A Napptilus Tech Labs apresenta o seu ecossistema de startups no MWC, centrando-se na IA e na tecnologia com impacto real

  • Servimedia
  • 27 Fevereiro 2025

A Napptilus Tech Labs volta a estar presente este ano no Mobile World Congress (MWC), em Barcelona, para dar a conhecer o seu ecossistema de startups com projetos disruptivos e soluções tecnológicas.

Segundo informou na quarta-feira a empresa tecnológica sediada em Barcelona, Napptilus Tech Labs, trata-se de empresas emergentes que procuram contribuir para a transformação contínua de sectores-chave, como a cibersegurança, a mobilidade eléctrica, a sustentabilidade, a computação, os media digitais com IA presente em todos eles, bem como na melhoria dos processos operacionais das empresas.

No âmbito do 4YFN, que se realiza de 3 a 6 de março no centro de exposições Fira Gran Via, a Napptilus participa no evento global com um portfólio de empresas que partilham uma missão: fornecer soluções reais para gerar um impacto real no mundo.

“Somos especialistas em criar e apoiar startups que transformam ideias revolucionárias em soluções prontas para o mercado”, diz Rafa Terradas, diretor executivo e fundador da Napptilus.

Sob o guarda-chuva do Napptilus Tech Labs, a incubadora de tecnologia mostrará suas inovações e projetos das startups Ikusa, Hypergraph, Magnetika, Napptilus Battery Labs, NappAI, Tracks CO2, Qubitanalytics e Inspiring News. A avaliação conjunta do seu portefólio de investidas ultrapassa os 25 milhões de euros.

Projectos

O sector da cibersegurança inclui a Ikusa e a Hypergraph. A primeira é uma startup de cibersegurança e privacidade fundada em 2025 pela Universitat Politècnica de Catalunya. A Ikusa ajuda as empresas a evitar a fuga de dados pessoais e a eliminar o rasto de informações sensíveis que os empregados deixam na Internet. A Hypergraph é uma empresa de cibersegurança que utiliza Inteligência Artificial e Redes Neurais de Grafos (GNN) para oferecer um sistema de deteção de intrusão eficaz e adaptável a qualquer empresa ou organização.

Duas outras empresas estarão presentes no domínio da mobilidade eléctrica e da eficiência energética: a Magnetika, pioneira em soluções de carregamento sem fios para veículos eléctricos, com seis anos de experiência. A sua tecnologia patenteada permite um carregamento à distância altamente eficaz. A outra empresa de referência no sector da eficiência é a Napptilus Battery Labs, que trabalha há oito anos no armazenamento de energia, desenvolvendo uma tecnologia patenteada baseada em células de nanocarbono que permite tempos de carregamento ultra-rápidos e uma redução de 90% dos custos em comparação com as baterias de lítio. O seu objetivo é revolucionar o sector das baterias com soluções mais eficientes e sustentáveis.

Destaque também para a Tracks CO2, uma plataforma criada em 2021 que oferece a compensação de carbono mais precisa e transparente do mercado, garantindo rastreabilidade e verificação objetiva através de tecnologia de satélite e inteligência artificial.

E entre as mais recentes adições ao portfólio da Napptilus está a QubitAnalytics, uma startup que aplica métodos computacionais inspirados na computação quântica para transformar a análise de dados e a simulação de cenários em diversos setores. A sua tecnologia permite às empresas gerir grandes volumes de dados de forma eficiente, otimizar processos e melhorar a tomada de decisões com uma precisão sem precedentes.

Outra proposta é a Inspiring News, um meio de comunicação dedicado à divulgação de notícias positivas com conteúdos ágeis e dinâmicos. Utilizando um sistema baseado em IA, filtra as notícias para identificar as que têm uma abordagem otimista e construtiva, adaptando-as a formatos curtos e visuais. A sua estratégia é especialmente direcionada para o público jovem, com presença no TikTok, Instagram e YouTube.

IA

A Napptilus Tech Labs foi fundada em Barcelona em 2004 como especialista em desenvolvimento de software e há mais de uma década que é uma referência na conceção e implementação de soluções de IA personalizadas. Está sediada no Cais 1 da Barcelona Tech City e tem uma equipa multidisciplinar de mais de duzentas pessoas.

A Napptilus afirmou-se como um aliado tecnológico das empresas que aspiram a tirar o máximo partido da utilização da inteligência artificial. O lançamento da plataforma NappAI, também presente no MWC deste ano, colocou a Napptilus Tech Labs no epicentro das soluções de IA personalizadas para as empresas que pretendem incorporar a inteligência artificial nos seus processos operacionais para ganhar eficiência e competitividade, segundo a empresa.

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Treze hospitais do Quirónsalud na classificação “World Best Hospitals 2025” da revista Newsweek

  • Servimedia
  • 27 Fevereiro 2025

A classificação é baseada num processo de avaliação que inclui a opinião de dezenas de milhares de médicos de 30 países, dados sobre a experiência do paciente, entre outras métricas.

Um total de treze centros Quirónsalud – dez em Espanha e três na Colômbia – foram destacados no ranking ‘World Best Hospitals 2025’ publicado pela revista ‘Newsweek’, uma classificação baseada num extenso processo de avaliação que inclui a opinião de dezenas de milhares de especialistas médicos de 30 países, dados sobre a experiência do paciente, métricas de qualidade hospitalar e um inquérito sobre a implementação de PROMs.

Concretamente, segundo o Quirónsalud, o Hospital Universitário Fundación Jiménez Díaz volta a ser um dos doze hospitais espanhóis incluídos no ranking global dos 250 melhores hospitais do mundo, situando-se entre os 200 primeiros.

O relatório inclui também uma classificação específica dos melhores centros por país. No caso de Espanha, o ranking dos 100 melhores hospitais do país inclui um total de 10 centros da rede de cuidados de saúde Quirónsalud, nove dos quais entre os 50 primeiros: Hospital Universitario Fundación Jiménez Díaz (11º), Hospital Quirónsalud Barcelona (15º), Ruber Internacional (17º), Centro Médico Teknon (20º), Hospital Universitario Quirónsalud Madrid (24º), Hospital Universitari Dexeus (28º), Hospital Quirónsalud Málaga (37º), Hospital Quirónsalud Sagrado Corazón (39º), Hospital Universitari Sagrat Cor (44º) e Hospital Universitario Rey Juan Carlos (61º).

Pelo terceiro ano consecutivo, a revista Newsweek incluiu também um ranking dos melhores hospitais da Colômbia, que inclui três dos centros que integram a rede de cuidados de saúde Quirónsalud neste país: o Centro Médico Imbanaco (6º), a Clínica Medellín (22º) e a Clínica del Prado (34º).

A revista Newsweek, fundada em 1933, tem vindo a informar sobre os avanços na medicina, ciência e promoção da saúde desde então, e todos os anos produz diferentes relatórios para identificar e reconhecer as melhores instituições de saúde. Entre eles, em setembro passado, publicou o ranking “World’s Best Specialized Hospitals 2025”, que lista os melhores centros do mundo em 12 especialidades médicas e no qual se destacaram quatro hospitais Quirónsalud, reconhecidos entre os melhores centros do mundo em cinco especialidades médicas: Cardiologia, Oncologia, Traumatologia, Endocrinologia e Gastroenterologia.

Também em setembro, a revista publicou o ranking “World’s Best Smart Hospitals 2025”, que reconheceu o Hospital Universitário Fundación Jiménez Díaz, pelo segundo ano consecutivo, entre os 300 centros mais “inteligentes” do mundo, pelo seu excelente trabalho na implementação de novas tecnologias médicas.

