Lucro da Benfica SAD mais que duplica para 40 milhões de euros no primeiro semestre

Apesar do aumento do resultado líquido, a Benfica SAD continua a ser deficitária operacionalmente (sem as transações de atletas), ao mesmo tempo que dívida líquida continua a subir.

As contas do primeiro semestre da Benfica SAD revelam um balanço mais sólido do que há seis meses, mas com os mesmos problemas desde que fechou as contas anuais em junho.

Segundo um comunicado, enviado esta quinta-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a SAD benfiquista encerrou o primeiro semestre fiscal (entre julho de dezembro) com um crescimento homólogo de 124% do resultado líquido, que se traduziu em lucros de 40,3 milhões de euros, e com um aumento de 49,9% do capital próprio para 122,8 milhões de euros.

Além de ter sido o segundo ano consecutivo em que a Benfica SAD fechou o primeiro semestre com lucros, foram também os resultados mais elevados alcançados nos primeiros seis meses do ano desde a época 2019/2020, quando a operação fechou com lucros históricos de 104,2 milhões de euros no mesmo período por conta da venda dos direitos do atleta João Félix para o Atlético de Madrid.

No primeiro semestre da presente época desportiva, por cada 10 euros de rendimentos operacionais (sem contar com transações de atletas), a Benfica SAD contabilizou 13,5 custos operacionais. Há um ano, esse rácio era de 13 e há dois anos era de 11,2.

A sustentar o crescimento dos resultados nos primeiros seis meses do atual exercício estão mais de 104 milhões de euros registados com a transação de atletas, com particular enfoque nas alienações dos passes de João Neves, David Neres, Marcos Leonardo e Morato.

Além disso, os resultados da SAD liderada por Rui Costa foram também impactados positivamente com 39,7 milhões de euros de prémios da UEFA pela participação do Benfica na Liga dos Campeões – que mesmo assim registaram uma queda homóloga de 8,5% em função de uma nova estrutura da Liga dos Campeões, que fez com que estas contas não contabilizassem a receita gerada com dois jogos da fase a eliminar realizados em janeiro.

Apesar da mais que duplicação do resultado líquido e do crescimento de 52,4% dos rendimentos de direitos de atletas nos primeiros seis meses deste ano fiscal, as contas da SAD benfiquista continuam a mostrar uma operação deficitária quando não contabilizada as transações de atletas.

Os números apresentados esta quinta-feira ao mercado revelam que os rendimentos operacionais sem transações de atletas tiveram uma correção homóloga de 0,7% – que já inclui a renovação do contrato com a Emirates –, passando de 106,4 milhões de euros no primeiro semestre de 2023 para 105,7 milhões de euros no final do ano passado, enquanto os gastos operacionais aumentaram 2,7% para 142,9 milhões de euros.

Isto significa que, no primeiro semestre da presente época desportiva, por cada 10 euros de rendimentos operacionais (sem contar com transações de atletas), a Benfica SAD contabilizou 13,5 custos operacionais. Há um ano, esse rácio era de 13 e há dois anos era de 11,2.

Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para abrir o gráfico.

A SAD do Benfica refere que para o aumento dos gastos operacionais do primeiro semestre contribui a inclusão do futebol feminino no perímetro da SAD (com um impacto orçamental de cerca de 2,4 milhões de euros), um aumento de 28,1% dos royalties da marca Benfica (6,8 milhões de euros), mas sobretudo um crescimento de 14,2% dos gastos com pessoal para 71,2 milhões de euros.

Nesta rubrica pontifica indemnizações superiores a 10 milhões de euros com as demissões da anterior equipa técnica e jogadores – sem as indemnizações, os gastos operacionais teriam registado uma correção homóloga de 5,2%.

A SAD benfiquista antecipa encerrar este ano fiscal com lucros, depois de no ano passado ter fechado o exercício com prejuízos de 49,4 milhões de euros.

Outro elemento relevante nas contas da Benfica SAD é o comportamento da dívida líquida. Após ter registado um aumento de 43% no último exercício anual (e duplicado nos últimos três anos) para mais de 200 milhões de euros, as contas do primeiro semestre revelam uma dívida líquida ligeiramente acima dos 196 milhões de euros no final do ano passado.

Apesar de traduzir-se num aumento homólogo de 2,6% face aos números da dívida registados em dezembro de 2023, trata-se de uma correção de 2,8% face às últimas contas anuais (apresentadas em junho de 2024).

A gestão mais prudente da dívida, juntamente com o crescimento dos rendimentos operacionais nos primeiros seis meses do ano, espelha um sinal positivo na gestão financeira da SAD num histórico pouco animador. Isto porque, pela primeira vez desde a época 2020/2021, os rendimentos operacionais da Benfica SAD nos primeiros seis meses do exercício situaram-se acima da dívida líquida. Isto significa que, nos últimos quatro anos, esta foi a primeira vez que a operação da SAD foi capaz de gerar fluxos de caixa suficientes para cobrir as suas obrigações financeiras sem ter a necessidade de recorrer a novos empréstimos ou à venda de ativos.

Porém, não é displicente o facto de, mais uma vez, o passivo ter aumentado (6,8%) mais que o ativo (3,7%), com a Benfica SAD a terminar os primeiros seis meses com um passivo de 472,3 milhões de euros face a um ativo de 594,5 milhões de euros. Este diferencial sublinha a necessidade de uma gestão ainda mais cuidadosa do balanço financeiro da SAD nos próximos períodos.

Sabendo-se que os resultados do segundo semestre das sociedades anónimas desportivas costumam ser menos positivos que o primeiro, em função da natureza do seu negócio, o ECO sabe que a SAD benfiquista antecipa encerrar este ano fiscal com lucros, depois de no ano passado ter fechado o exercício com prejuízos de 49,4 milhões de euros.

