoras que serão chamadas a indemnizar pelo acidente.

As imagens mostram que ambos os navios podem vir a ser considerados como perda total. O Solong e o Stena Immaculate são relativamente pequenos, com 140 metros e 183 metros de comprimento, respetivamente. A Morningstar estima que o seu valor segurado combinado ronde entre os 50 e os 100 milhões de dólares, valor que inclui os potenciais custos das operações de salvamento.

Vista aérea do navio americano MV Stena Immaculate. São visíveis os danos provocados pela colisão.DAN KITWOOD, Getty Images Pool

No entanto, mesmo que ambos os navios sejam considerados perda total, a maioria das perdas financerias recairá no âmbito do seguro P&I associadas ao derrame de elementos poluentes. O valor vai depender do volume de químicos e combustível libertado para o oceano e dos custos com a limpeza e recuperação das águas.

O seguro P&I é habitualmente oferecido pelo P&I club, uma associação que mutualiza os riscos, partilha informação, oferece representação legal e mecanismos de mitigaçao dos riscos para os seus membros, que incluem donos de navios, operadores e fretadores.

“O produto cobre quase todos os riscos de responsabilidade marítima associados à propriedade e exploração de navios, incluindo responsabilidades de terceiros relacionadas com a carga danificada durante o trânsito, o risco de poluição ambiental e riscos de guerra e políticos (se incluídos na apólice)”, explica a agência.

Importa relembrar o incidente deu-se na passada segunda-feira de manhã quando o navio de carga português atingiu o um navio-tanque que transportava combustível para aviões a jato destinado ao exército dos EUA, e que estava ancorado ao largo do estuário de Humber.

Ambos os navios sofreram danos graves devido à colisão e ao incêndio que se seguiu. Segundo o operador do Stena Immaculatem o petroleiro sofreu uma rutura no tanque de carga que continha combustível Jet-A1 quando o Solong o atingiu, tal provocou um incêndio e múltiplas explusões a bordo, resultando na libertação de combustível para o mar.

Dada a natureza da carga do Stena Immaculate, o governo dos EUA lançou uma investigação para averiguar a hipótese de sabotagem. As conclusões deste inquérito poderão ter implicações significativas no tratamento de eventuais pedidos de indemnização de seguros relacionados com o incidente.

Isto sucede porque os proprietários das cargas a bordo nos navios deverão apresentar pedidos de indemnização ao abrigo das suas apólices de seguro de carga pelas perdas sofridas mas, caso se determine que algum dos proprietários ou operadores de navios é responsável pelo acidente, as seguradoras da carga podem ter de recuperar as suas perdas junto das seguradoras de responsabilidade civil dos navios envolvidos.

Até agora foi detido o capitão do navio de carga registado na Madeira, de nacionalidade russa, por suspeita de homicídio por negligência grave na terça-feira, indicou à BBC Ernst Russ, porta-voz da empresa alemã dona do Solong.

Um tripulante do Solong está desaparecido. No total, 36 tripulantes de ambos os navios foram salvos.

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Vincent Harel nomeado CEO da corretora Verlingue

A holding familiar francesa que detém a quinta maior corretora de seguros em Portugal nomeou o ex-Marsh Vincent Harel para CEO global da corretora Verlingue.

O Grupo Adelaïde, que detém as empresas Verlingue, Corretora de Seguros, Génération, Cocoon e Dune, anunciou a nomeação de Vincent Harel para o cargo de CEO da Verlingue. Reportará diretamente a Benjamin Verlingue, Presidente da Verlingue e Presidente e CEO do Grupo Adelaïde, integrando também o Comité Executivo do Grupo Adelaïde.

Vincent Harel, novo CEO da Verlingue a nível global, transitou da Marsh França onde era co-CEO.