O ranking World’s Best Hospitals 2025 inclui os melhores hospitais de 30 países: Austrália, Áustria, Bélgica, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Índia, Israel, Itália, Japão, Malásia, México, Países Baixos, Noruega, Arábia Saudita, Singapura, Coreia do Sul, Arábia Saudita, Espanha, Suécia, Suíça, Tailândia, Taiwan, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido, Emirados Árabes Unidos, Estados Unidos e Reino Unido.

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A EA SPORTS e a LALIGA lançam o “Next Gen Draft”, um programa para identificar e desenvolver talentos a nível mundial

  • Servimedia
  • 27 Fevereiro 2025

O projeto será um processo de seleção que começará com 1000 crianças em cinco países e terminará com 40 selecionados, que desfrutarão de um estágio em Madrid.

A LALIGA e a EA SPORTS lançam o “Next Gen Draft”, um projeto no âmbito do programa social EA SPORTS FC FUTURES, que procura detetar e desenvolver jovens talentos em todo o mundo, incentivando o compromisso com a comunidade através dos valores do futebol.

Next Gen Draft é um programa que começará com mais de mil crianças em cinco países e três continentes e terminará com 40 jogadores selecionados, que viajarão para Espanha para um estágio de formação com a LALIGA e os clubes.

Nas palavras de Jorge de la Vega, diretor geral de negócios da LALIGA, “estamos muito entusiasmados com este projeto. É um programa que nos permite chegar a milhares de crianças, formá-las e continuar a ajudá-las a desfrutar do futebol. A SPORTS FC FUTURES é especialmente importante para nós, porque nos ajuda a construir o futebol que queremos para o futuro.

“Tivemos o privilégio de trabalhar em alguns projectos comunitários fantásticos com a LALIGA e o FC FUTURES ao longo dos últimos anos, desde remodelações de campos a programas de bolsas de estudo – tudo com o objetivo de criar um impacto positivo e fazer crescer o desporto”, afirmou James Salmon, Diretor Sénior de Ativação de Franquias da EA SPORTS FC. “Olhando para o futuro, é incrivelmente emocionante estar agora envolvido na descoberta de talentos no futebol comunitário e contribuir para o desenvolvimento da próxima geração de estrelas do futebol.

Nos próximos meses, o projeto EA SPORTS FC FUTURES irá percorrer Rustenburg (África do Sul, 1 e 2 de março); Nova Iorque (EUA, 8 e 9 de março); Dubai (EAU, 27 e 28 de março), Cidade da Guatemala (Guatemala, 5 e 6 de abril) e Cidade de Ho Chi Minh (Vietname, 11 e 13 de abril). Em cada um deles, cerca de 300 crianças reunir-se-ão para tentar ultrapassar todas as fases do projeto e tornar-se um dos 8 (4 rapazes e 4 raparigas) de cada território que se reunirão em Espanha no início de junho.

Após este jogo, os 4 melhores rapazes e as 4 melhores raparigas serão escolhidos para viver uma experiência única com a LALIGA em Espanha. Esta seleção final não terá em conta apenas critérios desportivos, mas também psico-emocionais, nos quais valores como o empenho, a solidariedade e o esforço desempenharão um papel muito importante.

Também “Experiência LALIGA em Espanha”: Esta última fase do programa terá lugar em Espanha. Os jogadores participarão em sessões de formação desenvolvidas segundo a metodologia da Academia LALIGA, disputarão jogos contra equipas de jovens dos clubes LALIGA e receberão formação e visitas guiadas de especialistas da indústria do futebol.

O EA SPORTS FC FUTURES é uma iniciativa a longo prazo da EA SPORTS para investir no futebol comunitário à escala global. Para além de investirem em mais de 15 programas de parceria e doarem material de jogo em mais de 10 países, criaram também uma biblioteca online de acesso livre de exercícios de treino para os treinadores utilizarem nas suas sessões de treino diárias. Os exercícios combinam imagens de jogos com orientação especializada de treinadores, esbatendo as fronteiras entre o futebol físico e o digital, criando uma forma inovadora de envolver os jovens e melhorar o treino de futebol.

O projeto também investe na renovação de campos de futebol em zonas desfavorecidas para incentivar a prática do desporto, criando espaços seguros para que os jovens da zona tenham acesso ao jogo. No último ano, o projeto foi implementado em Málaga (Espanha), Cidade do Cabo (África do Sul), Cheng San-Seletar (Singapura) e Guadalajara (México). Nestes locais, os campos comunitários foram renovados, promovendo a prática do futebol na zona entre os jovens e revitalizando a área.

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Squirrel Media duplica o seu valor até 2025 após aquisições

  • Servimedia
  • 27 Fevereiro 2025

O grupo de tecnologia dos meios de comunicação social Squirrel Media voltou a estar no centro das atenções do mercado esta semana.

O grupo de tecnologia dos meios de comunicação social Squirrel Media voltou a estar no centro das atenções do mercado esta semana, com fortes ganhos bolsistas, após ter anunciado três transacções empresariais. Uma estratégia que foi bem recebida pelos investidores, que recompensaram a empresa duplicando o seu valor desde o início do ano.

Especificamente, a empresa anunciou a aquisição de 100% da Pretopay, 51% da Tipsterpage e 100% de várias empresas dedicadas à representação e gestão abrangente de criadores de conteúdo e influenciadores. Estas operações vêm juntar-se à aquisição de 100% da NF Media e da Matpro.

Na sequência dos vários anúncios, a empresa registou quatro sessões consecutivas de subidas, a última das quais ontem, com uma subida de 16,45%. Como resultado, a Squirrel Media está a negociar a mais de 2,60 euros por ação, em comparação com os 1,24 euros a que fechou 2024.

Após esta revalorização, a capitalização da empresa aproxima-se dos 250 milhões de euros. Todas as aquisições serão financiadas através da emissão de novas acções da Squirrel Media num aumento de capital restrito em que as acções da empresa cotada serão avaliadas a um preço de 3,2 euros por ação.

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7 empresas obtêm a Certificação de Qualidade no Trabalho

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  • 27 Fevereiro 2025

A Certificação Great Place To Work® é uma ferramenta estratégica essencial, permitindo decisões baseadas em dados, melhorias contínuas e maior engagement.

Nada melhor que começar o ano com boas notícias! E foi isso que aconteceu a 7 empresas que, pela perceção positiva dos seus colaboradores, foram Certificadas pela Great Place to Work. Estas 7 empresas de pequena e média dimensão representam quatro áreas de negócio distintas, provando que independente da dimensão ou do setor de atividade, qualquer empresa, desde que coloque, as pessoas no centro pode ser um bom lugar para trabalhar.

Este selo, ou melhor, dizendo o questionário aos colaboradores que o antecede, é uma importante ferramenta estratégica ao possibilitar, com base em dados, tomar de decisões e agir de forma apoiada. Ao autenticar a qualidade dos ambientes de trabalho, este permite, ano a após ano, melhorar o que está a correr menos bem e adaptar-se às novas exigências dos seus colaboradores. Ao mesmo tempo que promove os pontos fortes e aumenta o sentimento de orgulho e o engagement dos seus colaboradores.

Efetivamente, 6 das 7 empresa viram a sua Certificação renovada, evidenciando que na sua estratégia de negócio têm a preocupação e o cuidado com as suas pessoas, e, ouvi-las é realmente o primeiro passo. E “ouvir” impacta positivamente o negócio, com estas empresas a apresentarem um crescimento de:

E quando compararmos com o mercado, observa-se que:

  • a retenção é mais elevada (+25pp): 86% dos colaboradores tencionam continuar a trabalhar na empresa durante muito mais tempo (+25pp);

  • a produtividade é maior (+34pp): com 84% dos colaboradores a estarem dispostos a dar mais no trabalho;

  • a atração e recrutamento de talentos é mais fácil (+35pp): com 88% dos colaboradores a recomendarem a empresa a amigos e familiares com um Great Place to Work.