A contribuir para essa expectativa estará a receita da UEFA pela participação na Liga dos Campeões – que até ao momento se traduz em receitas de 71,8 milhões de euros – e também a receita gerada pela participação da equipa de futebol no Mundial de Clubes, que só como prémio de participação deverá encaixar entre 15 milhões a 18 milhões de dólares.

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Estado dá “prenda” de 40 milhões aos municípios com entrega de mais 22 imóveis para reabilitação

Passar de Hospital Pediátrico a centro de artes num investimento municipal de 33 milhões de euros é um modo de dar vida a património público abandonado. Estado já "ofereceu" 49 edifícios às câmaras.

Albufeira, Alfândega da Fé, Alvaiázere, Arcos de Valdevez, Coimbra, Coruche, Guarda, Manteigas, Montalegre, Penedono, Portimão e Tomar. São estes os 12 municípios que, esta quinta-feira, assumiram a gestão de 22 imóveis, que se encontram sem utilização ou devolutos, avaliados em 40 milhões de euros. As autarquias vão reabilitar os edifícios com o objetivo de reforçarem os seus serviços públicos e setores artísticos, culturais e turísticos, e criarem instalações educativas e de saúde.

Desde outubro de 2024, o Governo já transferiu praticamente meia centena de imóveis para um total de 29 autarquias. Este património, destinado a reabilitação, está avaliado em 50 milhões de euros, calcula o Ministério das Finanças. “Considerando as transferências efetuadas em outubro e estas que agora foram assinadas, em menos de um ano, este Executivo já celebrou 33 acordos com 29 municípios, tendo sido transferidos 49 imóveis para reabilitação, cujo valor de investimento total é de cerca de 50 milhões de euros”, detalha o Ministério das Finanças num comunicado.

Os autarcas conhecem em profundidade o território e as comunidades que servem, pelo que estão na primeira linha para, em conjunto com a administração Central, encontrarem as melhores soluções, tendo em vista uma gestão mais eficiente e sustentável do património.

João Silva Lopes

Secretário de Estado do Tesouro e das Finanças

Durante uma cerimónia no auditório da Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra, o secretário de Estado do Tesouro e das Finanças, João Silva Lopes, destacou o empenho e compromisso do Governo para com o reforço da coesão territorial e social do país. E apelou à participação dos municípios na gestão dos ativos imobiliários do Estado que se encontram sem utilização, reforçando uma mensagem deixada na apresentação do projeto, em outubro de 2024, quando entregou 27 edifícios.

Na altura, António Furtado, presidente do Conselho de Administração da Estamo, sociedade da Parpública dinamizadora desta revitalização de património estatal, afirmou ao ECO/Local Online que “aquilo que verdadeiramente se pretende — com os municípios como parceiro privilegiado — é que o património do Estado possa ser indutor de desenvolvimento”.

Na ocasião, o gestor público disse que a transferência de competências para os municípios é “um meio para evitar a degradação, fomentar a recuperação, suportar a reutilização”, além de “valorizar os recursos públicos e alavancar os processos de transformação a nível local”.

Durante a cerimónia desta quinta-feira, o secretário de Estado do Tesouro e das Finanças salientou, por sua vez, que “os autarcas conhecem em profundidade o território e as comunidades que servem, pelo que estão na primeira linha para, em conjunto com a administração Central, encontrarem as melhores soluções, tendo em vista uma gestão mais eficiente e sustentável do património”.

Estes edifícios serão reabilitados para terem uma nova vida com fins artísticos e culturais, assim como para a criação de equipamentos educativos. Destinam-se ainda às áreas da saúde e do turismo, além do reforço de serviços públicos municipais.

Assinatura do acordo de transferência da gestão do antigo Hospital Pediátrico de Coimbra para o município local.27 fevereiro, 2025

Um dos edifícios esta quinta-feira transferidos pelo Estado foi o antigo Hospital Pediátrico de Coimbra. A Câmara Municipal passa, assim, a assumir a gestão, avançando com a reabilitação deste imóvel com vista à instalação da Casa das Comunidades – Centro Transdisciplinar de Apoio à Criação Artística, num investimento avaliado em mais de 33 milhões de euros.

O presidente da Câmara Municipal de Coimbra, José Manuel Silva, referiu, durante a cerimónia, que o futuro espaço que, terá um prazo de execução de três anos, “será um polo de cultura”, podendo ainda servir de cenário para a Bienal de Arte Contemporânea. O autarca definiu como prioritário o desenvolvimento do projeto, para depois candidatar a financiamento comunitário.

O futuro polo cultural “permitirá colmatar a inexistência de um espaço na cidade que reúna as condições necessárias para o apoio à criação artística, nas suas etapas iniciais e nas várias linguagens e formatos”, refere o município de Coimbra num comunicado.

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Leroy Merlin investe 220 milhões de euros em Portugal nos próximos três anos

Durante a visita de Macron a Portugal, a empresa francesa anuncia que pretende investir 105 milhões de euros na expansão e modernização de infraestruturas e 115 milhões em desenvolvimento tecnológico.

A Leroy Merlin anunciou esta quinta-feira que irá investir 220 milhões de euros nos próximos três anos em Portugal, divididos entre a aposta em infraestruturas e em tecnologia. O anúncio da empresa detida pelo grupo francês Adeo ocorre no dia em que o Presidente francês, Emmanuel Macron, iniciou a visita de Estado de dois dias ao território nacional.

Em comunicado, aquela que é uma das 1.200 empresas francesas presente em Portugal detalha que dos 220 milhões de euros, 105 milhões de euros serão destinados à expansão e modernização de infraestruturas e 115 milhões de euros ao desenvolvimento de tecnologia.

