Ações de formação do IEFP chegam a 620 mil pessoas

Cerca de 620 mil pessoas foram abrangidas por ações de formação promovidas pelo IEFP no último ano. É o equivalente a um salto de 24% face ao ano anterior.

Mais de 620 mil pessoas beneficiaram de ações de formação promovidas pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), no último ano. O balanço é feito num novo relatório do Centro de Relações Laborais, que foi apresentado esta terça-feira no Ministério do Trabalho.

“Em 2024, as ações de formação promovidas pelo IEFP abrangeram 620,1 mil pessoas”, explicam os autores desse novo estudo. Em comparação, em 2023, tinham sido 500,8 mil os beneficiários de ações formativas, o que significa que no último ano houve um salto de quase 24%.

Ora, das tais 620,1 mil pessoas abrangidas em 2024, mais de metade (343,6 mil indivíduos) foi abrangida por ações de formação contínua.

Já entre os demais, 9,5% fizeram formação inicial (58,8 mil pessoas), 4,8% formação para a inclusão (29,6 mil pessoas) e 27,8% outras medidas de formação, como o cheque-formação e a formação de formadores (172,4 mil pessoas).

Somam-se ainda 15,6 mil pessoas (2,5% do total) que foram cobertas por outras atividades dos centos de gestão participada, destaca o Centro de Relações Laborais.

Em 2024, os abrangidos pelas medidas de apoio ao emprego promovidas pelo IEFP foram cerca de 77,3 mil.

Relatório sobre emprego e formação

Por outro lado, o relatório apresentado esta tarde assinala que, no último ano, 77,3 mil pessoas foram abrangidas por medidas de apoio ao emprego promovidas pelo IEFP.

Destes, 31,3% (cerca de 24 mil pessoas) beneficiaram da medida ‘Trabalho Socialmente Necessário’, que prevê a integração de desempregados em atividades que satisfaçam necessidades sociais ou coletivas temporárias (promovidas por entidades públicas ou privadas sem fins lucrativos).

Outras 26 mil pessoas (34,4%) beneficiaram das medidas de inserção profissional, enquanto cerca de 20 mil (26,3%) foram abrangidas por apoios à contratação. Por fim, cerca de duas mil pessoas beneficiaram (2,5%) de apoios à criação de emprego e empresas.

Emprego desacelera. Lay-off agrava-se

Num ano ainda marcado pela incerteza associada aos conflitos internacionais, mas também pelos ciclos eleitorais que “provocaram mudanças em vários países europeus” e nos Estados Unidos, o mercado de trabalho português registou uma desaceleração do ritmo de crescimento do emprego total (1,3% contra 1,9% em 2023).

O Centro de Relações Laborais detalha que, das pessoas empregas, a maioria (72,3% ou quase 3,7 milhões de indivíduos) trabalhava na área dos serviços. Já a indústria, construção, energia e água empregavam quase 1,3 milhões de pessoas (24,7% do emprego total). Por outro lado, na agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca estavam empregadas 133,6 mil pessoas (2,6% do total).

“Em Portugal, em 2024, das 4,3 milhões pessoas que trabalhavam por conta de outrem, 84,1% tinham contratos sem termo, tendo o seu número crescido em cerca de 97,9 mil, relativamente a 2023. Já os trabalhadores por conta de outrem com contratos a termo representavam 13%, tendo decrescido, face ao ano anterior, cerca de 53,4 mil pessoas”, observam ainda os autores do novo relatório.

Em Portugal, em 2024, das 4,3 milhões pessoas que trabalhavam por conta de outrem, 84,1% tinham contratos sem termo, tendo o seu número crescido em cerca de 97,9 mil, relativamente a 2023.

Relatório sobre emprego e formação

Quanto ao desemprego, 2024 foi sinónimo de estabilidade. A taxa manteve-se em 6,5%, “mas distanciou-se do valor médio da União Europeia, que diminuiu de 6,1% para 5,9%”.

Além disso, o Centro de Relações Laborais realça que o número de empresas a recorrer ao lay-off disparou 22,1% para 1.356 empregadores. Assim, “em 2024, manteve-se a tendência de acréscimo de 2023, ano em que se registou uma subida expressiva no número de entidades nesta situação”, sublinham os autores.