Conheça as principais características das empresas recentemente certificadas

Estoril Sol Digital | Tecnologia | 32 colaboradores

Detentora do ESC Online, o primeiro site legal de jogos de casino online em Portugal. Destaca-se pela autonomia, flexibilidade e entreajuda.

HeraPrime | Tecnologia | 35 colaboradores

Com uma cultura de 100% mobilidade, permite que a equipa trabalhe de qualquer lugar. Desenvolve soluções inovadoras que dão vantagem competitiva aos seus clientes.

Food-Tech | Indústria Alimentar | 24 colaboradores

Sediada na Maia, promove um ambiente positivo, solidário e inclusivo. Com mais de 20 anos de experiência, especializa-se em equipamentos para a indústria e retalho alimentar.

Effisus | Construção & Engenharia | 34 colaboradores

Localizada em Vila Nova de Famalicão, desenvolve soluções sustentáveis para eficiência energética nos edifícios. Destaca-se pelo espírito de equipa e colaboração.

LS Retail | Tecnologia | 40 colaboradores

Parte do grupo Aptos, tem um centro tecnológico no Porto desde 2019. Fomenta um ambiente de camaradagem e proximidade entre equipas.

Merck | Farmacêutica | 75 colaboradores

Presente em Portugal há 90 anos, opera nas áreas de Healthcare e Life Science. Oferece apoio financeiro para tratamentos de fertilidade a todos os colaboradores, independente do estado civil ou orientação sexual.

Mind Source | Tecnologia | 201 colaboradores

Com mais de 15 anos de experiência, valoriza o reconhecimento e investe no crescimento dos seus talentos, promovendo desenvolvimento profissional e inovação.

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Bolsas de criptoativos operam como “bancos” sem regulação prudencial, alertam especialistas

Um relatório do BCE expõe as fragilidades das exchanges de criptoativos e os perigos das stablecoins para a economia. Falta de supervisão e riscos de contágio preocupam os reguladores europeus.

O mercado de criptoativos tem sido alvo de uma enorme popularidade nos últimos anos, e também de um grande escrutínio por parte de economistas e outros especialistas, que têm procurado monitorizar de perto os desenvolvimentos neste setor em rápida evolução.

Parte dessa investigação está reunida num relatório do Banco Central Europeu (BCE), publicado esta quarta-feira com análises de mais de 30 especialistas de bancos centrais europeus, que lança luz sobre os riscos e desafios associados a estes ativos digitais, alertando para a necessidade de vigilância contínua, apesar de considerar que os riscos atuais são limitados.

O documento “Criptoativos: Implicações para a estabilidade financeira, a política monetária e as infra-estruturas de pagamentos e de mercado” alerta para a ideia de que o frenesim do mercado não pode ofuscar as vulnerabilidades do universo dos criptoativos, destacando, desde logo, as fragilidades das exchanges e as armadilhas escondidas das stablecoins.

Um dos pontos mais salientes do relatório é a avaliação dos riscos associados às bolsas centralizadas de criptoativos, como a Binance, a Coinbase ou a Kraken. Estas plataformas, que desempenham um papel crucial na facilitação de transações e na custódia de ativos digitais, são identificadas como potenciais pontos de vulnerabilidade.

As cinco maiores exchanges globais de criptoativos controlam mais de 60% do volume de transações, operando frequentemente como “intermediários multifunção — desde custódia de ativos a empréstimos — sem a supervisão prudencial exigida aos bancos tradicionais.”

“Ao contrário das instituições financeiras tradicionais, as bolsas de criptomoedas ainda não foram objeto de regulamentação prudencial e têm frequentemente revelado várias vulnerabilidades”, referem os especialistas, destacando que “as exchanges centralizadas de criptoativos são vulneráveis a ataques cibernéticos, falhas técnicas e fraudes”.

Esta constatação sublinha a necessidade urgente de reforçar as medidas de segurança e os quadros regulatórios que regem estas entidades, desde logo porque as cinco maiores exchanges globais controlam mais de 60% do volume de transações, operando frequentemente como “intermediários multifunção” – desde custódia de ativos a empréstimos — sem a supervisão prudencial exigida aos bancos tradicionais.

“Os riscos são particularmente pronunciados se as exchanges estiverem envolvidas num vasto leque de atividades”, sublinham os investigadores, apontando para conflitos de interesse e lacunas na divulgação de informações.

A recente regulamentação europeia Markets in Crypto-Assets (MiCA), em vigor desde dezembro de 2024, tenta travar estas fragilidades, impondo requisitos de transparência e reservas de capital. Contudo, os especialistas são céticos: “Preocupações sobre a fiabilidade dos dados e lacunas na divulgação persistem”, escrevem.

O aviso é direcionado aos pequenos investidores, que, entusiasmados com a valorização dos ativos digitais, ignoram que “online panels tendem a superestimar a posse de criptoativos devido ao perfil tecnológico dos participantes”.

Web Summit 2022 - 01NOV22
A Binance, fundada em julho de 2017 pelo chinês-canadense Changpeng Zhao (conhecido como CZ), consolidou-se como a maior exchange de criptoativos do mundo em volume de negociação e número de usuários, agregando atualmente cerca de 17% dos utilizadores, segundo a SimilarWeb.Hugo Amaral/ECO

A ponte perigosa entre dois mundos

Se as exchanges são o coração do ecossistema, as stablecoins — criptomoedas indexadas a ativos tradicionais, como o dólar ou o euro — são as veias que ligam o universo cripto ao sistema financeiro tradicional. E é aqui que os riscos de contágio ganham contornos concretos.

“Uma corrida a uma stablecoin poderia exercer pressão de venda sobre os seus ativos de reserva, como títulos de governo, e levar a stress no mercado”, alertam Claire Brousse e Tatu Räsänen, dois dos especialistas autores do relatório.

O exemplo histórico do TerraUSD, que em 2022 perdeu a paridade com o dólar e fez evaporar cerca de 40 mil milhões de euros em semanas, ainda assombra o setor. Agora, com a MiCA a exigir que as stablecoins mantenham reservas líquidas e auditáveis, o BCE reconhece avanços, mas mantém a guarda. “A qualidade dos ativos de reserva é crucial para evitar colapsos”, explica o documento, acrescentando que mesmo stablecoins “bem intencionadas” podem minar a estabilidade financeira se adotadas em massa.

“Dada a natureza global dos criptoativos, é essencial que haja uma coordenação internacional na sua regulação e supervisão”, afirmam os especialistas.

Alejandro Zamora-Pérez e Andrea Marini referem que os detentores de stablecoins na Europa tendem a ser “menos sofisticados financeiramente” e mais propensos a usar estas moedas para pagamentos do que como reserva de valor. “São indivíduos que valorizam a privacidade e o anonimato deste dinheiro, como também pela rapidez proporcionada pelos pagamentos sem dinheiro”, descrevem os especialistas no relatório do BCE com base em inquéritos a 40 mil europeus. Para os reguladores, esta dualidade é um desafio: como proteger quem não entende os riscos por trás da conveniência?

Apesar destes riscos, o BCE reconhece o potencial inovador da tecnologia subjacente aos criptoativos. A blockchain e outras tecnologias de registo distribuído (DLT) são vistas como tendo aplicações promissoras em várias áreas, incluindo pagamentos transfronteiriços e liquidação de títulos. O relatório afirma que “a tecnologia subjacente aos criptoativos (blockchain e DLT) pode trazer benefícios para o sistema financeiro e a economia em geral”.