“Portugal é um mercado estratégico para a Leroy Merlin e estamos entusiasmados em continuar a nossa trajetória de crescimento e inovação no país. Este investimento reforça a nossa vontade de consolidar parcerias, impulsionar a transformação digital e contribuir para um futuro mais sustentável, sempre com o objetivo de melhor servir os nossos clientes – a nossa prioridade desde o primeiro dia”, afirma Sébastien Bruchet, diretor geral da Leroy Merlin em Portugal, citado em comunicado.

A empresa destaca que, além do investimento financeiro, “coloca as pessoas no centro da sua estratégia, continuando a apostar no desenvolvimento e valorização do capital humano”.

“Atualmente, a empresa conta com 6.245 colaboradores em Portugal, refletindo o seu compromisso com a criação de emprego e o crescimento das equipas. Através de programas de formação contínua, oportunidades de progressão interna e um ambiente de trabalho colaborativo, a Leroy Merlin reforça o seu investimento nas pessoas, garantindo equipas preparadas para enfrentar os desafios do futuro e impulsionar a inovação no setor”, refere.

Emmanuel Macron foi recebido e condecorado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, almoçou com o primeiro-ministro, Luís Montenegro, e esteve presente no Parlamento. “Muito feliz e orgulhoso de realizar esta visita de Estado a Portugal, a primeira de um presidente francês em 26 anos. Tantos laços nos unem! Com Portugal, reforçamos nossas parcerias em inovação, defesa, infraestruturas, transição energética e proteção dos oceanos. Ao serviço de uma agenda europeia de soberania”, escreveu o Chefe de Estado francês numa publicação na rede social X.

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Acionistas da Cofina aprovam saída de bolsa. Investidores vão receber 10,99 euros por ação

As ações da antiga dona do Correio da Manhã e Negócios já não voltam a negociar, após a aprovação da dissolução da sociedade e a partilha imediata do capital. Exclusão deverá ocorrer dia 3 de março.

A proposta de dissolução e consequente saída de bolsa da Cofina foi aprovada, esta quinta-feira, em assembleia geral de acionistas, na qual esteve representado 71,25% do capital. As ações já não voltam a negociar, nem dentro nem fora do mercado, e deverão ser excluídas de bolsa no dia 3 de março. Os acionistas vão receber 10,99 euros por cada ação da antiga dona do Correio da Manhã e do Negócios.

“Na sequência da aprovação da dissolução da sociedade por parte dos acionistas, as ações da Cofina, SGPS, S.A. ficarão suspensas de negociação na Euronext Lisbon a partir da presente data até à data de exclusão de negociação que ocorrerá previsivelmente no dia 3 de março de 2025″, refere a empresa em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

O mesmo comunicado refere que, no dia 4 de março de 2025, data até à qual têm que ser liquidadas todas as transações feitas até hoje, dia 27 de fevereiro, “o ISIN das ações da Cofina, SGPS, S.A. será bloqueado pela Interbolsa após as liquidações das transações efetuadas em bolsa até 27 de fevereiro de 2025 serem concluídas“.

A partir do próximo dia 5 de março de 2025 e até 31 de março de 2025, encontra-se a pagamento aos acionistas, com base nas respetivas participações no capital social da Cofina, SGPS, S.A., excluindo as 382 ações próprias, os haveres sociais da sociedade, à data da dissolução, ou seja 27 de fevereiro de 2025 (incluindo as transações realizadas até esta data) no montante de 2.249.872 Euros, o que corresponde a um valor por ação de 10,9883858363 Euros, sendo o agente pagador o Caixa – Banco de Investimento, S.A”, informa a empresa.

No dia 5 de março ocorrerá o cancelamento definitivo de todas as ações da Cofina, que se despediram do mercado com uma cotação de 10,35 euros, esta quinta-feira.

A proposta de dissolução da sociedade foi aprovada com 80,47% dos votos a favor e 19,52% abstenções. A aprovação da dissolução da sociedade já estava garantida, uma vez que era necessário que dois terços dos acionistas votassem a favor e a proposta contava com os votos do núcleo duro de acionistas da empresa, formado pelo empresário Paulo Fernandes, João e Pedro Borges de Oliveira, Domingos Vieira de Matos e Ana Mendonça, que junto controlam cerca de 71% do capital social e dos direitos de voto.

O comunicado explica ainda que, ao longo de 2025, o CaixaBI “deverá receber o ativo superveniente de que a Sociedade venha a ser titular nos termos da linha 2 do Projeto de Partilha, no montante de 224.173 euros, bem como outro eventual ativo superveniente de que a Sociedade possa vir a ser titular, e proceder à partilha desse eventual ativo aos acionistas da Sociedade à data da dissolução (incluindo as transações realizadas até 27 de fevereiro de 2025), através dos Intermediários Financeiros junto dos quais se encontrem depositadas as suas ações nesta data, realizando todos os acertos que se revelem necessários, tudo com a maior celeridade possível e sempre no decurso do corrente ano de 2025″.

A empresa comunicou ao mercado no final de janeiro que levaria à sua AG a proposta de dissolução de sociedade e saída de bolsa, justificando a proposta com o facto de “até à data, o Conselho de Administração não logrou encontrar alternativas de investimento para a sociedade e não tem qualquer perspetiva de que venha a surgir uma oportunidade nesse sentido”, depois de ter vendido a Cofina Media, a “única participação social material e relevante detida pela sociedade”, à Expressão Livre, que inclui atuais e antigos quadros da empresa e Cristiano Ronaldo.