“A chegada de Vincent representa uma etapa importante no âmbito do nosso plano estratégico – Better Future 28. A sua experiência irá permitir reforçar a nossa posição em todos os segmentos de atividade, contribuindo para a nossa ambição estratégica de nos tornarmos a primeira Corretora Familiar na Europa.”, declarou Benjamin Verlingue.

Vincent Harel foi co-CEO da Marsh McLennan França desde 2023 e Presidente da Mercer França desde 2019, empresa de Corretores de Seguros e Consultoria em Recursos Humanos na qual começou em 2003, ocupando diferentes cargos de gestão, consultoria e desenvolvimento de novas atividades. Vincent Harel é licenciado pela ESSCA, na qual também é Presidente dos Alumni, e iniciou a sua carreira profissional em consultoria de gestão e organização na Capgemini Consulting.

“É um enorme prazer poder participar nas próximas etapas do desenvolvimento da Verlingue dentro do Grupo Adelaïde. Sei que me posso apoiar nos colaboradores com um grande compromisso à empresa, tanto em França como na Europa, e estou convencido de que o nosso posicionamento enquanto empresa independente
e familiar é uma força.”, salientou Vincent Harel.

O grupo Adelaide está presente em 5 países na Europa: França, Reino Unido, Suíça, Portugal e Itália. Anuncia ter 2.500 colaboradores, 3 mil milhões de euros em prémios negociados, 2,4 milhões de segurados em saúde e 1,1 milhões em fundos de pensões.

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Nova empresa Transportes Metropolitanos do Porto arranca com orçamento de 241,6 milhões

  • Lusa
  • 12 Março 2025

Para este ano está previsto que a Transportes Metropolitanos do Porto tenha um lucro de 707 mil euros, receitas estimadas de 242,4 milhões de euros e gastos estimados de 241,6 milhões.

A nova empresa Transportes Metropolitanos do Porto (TMP), que vai gerir a rede de autocarros Unir e o sistema Andante, vai arrancar com um orçamento de 241,6 milhões de euros, segundo documentos a que a Lusa teve acesso.

De acordo com o Plano de Atividades e Orçamento (PAO) da empresa liderada por Marco Martins, a que a Lusa teve acesso, para este ano está previsto um lucro de 707 mil euros, fruto de receitas estimadas de 242,4 milhões de euros e gastos estimados de 241,6 milhões de euros. Das receitas, estima-se que 128 milhões de euros venham de programas de incentivo ao transporte público e 104 milhões de vendas de títulos Andante, sendo estas as maiores verbas.

Já nos gastos, a maior fatia diz respeito a subcontratos, entre os quais 104 milhões dizem respeito à repartição das receitas do Andante, 41 milhões de euros “destinados à manutenção e operação diária dos serviços da rede Unir” e 26 milhões “destinados à ampliação de rotas, maior frequência de horários e melhoria da cobertura geográfica”.

No âmbito da verba recebida no âmbito do programa Incentiva+TP, 16 milhões de euros serão gastos na redução dos passes, 1,3 milhões em estudos (incluindo um inquérito à satisfação da rede Unir) e 13,6 milhões “para a modernização de sistemas e equipamentos”. Os passes jovens vão custar 25 milhões de euros e os dos antigos combatentes 4,6 milhões.

“O processo de reestruturação interna da TMP impõe desafios críticos na integração das competências anteriormente atribuídas ao TIP [Transportes Intermodais do Porto]”, refere o texto.

Em causa estão a “unificação de sistemas, a integração tecnológica do Andante, com 20 anos de operação, exige modernização urgente para compatibilizar equipamentos de validação diversos, contratos de operação e gestão de dados”, ou a “absorção de colaboradores do TIP e AMP [Área Metropolitana do Porto], com necessidades adicionais de novas contratações”.

A TMP adianta ainda que vai estar sediada num escritório na Alameda das Antas, depois de ter tentado localizações como a Torre das Antas (onde estava sediado o TIP e estão a STCP e Metro do Porto), a Quinta do Mitra (que irá ser demolida daqui a cinco ou seis anos) ou um imóvel em São Mamede de Infesta (Matosinhos).