No entanto, o BCE enfatiza a necessidade de uma abordagem cautelosa e bem informada. “É crucial aumentar a sensibilização para os riscos potenciais e promover o grau de preparação entre as autoridades relevantes”. Esta recomendação reflete a complexidade do desafio regulatório enfrentado pelas autoridades, que devem equilibrar a promoção da inovação com a proteção da estabilidade financeira e dos consumidores.

Impacto dos criptoativos na política monetária

O relatório também aborda as implicações dos criptoativos para a política monetária. Embora os especialistas considerem que o risco de impacto atual é limitado, reconhece que uma adoção generalizada de criptoativos poderia potencialmente afetar os mecanismos de transmissão da política monetária. “Uma adoção significativa de criptoativos como meio de pagamento poderia, em princípio, reduzir a procura por dinheiro emitido pelo banco central e afetar o balanço do banco central”, observa o documento.

Um aspeto particularmente relevante abordado no relatório é a análise das chamadas “moedas digitais de banco central” (CBDCs). O BCE reconhece que, embora os criptoativos privados apresentem desafios, também estão a estimular discussões importantes sobre o futuro do dinheiro e dos sistemas de pagamento.

“As CBDCs poderiam oferecer uma alternativa digital segura e eficiente às formas físicas de dinheiro central”, sugere o relatório, indicando que vários bancos centrais, incluindo o próprio BCE, estão a explorar ativamente esta possibilidade.

O relatório conclui reiterando a importância de uma monitorização contínua e de uma cooperação internacional reforçada. “Dada a natureza global dos criptoativos, é essencial que haja uma coordenação internacional na sua regulação e supervisão”, afirmam os especialistas. Esta chamada de ação reflete o reconhecimento de que os desafios apresentados pelos criptoativos transcendem fronteiras nacionais e requerem uma resposta global coordenada.

Embora os autores reconheçam que os riscos imediatos são geríveis, sublinham a importância de as autoridades manterem uma postura proativa face à rápida evolução deste mercado.

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Tem até amanhã para declarar no IRS salários pagos aos trabalhadores domésticos

Famílias com empregadas de limpeza estão obrigadas a submeter o Modelo 10 até sexta-feira. Este passo também é importante para poderem deduzir à coleta 5% das remunerações até ao limite de 200 euros.

As famílias com empregados domésticos registados na Segurança Social estão obrigadas a entregar o Modelo 10 no portal das Finanças até esta sexta-feira, dia 28, caso contrário arriscam “coimas entre 75 e 3.750 euros”, indicou ao ECO a bastonária da Ordem dos Contabilistas Certificados (OCC), Paula Franco. Este passo também é importante para poderem deduzir no IRS parte dos salários pagos a esses trabalhadores.

Este é o primeiro ano em que é possível usufruir deste incentivo que permite abater no imposto a pagar 5% das remunerações pela prestação de serviço de limpeza até ao limite global de 200 euros por agregado familiar.

Normalmente, a data limite de entrega é dia 10 de fevereiro, mas um despacho da secretária de Estado dos Assuntos Fiscais, Cláudia Reis Duarte, veio prolongar até 28 de fevereiro. Esta prorrogação foi justificada pela “proximidade” do prazo limite de entrega do Modelo 10 com o da entrega das declarações periódicas de IVA, as quais têm de ser efetuadas até ao dia 20 do segundo mês seguinte ao trimestre ou ao mês a que respeitam as operações.

A nova dedução à coleta dos gastos salariais com trabalhadores domésticos nasceu com o Orçamento do Estado para 2024 (OE2024) e vai começar a ter aplicação na declaração do IRS deste ano que as famílias vão entregar entre 1 de abril e 30 de junho. Em 2023, o regime do serviço doméstico sofreu uma série de mudanças, no âmbito do Agenda do Trabalho Digno, com vista, nomeadamente, a combater a informalidade. Desde então, a não comunicação à Segurança Social de trabalhadores domésticos passou a ser considerado crime de abuso de confiança.

Para promover a regularização da atividade dos empregados domésticos, o PS criou uma nova dedução à coleta do IRS, equivalente a 5% das remunerações pagas até ao máximo de 200 euros, no âmbito do OE2024.

Esta obrigação declarativa anual destina-se aos empregadores que não tenham feito a retenção na fonte de IRS sobre os salários pagos aos trabalhadores domésticos ao longo de 2024 e que estejam dispensados de entregar ao Fisco a declaração de remunerações (DMR), por se tratarem de pessoas singulares sem uma atividade empresarial ou profissional ou, estando inscritas numa atividade, os rendimentos devidos aos trabalhadores de limpeza não se relacionem exclusivamente com o seu negócio.

Para aceder e entregar a declaração referente ao trabalho doméstico, basta entrar no Portal das Finanças com as suas credenciais e na barra de pesquisa escrever “declaração Modelo 10”. No separador dos serviços, vai encontrar a opção “preencher declaração”. Depois, abaixo da descrição “Rendimentos e Retenções – Residentes”, precisa de indicar o ano a que estes rendimentos dizem respeito, neste caso será 2024. E, a seguir, clique em ‘preencher’.

A declaração anual do IRS, que começa a ser entregue a 1 de abril, vai conter um campo para a nova dedução dos vencimentos pagos a empregados domésticos.

Depois surge um quadro que permite que o preenchimento seja feito pela “leitura de uma declaração previamente gravada num ficheiro” ou através da “criação de uma declaração vazia”. Se não tiver gravada nenhuma declaração preenchida relativamente ao trabalho doméstico, tem de escolher a segunda opção.

O formato online é semelhante ao da declaração de IRS. Mas, no Modelo 10, apenas tem de preencher os “separadores” 4 (Importâncias Retidas), 5 (Relação dos Titulares dos Rendimentos), 6 (Tipo de Declaração) e a informação aplicável à sua situação no separador 7 (Identificação do Sujeito Passivo ou Representante Legal e do Contabilista Certificado ou do Contabilista Certificado suplente / Justo Impedimento).

E, ao contrário do normal preenchimento da declaração de IRS, não vai encontrar um guia prático com explicações. “Por isso, em caso de dúvidas, deve pedir esclarecimentos junto do serviço de apoio ao cliente da Autoridade Tributária ou a um contabilista certificado”, sugere o Doutor Finanças.

Não basta, no entanto, submeter o Modelo 10 para que um contribuinte tenha direito à dedução. É necessário que o empregador já tenha declarado a relação laboral à Segurança Social e pago as contribuições.

Com estas mudanças, a declaração anual do IRS, que começa a ser entregue a 1 de abril, vai conter um campo para a nova dedução dos vencimentos pagos a empregados domésticos. Para além disso, o IRS automático também vai abranger os contribuintes que reportaram remunerações a estes trabalhadores.

“Coimas entre 75 e 3.750 euros”

Apesar da nova dedução à coleta, “muitos particulares não entregam a declaração Modelo 10, porque não sabem que estão obrigados a fazê-lo“, afirmou ao ECO a bastonária da Ordem dos Contabilistas Certificados (OCC), Paula Franco. “E arriscam coimas entre 75 e 3.750 euros, dependendo da situação, e que depois podem agravar-se”, alertou.

“Normalmente, a Autoridade Tributária não aplica coimas”, assinala a bastonária. Mas, este ano, a Segurança Social passou a enviar ao Fisco os NIF das pessoas com retribuições declaradas a trabalhadores domésticos, bem com o valor (em euros) dos salários pagos neste âmbito. A portaria que definiu esta transmissão eletrónica de dados refere que o Instituto da Segurança Social tem até 15 de fevereiro” para fazer esse reporte.