A venda da Cofina Media, que tem os títulos Correio da Manhã, CMTV, Record, Sábado e Jornal de Negócios, foi concretizada no passado dia 8 de novembro, por 56,8 milhões de euros, gerando uma mais-valia de oito milhões para o grupo. Já no ano passado, a Cofina vendeu os 50% que detinha na Vasp ao Grupo Bel de Marco Galinha, num negócio de 4,5 milhões de euros.

Ao longo do último ano, a empresa realizou duas amortizações de ações com redução do capital social, para distribuir reservas livres pelos acionistas. A primeira operação foi concretizada em julho e a segunda no final do ano. Em ambas as operações, os acionistas receberam 40 cêntimos por ação e 11,3 euros de reservas livres.

Confirmada a dissolução da sociedade, este é o último dia que os títulos negoceiam em bolsa. Segundo adiantou a Cofina, em comunicado à CMVM, a partir de 27 de fevereiro de 2025, “após o fecho do mercado, as ações representativas do capital social da sociedade deixarão de poder ser transacionadas, dentro e fora de mercado regulamentado”.

“Após esta data, ou seja, a partir de 28 de fevereiro de 2025, a negociação das ações ficará suspensa até que as mesmas sejam definitivamente excluídas de negociação pela Euronext Lisbon em resultado da dissolução da sociedade”, informou a empresa, no passado dia 11 de fevereiro.

Todo o processo deverá ser rápido. O mesmo comunicado refere que “a sociedade apresentará a registo a deliberação de dissolução com partilha imediata junto da Conservatória do Registo Comercial, pelo que, assim que o registo se encontre lavrado (o que se espera que venha a acontecer no prazo máximo de 48 horas após a apresentação do registo), a matrícula da sociedade será cancelada e a sociedade deixará de existir para todos os efeitos legais”.

De holding a grupo de media

A Cofina atravessou várias transformações ao longo das últimas décadas. Ao contrário do que se possa pensar, não era um grupo de media, mas sim a holding para comprar ativos do núcleo de acionistas Paulo Fernandes, João e Pedro Borges de Oliveira, Domingos Vieira de Matos e Ana Mendonça, que juntos fazem negócios há três décadas.

Através da Cofina – sociedade que contava agora apenas com a liquidez gerada pela venda dos ativos de media –, os cinco sócios realizaram muitos negócios ao longo dos últimos anos, passando por várias áreas de negócio. Fundada em 1990, a Cofina detinha participações em empresas de media, pasta de papel, aços, entre outros. Foi apenas em 2005 que foi realizado o spin off das participações fora do setor de media (Altri), ficando a Cofina, exclusivamente, com os ativos de imprensa.

Com a saída da Cofina, a bolsa despede-se de mais uma empresa histórica do mercado português. A empresa estreou-se no mercado em novembro de 1998 e foi promovida (e despromovida) ao PSI-20 por várias vezes. A última vez que negociou no principal índice nacional foi em setembro de 2012, tendo saído em março de 2014 para dar lugar à Impresa, que detém a SIC e o Expresso.

(Notícia atualizada às 17h26)

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Novos prédios com garagem vão ter de estar preparados para carregar automóveis elétricos

Edifícios que vierem a ser construídos, com lugares de estacionamento, têm de incluir uma infraestrutura adequada para abastecer este tipo de veículos, segundo o decreto-lei aprovado pelo Governo.

Os novos prédios com lugares de estacionamento vão ter de estar preparados para instalar postos de carregamento de veículos elétricos, segundo o decreto-lei do Governo que aprova o novo regime jurídico de mobilidade elétrica consultado pelo ECO.

“As operações urbanísticas de construção de edifícios em regime de propriedade horizontal, ou de outros imóveis que disponham de locais de estacionamento de veículos, devem incluir uma infraestrutura elétrica adequada para o carregamento elétrico de veículos, conceito que não inclui pontos de carregamento ou tomadas, que cumpra os requisitos e regras técnicas sobre o desempenho energético dos edifícios, em cumprimento do Direito da União Europeia”, estabelece o mesmo diploma que, esta quinta-feira, foi colocado em consulta pública durante um período de 30 dias.

Para estes imóveis estarem aptos a carregar veículos elétricos, “deve ser assegurada uma potência adequada para o carregamento elétrico de veículos, não podendo essa potência ser inferior ao valor a aprovar em portaria dos membros do Governo responsáveis pelas áreas da administração local, do ordenamento do território, da habitação e da energia”, de acordo com o texto legal.

De igual modo, “as normas técnicas para as instalações de carregamento elétrico de veículos são definidas pela portaria”, acrescenta.

Senhorios e inquilinos podem instalar pontos de carregamento

No caso dos prédios já existentes, não existe a obrigação de estar preparado para instalar um sistema de abastecimento de viaturas elétricas. No entanto, “é admitida a instalação, por qualquer condómino, arrendatário ou ocupante legal, a expensas do próprio, de pontos de carregamento que cumpram os requisitos técnicos definidos pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) para o efeito de carregamento elétrico de veículos destinados a uso exclusivo ou partilhado, nos locais de estacionamento de veículos dos edifícios já existentes”, determina o decreto-lei.

A “instalação de ponto de carregamento ou de tomada elétrica” em parte comum do edifício carece, porém, de “comunicação escrita prévia dirigida à administração do condomínio e, quando aplicável, ao proprietário, com uma antecedência de, pelo menos, 30 dias sobre a data pretendida para a instalação”.

E a administração do condomínio só se pode opor se assegurar os mesmos serviços de carregamento de carros elétricos dos seus potenciais utilizadores, quando o imóvel já disponha de um sistema de abastecimento ou de tomada elétrica, no caso do equipamento em causa colocar em risco a segurança de pessoas ou bens ou se o ponto de carregamento dificultar o acesso aos espaços comuns.

