Reforma do Estado “pode ser difícil”. Governo lança canal de apoio a funcionários públicos

A fusão de secretarias-gerais e serviços e a extinção de cargos dirigentes pode gerar "desconforto". Por isso, o Executivo decidiu criar um site e um email específicos para apoiar os trabalhadores.

O Governo lançou um canal de apoio ao bem-estar dos funcionários públicos para “minimizar os impactos de natureza pessoal resultantes da restruturação” do Estado, que passa pela fusão de secretarias-gerais e serviços e pela extinção de cargos dirigentes, lê-se na apresentação do novo site Bússola, criado para o efeito. Também foi disponibilizado um email específico ([email protected]) para os trabalhadores colocarem as suas questões e preocupações.

O canal tem estado a ser partilhado nas redes sociais pela Secretaria-Geral da Economia com a seguinte mensagem: “A mudança pode ser difícil e o apoio emocional é essencial. O Canal Apoio ao Bem-Estar oferece um espaço seguro e confidencial para ajudar cada pessoa a lidar com o impacto emocional da mudança”.

E há um vídeo do ministro da Presidência, António Leitão Amaro, a explicar a importância a importância da reforma da Administração Pública.

No âmbito desta reestruturação, secretarias-gerais de oito ministérios serão fundidas numa grande Secretaria-Geral do Governo que irá concentrar Ambiente, Economia, Educação, Finanças, Justiça, Saúde, Trabalho e Presidência do Conselho de Ministros. Mantêm-se autónomas as secretarias-gerais dos Negócios Estrangeiros, da Defesa Nacional e da Administração Interna. Assim, de 11 secretarias-gerais, o Executivo terá apenas quatro.

Por outro lado, os serviços comuns (recursos humanos, gestão patrimonial, gestão documental) serão transferidos para a Entidade de Serviços Partilhados da Administração Pública (ESPAP) e ESTAMO – Participações Imobiliárias.

Entretanto, várias entidades já se mudaram para o edifício Campus XXI, em Lisboa, ainda sede da Caixa Geral de Depósitos: a Secretaria-Geral do Governo, a da Presidência do Conselho de Ministros, que está em processo de extinção e fusão; o Centro de Gestão da Rede Informática do Governo (CEGER), que também será eliminado; e o Centro de Planeamento e Avaliação de Políticas Públicas (PLANAPP).

Até 2026, engrossam esta lista o Centro Jurídico do Estado (CEJURE) e entidade de Serviços Partilhados da Administração Pública, I. P. (ESPAP).

Para além disso, haverá uma redução de 25% dos dirigentes, o que significa menos 79 cargos diretivos. Assim, as atuais 315 funções de topo vão emagrecer para 236. No total, o Governo estima poupar 23 milhões de euros por ano com esta reforma.

O novo canal reconhece que “a reforma da Administração Pública tem evidentes reflexos no quotidiano das pessoas”, por isso, defende que “um suporte de triagem e intervenção especializada possa ser útil e pertinente”.

“Pretende-se, com este canal, ajudar as pessoas envolvidas a lidar com sentimentos associados ao desconforto face à incerteza e à própria mudança. O mesmo é gerido por uma equipa técnica qualificada da Direção-Geral da Administração e do Emprego Público (DGAEP), sendo garantida a confidencialidade das pessoas atendidas”, segundo o texto introdutório do Bússola.

Férias, mudança de serviço, pontos de avaliação. O que vai acontecer?

O portal disponibiliza uma lista de respostas a perguntas frequentes (FAQ) que normalmente são colocadas pelos funcionários públicos. Perante a fusão ou extinção de serviços e a alteração de morada, os trabalhadores podem questionar-se como será feita a transição da avaliação de desempenho, das férias ainda por gozar e da manutenção do seu contrato de trabalho.

Em relação ao sistema integrado de gestão e avaliação do desempenho na Administração Pública (SIADAP), os trabalhadores cuja entidade esteja em processo de fusão não perdem os pontos, que transitam para o novo serviço. “Importa assegurar e manter no âmbito da entidade integradora, e de acordo com os objetivos contratualizados para o biénio 2023/2024, a continuidade da instrução da devida avaliação a trabalhadores da entidade a extinguir por fusão”, de acordo com o explicador.

No caso de funcionários, cuja unidade seja eliminada, mas que estejam em comissão de serviço ou cedência de interesse público numa outra entidade, “os trabalhadores podem efetuar o pedido de relevância de nota anterior (“arrastamento de nota”) junto da entidade a extinguir por fusão onde se encontra, ou na respetiva entidade integradora, caso já tenha sido determinada a sua apresentação e integração”. Ou seja, não há perda de pontos, eles transitam para o novo serviço.

Se o trabalhador estiver a gozar férias à data da transição de entidade, “a esfera de direitos e deveres de um trabalhador transita para a entidade integradora”.