Ou seja, a informação sobre os particulares que pagaram contribuições sociais relativa a remunerações de trabalhadores domésticos já foi comunicada ao Fisco. Por isso, será mais fácil à Autoridade Tributária apanhar os incumpridores.

O Modelo 10 não é apenas obrigatório para quem tem empregados domésticos. Todas as entidades ou pessoas singulares residentes no território nacional que efetuaram pagamentos sujeitos a IRS, IRC ou a retenções na fonte que não foram reportados através da Declaração Mensal de Remunerações (DMR) têm de submeter este documento.

Em concreto, os particulares que pagaram salários de trabalho dependente, não declarados mensalmente ou dispensados desse reporte, que é o o caso dos vencimentos dos empregados domésticos, têm de apresentar o Modelo 10. Mas não só. Entidades devedoras de rendimentos empresariais e profissionais, prediais, de capitais ou de incrementos patrimoniais também estão abrangidas por esta obrigação declarativa quando as retribuições em causa estejam sujeitas a retenção na fonte, ainda que dela possam estar dispensadas. Também as instituições que pagam pensões têm de apresentar o Modelo 10.

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Trump e Colômbia “tramam” EDP Renováveis e ditam rombo de 556 milhões

EDP Renováveis apresentou prejuízos de mais de 500 milhões de euros. Projetos eólicos do outro lado do Atlântico abalaram as contas. Já a casa-mãe viu uma quebra mais modesta.

A EDP Renováveis defraudou as expectativas do mercado, ao apresentar prejuízos de 556 milhões de euros relativos a 2024, um ano que o CEO, Miguel Stilwell de Andrade, reconheceu que “não foi ótimo” para a empresa, em declarações aos analistas. A empresa justifica a quebra com as imparidades que decidiu constituir em relação a projetos de eólico offshore nos Estados Unidos, face à incerteza criada pelas políticas de Donald Trump, e também com a decisão de não avançar com dois projetos na Colômbia.

O resultado líquido da EDP, de acordo com o comunicado publicado na página da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) esta quarta-feira, foi impactado sobretudo pela subtração de um total de 777 milhões de euros em itens não recorrentes, explicados por imparidades relacionadas com os projetos offshore nos Estados Unidos e a decisão de não prosseguir com investimentos previstos para a Colômbia, que já havia sido comunicada em dezembro.

Horas depois desta apresentação de resultados, foram divulgados os números relativos à casa-mãe, o grupo EDP, que também apresenta uma quebra, mas mais ligeira, de 16%, e mantém-se em terreno (muito) positivo. A EDP obteve um resultado líquido de 801 milhões de euros, sendo que o “forte desempenho da atividade de produção e gestão de energia em mercado e o aumento do contributo da atividade de redes de eletricidade no Brasil” mais do que compensaram a redução do contributo da subsidiária EDP Renováveis, informou.

A decisão de deixar cair os investimentos na Colômbia remonta a dezembro do ano passado, quando foi comunicada pela EDP Renováveis. A empresa havia entrado no mercado colombiano em 2019, através de dois projetos, Alpha e Beta, com uma capacidade de 0,5 gigawatt (GW), localizados na região de Guajira. “Os projetos receberam contratos de 15 anos no leilão competitivo, sendo assinados com várias distribuidoras”, lê-se no mais recente relatório e contas.

No entanto, desde então, a empresa assinala vários atrasos, primeiro no processo de licenciamento ambiental, depois na interligação. Já no final de 2022, a EDPR assinalou a necessidade de medidas urgentes para reequilibrar a economia dos projetos, junto do Governo. Este respondeu com um decreto que acabou por ser adiado judicialmente, já corria o ano de 2023.

Na sequência, a empresa portuguesa afirma ter tomado várias medidas para tentar desbloquear a situação mas, até dezembro de 2024, ainda falhavam medidas que a EDPR e a associação do setor na Colômbia viam como “cruciais” para permitir a construção de projetos eólicos.

“A EDPR considera que estes projetos não cumprem os critérios de investimento e perfil de risco da empresa e, portanto, decidiu não avançar com os investimentos restantes necessários para construir os parques eólicos”, lia-se no comunicado enviado à CMVM no final de 2024.

Na altura, a empresa de energias limpas assumiu ainda que esta decisão iria implicar perdas de até 700 milhões de euros, ressalvando que estas não iriam afetar os resultados recorrentes nem a política de dividendos. Em paralelo, prometeu tomar todas as ações legais necessárias para proteger os interesses da EDPR na Colômbia.

Agora, na apresentação das contas, a empresa descreve que “entre imparidades, provisões para garantias ainda a serem incorridas e impostos”, a decisão de abandonar os projetos na Colômbia teve um impacto total de 590 milhões de euros nos resultados de 2024.

Turbulência nos Estados Unidos sente-se nos resultados da EDPR

A Ocean Winds, consórcio detido em partes iguais pela EDPR e Engie, registou uma imparidade de 133 milhões de euros, ao nível da EDPR, relativamente ao seu negócio offshore, “devido à incerteza atual em torno dos projetos offshore nos EUA, após as ordens executivas presidenciais emitidas em 20 de janeiro”, escreve a empresa, no comunicado enviado na quarta-feira à CMVM.

Recuemos então a 20 de janeiro. Nessa data, entre várias ordens executivas, a nova administração da Casa Branca emitiu uma intitulada “Libertar a Energia Americana”. Um ponto que merece destaque nesta ordem executiva é o de “Terminar o Novo Pacto Verde”.

Nele, está previsto que todas as agências devem suspender imediatamente o pagamento de fundos garantidos através do Inflation Reduction Act de 2022 ou do Infrastructure Investment and Jobs Act. De acordo com o Financial Times, Trump está a travar a aplicação de mais de 300 mil milhões de dólares na transição verde, montante que também servia para financiar projetos de energias renováveis.

Todas as agências norte-americanas devem rever os seus processos, políticas e programas para conceder apoios, contratos ou outros, de acordo com as orientações de proteção dos recursos endógenos. Foram dados aos responsáveis das agências 90 dias para reportar as conclusões desta revisão, incluindo recomendações para reforçar o alinhamento com a ordem executiva.

Antes de serem libertadas estas orientações, e ainda antes de Trump tomar posse, já o presidente eleito tinha deixado uma mensagem mais direta à indústria eólica: “É a energia mais cara que existe. É muitas, muitas vezes mais cara do que o gás natural, por isso vamos ter uma política em que nenhum parque eólico será instalado“, afirmou, numa conferência de imprensa, a 7 de janeiro.

De acordo com o comunicado publicado pela EDPR esta quarta-feira, a Ocean Winds tem três projetos de eólico offshore em desenvolvimento os Estados Unidos: o Southcoast Wind, o Bluepoint Wind e o Golden State Wind. Na chamada com analistas que se seguiu à apresentação de resultados, o CEO da EDPR, Miguel Stilwell de Andrade, reconheceu que “existe incerteza regulatória nos EUA”, e por isso a empresa tem procurado “navegá-la de forma prudente”.

Independentemente da incerteza política, é muito claro para nós que a procura de energia nos EUA deverá registar um bom crescimento ao longo da década”, ressalvou, contudo, o gestor, revelando-se “cautelosamente otimista” em relação aos Estados Unidos.

Além dos grandes abalos, “no geral, tivemos menores ganhos com a rotação de ativos e custos financeiros mais elevados. Portanto, não foi um ano ótimo para a EDPR“, acrescentou Stilwell, na chamada com analistas. Na rotação de ativos, a empresa obteve ganhos de 179 milhões de euros, que comparam em baixa com os 460 milhões de euros de 2023. Os custos financeiros subiram de 132 milhões para 183 milhões de euros, no mesmo período.