O novo regime jurídico da mobilidade elétrica aprovado esta quarta-feira pelo Governo visa cumprir o regulamento 2023/1804 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 13 de setembro de 2023, relativo à criação de uma infraestrutura para combustíveis alternativos.

O decreto-lei em causa procede a uma “verdadeira simplificação e liberalização” do carregamento de carros elétricos, acabando assim com “a réstia que ainda existe na lei do monopólio antigo”, afirmou o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, no final do Conselho de Ministros desta quarta-feira. Os preços vão baixar com o fim da figura de “comercializador de mobilidade elétrica”, isto é, de “intermediário”, garantiu.

O objetivo é que seja “tão fácil carregar um veículo elétrico como abastecer numa bomba de gasolina”, afirmou. Para isso, o Conselho de Ministro aprovou algumas alterações “como deixar de ser necessário” que um utilizador tenha “um contrato com um fornecedor de energia para veículos elétricos” e ser possível que carregar “em qualquer posto e pagar com os meios eletrónicos normais de pagamento”, exemplificou.

As mudanças agora aprovadas visam ainda “uma uniformização das unidades de contagem para que os preços sejam comparáveis e estender essas obrigações de transparência e concorrência as espaços onde os postos são concessionados, como é o caso das autoestradas”, indicou o governante.

Outra das alterações passa pela “emissão de títulos de carbono individuais, quando o carregamento é feito com eletricidade integralmente verde”, referiu António Leitão Amaro.

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Nova seguradora chinesa para elétricos faz 114 mil apólices no primeiro mês

  • ECO Seguros
  • 27 Fevereiro 2025

Uma nova companhia, mais institucional, foi lançada em 25 de janeiro para ultrapassar a recusa ou altos prémios cobrados pelas seguradoras chinesas na cobertura de veículos elétricos.

Até esta terça-feira, uma nova plataforma de seguros dedicada a garantir uma cobertura adequada para veículos de nova energia (NEV), contratou seguros de 114.000 automóveis elétricos, afirma o jornal China Daily com base na informação dos promotores, a Associação de Seguros da China e a Bolsa de Seguros de Xangai.

Lançada a 25 de janeiro, a plataforma atraiu, até esta quinta-feira, 185 mil utilizadores registados e forneceu cobertura de seguros no valor em yuans equivalente a 1.317 milhões de dólares.

O jornal refere que os proprietários de NEV têm enfrentado prémios elevados e o risco de verem negada a cobertura, enquanto as seguradoras lidam com crescentes prejuízos financeiros devido aos altos custos de reparação dos NEVs.

As seguradoras que participam na plataforma estão proibidas de recusar cobertura. Assim, arriscam lidar com os maiores problemas sentidos com os NEV como o risco de deterioração, sobre-aquecimento e incêndio nas baterias, reparações de baterias, de sensores e de eletrónica avançada e até de um novo comportamento na condução caracterizado por carregamentos frequentes e viagens mais curtas.

O setor de NEVs na China tem registado um rápido desenvolvimento nos últimos anos. Até ao final de 2024, o parque de NEV em circulação no país atingiu 31,4 milhões, segundo dados do Ministério da Segurança Pública da China.

A nova companhia, quase institucional, ocupou rapidamente um espaço até agora controlado pelo seguro NEV Solutions da Ping An, do NEV INsurance da CPIC (China Pacific Insurance), da Tesla Insurance e de muitas insurtech que aproveitaram este novo segmento de mercado.

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Fundo do BPI compra edifício onde está a Anacom e Cimpor

O alvo foi o Edifício Ramalho Ortigão 51, em Lisboa. A maior aquisição do Imofomento foi feita à Incus Capital e contou com a assessoria da PLMJ, Sérvulo Engexpor e CBRE.

O BPI Imofomento, fundo de investimento imobiliário aberto gerido pela BPI Gestão de Ativos, anunciou esta quinta-feira que fez a sua maior aquisição de sempre. O negócio teve como alvo o Edifício Ramalho Ortigão 51, em Lisboa, onde estão inquilinos como a Anacom, Cimpor, Embaixada do Japão e SLV Specialties, do grupo Solvay.

O valor que o BPI Imofomento pagou à Incus Capital não foi tornado público, mas novo investimento aumenta as rendas anuais do fundo em mais de três milhões de euros, até porque se localiza nenhuma zona central para os escritórios da capital portuguesa, junto à Praça de Espanha e à Avenida António Augusto de Aguiar.

O banco considera que esta transação reafirma “a estratégia do BPI Imofomento de investir em ativos de qualidade e alinhados com a sustentabilidade” – tem uma certificação Breeam Excellent em curso – e reforça a aposta em edifícios de escritórios “de prestígio”.

Neste caso, tem uma construção contemporânea no século XX e encontra-se perto do centro comercial El Corte Inglés, da Mesquita Central de Lisboa e da Fundação Calouste Gulbenkian. A área do edifício é superior a 10 mil m² acima do solo e foi 100% arrendado durante a gestão da Incus Capital.

A aquisição por parte do fundo do BPI contou com uma série de advisors:: as sociedades de advogados PLMJ (do lado do vendedor) e rvulo & Associados (no apoio legal ao comprador, enquanto a Engexpor foi a entidade responsável pela assessoria técnica (due diligence) e a promotora imobiliária CBRE prestou a assessoria estratégica e de sustentabilidade na etapa seguinte à assinatura do acordo, nomeadamente o processo de melhoria das prestações de serviços às áreas comuns e constituição de propriedade horizontal.