“Assim, o trabalhador deve manter o gozo de férias, legalmente previsto e devidamente marcado e autorizado, sem prejuízo da necessária articulação e informação também a transitar entre a entidade a extinguir por fusão e a entidade integradora”, garante o Governo.

E o que irá acontecer aos secretários-gerais das Secretarias-Gerais em fusão? “Os cargos dirigentes, incluindo os secretários-gerais, cessam as suas funções, de acordo com o faseamento previsto no Decreto-Lei n.º 43-B/2024, de 2 de julho”. No entanto, “mantêm-se em funções até à conclusão dos respetivos processos de fusão ou reestruturação”.

No caso dos dirigentes intermédios das entidades em fusão, também cessam as suas funções de forma automática de acordo com o faseamento previsto no mesmo diploma. Não obstante “mantêm-se em funções até à conclusão dos respetivos processos de fusão ou reestruturação”.

O funcionário público que seja reafeto a outra unidade pode contestar essa decisão. “O trabalhador pode reclamar e contestar nos termos legalmente previstos, perante qualquer decisão que considere atentatória dos seus direitos e deveres, nomeadamente nos termos do Código do Procedimento Administrativo”.

“Após a notificação relativa à publicação da inerente lista nominativa, sem prejuízo de outros meios ao seu dispor, pode o trabalhador, no prazo de 10 dias úteis, efetuar pronúncia escrita, a endossar ao(s) email(s) que para o efeito for assinalado no texto da notificação, assim como no site das entidades a extinguir por fusão”, segundo o novo portal

“Uma reclamação, ou uma manifestação de desacordo, determina uma ponderação dos pressupostos da transição em concreto e uma consequente resposta, que pode alterar a transição inicialmente prevista”, lê-se no mesmo texto.

E o que acontece aos trabalhadores que estão em cedência de interesse público e mudam de entidade? Mantêm-se “as situações de cedência de interesse público, que transitam, para a entidade integradora, sem prejuízo da potencial cessação em caso de regresso, por integração de funções e atribuições, à entidade cedente”.

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Endesa admite “algum atraso” no Pego e espera avançar com investimentos no final do ano

  • Lusa
  • 27 Fevereiro 2025

O projeto da central elétrica do Pego (Abrantes) avança "talvez com algum atraso" em relação ao previsto, afirmou o presidente executivo da Endesa.

A Endesa admitiu esta quinta-feira “algum atraso” no projeto da central do Pego, mas garantiu que mantém todos os compromissos e que espera avançar no final deste ano com os investimentos previstos. O projeto da central elétrica do Pego (Abrantes) avança “talvez com algum atraso” em relação ao previsto, afirmou o presidente executivo da Endesa (CEO), José Bogas, numa conferência de imprensa em Madrid para apresentação dos resultados da empresa em 2024.

José Bogas lembrou que o projeto tem várias partes, que “vão conseguindo as declarações de impacto ambiental”, e afirmou que “avança corretamente”. Os compromissos “vão-se cumprindo”, incluindo os sociais, com a comunidade local, ou a formação de trabalhadores, acrescentou.

Também o diretor financeiro da Endesa (CFO), Marco Palermo, disse que é expectável, “se tudo correr bem”, que ao longo deste ano a empresa consiga todas as autorizações para avançar com os investimentos e que o projeto e as obras de reconversão da central do Pego comecem “a ter visibilidade”. Marco Palermo lembrou que o investimento do Pego está no plano da Endesa para o período de 2025-2027 e por isso o objetivo é que as obras avancem e “tenham visibilidade” no final deste ano.

A Endesa ganhou o concurso de transição justa para a reconversão da Central Termoelétrica do Pego, com um projeto de investimento de cerca de 700 milhões de euros, que combina a hibridização de fontes renováveis (solar fotovoltaica e eólica) e o seu armazenamento, com iniciativas de desenvolvimento social e económico.

Dada a complexidade do projeto, a empresa decidiu dividi-lo em quatro blocos, que estão em diferentes fases de tramitação ambiental, com vista à entrada em funcionamento em 2027, sendo que o primeiro bloco é o de Aranhas, para energia eólica equivalente ao consumo de 350.000 habitações durante um ano.

O projeto da Endesa para a reconversão da central do Pego teve em novembro passado um parecer favorável da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), ainda que com condições. A energética espanhola anunciou hoje lucros de 1.888 milhões de euros no ano passado, um aumento de 154% em relação a 2023.

Num comunicado, a Endesa atribuiu o resultado de 2024 “à normalização dos mercados energéticos da luz e do gás”, após os impactos associados à guerra na Ucrânia e à inflação dos exercícios anteriores, assim como à “ausência de impactos extraordinários”, como tinha acontecido em 2023.