O lay-off é um regime que permite às empresas em crise suspenderem os contratos de trabalho ou reduzirem os horários de trabalho, com os respetivos cortes salariais. Recebem, em paralelo, um apoio da Segurança Social para suportar os vencimentos.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

“Habituemo-nos a cumprir prazos e orçamentos”, avisa ministro ao assinar contrato de concessão do TGV

Ministro das Infraestruturas reconheceu o esforço das empresas portuguesas que venceram o 1.º troço da Alta Velocidade, lamentando a "atitude miserabilista perante o talento nacional".

Miguel Pinto Luz, ministro das Infraestruturas, na cerimónia de assinatura do contrato de concessão da linha ferroviária de Alta Velocidade entre Porto e OiãHugo Amaral/ECO 29 julho, 2025

O ministro das Infraestruturas e Habitação destacou esta terça-feira o “momento histórico para o futuro de Portugal”, com a assinatura do contrato de concessão da Linha Ferroviária de Alta Velocidade entre Porto (Campanhã) e Oiã, entre a Infraestruturas de Portugal (IP) e o consórcio LusoLav, liderado pela Mota-Engil.

Durante o evento, realizado em Almada, Miguel Pinto Luz destacou a importância deste projeto para tornar Portugal um país “infraestruturado”, capaz de atrair investimento e criar riqueza. Mas deixou um recado: “Agora vamos lá não falhar os prazos”.

O governante começou por agradecer “a confiança que os portugueses depositaram no anterior Governo e que depositam agora neste”, que diz ser “absolutamente essencial para a persecução destes grandes projetos”. Num discurso em que reiterou por diversas vezes a necessidade de ter um “país infraestruturado”, deixou outro aviso: “Habituemo-nos a cumprir prazos, a cumprir orçamentos, a cumprir Portugal e as promessas que fazemos aos portugueses”.

Dirigindo-se às empresas portuguesas que venceram o consórcio, Miguel Pinto Luz reconheceu que “agregaram valor, talento e conhecimento”. “Mas não foi um caminho fácil – e eu sou testemunha disso”, completou. “Podia ser [um caminho] mais fácil. Se o país estivesse mais bem preparado nas suas diferentes dimensões, o vosso caminho poderia ser mais fácil”, atirou.

“Acredito que a partir de agora possamos criar esta fileira e deixarmos de ter quase uma atitude miserabilista perante o nosso talento nacional“, destacou o governante, referindo que o Governo liderado por Luís Montenegro está disponível para trabalhar com as empresas portuguesas neste propósito.

Sobre o projeto de Alta Velocidade, o ministro realçou que este é um investimento consensual entre a população, mas salientou que esse consenso tem de ser regado. “Por isso, esse consenso tem de permanecer por gerações para concretizarmos este sonho de termos um país mais próximo, coeso, capaz de implementar o crescimento económico essencial para a persecução do tal Estado Social que garanta a todos igualdade de oportunidades e mobilidade social”.

“Para alimentarmos o tal Estado Social, precisamos de ter um país infraestruturado”, notou ainda, listando uma série de outros investimentos além da ferrovia e que incluem também os portos, a habitação ou a energia.

Sobre a estratégia para os portos, que será apresentada na quarta-feira, Pinto Luz falou numa “aposta esquecida” num “país à beira-mar plantado e em que ninguém fala de portos”, salvaguardando que Portugal quer competir com os maiores portos espanhóis.

“Mas não podemos competir com os maiores portos espanhóis se não tivermos a ferrovia que está a ser desenhada pela IP a alimentá-los”, acrescentou. A isto juntam-se os investimentos aeroportuários, onde se inclui o novo aeroporto de Lisboa. “Não podemos ter um país competitivo do ponto de vista da atração de investimentos, se não tivermos todas essas infraestruturas a funcionarem em uníssono, qual orquestra sinfónica”, defende o ministro.

Em jeito de conclusão, o ministro das Infraestruturas fez uma convocatória à IP para concluir o projeto de Évora-Caia até ao final do ano. Sobre a linha da Beira Alta, que, diz, cumpriu com o prazo da conclusão das obras, estará a operar no final setembro.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

FMI revê em alta crescimento da economia mundial para 3% este ano

O FMI reviu em 0,2 pontos percentuais as previsões de crescimento do PIB global para este ano, mas avisa que esta bonança é frágil e que o terreno continua minado por tensões e muita incerteza.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) elevou as suas previsões de crescimento global para 2025 e 2026, mas alerta para uma economia mundial que mantém uma “resiliência ténue no meio de uma incerteza persistente”, com as tarifas comerciais e as tensões geopolíticas a continuarem a pairar como as principais ameaças no horizonte.