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Caixa alcança lucro recorde e entrega dividendo “mais elevado de sempre” ao Estado

Lucro do banco público subiu 34% no ano passado para recorde de 1,74 mil milhões de euros. E vai entregar o maior dividendo de sempre ao Estado: 850 milhões.

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) registou lucros recorde de 1,74 mil milhões de euros em 2024, o que representa uma subida de 34% em relação ao ano anterior, segundo anunciou esta quinta-feira.

O CEO do banco público, Paulo Macedo, anunciou em conferência de imprensa que vai propor à assembleia geral entrega de um dividendo de 850 milhões de euros ao acionista único, o Estado, “o mais elevado de sempre”, destaca a instituição.

Margem cai, menos imparidades ajudam

Apesar do lucro recorde, a margem financeira caiu 3,2% para 2,78 mil milhões de euros, com a atividade a sentir o impacto da descida das taxas de juro. “A queda seria maior se não tivéssemos mais volume, que compensou parcialmente esta descida”, explicou o gestor.

A subida das comissões em quase 3% para 743,2 milhões ajudou a mitigar a redução da margem, mas não o suficiente para travar a queda de 2,8% do produto bancário para 3,5 mil milhões.

Os custos de estrutura aumentaram 4,2% para 1,06 mil milhões de euros, apesar de os gastos com pessoal terem recuado quase 6% para 593 milhões de euros. “Temos o menor cost-to-income de todos os bancos que já apresentaram resultados”, referiu Paulo Macedo.

A reversão de imparidades deu um forte impulso ao resultado final, com a rubrica de provisões e imparidades a dar um contributo de 764 milhões de euros em relação a 2023. A administradora financeira, Paula Geada, explicou aos jornalistas que a Caixa se precaveu em 2023 para uma situação económica mais adversa em 2024 do que aquela que veio realmente a verificar-se.

Crédito e depósitos aumentam

Tanto os recursos de clientes como o crédito às famílias e empresas cresceram. Os depósitos cresceram mais de cinco mil milhões de euros para os 75,5 mil milhões, que dá ao banco a liderança do mercado com uma quota de 23,2% – que sobe para 31,6% no segmento dos particulares. Os recursos fora de balanço também aumentaram cerca de 680 milhões para 23,2 mil milhões.

No crédito, a carteira registou um aumento de 2,3 mil milhões de euros e ascendia a 47,6 mil milhões, com o banco público a reclamar a liderança com uma quota de 17,9%.O crédito para a compra de casa aumentou 3,9% para 25,5 mil milhões.

O banco terminou o ano com um rácio de capital de 20,5%, retendo cerca de 10 mil milhões de euros em capital. Paula Geada sublinhou que “a Caixa entrega dividendos ao acionista mas retém níveis de capitais que permitem ser o banco mais sólido do sistema”.

Novo plano e nova equipa para breve

Paulo Macedo revelou que o plano estratégico para 2025-2028 ainda está a ser elaborado, encontrando-se ainda numa fase de esboço inicial, embora o orçamento do banco para este ano já tenha beneficiado as discussões que o conselho de administração já teve sobre o tema.

“Espero ter alguma coisa para dizer no próximo trimestre”, referiu o gestor, adiantando ainda que o plano não deverá estar aprovado no decurso deste trimestre.

Relativamente à nova administração da Caixa, Paulo Macedo espera que os prazos para as autoridades de supervisão aprovarem os nomes “não saiam muito dos prazos habituais”. “Esperamos que sejam menos longos”, afirmou.

(Notícia atualizada às 18h50)

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Ministra da Saúde não vê “correlação” entre mortes e falhas do INEM durante a greve

  • ECO e Lusa
  • 27 Fevereiro 2025

Ana Paula Martins reitera que vai "aguardar serenamente" pelos relatórios que faltam para apurar responsabilidades pelas mortes que ocorreram durante a greve do INEM.

A ministra da Saúde atira o apuramento de responsabilidades pelas falhas do INEM, durante a greve no ano passado, para quando forem conhecidos os relatórios da IGAS e do próprio Ministério Público. Em declarações aos jornalistas, esta quinta-feira, Ana Paula Martins disse que não via ainda “correlação” entre as 11 mortes e a falta de resposta do INEM durante a greve de outubro/novembro de 2024.

Não me parece que possamos, neste momento, tirar ilações políticas”, afirmou, um dia depois de ser conhecido o relatório preliminar da Inspeção Geral das Atividades em Saúde (IGAS) que analisou o impacto das greves dos técnicos de emergência em 2024. Esta inspeção concluiu que o INEM ficou impedido de definir os serviços mínimos por não ter recebido atempadamente do Ministério da Saúde os pré-avisos dos sindicatos.

Na reação, a ministra considerou que, ao nível do seu ministério, é importante rever “os procedimentos de informação e comunicação, nomeadamente, deste tipo de pré-avisos de greve às entidades do Ministério da Saúde”.

Ana Paula Martins salientou ainda que, no relatório divulgado na quarta-feira, não há qualquer tipo de correlação entre as greves no INEM no final de 2024 e as mortes que aconteceram por eventuais falhas no socorro, que estão a ser averiguadas numa outra inspeção que ainda decorre e também pelo Ministério Público.

Segundo referiu, o relatório, que será ainda remetido às entidades envolvidas para exercício do contraditório, refere-se a uma inspeção que tinha sido pedida por si sobre o cumprimento dos serviços mínimos durante as greves e a organização que tinha sido acautelada pelo INEM para maximizar a sua capacidade de resposta.

A ministra recordou que estão em curso mais dois processos, um de inquérito a cargo do Ministério Público e outro de inspeção por iniciativa da IGAS para apurar os factos sobre os “desfechos fatais que ocorreram nesses dias”.