“O Conselho de Administração decidiu pelo aluguer de escritórios num edifício novo situado na Alameda das Antas, a cerca de 100 metros da Torre das Antas. Este espaço permite acomodar o crescimento previsto para o número de trabalhadores, podendo chegar a cerca de 100 pessoas no prazo de cinco a seis anos”, aponta.

A mudança de instalações (atualmente a equipa divide-se entre as antigas instalações do TIP e as atuais da AMP) “está prevista para finais do mês de abril, após a conclusão das obras de adaptação e definição do ‘layout’, que foi inspirado na experiência da TML”, a Transportes Metropolitanos de Lisboa.

Quanto à rede Unir, há “prioridade imediata em assegurar o cumprimento contratual dos operadores da rede Unir, cujas falhas têm gerado insatisfação pública, exigindo fiscalização rigorosa e coordenação com os vários operadores e municípios da AMP”.

“Ao nível de coordenação intermunicipal, a promoção de soluções inovadoras, sem fronteiras e que promovam a mobilidade partilhada e sustentável na AMP”, lê-se ainda no documento. Os autarcas da AMP aprovaram na sexta-feira o contrato entre a AMP e a TMP, bem como vários documentos associados que permitirão à nova empresa operar.

A empresa Transportes Metropolitanos do Porto foi formalmente constituída em janeiro e integrou as valências do TIP (Transportes Intermodais do Porto), que gere o sistema Andante e as competências da Área Metropolitana do Porto em termos de mobilidade e transportes, gerindo também os contratos com os operadores da Unir.

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Governo melhora cobertura de seguro de colheitas para vinha

Os contratos de acesso dos produtores de vinha a indemnizações por seguros vitivinícolas de colheitas está agora mais flexibilizado após portaria publicada esta semana.

Uma Portaria do ministério da Agricultura e Pescas publicada na passada segunda-feira vem alargar a possibilidade de cobertura do risco de escaldão ou insolação nas produções de vinha para vinho.

Está em causa um dos riscos cobertos pelo seguro Vitícola de Colheitas (SVC) que, não sendo tão frequente e custoso como a chuva ou o granizo, causa perda de produção aos agricultores. O risco é descrito como “Escaldão ou insolação”, entendendo-se como tal a destruição de folhas e cachos provocada por condições de temperatura elevada e humidade relativa baixa, e por radiação solar direta, causando o dessecamento das folhas e dos bagos.

No seguro vitícola de colheitas, o agricultor tem direito a uma compensação quando perde parte da produção. A questão é saber qual a proporção dessa perda que dá direito a compensação. Esse limite chama-se “PMI – Prejuízo Mínimo Indemnizável”, e funciona como um gatilho para a ativação do seguro.

Habitualmente, nos seguros de colheitas, esse gatilho de ativação do seguro é de 20%, uma vez que os seguros agrícolas são destinados a cobrir catástrofes. As regras do IFAP – Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas, que gere o seguro e da União Europeia – que o financia parcialmente – são claras quanto a esse limite.

No entanto, nos seguros de vinha, há maior flexibilidade, e o limite pode ser ajustado conforme a necessidade. Assim, o IFAP oferece maior apoio quando esse gatilho é mais elevado. Quando o PMI contratado é superior a 20%, o IFAP paga entre 75% a 80% do prémio comercial. Nos restantes casos, o IFAP paga 50%.

Apesar dessa flexibilidade, no ano passado o IFAP determinou que, para a cobertura de «escaldão ou insolação», o gatilho fosse sempre de 20%. O que a Portaria n.º 92/2025/1, de 10 de março, volta a permitir é a flexibilidade contratual, tal como ocorre com a maioria dos riscos abrangidos.