EDP Renováveis vai travar no investimento

O líder da EDP e EDP Renováveis informou que a empresa está a abrandar o nível de investimento, sendo que prefere “dar prioridade à rentabilidade em detrimento do volume”. O responsável pela pasta das Finanças na empresa, Rui Teixeira, revelou que o investimento da empresa deverá rondar os 3 mil milhões de euros em 2025 e situar-se abaixo desta fasquia em 2026. O investimento bruto totalizou 4,1 mil milhões de euros em 2024, com mais de 80% do seu Capex investido na Europa e América do Norte.

Rui Teixeira informou ainda os analistas, na mesma chamada, de que conta com melhorias nos fluxos de caixa relativos às operações e nos ganhos com a rotação de ativos nos próximos anos, assim como uma redução da dívida líquida, sem quantificar. Ao longo da chamada, os responsáveis foram indicando que deverão atualizar as perspetivas após o verão, quando for mais claro o quadro regulatório que enfrentam, em particular nos EUA.

Confrontado com a questão de se a EDP Renováveis teria crescido demasiado rápido, Stilwell contrariou esta tese. “Cresce-se tão rápido quanto se pode”, disse, adiantando, contudo, que o setor enfrentou alguns “eventos traumáticos” como choques na cadeia de valor, disrupções tecnológicas e outros relacionados com custos de capital.

“Os projetos demoram tempo a ser desenvolvidos e a serem construídos. Mas não podemos estar no pára-arranca”, defendeu. Na ótica do gestor é importante manter consistência no crescimento, porque “o mercado pode mudar muito rapidamente”, e a empresa quer estar pronta a reagir. “Não se pode reagir em demasia porque, de outra forma, és apanhado no próximo ciclo”, explicou.

“Apesar de desafios de curto prazo no mercado, fundamentais sólidos de crescimento nos mercados chave da EDPR suportam uma estratégia de crescimento de longo prazo lucrativa”, concluiu Stilwell.

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Tudo o que reluz é ouro. Febre do ouro contagia investidores portugueses

Os máximos da cotação do ouro, que negoceia perto dos 3.000 dólares por onça, têm gerado maior interesse junto dos portugueses, que estão a investir cada vez mais no metal precioso.

Nem tudo o que reluz é ouro, diz o ditado. Mas, no caso dos investimentos no metal amarelo, o que reluz é mesmo ouro. E cada vez mais valioso. Com as cotações sem darem sinais de fadiga, a aproximarem-se vertiginosamente dos 3.000 dólares por onça, a febre do ouro já chegou a Portugal. São cada vez mais portugueses a investir, seja através da compra de ouro físico, seja através de ativos financeiros.

O aumento do preço do ouro tem atraído investidores à procura de ativos de refúgio, impulsionados principalmente pela valorização do metal amarelo e pela crescente incerteza económica global“, explica Paulo Monteiro Rosa, economista sénior do Banco Carregosa, ao ECO.

O especialista realça que “os investidores portugueses não se têm mostrado indiferentes” à escalada dos preços do ouro e “estão informados, pois o investimento em ouro faz parte da tradição portuguesa, especialmente o ouro físico”. “Além disso, têm demonstrado um crescente interesse no ouro como forma de proteção contra a incerteza económica e a instabilidade nos mercados financeiros”, reforça.

Os investidores portugueses não se têm mostrado indiferentes [à escalada dos preços do ouro] e estão informados, pois o investimento em ouro faz parte da tradição portuguesa, especialmente o ouro físico. Além disso, têm demonstrado um crescente interesse no ouro como forma de proteção contra a incerteza económica e a instabilidade nos mercados financeiros.

Paulo Monteiro Rosa

Economista sénior do Banco Carregosa

No caso do Banco Carregosa, que disponibiliza aos investidores a possibilidade de comprar barras de ouro e investir em fundos e ETF, “a procura de ouro físico tem evoluído favoravelmente”. “Embora seja certo que haja um aumento da procura durante as épocas festivas, como o Natal e a Páscoa, o início deste ano foi particularmente positivo, certamente impulsionado pelos máximos históricos sucessivos do metal amarelo nos mercados internacionais”, explica o economista sénior.

Apesar de reconhecer que os portugueses preferem ter o ouro “em mão”, Paulo Monteiro Rosa diz que, “nos últimos anos, também tem havido um crescente interesse por fundos de investimento, ETF e certificados de ouro, que permitem uma exposição ao metal precioso sem a necessidade de o possuir fisicamente”. “Estes instrumentos são vistos como uma alternativa prática e acessível, oferecendo a possibilidade de diversificação e menores custos de transação, ao mesmo tempo que eliminam as preocupações com o armazenamento físico do ouro”, explica.

Notamos um interesse crescente nos últimos meses, sobretudo através da compra de ETF [exchange traded funds] sobre ouro físico.

Steven Santos

Diretor de plataformas de trading do BiG

O BiG também tem assistido a um aumento da procura por parte dos investidores portugueses neste ativo. Notamos um interesse crescente nos últimos meses, sobretudo através da compra de ETF [exchange traded funds] sobre ouro físico. Nos últimos cinco e 30 dias, o iShares Physical Gold ETC foi mesmo o mais comprado pelos nossos clientes dentro da nossa oferta de ETF“, refere Steven Santos, diretor de plataformas de trading do BiG.

O metal precioso tem registado uma evolução absolutamente estonteante, com os preços a saltarem de máximo em máximo, ao longo dos últimos anos, brindando os investidores com ganhos expressivos. A matéria-prima negoceia atualmente em torno de 2.913 dólares por onça, depois de no arranque da semana ter batido um novo recorde nos 2.956,15 dólares por onça.

A cotação do metal dourado tem beneficiado da procura por ativos de refúgio, num momento em que os investidores continuam preocupados com o ambiente de crescente incerteza, acentuado pelo anúncio de novas taxas aduaneiras por parte da Administração republicana nos Estados Unidos; pelas guerras na Europa e no Médio Oriente; e pelo abrandamento económico na Europa. Estes eventos, associados ao ciclo de descida de taxas de juro, favorecem o investimento em ouro.

É natural que o investimento em ouro continue a crescer, especialmente em períodos de instabilidade geopolítica. Com a persistente incerteza global, muitos investidores tendem a procurar o ouro como refúgio seguro e forma de proteção contra a inflação”, explica o economista do Banco Carregosa.

Paulo Monteiro Rosa alerta, porém, que “embora possa haver uma valorização do ouro por algum tempo, especialmente devido à crescente procura chinesa, os investidores devem estar cientes de que, de acordo com as métricas históricas, o ouro está atualmente sobrevalorizado”.

O ouro tem beneficiado do aumento das tensões geopolíticas num mundo multipolar e da desvalorização do dólar americano, pelo que, a manterem-se ambos os fatores, o ouro poderá continuar a revalidar novos máximos históricos.

Steven Santos

Diretor de plataformas de trading do BiG

“A valorização expressiva do ouro desde o início de 2024 foi motivada pelos bancos centrais, sendo que nos últimos meses começamos a assistir a maior interesse e participação dos investidores de retalho”, justifica Steven Santos.

O diretor do BiG nota ainda que “o ouro tem beneficiado do aumento das tensões geopolíticas num mundo multipolar e da desvalorização do dólar americano, pelo que, a manterem-se ambos os fatores, o ouro poderá continuar a revalidar novos máximos históricos“.