Segundo a informação que enviou à Comissão Nacional do Mercado de Valores (CNMV) de Espanha, a Endesa teve no ano passado um EBITDA (resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de 5.293 milhões de euros, mais 40% do que em 2023. As receitas da elétrica espanhola, detida em 70% pela italiana Enel, alcançaram os 21.307 milhões de euros, menos 16% do que em 2023.

A Endesa superou assim os objetivos que tinha para 2024, que previam lucros de entre 1.600 e 1.700 milhões de euros. A empresa é a maior elétrica espanhola e a segunda na distribuição de gás em Espanha. Em Portugal, a Endesa produz e distribui eletricidade e ganhou o concurso para a reconversão da central do Pego. A Endesa tem ainda em Portugal projetos para geração de energia solar.

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BEI financia projetos de biocombustíveis e hidrogénio da Galp em Sines

  • Lusa
  • 27 Fevereiro 2025

O financiamento é de 430 milhões euros para a unidade de produção de biocombustíveis, desenvolvida em parceria com a japonesa Mitsui, e unidade de produção de hidrogénio renovável.

O Banco Europeu de Investimento (BEI) concedeu à Galp um financiamento de 430 milhões euros, para dois projetos de biocombustíveis e hidrogénios renováveis na Refinaria de Sines. “Ao apoiar a produção de biocombustíveis avançados e hidrogénio renovável, estamos a contribuir para uma Europa mais independente em termos energéticos e alinhada com os objetivos climáticos globais”, referiu esta quinta-feira, em comunicado, o responsável do BEI Jean-Christophe Laloux.

Os dois projetos encontram-se em fase de construção, na Refinaria de Sines, e representam um investimento global de 650 milhões de euros.

A unidade de produção de biocombustíveis, desenvolvida em parceria com a japonesa Mitsui, representa um investimento de 400 milhões, dos quais 250 milhões financiados pelo BEI, e vai transformar óleos vegetais e gorduras residuais em combustível sustentável para aviação (SAF) e em gasóleo renovável de origem biológica (HVO), com características idênticas aos combustíveis de origem fóssil utilizados nos motores de combustão.

Já a unidade de produção de hidrogénio renovável, com um eletrolisador de 100 megawatts (MW) que está também já em construção, será financiada em 180 milhões de euros pelo BEI e, segundo a mesma nota, será uma das maiores da Europa, capaz de produzir até 15.000 toneladas de hidrogénio ‘verde’ por ano.

“Mobilizámos parceiros, investimento privado e financiamento europeu ao serviço de um projeto transformador que concretiza no mundo real as políticas energética e industrial europeias e do país,” afirma Ronald Doesburg, administrador executivo da Galp responsável pela área Industrial.

“Exige-se mais das empresas de energia, mas também de incentivos públicos e apoio governamental se queremos que Portugal mantenha a sua relevância no mundo cada vez mais instável em que vivemos”, conclui. Os projetos beneficiam ainda de apoios do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) num montante de 22,5 milhões de euros.

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Startup Nimble Diagnostics vence a 9.ª edição do Cuatrecasas Acelera

A Nimble Diagnostics é o primeiro dispositivo médico, baseado na interferometria de micro-ondas (MWI), para a monitorização contínua, não invasiva e não ionizante de pacientes com stents implantados.

A Nimble Diagnostics foi a vencedora da 9.ª edição do Cuatrecasas Acelera, um programa de inovação lançado em 2016 para colocar a competência jurídica da Cuatrecasas à disposição das startups com desafios jurídicos relevantes que queiram validar a estratégia jurídica e acelerar o compliance.

“A Nimble Diagnostics foi a vencedora depois de uma jornada em que os responsáveis das seis startups participantes apresentaram os projetos e fizeram uma demonstração das propostas perante um júri especializado composto por alguns dos principais representantes do ecossistema empresarial”, revela o escritório em comunicado.

A Nimble Diagnostics é o primeiro dispositivo médico, baseado na interferometria de micro-ondas (MWI), para a monitorização contínua, não invasiva e não ionizante de pacientes com stents implantados. A tecnologia MWI é capaz de diagnosticar o estado do stent e possíveis problemas, independentemente do tipo e da localização.

O prémio foi recebido por Oriol Iborra, CEO e co-fundador da Nimble Diagnostics, que agradeceu o reconhecimento como a melhor forma de apoiar o projeto: “Estamos muito gratos ao Cuatrecasas Acelera. Ajudou-nos a definir a ronda de investimento em que estamos agora imersos e a estabilizar para preparar o contrato de prestação de serviços com fornecedores e parceiros sociais. Atualmente, estamos a trabalhar na parte da proteção de dados e, graças a este prémio, poderemos avançar nesse sentido.”

O Demo Day, que se realizou em Madrid, marca assim o fim do programa de quatro meses em que a Cuatrecasas prestou apoio jurídico e empresarial e facilitou o acesso a clientes e financiamento a seis projetos nos setores Energy, Fintech, Foodtech, Healthtech, Legaltech e Proptech.