Quem ganha, quem perde e o que pode mudar

“Se o Estado paga, é bom que o Estado controle e defina as regras de apoio”, explica Filipe Charters, especialista no ramo agrícola. “No entanto, fico feliz pela liberdade contratual. É bom que as regras de controlo sejam mais baseadas em incentivos do que em restrições. É bom que haja maior flexibilidade. Seria bom que essa flexibilidade também existisse em outras culturas. O nível de proteção agrícola é baixo, e é saudável que haja mais concorrência na construção dos produtos”, comentou.

Em resumo, a opinião especializada afirma que os clientes passam a ter produtos diferentes, com definições de sinistros mais adequadas à sua realidade. O IFAP poderá pagar mais em indemnizações, mas eventualmente poderá corrigir o volume de apoio a esta cobertura.

Apesar de haver um elevado gap de proteção nos seguros agro, na vinha este manifesta-se menos – comenta um especialista ouvido por ECOseguros: “Não é de esperar uma grande alteração de comportamento na cadeia de valor mas as companhias poderão reagir de forma diferente face a esta alteração”.

Em 2022, último ano com informação disponível no IFAP, o Seguro SVC cobriu riscos de 201 milhões de euros, tendo para os prémios pagos em média pelos produtores tenha representado 3,8% dos capitais seguros. No entanto, o subsídio ao prémio acabou por levar os agricultores a um custo de 3,33 milhões competindo à UE o pagamento de de cerca de 4,25 milhões de euros. Assim o prémio real médio do SVC para os produtores foi de 1,65% dos capitais seguros.

No mesmo período a indemnização dos sinistros de SVC foi de 3,8 milhões de euros, com 70% desse valor relativo a geada. O escaldão provocou prejuízos segurados de 210 mil euros, mas com a flexibilização agora consagrada o número de sinistros declarados vai aumentar.

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Despesas com remodelação de imóvel podem abater à mais-valia gerada na venda

  • Lusa
  • 12 Março 2025

Encargos podem ser dedutíveis na mais-valia gerada com a venda caso o contribuinte "disponha dos elementos que permitam identificar os serviços que foram efetuados e material adquirido".

As despesas com obras de renovação de uma casa podem ser deduzidas no valor da venda do imóvel para efeitos de cálculo das mais-valias, quando não haja separação entre custo dos materiais e da mão de obra.

Este entendimento sobre a dedutibilidade das despesas e encargos com a valorização de um imóvel consta de uma resposta da Autoridade tributária e Aduaneira (AT) a um pedido de informação vinculativa, agora divulgado.

A lei prevê, refere a AT, que são fiscalmente dedutíveis na determinação das mais-valias “os encargos com a valorização dos bens, comprovadamente realizados nos últimos 12 anos, suportadas pelo titular do direito de propriedade do bem objeto de alienação onerosa”.

Mas para que tal aconteça, precisa o fisco, é necessário que estes gastos, pela sua natureza, “se mostrem indissociáveis” do imóvel que vai ser vendido e que “efetivamente, contribuam para o valorizar”.

No caso em concreto, o contribuinte indica que vai vender um imóvel que tem vindo a restaurar desde outubro de 2023 e que tem as faturas e os respetivos recibos emitidos pelos profissionais que procederam à colocação do chão, portas, nova cozinha ou ainda à mudança de canalizações e de instalação elétrica.

Segundo a AT, estes encargos podem ser dedutíveis na mais-valia gerada com a venda (e sujeita a tributação já que, neste caso, não se trata de uma habitação própria e permanente) caso o contribuinte “disponha dos elementos que permitam identificar os serviços que foram efetuados e material adquirido (faturas discriminadas, orçamentos, etc…), de forma que permitam aferir da existência de uma ligação com o imóvel alienado”.

Neste contexto, a AT especifica ainda que quando se trate de materiais adquiridos para a realização da obra separadamente da mão de obra, “porque a mera aquisição dos mesmos não basta para comprovar a realização das referidas obras de valorização no imóvel alienado, não podem tais encargos (meros materiais adquiridos)” ser usados como dedução.