Com os analistas a anteciparem que há potencial para ganhos adicionais, a febre do ouro deverá continuar a atrair mais investidores portugueses. Mas os especialistas avisam que há cuidados a ter. Desde logo, ao contrário do que acontece com as ações, a evolução do metal dourado não está associada aos resultados de uma atividade, nem gera dividendos.

Os investidores “devem considerar que o ouro não gera juros nem dividendos, sendo a sua procura comandada principalmente por motivos geopolíticos ou macroeconómicos como ativo escasso e de refúgio, e não tanto por necessidades de utilização industrial”, sintetiza Steven Santos. Assim, “o ouro pode complementar uma carteira de investimento como diversificador de risco, ao ter baixa correlação com as ações e as obrigações, mas não ser a sua base ou a principal componente”.

O ouro é conhecido por ser um porto seguro em tempos de incerteza económica, mas o seu preço é influenciado por diversos fatores, como taxas de juro, inflação e procura global.

Paulo Monteiro Rosa

Economista sénior do Banco Carregosa

Também Paulo Monteiro Rosa aponta que “o ouro é conhecido por ser um porto seguro em tempos de incerteza económica, mas o seu preço é influenciado por diversos fatores, como taxas de juro, inflação e procura global”.

Por outro lado, para quem escolhe a compra de ouro físico, é preciso considerar “custos adicionais, como armazenamento e seguros associados”, avisa Paulo Monteiro Rosa. Ou seja, para guardar o ouro é preciso alugar um cofre, o que custa dinheiro.

“O ouro é uma opção de proteção e diversificação de carteira, e não necessariamente uma estratégia de rendimento, já que o metal amarelo gera apenas ganhos de capital, o que torna o ouro mais atrativo quando as taxas de juro descem e as moedas oferecem um rendimento menor, tornando-se quase indiferente deter moeda ou ouro nesta perspetiva”, remata o economista.

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Quatro entidades públicas falham entrega de 137 milhões de euros em juros ao Estado

IGF deteta duas entidades públicas reclassificadas e dois serviços e fundos autónomos em incumprimento de obrigações. Porém, cumprimento da Unidade da Tesouraria do Estado é "elevada".

Duas entidades públicas reclassificadas e dois serviços e fundos autónomos incumpriram as obrigações previstas na lei e não entregaram juros ao Estado no valor de 137,3 milhões de euros. O alerta é da Inspeção-Geral das Finanças (IGF), que numa auditoria ao cumprimento da unidade de tesouraria do Estado pela Administração Central, concluiu ainda que 19 entidades não tinham comunicado saldos, na banca comercial e no instituto que gere a dívida pública, num total de 167,5 milhões de euros.

A auditoria levado a cabo pela IGF concluiu que, no final de 2023 e no universo das 502 entidades/unidades orçamentais, o grau de cumprimento da Unidade da Tesouraria do Estado (UTE), isto é, a centralização e manutenção dos dinheiros públicos no Tesouro, reduzindo o financiamento através da emissão de dívida, era “elevado”.

Das disponibilidades totais consideradas, 97,9% estavam depositadas na Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP), o correspondente a 22.753 milhões de euros, enquanto a maioria das contas na banca comercial, detidas por 115 unidades orçamentais e com saldos totais de 373 milhões de euros, estava dispensada do cumprimento da UTE.

Assim, os saldos depositados na banca comercial em incumprimento da UTE ascendiam a 122 milhões de euros, representando 0,5% do total de disponibilidades, e envolvia 35 entidades.

No entanto, a IGF dá nota que duas entidades públicas reclassificadas (EPR) e dois serviços e fundos autónomos (SFA), com contas na banca comercial, “não procederam à entrega de 137,3 milhões de euros de rendimentos/juros ao Estado”, um valor que compara com os 0,2 milhões de euros em igual situação em 2022.

Assim, incumpriram “a obrigação prevista na Lei do Orçamento do Estado e no Decreto-Lei de Execução Orçamental, apesar das diligências realizadas pela Direção-Geral do Orçamento (DGO) para a sua entrega voluntária”. A IGF assinala que uma das entidades públicas reclassificadas e um dos serviços e fundos autónomos “demonstraram ter efetuado pedido de dispensa, ainda que, até à data da conclusão da auditoria, não tenha sido proferida decisão ministerial”.

As EPR são entidades que na génese jurídica não constituiriam uma entidade do setor público administrativo, mas foram objeto de reclassificação no setor institucional das Administrações Públicas, com as contas a contarem para efeito apuramento dos agregados das contas públicas, enquanto os SFA são organismos com autonomia financeira e administrativa, financiados sobretudo por transferências de outras unidades da Administração Pública e com impostos que lhes estejam consignados.

A IGF detetou também que “persistem insuficiências a nível do reporte no sistema de informação online da DGO”, uma vez que 19 entidades não tinham comunicado saldos, na banca comercial e no IGCP, num total de 167,5 milhões de euros.

Neste valor, está incluído “o reporte incorreto de saldos nulos pela unidade orçamental que integra os 810 estabelecimentos escolares, cujo total apurado ascendia a 134,2 milhões de euros (o instituto responsável alega incompetência legal para aceder aos dados das contas das escolas, apesar de não ter solicitado essa informação àqueles estabelecimentos)”, pode ler-se nas conclusões da auditoria.

Verificaram-se ainda “insuficiências pontuais apesar das melhorias no reporte de informação” no SIRIEF (setor da saúde)/SISEE, sob gestão da Direção-Geral do Tesouro e Finanças (DGTF).

A IGF recomenda assim não só a implementação de medidas de promoção da UTE e de otimização dos sistemas de informação, como vai mais longe e propõe ao Ministério das Finanças alterações do regime legal, criando um quadro jurídico único da UTE e definindo um regime sancionatório a aplicar às entidades incumpridoras.

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Visita de Macron a Portugal vai explorar cooperação na defesa, energia e inovação

A visita do presidente francês, esta quinta e sexta-feira, será uma oportunidade para reforçar as relações comerciais entre os dois países e estabelecer acordos de cooperação em áreas chave.

Emmanuel Macron inicia esta quinta-feira a primeira visita oficial de um presidente francês a Portugal em 26 anos. Será uma oportunidade para Portugal estreitar as suas relações económicas e comerciais com aquele que é um dos principais parceiros comerciais e investidores do país. A passagem de Macron por Portugal será marcada pela assinatura de vários acordos, que visam reforçar a cooperação em áreas chave como a defesa, energia, tecnologia e transportes.

Chegado diretamente de Washington, o presidente francês inicia, esta quinta-feira, a sua visita em Portugal, em Lisboa, onde passará pela Assembleia da República e pelo Mosteiro dos Jerónimos. Durante a tarde, está marcado um evento na Unicorn Factory, onde vai estar também o presidente da câmara de Lisboa, Carlos Moedas. Já na sexta, Macron parte para o Porto, numa agenda que volta a colocar em ênfase as relações comerciais entre os dois países, com a assinatura de um tratado de amizade e cooperação.

Entre os temas que os dois países definiram como prioritários, destaca-se a assinatura de uma declaração de intenção para a cooperação na área do armamento, com o objetivo de investir e estimular a indústria de defesa europeia.

Este documento “confirma uma intenção e um acordo já anunciado para a aquisição de até 36 [sistemas de artilharia] Caesar pelos portugueses” e também a “formalização da cooperação noutras sub-cooperações industriais, nomeadamente em matéria de drones”, afirmou o Eliseu em audioconferência.

A área da defesa tem atraído grande interesse por parte dos investidores franceses. Portugal já acolhe hoje grandes empresas do setor da aeronáutica, como a francesa Airbus, que tem vindo a reforçar a sua produção de partes de aeronaves a partir da sua fábrica de Santo Tirso, onde produz 17 diferentes painéis para os aviões da Airbus — 16 para a família A320 e um para o A350, as chamadas “bochechas” do avião.