“Nós não podemos precipitar conclusões antes de termos essa informação e esses relatórios”, referiu a governante, ao reiterar que, em funções das conclusões que vierem a ser conhecidas, assumirá as suas responsabilidades.

“Perante os resultados que vierem a ser apresentados, saberei naturalmente, em conjunto com o Governo de que faço parte, tomar as decisões que forem as mais adequadas, sendo certo que é óbvio que jamais me furtarei a qualquer tipo de responsabilidade de natureza política”, afirmou.

Questionada sobre as críticas que tem hoje sido alvo de vários partidos, alguns dos quais a pedirem a sua demissão, Ana Paula Martins não quis comentar, alegando que “estão no seu direito”, no âmbito da sua ação política. O relatório da IGAS concluiu que o INEM “não recebeu atempadamente a comunicação de pré-avisos das greves gerais convocadas para os dias 31 de outubro e 4 de novembro” de 2024.

Nesse sentido, “não tendo conhecimento dos detalhes neles constantes quanto ao tipo e duração das greves, bem como dos serviços mínimos propostos, ficou inviabilizada a possibilidade de eventual contestação dos serviços mínimos tendente à sua negociação”. Estas greves tornaram evidentes a falta de meios humanos no INEM, com a ministra a chamar a si competência direta sobre o instituto, que antes estava delegada na secretária de Estado da Gestão da Saúde.

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Coimas aplicadas pela Concorrência quase duplicam e atingem 67 milhões em 2024

  • Lusa
  • 27 Fevereiro 2025

Entre os cerca de 67,2 milhões de euros de coimas aplicadas em 2024, a maior fatia diz respeito a uma de cerca de 29,25 milhões dirigida a uma consultora tecnológica por restrição de vendas.

A Autoridade da Concorrência (AdC) aplicou sete decisões condenatórias em 2024, num montante global de cerca de 67,2 milhões de euros, isto é, quase duplicando o valor registado em 2023, segundo os dados enviados à Lusa.

Questionada pela Lusa, o regulador, liderado por Nuno Cunha Rodrigues, que completa dois anos de mandato em 13 de março, indicou que este montante representa quase o dobro do valor registado no período homólogo, quando foram aplicadas coimas no valor de cerca de 35 milhões de euros, em oito decisões condenatórias.

Ainda assim, o valor fica aquém dos 487,6 milhões de euros alcançados em 2022, que decorreram de 11 decisões de condenação por práticas restritivas da concorrência, que visaram vários setores como a distribuição, o futebol profissional ou a saúde. Entre os cerca de 67,2 milhões de euros de coimas aplicadas em 2024, a maior fatia diz respeito a uma de cerca de 29,25 milhões dirigida a uma consultora tecnológica por restrição de vendas e repartição de clientes.

Segue-se uma outra coima aplicada a cinco laboratórios e a uma associação empresarial por participação em cartel de análises clínicas e testes covid. A coima foi inicialmente comunicada como ascendendo a um total de 48,6 milhões de euros, mas, fonte oficial da AdC explica à Lusa, que houve uma dispensa de coima a uma empresa, no âmbito do programa de clemência, pelo que o total ficou em 22,5 milhões de euros.

Em 2024, o regulador recebeu quatro pedidos de clemência, bem como avançou com três notas de licitude – notas de acusação que ainda não estão concluídas – e houve cinco aberturas de investigação e quatro diligências de buscas e apreensão, segundo o balanço enviado à Lusa.

No ano passado, houve ainda 93 decisões finais sobre operações de concentração, um novo recorde, e mais 11 face às 82 registadas no ano anterior (o equivalente a um aumento de 13,4%), assim como nove investigações a eventual gun-jumping e 15 processos de avaliação prévia.

Segundo a AdC, “o conceito de gun-jumping corresponde à violação da obrigação de não implementação de uma operação de concentração — que preencha algum dos critérios de notificação previstos na Lei da Concorrência — antes da adoção de uma decisão de não oposição pela Autoridade. Esta violação pode ocorrer antes ou depois da notificação”.

O prazo médio de análise de operações de concentração não complexas manteve-se relativamente estável: em 2024 foi de 36 dias, enquanto no total de 2023 era de 35 dias.

No plano da justiça, o ano passado ficou marcado pela decisão do Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão, que, em setembro, confirmou as coimas de 225 milhões de euros aplicadas pelo regulador a 11 bancos, decidindo que ficou provado que, entre 2002 e 2013, houve “conluio” entre os bancos quando trocaram informações sobre créditos (spreads e montantes concedidos) e que “alinharam práticas comerciais” falseando a concorrência.

Contudo, no início de fevereiro, o Tribunal da Relação de Lisboa [TRL] considerou que, no limite máximo, a prescrição ocorreu em 11 de fevereiro de 2024. Entretanto, em 21 de fevereiro, a AdC disse que apresentou recurso para o Tribunal Constitucional da decisão do TRL.

Em 2024, o regulador da concorrência fez ainda 23 estudos, recomendações e pareceres abrangendo vários setores, entre os quais consta uma recomendação às condições de embarque e desembarque de passageiros por veículos de transporte de passageiros (TVDE) e táxis nos aeroportos portugueses ou um guia de boas práticas sobre acordos de sustentabilidade.

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Autarca de Évora teme mais atrasos nas obras do novo hospital

  • Lusa
  • 27 Fevereiro 2025

“Há atrasos sobre atrasos, não há respostas às questões que são colocadas e, portanto, a perspetiva é que a obra continua a atrasar-se”, afirmou o autarca.

O presidente da Câmara de Évora, Carlos Pinto de Sá, disse esta quinta-feira temer mais atrasos na construção do novo hospital, por alegada falta de respostas do Governo sobre acessibilidades e infraestruturas e supostas dívidas ao empreiteiro.