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FC Porto paga mais em empréstimo obrigacionista após insucesso no anterior

  • ECO
  • 12 Março 2025

Portistas lançaram uma nova oferta de subscrição de obrigações no valor de 30 milhões. Paga 5,5%, acima da taxa de 5,25% que pagou na anterior operação que ficou aquém da meta de financiamento.

O FC Porto lançou um novo empréstimo obrigacionista para se financiar em 30 milhões de euros a três anos, tendo melhorado a remuneração em relação à anterior operação realizada há apenas três meses e na qual que os portistas não conseguiram atingir o objetivo de financiamento.

Desta feita, os dragões pagam uma taxa de juro anual bruta de 5,50%, mais 0,25 pontos percentuais em relação à anterior oferta.

No prospeto da operação, a SAD liderada por André Villas-Boas deixa várias advertências aos investidores sobre o risco de investir nestas obrigações, alertando desde logo para a situação de falência técnica em que a sociedade se encontra, apresentando capitais próprios negativos em 230 milhões de euros (em termos individuais).

A operação de financiamento arranca já na segunda-feira (dia 17) e termina no dia 28 de março, período durante o qual os interessados poderão submeter, alterar ou revogar ordens de subscrição. A SAD do FC Porto admite aumentar o valor do empréstimo obrigacionista até dia 25 de março.

Além da oferta de subscrição, decorre em simultâneo uma oferta de troca de obrigações. Quem tiver títulos do empréstimo 2022/2025 (com um saldo de 50 milhões de euros e taxa de juro de 5,25%) poderá trocá-los por estes novos títulos.

Enfrentando um quadro financeiro desafiante, a SAD portista explica que o objetivo desta operação, com a qual espera obter 28,5 milhões de euros após encargos com comissões e outros custos, visa reembolsar e refinanciar esse empréstimo obrigacionista contraído há três anos.

Para quem estiver interessado, além da análise aos riscos de investimento, importa igualmente fazer bem as contas. Uma ordem de subscrição deve referir-se a um montante de, pelo menos, 2.500 euros, correspondendo a 500 Obrigações FC Porto SAD 2025-2028. Só a partir deste montante e mantendo os títulos até à data de reembolso é que os investidores poderão garantir uma rentabilidade positiva, tendo em conta a generalidade dos preçários dos intermediários financeiros.

Na anterior operação, os portistas conseguiram obter apenas 21 milhões dos 30 milhões de euros que apontava como objetivo, refletindo os receios dos investidores em relação à situação financeira da sociedade.

(Notícia atualizada às 18h53)

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“Lisboa não pode ser uma cidade low-cost”, diz José Luís Arnaut

  • Lusa
  • 12 Março 2025

O presidente do Conselho de Administração da ANA considera que se deve continuar a apostar nos turistas com maior poder de compra, entre os quais os norte-americanos.

O presidente-adjunto da Associação Turismo de Lisboa, José Luís Arnaut, alertou esta quarta-feira para a importância do reforço na aposta no mercado norte-americano e defende que a capital “não pode ser uma cidade low-cost”.

José Luís Arnaut considera que para continuar a promover o crescimento do setor do turismo é importante “não repetir o erro estratégico que houve no passado: Lisboa não pode ser uma cidade low cost”, reforçou o responsável que falava durante o CNN Summit, que está a decorrer na BTL – Better Tourism Lisbon Travel.

Apesar de admitir que se trata de um segmento de turistas importante, considera que se deve continuar a apostar nos turistas com maior poder de compra para seguir o trajeto de valorização das receitas que tem sido feito à boleia dos visitantes norte-americanos. “Hoje chegam a Lisboa 15 voos diários dos Estados Unidos, é uma realidade nova”, detalhou o também presidente do Conselho de Administração da ANA – Aeroportos.