Numa atualização do World Economic Outlook (WEO) divulgada esta terça-feira, os analistas do FMI reviram em 0,2 pontos percentuais as previsões de crescimento mundial para 3% este ano e 3,1% em 2026, valores que ficam ainda assim abaixo dos 3,3% registados em 2024 e da média histórica pré-pandémica de 3,7%.

A melhoria das perspetivas do Fundo face às previsões de abril deve-se, sobretudo, a um ambiente de tarifas mais baixas que o anteriormente antecipado, e condições financeiras de famílias e empresas mais sólidas. Entre as principais razões para a revisão em alta das previsões globais está as “taxas tarifárias efetivas americanas médias terem ficado mais baixas do que as anunciadas em abril”, com a taxa efetiva subjacente às projeções a situar-se nos 17,3%, comparativamente aos 24,4% previstos na previsão de referência de abril.

powered by Advanced iFrame free. Get the Pro version on CodeCanyon.

Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para abrir o gráfico.

Adicionalmente, verificou-se também “uma melhoria das condições financeiras, incluindo devido a um dólar americano mais fraco” de empresas e famílias, bem como uma “expansão fiscal em algumas jurisdições importantes”, destacam os analistas do FMI na nova edição do WEO. O documento refere ainda que “o front-loading mais forte do que esperado em antecipação de tarifas mais elevadas” contribuiu decisivamente para esta revisão.

O FMI, liderado por Kristalina Georgieva desde 2019, explica ainda que “com estas forças em vigor, a economia global continuou a manter-se estável, mas a composição da atividade aponta para distorções das tarifas, em vez de robustez subjacente”.

Zona Euro beneficia do “efeito Irlanda”

Uma das regiões do globo mais “beneficiadas” pela revisão em alta das previsões do FMI é a Zona Euro, com os analistas do Fundo a reverem em 0,2 pontos percentuais a previsão de crescimento do PIB para 1% em 2025, mantendo inalterada a previsão de crescimento de 1,2% para o próximo ano.

Contudo, a ‘boa notícia’ para a área do euro tem uma explicação muito específica. “Esta é uma revisão é largamente impulsionada pelo forte resultado do PIB na Irlanda no primeiro trimestre do ano, embora a Irlanda represente menos de 5% do PIB da Zona Euro”, esclarecem os analistas.

A nova edição do WEO detalha que “a revisão em alta para 2025 reflete um aumento historicamente grande nas exportações farmacêuticas irlandesas para os EUA resultante do front-loading e da abertura de novas instalações de produção. Sem a Irlanda, a revisão [para a Zona Euro] seria apenas de 0,1 pontos percentuais”. Esta situação ilustra como as distorções comerciais provocadas pelas tensões tarifárias estão a afetar de forma desigual as diferentes economias europeias.

Paradoxalmente, apesar de os EUA terem registado uma contração de 0,5% no primeiro trimestre, marcando inclusive pela primeira contração trimestral em três anos, o FMI reviu em alta o crescimento da economia norte-americana este ano e no próximo. Para este ano, o FMI antecipa um crescimento de 1,9% do PIB (mais 0,1 pontos percentuais que em abril), enquanto para 2026 prevê uma expansão de 2% (mais 0,3 pontos percentuais face às previsões de abril).

O FMI simula que “o crescimento global em 2025 seria aproximadamente 0,2 pontos percentuais mais baixo se o máximo das taxas tarifárias de 2 de abril e as taxas tarifárias nas cartas enviadas até 14 de julho fossem implementadas”.

Esta aparente contradição explica-se pelo facto de “o consumo ter aumentado apenas 0,5%, mas isto veio depois de um crescimento notavelmente rápido de 4% no quarto trimestre de 2024”, enquanto “as importações e o investimento empresarial dispararam – especialmente em equipamento de processamento de informação”, explicam os analistas no relatório.

Mas é a economia chinesa das que mais contribuiu para a revisão global das previsões do FMI, com os analistas a anteciparem agora um crescimento de 4,8% da economia do Meio, 0,8 pontos percentuais acima das previsões de abril. “O crescimento do PIB real da China (no primeiro trimestre), a uma taxa anualizada de 6%, excedeu as expectativas”, refere o documento.