Todos eles conseguiram definir o modelo de negócio e a atividade com todas as garantias legais, com a ajuda de mais de 40 profissionais e de uma equipa de mentores jurídicos composta por advogados da sociedade”, explica a firma.

O júri foi composto pelo presidente executivo da Cuatrecasas Rafael Fontana, pela CIO da Cuatrecasas Francesc Muñoz, pelos sócios da firma Vasco Bivar de Azevedo e Diana Rivera, pelo diretor da Adara Ventures Jorge Barón, e pelo co-fundador da Views e alumni da Cuatrecasas Acelera Pol Fañanás.

Na deliberação do júri pesaram fatores como a proposta de valor de cada projeto, a viabilidade e a escalabilidade do modelo de negócio, a equipa por trás da fundação e desenvolvimento, bem como a evolução de cada projeto ao longo do programa. “A decisão final foi unânime: a Nimble Diagnostics foi reconhecida como a melhor proposta desta edição pela qualidade e projeção do modelo de negócio“, revelam.

O Cuatrecasas Acelera é um programa de inovação aberta do escritório de advogados Cuatrecasas que coloca a experiência jurídica à disposição das startups que queiram validar a estratégia jurídica e acelerar o compliance, com o objetivo de as impulsionar através de um programa de aceleração de quatro meses, proporcionando-lhes apoio jurídico e facilitando as ligações com clientes, fundos e o ecossistema inovador.

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Líder histórico Öcalan anuncia dissolução do PKK na Turquia

  • Lusa
  • 27 Fevereiro 2025

"Todos os grupos devem depor as armas e o PKK deve dissolver-se", defendeu o fundador e líder histórico do PKK numa declaração lida por deputados curdos que o visitaram na prisão.

O fundador e líder histórico do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), Abdullah Öcalan, anunciou esta quinta-feira a dissolução do movimento armado e instou-o a depor as armas.

“Todos os grupos devem depor as armas e o PKK deve dissolver-se”, ordenou Öcalan numa declaração lida por deputados curdos que o visitaram na prisão, ao largo de Istambul.

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Anacom junta-se ao Governo e Proteção de Dados na avaliação à DeepSeek

  • Lusa
  • 27 Fevereiro 2025

A Anacom também está a analisar a aplicação de IA chinesa DeepSeek, à luz dos regulamentos europeus, incluindo a Lei dos Serviços Digitais.

A Anacom está a analisar o modelo de inteligência artificial (IA) chinês DeepSeek à luz dos regulamentos de IA, dos serviços digitais e da lei portuguesa, disse fonte oficial à Lusa.

A Lusa contactou a Anacom no seguimento de vários países terem bloqueado o acesso à chinesa DeepSeek. “A Anacom está a analisar o DeepSeek à luz dos regulamentos IA e serviços digitais da UE [União Europeia] e leis nacionais”, afirmou fonte oficial da entidade reguladora quando questionada sobre o tema.

Para o efeito, “promoveu a realização de uma reunião de alto nível, no passado dia 14 de fevereiro, com outras entidades relevantes, designadamente o CNCS [Centro Nacional de Cibersegurança] e a CNPD [Comissão Nacional de Proteção de Dados]”. De acordo com a mesma fonte, “os trabalhos continuam ao nível técnico”.

A Anacom destaca que “é a entidade a quem cabe, em Portugal, a articulação das autoridades nacionais que protegem direitos fundamentais, para efeitos do artigo 77.º do regulamento da Inteligência Artificial” e “é também a autoridade designada Coordenadora dos Serviços Digitais, com funções de supervisão e de fiscalização dos Serviços Digitais, ao abrigo do Regulamento Serviços Digitais”.

Até ao momento, “a Anacom não recebeu nenhuma reclamação sobre o DeepSeek”, esclarece.

Governo também avalia IA chinesa

O Ministério da Juventude e da Modernização está a avaliar as implicações da utilização da DeepSeek para suportar uma tomada de decisão por parte do Governo, disse na quarta-feira à Lusa fonte oficial.

“Informamos que estão a ser avaliadas as implicações da utilização da ferramenta DeepSeek para suportar uma tomada de decisão por parte do Governo, tal como é aplicável para outras ferramentas”, adiantou fonte do gabinete da ministra Margarida Balseiro Lopes em resposta a questões colocadas pela Lusa.

“Naturalmente que a preocupação do Governo é assegurar que as ferramentas respeitam os regulamentos europeus e a legislação nacional”, acrescentou a mesma fonte.

A CNPD também está a investigar a atividade da tecnológica chinesa e quando estiver concluída a investigação serão divulgados os resultados, de acordo com fonte oficial.