Estes números foram alcançados, em grande parte, devido ao reforço da aposta da TAP neste mercado que em breve vai ser reforçada com novas ligações Lisboa-Los Angeles e ainda Porto-Boston, como confirmou Luís Rodrigues, presidente executivo da companhia aérea, durante o mesmo painel.

Segundo José Luís Arnaut, que falava na qualidade de presidente-adjunto da Associação de Turismo de Lisboa, “o turista médio passou a gastar 309 euros” a nível nacional, e em Lisboa o número sobe para “316 euros”. Uma evolução que “se deve muito ao turista norte-americano. Vamos ver se assim se mantém”, comentou.

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Perante instabilidade política, PAPT reforça urgência da regulamentação do lobbying

  • + M
  • 12 Março 2025

A não existência de uma regulamentação do lobbying contribui para que as "crises políticas baseadas na ausência de regras" sejam uma "constante realidade" em Portugal, aponta a PAPT.

Na sequência da queda do Governo — que aconteceu após menos de um ano em funções e que foi motivada pelas denúncias e suspeitas sobre os negócios da empresa criada por Luís Montenegro –, a Associação Public Affairs Portugal (PAPT) reforça a urgência da regulamentação da atividade da representação de interesses (lobbying) em Portugal.

Sublinhando que tem vindo a “alertar consistentemente” para os riscos e prejuízos decorrentes da ausência de uma regulamentação clara sobre o lobbying, a PAPT alerta que esta lacuna “representa um declínio substancial na transparência e na conformidade com as melhores práticas europeias, comprometendo a confiança dos investidores, tanto nacionais como internacionais, resultando numa diminuição da competitividade e da credibilidade do país no contexto global, assim como a abertura de espaço para situações que Portugal, pela segunda vez consecutiva, assistiu“.

Acreditamos que a legislação em causa poderá ser promotora de boas práticas generalizadas capazes de contribuir para uma democracia mais transparente, mais participada e mais madura“, lê-se num comunicado da associação liderada por Sofia Cartó, que é também managing partner da Loyal Ecosystem.

Referindo que ao longo da última década foram realizadas diversas tentativas para regulamentar esta atividade, a PAPT recorda, no entanto, que o processo tem sido “caracterizado por impasses e retrocessos“.

“Já em 2025, e no âmbito das muitas decisões em curso, o projeto de Lei da Regulamentação da representação de interesses volta a não se concretizar, permitindo que de forma consistente as crises políticas baseadas na ausência de regras, registos e maior transparência, sejam uma constante realidade em Portugal“, refere a associação.

“Como se explica que esta seja uma preocupação dos diferentes quadrantes políticos, inscrita nos diferentes programas eleitorais, que nunca seja uma prioridade de execução, e a principal razão de desconfiança nas instituições?”, questiona ainda.

A PAPT considera assim “imprescindível retomar o debate e concretizar um enquadramento legal eficaz, que garanta previsibilidade e credibilidade no processo de representação de interesses de Portugal”, até porque a regulamentação da representação de interesses “é um tema de interesse público que afeta diretamente a qualidade da democracia“.

Segundo esta associação, a ausência de um enquadramento legal adequado, “mantém a atividade e as relações entre público e privado num contexto de incerteza, gerando desconfiança nos políticos, nas instituições, e todos com os quais se relacionam, limitando a capacidade de governação, a estabilidade política e atração de investimento estrangeiro, os quais exigem regras claras e previsibilidade“.

E “num momento em que a transparência e a boa governança são fatores determinantes para o crescimento sustentável”, a “manutenção deste impasse representa um sinal negativo tanto para o setor empresarial como para a sociedade como um todo, afastando Portugal dos modelos mais evoluídos e éticos já adotados por várias democracias europeias, assim como um retrocesso constante e penalizador das reformas e investimentos estratégicos que estão a decorrer”, conclui a associação.

