Mariana Vieira da Silva admite entrar na corrida à liderança do PS
"Nunca excluí, estou disponível para ajudar o PS a encontrar um caminho de união", afirmou a ex-ministra e membro do núcleo duro socialista que é contra aprovar moções de rejeição ao Governo.
Mariana Vieira da Silva admite entrar na corrida à liderança do PS e suceder a Pedro Nuno Santos. “Nunca excluí. Estou disponível para, das mais diversas formas, ajudar o PS a encontrar um caminho que possa ser de união”, afirmou esta terça-feira a ex-ministra e membro do secretariado nacional do partido, em entrevista à SIC Notícias. A ex-ministra e membro do núcleo duro socialista defende ainda que o partido deve viabilizar o programa do Governo de Luís Montenegro, votando contra moções de rejeição.
Para já, o partido deve estar em profunda reflexão interna e não deve tomar decisões precipitadas. “Não vou dizer coisas contraditórias. Este processo tem de ser refletido, não me parece que tomar decisões numa terça-feira à noite seja útil. Estou disponível para o PS voltar a ter a confiança dos portugueses”, defendeu. Para Mariana Vieira da Silva, “isto não é uma corrida de 100 metros”.
“Há a necessidade de uma profunda reflexão, o PS precisa de tempo e, para isso, estes primeiros dias serem marcados pela pressa não é útil. A pressa é inimiga de um processo alargado de discussão interna de quem se considera a pessoa mais capaz de fazer o duro trabalho que o partido tem pela frente. É preciso ter consciência da dimensão da derrota”, afirmou.
Nesta fase, “não é compatível que cada um se apresente” como candidato à liderança do PS de forma autónoma. Questionado se isso é uma crítica a José Luís Carneiro, que já anunciou que vai voltar a entrar na corrida a secretário-geral, Mariana Vieira da Silva começou por reconhecer que “só porque alguém já se candidatou no último congresso do PS não tem um direito reforçado ou prioritário para ser líder do PS”. Carneiro “tem todo o direito de se candidatar”. “E até agradeço, mas o PS tem de refletir e precisamos de saber que mais pessoas estão disponíveis”, destacou.
A que já foi número dois do último governo de maioria absoluta socialista de António Costa lembrou que “o PS tem uma comissão nacional no sábado” e, “até sexta-feira, haverá “alguma clareza” sobre as candidaturas que se perfilam, revelou. “O que não me parece é que pessoas devam aparecer a dizer individualmente que estão ou não disponíveis. É preciso algum trabalho interno para garantir que o PS esta unido o suficiente”, defendeu numa clara crítica a José Luís Carneiro.
Sobre o calendário das eleições internas, Mariana Vieira da Silva apontou que, numa primeira fase, o partido deve “ter eleições ainda antes do verão” e haverá “um congresso depois das autárquicas, porque o PS tem de se concentrar nas autárquicas”. As eleições locais, que se deverão realizar no final de setembro ou início de outubro, devem “ser a prioridade”. “Mas, na comissão nacional, veremos as sensibilidades e os candidatos”, completou.
Mariana Vieira da Silva defende ainda que o partido deve viabilizar o Governo de Luís Montenegro, votando contra eventuais moções de rejeição, como aquela que já foi anunciada pelo PCP: “Não vejo razões para o PS alterar a sua posição. Não faz sentido votar favoravelmente moções de rejeição, devemos olhar para o processo que temos pela frente. O PS tem tido uma posição que só vota favoravelmente moções de rejeição quando tem uma alternativa, como em 2015, e não vejo que o PS mude essa abordagem”.
“No início do mês de junho”, os trabalhos parlamentares já deverão arrancar, por isso, a orientação do voto em relação ao programa do Governo será feita “nos órgãos do partido com toda a pluralidade, já que, nessa altura, o PS ainda não terá um secretário-geral eleito, esclareceu. De qualquer forma, salientou, “quem costuma dar a orientação de voto é a comissão politica”, mesmo existindo um líder.
Já sobre Orçamentos de Estado “é preciso esperar” para ver. “Temos experiência suficiente com a AD, precisamos de tempo para nos reorganizarmos e isso tem de estar presente na cabeça de todos os socialistas”, frisou, não se comprometendo à partida com uma viabilização da proposta orçamental para 2026.
Mariana Vieira da Silva confirmou ainda que Pedro Nuno Santos abandona os comandos do partido no sábado e que, a partir desse dia 24 de maio, é Carlos César, o presidente do PS, que assume interinamente a liderança.
(Notícia atualizada às 22h37)
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