“Seja qual for a tecnologia digital, os utilizadores devem ter cuidados no que respeita aos serviços/produtos que usam e/ou subscrevem, nomeadamente procurar saber se os fornecedores são reconhecidos e de confiança no contexto nacional”, disse recentemente à Lusa fonte oficial do CNCS, quando questionada sobre o tema, recordando que a entidade disponibiliza um conjunto de instrumentos sobre cibersegurança.

Relativamente à IA generativa, nomeadamente os LLM (Large Language Models, grandes modelos de linguagem), o CNCS sugere boas práticas como “evitar partilhar dados sensíveis e/ou pessoais na interação com a ferramenta de IA generativa“, “verificar noutras fontes a veracidade da informação disponibilizada pela ferramenta de IA generativa” e “escolher a ferramenta/tipo de subscrição de IA generativa obedecendo a uma análise de custo-benefício e privilegiando serviços com maior transparência”.

Também apela a que não se utilize IA generativa “para fins maliciosos, como a geração de conteúdos enganadores”, adianta fonte oficial.

Países da Europa, Ásia, América e Oceânia decidiram bloquear o uso da DeepSeek aos seus funcionários, depois de esta agitar o mercado com um barato modelo de código aberto, devido a suspeitas sobre questões de segurança, nomeadamente em termos de gestão de informação por parte de Pequim.

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Chinesa Midea conclui compra do negócio de climatização da Arbonia

Em Portugal, o grupo Arbonia tem a Cirelius, que vende painéis solares, radiadores ou bombas de calor a partir de Avintes.

O grupo chinês Midea concluiu a aquisição do negócio de climatização da Arbonia, quase um ano após o anúncio da compra. As empresas uniram-se para expandir na Europa, investir mais em inovação e ter uma oferta de produtos complementares.

Em Portugal, o grupo Arbonia tem a Cirelius, um fornecedor de produtos de climatização que vende painéis solares, radiadores ou bombas de calor, a partir de Avintes, em Vila Nova de Gaia. Foi em 2022 que a suíça Arbonia se lançou para o norte à procura desta oportunidade de integração no país, depois de ter comprado as espanholas Tecna e Cicsa.

Juntamente com a italiana Clivet, que foi adquirida pela Midea em 2016, o grupo empresarial — agora batizado de MBT Climate — pretende formar uma nova e reforçada aliança no setor de AVAC (aquecimento, ventilação e ar condicionado) na Europa.

A Arbonia Climate — divisão de climatização — fazia parte da cotada em bolsa Arbonia AG, com sede na Suíça. Nos centros de competência espalhados pela Europa, fabrica produtos e sistemas de aquecimento e arrefecimento, armazenamento de energia, ventilação e tratamento de ar. A divisão inclui as marcas de sistemas Kermi, Prolux, Sabiana e Vasco, bem como as insígnias mais específicas Arbonia, Britec, Brugman, Cicsa, PZP, Solius, Superia, Tecna e Termovent.

As mudanças na gestão da MBT Climate, com efeitos imediatos, são as seguintes: Stefano Bellò para o cargo de presidente, Alexander Kaiss fica como vice-presidente sénior e Kobe Peng assume a vice-presidência. “O Midea continuará a investir nas instalações, nos funcionários e nos departamentos de investigação e desenvolvimento da Clivet e da Arbonia Climate. Estamos a planear um futuro a longo prazo e de sucesso em conjunto”, garantem os investidores de Foshan, na província de Guangdong.

A portuguesa Cirelius foi comprada pela Arbonia à Proinvest e Casaplus – Sistemas de Energia, em dezembro de 2022. A transação foi assessorada pela sociedade de advogados Telles, através de uma equipa liderada por Francisco Espregueira Mendes e composta também por Nuno Marques, Maria Miguel Cameira e Flávia Sampaio.

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Ministra da Saúde sob pressão promete analisar relatório sobre INEM

  • Lusa e ECO
  • 27 Fevereiro 2025

Ana Paula Martins "agirá em conformidade com as recomendações feitas pela IGAS", que responsabiliza a tutela pelas dificuldades sentidas pelo INEM durante uma greve no ano passado.

A ministra da Saúde vai analisar o relatório da inspeção-geral que responsabiliza a tutela pelas dificuldades sentidas no Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), no ano passado, devido às greves dos técnicos da instituição. Numa nota divulgada esta quinta-feira, o Ministério da Saúde salienta que Ana Paula Martins “agirá em conformidade com as recomendações feitas pela IGAS [Inspeção Geral das Atividades em Saúde]”.

“A ministra da Saúde está a analisar e terá em consideração as dificuldades relativas às duas greves que são referidas no relatório. Este relatório, ainda em fase preliminar, refere designadamente a existência de constrangimentos no que respeita ao circuito dos pré-avisos de greve, nomeadamente entre os sindicatos, INEM e Secretaria-Geral do Ministério da Saúde”, lê-se.