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Inês Herédia é a nova parceira digital da Ageas Portugal

  • ECO Seguros
  • 12 Março 2025

A empresa acredita que a presença de Inês Herédia nos seus canais digitais e nos eventos contribuirá para aproximar novos públicos e consolidar o seu papel no desenvolvimento do setor cultural.

O Grupo Ageas Portugal anunciou que a atriz Inês Herédia é a sua nova parceira digital para 2025, reforçando assim o compromisso com a cultura em Portugal. A colaboração surge no seguimento de uma relação já estabelecida entre a empresa e a artista, que participou anteriormente em eventos como o Ageas Cooljazz em 2024 e em iniciativas dirigidas aos colaboradores do grupo segurador.

A atriz Inês Herédia vai divulgar iniciativas nos seus canais digitais e também marcará presença em eventos do grupo segurador.

Segundo comunicado pela seguradora, a proximidade da atriz à empresa e aos valores que a seguradora defende, bem como a sua ligação ao setor cultural foram essenciais para a aposta da Ageas.

A parceria prevê que a atriz dê visibilidade a projetos do grupo ao divulga-los nas suas redes sociais. Nesse sentido, Inês Herédia estará presente em diversos eventos, como na entrega do Prémio Audiovisual Ageas, integrado no programa Histórias Seguras, e continuará a marcar presença no Ageas Cooljazz.

A empresa acredita que a presença de Inês Herédia nos seus canais digitais e nos eventos contribuirá para aproximar novos públicos e consolidar o seu papel no desenvolvimento do setor cultural.

“Acreditamos que esta parceria estratégica representa uma mais-valia para alcançar novos públicos, dando continuidade ao investimento da empresa nas artes, nas suas diversas vertentes, quer seja música, teatro, dança, circo, etc.“, destaca o Grupo Ageas Portugal no comunicado.

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Médis comunica lançamento de carteira virtual com criatividade da Stream and Tough Guy

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  • 12 Março 2025

Assinada pela agência fundada em 2019 por Miguel Durão e João Ribeiro, a campanha marca presença em meios digitais e em rádio, tendo contado com a produção áudio do estúdio de som Guel.

É com a criatividade da agência Stream and Tough Guy que a Médis, marca do grupo Ageas Portugal, comunica o lançamento da Carteira Virtual Médis. Esta carteira permite acumular saldo em cashback com compras do dia a dia, que pode depois ser aplicado em saúde.

“Isto é tão bom que é quase demasiado bom para ser verdade, por isso, é normal que as pessoas fiquem com a pulga atrás da orelha. Principalmente nos dias de hoje, em que as fraudes se multiplicam nos mais diversos formatos e são cada vez mais difíceis de evitar”, começa por referir Miguel Durão, diretor criativo da Stream and Tough Guy, citado em comunicado.

Não poderia a Carteira Médis ser percecionada como mais um truque para enganar as pessoas? Para enganar pessoas não, mas um truque sim. Neste caso, um truque legal que só tem vantagens. E foi a partir deste raciocínio que nasceu a ideia criativa que tira partido das chamadas fraudulentas que quase todos já recebemos”, acrescenta.

A campanha marca presença em meios digitais e em rádio, tendo contado com a produção áudio do estúdio de som Guel.

Aderindo à carteira virtual da Médis é possível acumular saldo para descontar em produtos e seguros de saúde. Através da associação do cartão bancário à Carteira Virtual Médis, através do multibanco ou MB Way, “parte do valor das compras feitas com cartão multibanco ou MB Way nos parceiros e no marketplace Médis reverte automaticamente em cashback para o saldo da carteira”, explica-se em nota de imprensa.

O saldo acumulado pode depois ser utilizado em compras no marketplace Médis ou para ser reembolsado no custo do seguro de saúde Médis.

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Crise política. Associação de renováveis assume “grande preocupação” com investimentos

Já João Serra, líder da associação de comercializadores, afirma que é necessário "desdramatizar" a crise política e conta com as agências da energia e ambiente para manterem ativo o licenciamento.

A Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN), presidida por Pedro Amaral Jorge, está preocupada com o efeito que a crise política pode ter no investimento em Portugal, em particular no setor das renováveis, e pede que sejam transpostas com urgência diretivas europeias nesta área.

A nossa grande preocupação é que mais um processo eleitoral vai parar o país, pelo menos, seis meses e vai dar o sinal de instabilidade aos investidores internacionais e nacionais“, indica o presidente da APREN, apontando para o risco de atraso nos projetos ou no seu total abandono, e ressalvando que o abalo no investimento é válido para o setor da energia mas não só.

Sobre que tecnologias renováveis podem sair mais prejudicas, Amaral Jorge é perentório: “Todas ficam prejudicadas e, por consequência, o país”.

“No setor da energia, no fundo, temos uma urgência em linha com as metas do PNEC”, frisa o mesmo responsável, e este interregno governativo deve atrasar a adoção de medidas concretas. “O apelo que fazemos ao Governo em funções é que, no caso da energia, continue a legislar o que é importante“, atira Pedro Amaral Jorge, com referência à transposição de diretivas europeias no âmbito das energias renováveis e do mercado elétrico.

Neste campo, destaca quatro pontos “importantes”, que é a definição de áreas de aceleração para o licenciamento mais rápido de renováveis e a criação de um balcão único – que simplifique os processos de licenciamento e a definição de um prazo de dois anos para estes estarem concluídos. Por fim, concretizar a intenção de promover a contratualização a prazo, através de Contratos por Diferenças (CfD) e Contratos de Aquisição de Energia (PPA).

Por seu lado, João Nuno Serra, presidente da ACEMEL – Associação dos Comercializadores de Energia no Mercado Liberalizado, mostra-se tranquilo face à instabilidade, afirmando que “não é crítico” caso se arraste por três meses. “Muito sinceramente, não vale a pena dramatizar“, diz.

Pelo menos, se não existirem grandes alterações no resultado eleitoral, face ao cenário atual. Se for eleito um Governo mais à esquerda, dado o expectável período de adaptação, já pode haver incerteza “para lá do verão”, o que considera menos indiferente.

João Nuno Serra, presidente da ACEMEL - Associação dos Comercializadores de Energia do Mercado Liberalizado, em entrevista ao ECO/Capital Verde - 28OUT24
João Nuno Serra, presidente da ACEMEL – Associação dos Comercializadores de Energia do Mercado Liberalizado, em entrevista ao ECO/Capital VerdeHenrique Casinhas/ECO

Ainda assim, deposita confiança nas agências como a Direção Geral da Energia e Geologia e a Agência Portuguesa do Ambiente para dar continuidade ao trabalho mesmo em períodos de instabilidade política. “É preciso que as pessoas que estão em funções [nestas agências] não ‘bebam’ deste ambiente de campanha e suspensão do país“, apela.

No sentido inverso, espera que uma das políticas anunciadas pelo atual Governo, mas ainda não concretizada, não chegue a materializar-se: a prorrogação do prazo do mercado liberalizado da eletricidade até 2026, que carece de alteração legislativa, e a qual ainda não foi publicada.

Por seu lado, a empresa de exploração de lítio Savannah Resources, que detém uma concessão em Boticas, afirma em declarações ao ECO/Capital Verde que o desenvolvimento da cadeia de valor das baterias e do lítio “não só um desígnio nacional, mas também uma oportunidade que não se pode perder, seja em que ciclo político for“. E sublinha o “amplo consenso no centro político” quanto à aposta nesta indústria. Tendo em conta o recente anúncio da fábrica de baterias da CALB em Sines e da escolha da Autoeuropa como localização de eleição para a produção do elétrico ID. EVERY1 da Volkswagen, a Savannah afirma que “Portugal começa hoje a ser um destino de investimento que aparece no mapa da cadeia de valor das baterias”.

 

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