“Há atrasos sobre atrasos, não há respostas às questões que são colocadas e, portanto, a perspetiva é que a obra continua a atrasar-se”, afirmou o presidente do município (CDU), em declarações à agência Lusa.

Pinto de Sá revelou que a câmara “está a aguardar há um ano” que seja alterado um protocolo assinado com o anterior governo, que permita à autarquia assumir competências pelas expropriações para as acessibilidades e infraestruturas. Só com este protocolo alterado será possível ao município “avançar com as obras das acessibilidades e da rede de abastecimento de água e saneamento” do Novo Hospital Central do Alentejo (NHCA), salientou, frisando que “os projetos estão prontos”.

Perante a alegada falta de respostas do Governo, o presidente do município indicou que já pediu uma reunião à ministra da Saúde, Ana Paula Martins, para abordar o assunto do novo hospital, sem que tenha obtido, para já, uma resposta. “Há necessidade de falarmos e eu já pedi, ainda antes deste episódio [da demissão do Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde do Alentejo Central], uma reunião à ministra para poder transmitir as nossas preocupações”, adiantou.

O autarca mostrou-se igualmente apreensivo em relação ao suposto litígio entre o empreiteiro da obra no novo hospital, a ACCIONA, e o Estado por alegadas dívidas. “Há um litígio com o empreiteiro, que argumenta que o Estado lhe deve milhões de euros ainda do hospital”, referiu. Segundo Pinto de Sá, a Câmara de Évora teve conhecimento do alegado litígio através de contactos que tem mantido com a ACCIONA.

“Queríamos perceber se eles iriam concorrer aos concursos que a câmara irá lançar, quando tiver o protocolo assinado e a garantia de financiamento para os acessos e para a rede de abastecimento de água e saneamento, e, sem entrar em pormenores, o empreiteiro disse-nos que estava preocupado com as dívidas que o Estado tinha”, acrescentou.

A conclusão das obras do novo hospital já teve várias datas anunciadas, como o final de 2023 ou início de 2024, final de 2024, fevereiro de 2025, no tempo do Governo do PS, e, agora, primeiro semestre de 2026, com o Governo da Aliança Democrática (AD), constituída por PSD e CDS-PP.

Envolvendo um investimento superior a 200 milhões de euros, o hospital deverá ter 360 camas em quartos individuais – podem ser aumentadas até 487 –, 11 blocos operatórios, cinco postos de pré-operatório e 43 postos de recobro, entre outras valências.

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Trump avança com tarifas de 25% ao Canadá e ao México na próxima terça-feira

  • Lusa
  • 27 Fevereiro 2025

Trump disse que drogas ilícitas como o fentanil estão a ser contrabandeadas para os Estados Unidos a "níveis inaceitáveis" e que as taxas de importação obrigam outros países a reprimir o tráfico.

O presidente dos EUA, Donald Trump, disse que vão entrar em vigor tarifas de 25% ao Canadá e ao México a partir de terça-feira, dia 4 de março, além de duplicar a tarifa universal de 10% cobrada à China.

Numa publicação, esta quinta-feira, na Truth Social, Trump disse que drogas ilícitas como o fentanil estão a ser contrabandeadas para os Estados Unidos a “níveis inaceitáveis” e que as taxas de importação obrigam outros países a reprimir o tráfico.

“Não podemos permitir que este flagelo continue a prejudicar os EUA e, por isso, até que pare ou seja seriamente limitado, as tarifas propostas, previstas para entrarem em vigor no dia 04 de março, entrarão, de facto, em vigor, como previsto”, escreveu o Presidente republicano.

A perspetiva de uma escalada dos direitos aduaneiros já lançou a economia mundial em turbulência, com os consumidores a manifestarem receio de que a inflação se agrave e o setor automóvel possa vir a sofrer caso os dois maiores parceiros comerciais dos Estados Unidos, o Canadá e o México, sejam sobrecarregados com impostos.

Esta declaração de Trump vem na sequência do anúncio, na quarta-feira, de tarifas de 25% sobre os produtos europeus. “Tomámos a decisão e anunciá-la-emos em breve: será de 25%”, garantiu Trump, no final da primeira reunião do seu Governo na Casa Branca, acrescentando que a mesma percentagem de tarifas será aplicada aos produtos canadianos e mexicanos, a partir de 02 de abril.

Contudo, o Presidente dos EUA decidiu antecipar a imposição de tarifas ao México e ao Canadá. Em relação aos produtos europeus, a Comissão Europeia já contestou o novo anúncio do Presidente norte-americano, garantindo estar preparada para “reagir de forma firme”, e alertou para o “risco de fragmentação económica global”.

“Em primeiro lugar, registamos e lamentamos a declaração do Presidente [norte-americano, Donald] Trump sobre a intenção de introduzir tarifas contra a União Europeia, mas, nesta fase, não há mais pormenores ou clareza, pelo que, do lado da UE, consideramos esses direitos aduaneiros injustificados e indesejáveis”, afirmou o comissário europeu da Economia, Valdis Dombrovskis, em entrevista à agência Lusa e a outros meios europeus, em Bruxelas.

Em janeiro, a China respondeu às taxas impostas pelo Presidente dos Estados Unidos – 10% sobre as importações de todos os produtos chineses – com uma taxa de 10% a 15% sobre certos produtos dos EUA, além de novos controlos de exportação de minerais essenciais e uma investigação contra o gigante tecnológico norte-americano Google.

A China também protestou contra as últimas taxas dos EUA de 25% sobre importações de aço e alumínio, uma vez que exporta estes materiais para outros países, como o Canadá e o México, que, por sua vez, os vendem aos EUA.

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