Em 12 novembro, a governante garantiu que iria assumir a responsabilidade pelas consequências dos atrasos no atendimento de chamadas do INEM: “Não tenham dúvidas de que, enquanto ministra da Saúde, assumo total responsabilidade pelo que correu menos bem e comprometo-me, em nome do Governo, a executar as medidas necessários para a refundação do INEM”, disse então Ana Paula Martins, no Parlamento, no âmbito da discussão na especialidade do Orçamento do Estado para 2025.

A inspeção que analisou o impacto da greve dos técnicos de emergência no ano passado concluiu que o INEM ficou impedido de definir os serviços mínimos por não ter recebido atempadamente do Ministério da Saúde os pré-avisos dos sindicatos.

Segundo o relatório preliminar da IGAS, divulgado na quarta-feira, o INEM “não recebeu atempadamente a comunicação de pré-avisos das greves gerais convocadas para os dias 31 de outubro e 4 de novembro”.

Nesse sentido, “não tendo conhecimento dos detalhes neles constantes quanto ao tipo e duração das greves, bem como dos serviços mínimos propostos, ficou inviabilizada a possibilidade de eventual contestação dos serviços mínimos tendente à sua negociação”.

Esse pedido de negociação por parte do INEM “apenas poderia ter sido feito nas primeiras 24 horas seguintes à respetiva emissão de cada pré-aviso”, segundo a IGAS.

Ao INEM só chegou o pré-aviso da greve às horas extraordinárias convocada pelo Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH). Já os pré-avisos das greves da função pública para o dia 31 de outubro e dia 4 de novembro “não foram comunicados diretamente ao INEM, mas sim à Secretaria-Geral do Ministério da Saúde (SGMS) e aos gabinetes dos membros do governo (que, no caso da saúde, os remeteram à SGMS no dia 24 de outubro)”.

PS pede intervenção de Marcelo, IL exige demissão

O relatório deixou a ministra da Saúde debaixo de fogo. Na quarta-feira, o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, defendeu que as conclusões reforçam a suspeita de “responsabilidades políticas” do ministério: “O relatório preliminar da IGAS vem reforçar a suspeita de responsabilidades políticas do ministério da Saúde na falha de informação ao INEM”, escreveu o líder da oposição na rede social X.

Já esta quinta-feira, Pedro Nuno Santos voltou à carga numa conferência de imprensa na sede nacional do PS, em Lisboa: “Uma morte é demais. Onze mortes é uma dor que não pode passar em vão. Nós não sabemos se era possível ter evitado as 11 mortes. O que sabemos é que um político, um governante, deve fazer tudo o que está ao seu alcance para evitar mortes.”

Pedro Nuno Santos apelou ainda à intervenção de Marcelo Rebelo de Sousa: “O senhor Presidente da República, durante grande parte dos seus mandatos, foi sempre, e bem, muito exigente com os ministros dos governos do PS. Esta é uma situação de tal forma grave que não se compreenderá o silêncio também do senhor Presidente da República sobre este tema”, disse, em declarações citadas pelo Expresso.

Quem também falou do tema foi o líder da Iniciativa Liberal. Rui Rocha pediu mesmo a demissão da ministra da Saúde, que entende estar fragilizada “há muito tempo”, e não exclusivamente devido a este caso. “Temos de ter uma ministra da Saúde que tenha respostas e soluções e nada disto tem acontecido”, afirmou, citado pelo Público.

(Notícia atualizada às 14h12 com mais informação)

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Mota-Engil quer novo concurso para segundo troço do TGV com preço mais alto ou menos obra

A construtora não vai contestar o "chumbo" do júri à sua proposta para o segundo troço da linha Porto-Lisboa e pretende que seja lançado um novo concurso.

Tudo indica que a Infraestruturas de Portugal terá mesmo de avançar com um novo concurso público para a construção do segundo troço da linha de alta velocidade Porto – Lisboa. O júri excluiu a proposta do único concorrente, a do consórcio liderado pela Mota-Engil, que não vai contestar a decisão. A construtora pretende o relançamento do processo. O CEO, Carlos Mota Santos, afirma ao ECO que ou o preço sobe ou a exigência da obra tem de ser reduzida.

O júri chumbou a proposta do consórcio Lusolav para o troço entre Oiã e Soure, por não corresponder inteiramente à solução técnica do caderno de encargos, apesar de encaixar no valor base previsto, de 1.604 milhões de euros. O agrupamento de sete construtoras portuguesas tinha dez dias para responder ao júri em sede de audiência prévia, mas não o vai fazer.

Não vamos contestar. No segundo troço o nosso objetivo foi provar a nossa capacidade de apresentar uma proposta otimizada que se encaixasse dentro do valor base”, afirma Carlos Mota Santos em entrevista ao ECO.