A fábrica localizada no Norte do país tornou-se estratégica para a fabricante de aviões, cujas encomendas estão em máximos históricos, adiantou recentemente ao ECO Eric Belloc, diretor-geral da Airbus Atlantic Portugal.

“Graças à contribuição da Airbus, Portugal está a reforçar a sua posição como player mundial no setor aeroespacial, num mercado cada vez mais dinâmico e em evolução”, defendeu Belloc na mesma ocasião.

Empresas francesas “querem investir”

França é um dos principais parceiros comerciais de Portugal, sendo atualmente o segundo maior destino de exportações do país, logo a seguir à Espanha, e o terceiro maior fornecedor de Portugal. Os gauleses são ainda um dos maiores investidores diretos do país, ainda que o investimento francês tenha esmorecido no ano passado, num período marcado pela crise política, o que poderá ter levado algumas empresas a atrasar novos projetos.

Segundo os dados do investimento direto estrangeiro (IDE) em 2024, divulgados esta quarta-feira, França, que costumava ser o segundo maior investidor de Portugal, ocupa agora a terceira posição no ranking dos maiores investidores, com investimentos superiores a 16,4 mil milhões de euros, um valor que fica abaixo dos mais de 17 mil milhões registados nos últimos anos.

Apesar desta descida, as empresas francesas continuam a olhar para Portugal como um destino de investimento. “Os franceses ainda querem investir em Portugal“, adiantou ao ECO Laurent Marionnet, diretor-geral da Câmara de Comércio e Indústria Luso-Francesa (CCILF). O especialista realça que “há muitas empresas da indústria que querem construir parcerias com empresas portuguesas“.

Laurent Marionnet nota ainda grande interesse no setor da aeronáutica, “que está em grande desenvolvimento”.

“Há a Airbus, mas há outras empresas que estão a começar a investir”, detalha, referindo ainda “setores na metalomecânica e no setor automóvel“.

O setor automóvel (PSA+Renault), do comércio e distribuição (Auchan, Leroy Merlin, Décathlon, E.Leclerc), financeiro (BNP Paribas, Euronext, Natixis), hoteleiro (Accor/Ibis/Mercure, B&B Hôtels) e dos serviços de consultoria (Aubay, Capgemini, Alten) são os setores que têm atualmente maior representação no país, segundo o Groupe Actual.

Apesar de Portugal continuar a apresentar-se como um destino atrativo de investimento para as empresas gaulesas, o diretor-geral da câmara francesa assume que “há muito menos investidores [portugueses] a ir para França”.

Empresas assinam acordos de cooperação

Integrado na visita de Macron, decorre, amanhã, o Fórum Económico Luso-Francês, organizado pela CIP – Confederação Empresarial de Portugal e pela sua congénere francesa, MEDEF – Mouvement das Entreprises de France, com uma agenda focada na economia azul, a mobilidade inteligente, as energias renováveis, o ecossistema de inovação e a indústria da defesa e segurança.

No evento, que conta com representantes da EDP, Grupo Brisa, TEKEVER, Grupo Sousa, Transavia, Alstom, VINCI, Transdev, Stellantis, Renault, Faurecia, Air France, Air Liquide, ENGIE, EDF, REN, Floene, Trivalor, Sanofi, Sonae, Petrogal, Galp, Dourogas, ou HyChem, vão ainda ser assinados protocolos entre empresas portuguesas e francesas.

Segundo a CIP, “sobre a mesa vão estar acordos que reforçam a colaboração em áreas-chave, tais como Energia, Defesa, Inovação e Mobilidade, domínios fundamentais para enfrentar desafios comuns e responder à necessidade de criar um quadro regulamentar favorável de modo a que as empresas possam tornar-se mais competitivas”.

“É fundamental consolidarmos as relações económicas entre Portugal e França neste momento particular, em que temos pela frente enormes, abrangentes e complexos desafios globais. O Fórum Económico Luso-Francês é, por este motivo, uma plataforma vital para promover o diálogo entre os protagonistas do universo económico dos dois países”, defende Rafael Alves Rocha.

O diretor-geral da CIP argumenta que, “estimulando soluções colaborativas, fomentando parcerias estratégicas e garantindo que, juntas, as empresas se tornam mais fortes para enfrentar os desafios económicos, mais capazes de gerar riqueza e habilitadas a construir um futuro ainda mais sustentável e próspero.”

A CIP irá ainda assinar um acordo com o MEDEF, no qual ambas as organizações se comprometem “a trabalhar em conjunto para salvaguardar que, tendo presente o princípio da neutralidade tecnológica, todas as tecnologias com baixo teor de carbono recebem um apoio igual e justo e a avançar com infraestruturas transfronteiriças, incluindo ligações de eletricidade e gás, para garantir cadeias de abastecimento seguras, para promover a integração do mercado e para assegurar a soberania energética a longo prazo da Europa”.

Na lista de acordos a assinar há ainda outros dois protocolos, com a CCILF (Câmara de Comércio e Indústria Luso-Francesa) de promoção da cooperação bilateral, e outro com a CIAN — Conseil Francais des Investisseurs en Afrique, a Fundação Prospetiva e Inovação e o Grémio Literário para uma cooperação reforçada entre França e Portugal centrada em África.

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Mota-Engil regista lucros recorde de 123 milhões e prepara novo plano estratégico

É o melhor resultado de sempre da construtora e significa um aumento de 8% face ao ano anterior. O conselho de administração propõe um dividendo de 0,1497 euros por ação e vai rever as metas até 2030.

A Mota-Engil teve o melhor resultado de sempre no ano passado. O lucro da construtora subiu para 123 milhões de euros, mais 8% do que no ano anterior, e levou a empresa a rever em alta os objetivos para os próximos cinco anos.

As contas de 2024 anteciparam em dois anos algumas das metas definidas no plano estratégico da Mota-Engil para 2026 (Building´26), logo a empresa irá dar início à elaboração, ainda este ano, de um novo plano com as ambições até 2030.

A carteira de encomendas da Mota-Engil também aumentou em 8 mil milhões de euros, para 15,6 mil milhões de euros em 2024, perfazendo o maior ano de sempre em angariação de novos contratos para a empresa portuguesa.

A empresa liderada por Carlos Mota dos Santos registou um volume de negócios de 5.951 milhões de euros, após um crescimento de 7% comparativamente a 2023, à boleia de todas as áreas (+8% em engenharia e construção, +10% no ambiente e +5% na Mota-Engil Capital e MEXT).

Sem surpresas, a atividade de engenharia e construção na América Latina voltou a ser a mais representativa da faturação (2.976 milhões de euros, mais 8%), embora a região onde mais cresceu foi África (1.748 milhões de euros, mais 15%). Na Europa, o volume de negócios caiu 12% para 583 milhões de euros.

Quanto ao lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA), cresceu 14%, em termos homólogos, para 955 milhões de euros e alcançou uma margem de 16%, de acordo com o relatório publicado esta quinta-feira na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

“O grupo manteve novamente em 2024, como em anos anteriores, o rácio de dívida líquida / EBITDA abaixo de 2x conforme objetivo do plano estratégico, ainda que o grupo tenha realizado investimentos no total de 511 milhões de euros (com 76% em áreas de crescimento como o ambiente e engenharia industrial”, informou a Mota-Engil, no documento enviado à CMVM.

O conselho de administração da Mota-Engil vai propor, na assembleia geral de acionistas que se realiza no próximo dia 24 de abril, um dividendo por ação no valor de 0,1497 euros.

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