Esta melhoria deveu-se principalmente às exportações, “apoiadas por um renminbi em depreciação que acompanha de perto o dólar e com a diminuição das vendas para os EUA mais do que compensada por vendas fortes para o resto do mundo”.

Inflação em trajetória descendente, mas com riscos divergentes

No plano da evolução dos preços, o FMI mantém uma trajetória descendente semelhante à projetada em abril, com os analistas a vaticinarem uma taxa inflação global em queda para 4,2% em 2025 e 3,6% em 2026. Porém, o panorama esconde “diferenças significativas entre países, com previsões que predizem que a inflação permanecerá acima da meta nos EUA e será mais moderada noutras grandes economias”.

O WEO alerta que “as novas tarifas comerciais, agindo como um choque de oferta, espera-se que se transmitam aos preços aos consumidores americanos gradualmente e atinjam a inflação na segunda metade de 2025”. Por outro lado, “noutros locais, as tarifas constituem um choque de procura negativo, baixando as pressões inflacionárias”.

Além disso, o FMI mantém um tom cauteloso sobre os riscos para a economia global, apesar da revisão em alta das previsões de crescimento. “Os riscos para as perspetivas inclinam-se para o lado negativo, como acontecia no WEO de abril de 2025”, alertam os analistas no documento.

Os analistas do FMI recomendam que “os países reduzam a incerteza induzida por políticas, promovendo estruturas comerciais claras e transparentes”.

Entre os principais riscos identificados está “um ressurgimento das taxas tarifárias efetivas [que] poderia levar a um crescimento mais fraco”. O FMI simula que “o crescimento global em 2025 seria aproximadamente 0,2 pontos percentuais mais baixo se o máximo das taxas tarifárias de 2 de abril e as taxas tarifárias nas cartas enviadas até 14 de julho fossem implementadas”.

Adicionalmente, “uma escalada das tensões geopolíticas, particularmente no Médio Oriente ou na Ucrânia, poderia introduzir novos choques de oferta negativos na economia global”, enquanto “vulnerabilidades fiscais poderiam tornar-se mais salientes, com implicações para os mercados financeiros e repercussões na economia real”.

Face a este cenário, o FMI recomenda que “os países reduzam a incerteza induzida por políticas, promovendo estruturas comerciais claras e transparentes”. O WEO sublinha que “a cooperação pragmática é fundamental nos casos em que algumas regras do sistema comercial internacional, na sua forma atual, podem não estar a funcionar como pretendido”, sublinham os analistas do Fundo.

Na política monetária, o FMI refere que os bancos centrais “devem calibrar cuidadosamente as políticas monetárias às circunstâncias específicas de cada país para manter a estabilidade de preços e financeira no meio de tensões comerciais prolongadas e tarifas em evolução”.

Os analistas do FMI concluem que só elevado “as perspetivas de crescimento a médio prazo” é que será possível “aliviar de forma sustentável os trade-offs macroeconómicos”, defendendo, por isso, reformas estruturais duradouras em áreas como mercados de trabalho, educação, regulamentação e concorrência, para impulsionar a produtividade e o crescimento potencial.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Alta velocidade. Consórcio liderado pela Mota-Engil espera que “contributo português não termine em Oiã”

Líder da Mota-Engil, que lidera o consórcio vencedor do 1.º troço da Alta Velocidade, adiantou que as empresas portuguesas querem dar continuidade ao projeto, mantendo a construção em mãos nacionais.

O consórcio português liderado pela Mota-Engil que ganhou a concessão do 1.º troço da Alta Velocidade, entre Porto e Oiã, quer dar continuidade ao projeto, garantindo que a construção da linha se mantém nas mãos das empresas portuguesas.

Durante a cerimónia de assinatura do contrato de concessão da linha ferroviária entre Porto (Campanhã) e Oiã, o CEO da Mota-Engil, Carlos Mota dos Santos, assegurou que as empresas nacionais vão continuar a apresentar “soluções de engenharia portuguesa para dar continuidade” à construção da Alta Velocidade.