Não temos nenhum objetivo de contestar a decisão do júri, porque o nosso grande objetivo é que haja um novo concurso, necessariamente em condições distintas deste, de forma a que esse concurso saia o mais rapidamente possível para que o consórcio se possa posicionar e apresentar a proposta mais competitiva.

Carlos Mota Santos

CEO da Mota-Engil

“Não temos nenhum objetivo de contestar a decisão do júri, porque o nosso grande objetivo é que haja um novo concurso, necessariamente em condições distintas deste, de forma a que esse concurso saia o mais rapidamente possível para que o consórcio se possa posicionar e apresentar a proposta mais competitiva”, acrescenta o CEO da Mota-Engil.

Que condições distintas? Ou muda o preço ou o objeto do concurso, diz Carlos Mota Santos. “Se for a mesma solução base tem de aumentar o preço. Se não aumentar o preço, tem de ser uma solução base diferente”, refere. Outra possibilidade é uma combinação das duas alternativas.

Caso não seja alterado, o concurso para a segunda Parceria Público-Privada da linha Porto-Lisboa arrisca-se a ficar deserto. Era esperado que os consórcios espanhóis — Acciona, FCC e Ferrovial, e Sacyr com as portuguesas DST e ACA — avançassem com propostas, mas acabaram por não o fazer devido ao baixo preço. “Se for a mesma solução base, com o mesmo preço, vai ter o mesmo resultado”, alerta o presidente executivo da Mota-Engil. Ainda assim, garante que “o consórcio Lusolav vai estar presente em todos os concursos com o objetivo de ser o mais competitivo possível”.

O novo concurso deverá ser lançado ainda durante o primeiro semestre, tendo em conta que o trabalho mais pesado de preparação já foi realizado para o primeiro. O calendário da Infraestruturas de Portugal prevê a entrada em vigor do contrato em janeiro de 2026 e a conclusão das obras no final de 2030.

A IP aponta para janeiro de 2026 o lançamento do concurso público para a terceira e última PPP, para a construção e desenvolvimento do troço entre Soure e Carregado. Inclui a a construção de uma nova estação em Leiria e a transformação do bairro da zona da estação atual.

Quando estiver concluída, em 2032, a linha ferroviária de Alta Velocidade vai permitir viajar entre o Porto e Lisboa em 1h15, menos de metade das atuais 2h49. O custo total estimado é de 5.600 milhões de euros.

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Prejuízos atiram EDP Renováveis para mínimos de seis anos e eliminam 1,5 mil milhões em valor de mercado

As ações já chegaram a tombar perto de 16%, depois de a empresa de renováveis ter divulgado prejuízos de mais de 500 milhões de euros e que vai cortar 22% ao investimento em 2025 e 2026.

As ações da EDP Renováveis estão a negociar sob forte pressão no mercado acionista, com a empresa de renováveis a tombar mais de 15% para o valor mais baixo em seis anos, depois de ter reportado um prejuízo de 556 milhões de euros em 2024. As ações já chegaram a negociar mesmo abaixo dos oito euros por ação, levando a empresa a perder mais de 1,5 mil milhões de euros em valor de mercado.

Por volta das 13h45, a EDP Renováveis segue a descer 8,26%, para 8,665 euros. Contudo, a meio da manhã, os títulos já estiveram a afundar perto de 16%, tocando num mínimo de 7,97 euros, a cotação mais baixa em seis anos, levando a capitalização bolsista da empresa a encolher 1.533,8 milhões de euros face à última sessão.

A sessão está a ser marcada por um forte volume de negociação, com quase 4,5 milhões de títulos transacionados. Com a desvalorização registada pela empresa esta quinta-feira, os títulos acumulam uma queda de quase 14% no ano.

Numa reação a este desempenho bolsista, Miguel Stilwell disse esta quinta-feira tratar-se de uma “reação exagerada” do mercado: “Sinceramente, não consigo entender porque é que está a haver uma reação tão negativa.”

A castigar a empresa estão os números apresentados na quarta-feira, que levaram o CEO, Miguel Stilwell, a reconhecer que o ano “não foi ótimo” para a empresa, justificando a quebra com as imparidades que decidiu constituir em relação a projetos de eólico offshore nos Estados Unidos, face à incerteza criada pelas políticas de Donald Trump, e também com a decisão de não avançar com dois projetos na Colômbia.

Os resultados reportados pela empresa falharam por completo as previsões dos analistas. Os analistas antecipavam lucros de 188,5 milhões de euros, de acordo com a Reuters. Mas a empresa passou de lucros de 309 milhões de euros em 2023 para prejuízos de 556 milhões em 2024.

Enquanto isso, a “casa mãe” EDP, que também apresentou resultados na quarta-feira, informou que vai moderar o ritmo do investimento até 2026. A elétrica, que tem o mesmo CEO, põe um teto de 4,4 mil milhões de euros anuais nos volumes de investimento, 22% abaixo daquilo que estimava em maio do ano passado, quando colocou a fasquia nos 5,7 mil milhões de euros.

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Governo garante que apoio à bilha de gás continua em vigor e já pagou dois milhões às famílias

Há freguesias a adiantar os dez euros por botija de gás sem garantia de que o dinheiro será devolvido. A tutela diz que as 1.758 aderentes "encontram-se ativamente a apoiar" os beneficiários.

O Governo garantiu esta quinta-feira que o programa Bilha Solidária, que dá dez euros às famílias mais pobres para comprarem bilhas de gás, já atribuiu cerca de dois milhões de euros aos beneficiários desde a sua criação até janeiro de 2025, através de financiamento do Fundo Ambiental, e que se mantém em vigor.

O esclarecimento do Ministério do Ambiente e Energia surge após a notícia de que há juntas de freguesia que estão a adiantar os dez euros por botija de gás sem garantia de o dinheiro ser devolvido, porque o programa estará suspenso desde o início deste ano, segundo o Jornal de Notícias.

Há cerca de um ano que o Fundo Ambiental está autorizado a assumir encargos, no valor de 3,5 milhões de euros, com este programa de auxílio à aquisição de gás de petróleo liquefeito em garrafa (GPL), que abrange os beneficiários da tarifa social de eletricidade ou de prestações sociais mínimas.

Entre 2022 (ano em quando foi criado) e 6 de janeiro de 2025, foram pagos a mais de 215 mil beneficiários um valor acumulado de 2.153.280 euros, segundo o Governo.

A gestão da iniciativa está a cargo da ANAFRE – Associação Nacional de Freguesias, que faz a articulação com as freguesias o apoio de dez euros por garrafa de gás. Segundo o Ministério do Ambiente e Energia, as 1.758 freguesias aderentes em Portugal continental “encontram-se ativamente a apoiar” as pessoas que solicitam esta verba.

“Um dos principais objetivos do Ministério do Ambiente e Energia é garantir o acesso à energia a preços acessíveis, especialmente para as comunidades social e economicamente mais vulneráveis”, reitera o gabinete de Maria da Graça Carvalho, que aprovou um reforço de 2,5 milhões de euros do orçamento para o Bilha Solidária.

A recente criação da Agência Para o Clima vem reforçar o compromisso do Governo na aceleração e otimização de programas como o Bilha Solidária, promovendo uma resposta mais eficaz às necessidades das populações e assegurando a implementação de políticas sustentáveis de combate à pobreza energética”, conclui o Executivo, esclarecendo ainda que a tarifa social do gás já incorpora um desconto de 31,2%.

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Queda de 13% das ações da EDP Renováveis é “reação exagerada” dos mercados, diz CEO

"Sinceramente, não consigo entender porque é que está a haver uma reação tão negativa", reage Miguel Stilwell.

O CEO da EDP Renováveis, Miguel Stilwell, considera que o comportamento da ação da empresa nesta sessão — uma quebra em bolsa que já supera os 10% — é uma “reação exagerada” do mercado aos resultados conhecidos na tarde desta quarta-feira.

“Sinceramente, não consigo entender porque é que está a haver uma reação tão negativa”, disse Stilwell aos analistas, numa chamada telefónica no rescaldo da apresentação de resultados da EDP Renováveis, que passou de lucros de 309 milhões de euros em 2023 para prejuízos de 556 milhões em 2024.

Para o gestor, a reação pode estar relacionada com alguma falta de clareza no que respeita às perspetivas para a cotada, mas assegura que a intenção era “ser conservador” na informação partilhada e dar dados mais sólidos ao longo do ano.

Seja como for, “o mercado teve uma reação exagerada” face aos resultados de 2024 da EDP Renováveis: “Não vemos nenhuma justificação fundamental para o que vimos esta manhã”, afere o gestor, que também é líder do grupo EDP.

A ação da EDP Renováveis está a cair 10,02%, para 8,49 euros, mas já esteve a deslizar mais de 13% no início da manhã. A “casa-mãe” está a cair 3,66%, para 3,08 euros.

O CEO aproveitou a ocasião para avançar números mais concretos das perspetivas para 2026. A EDP Renováveis deverá contribuir com 2,1 a 2,2 mil milhões de euros para o EBITDA da EDP neste ano (excluindo os projetos de eólico offshore), que, por sua vez, se deverá situar em torno dos cinco mil milhões de euros. Para isto contribui também o negócio das redes na Península Ibérica, com até mil milhões de euros, e o negócio de redes no Brasil, que acrescenta 200 milhões ao bolo total.

No que diz respeito aos resultados que a EDP apresentou relativos ao ano de 2024, nomeadamente uma quebra de 16%, para 801 milhões de euros, Miguel Stilwell descreve-os como “inegavelmente bons resultados”.

EDP Renováveis desliza na bolsa:

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