“Conscientes do marco que hoje aqui assinalamos ao celebrar o primeiro contrato de autorização em Portugal, não posso deixar de afirmar que estaremos fortemente empenhados para que o contributo das empresas portuguesas não termine em Oiã“, destacou o porta-voz do consórcio LusoLAV, que é constituído por seis empresas portuguesas.

A falar em representação do consórcio (Mota-Engil, Teixeira Duarte, Alves Ribeiro, Casais, Conduril e Gabriel Couto), Carlos Mota Santos saudou o trabalho desenvolvido pelas empresas portuguesas, que se uniram e investiram, “criando um núcleo de engenharia nacional capaz de apresentar uma proposta competitiva num projeto que [assumiram] desde o início que seria e será desafiante”.

“Se a engenharia portuguesa é reconhecida como sendo de excelência lá fora e até com mais quilómetros de ferrovia realizados nos últimos anos do que os seus concorrentes europeus, porque não colocar esse know-how, essa experiência, ao serviço de Portugal?“, questionou o empresário nortenho.

O Governo português e a IP podem contar com o empenho não só do nosso consórcio, mas seguramente de toda a fileira da engenharia e construção em Portugal, numa capacidade que não se executará no presente contrato.

Carlos Mota Santos

CEO da Mota-Engil

As seis empresas do consórcio uniram-se para “[elevar] a incorporação nacional e criar a oportunidade para engenheiros portugueses desenvolverem obras relevantes no seu próprio país, que assim enriquecem o seu currículo e capacitam as nossas empresas num círculo virtuoso de desenvolvimento da economia nacional”.

“O Governo português e a IP podem contar com o empenho não só do nosso consórcio, mas seguramente de toda a fileira da engenharia e construção em Portugal, numa capacidade que não se executará no presente contrato”, reforçou Carlos Mota Santos.

Assinatura do contrato de concessão da linha ferroviária de Alta Velocidade entre Porto e OiãHugo Amaral/ECO 29 julho, 2025

O empresário disse ainda que as empresas portuguesas seguirão firmes e alicerçadas “no know-how e na competitividade de soluções de engenharia portuguesa para dar continuidade” ao projeto que ambiciona transportar 10 milhões de passageiros por ano entre Lisboa e Porto. E que, completou, “levará mais rapidamente a Vigo e, mais tarde, ao novo aeroporto em Alcochete e a Madrid”.

“Com a visão estratégica de longo prazo e reunidos os consensos políticos, o país pode acelerar o seu desenvolvimento e propor-se a concretizar o enorme potencial que todos lhe reconhecemos ter”, conclui o CEO da Mota-Engil, durante a cerimónia realizada na sede da IP, em Almada.

Carlos Mota Santos, CEO da Mota-Engil, durante a cerimónia de assinatura do contrato de concessão da linha ferroviária de Alta Velocidade entre Porto e OiãHugo Amaral/ECO 29 julho, 2025

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Jornal I passa a revista, que será distribuída com o Nascer do Sol

  • + M e Lusa
  • 29 Julho 2025

O jornal, que passou de diário para semanário em 2023, vai agora ser uma revista que acompanhará o Nascer do Sol. Media Capital está a negociar posição maioritária na dona das duas publicações.

Muito perto de atingir quatro mil edições, o jornal I vai passar ao formato de revista, que será distribuída com o Nascer do Sol. Na edição que chegou esta terça-feira às bancas, a última como jornal, são recordados os 16 anos de história da publicação “através das melhores capas e dos testemunhos dos antigos diretores”.

Com o título “Adeus e Até Já”, na última página do i, o diretor Nuno Tiago Pinto adianta também que “em breve o i – Inevitável – terá um novo destino”. “Será reformulado, terá uma nova vida em formato de revista juntamente com o Nascer do Sol, com novos proprietários e uma nova direção que, tenho a certeza, lhe darão um novo rumo“, prossegue o jornalista no dia em que o I cumpre 3.996 edições.

Nestes “breves quatro meses em que o meu nome esteve no cabeçalho, aprendi a admirar ainda mais o trabalho de todos os que fazem e fizeram: uma equipa incansável, determinada e unida, que vestiu a camisola como em nenhuma redação por onde passei”, remata Nuno Tiago Pinto.

A mudança foi também comunicada num editorial assinado por José Cabrita Saraiva, diretor executivo adjunto do I. “Para quem fez parte da direção ao longo de dez anos e se bateu sempre por fazer chegar às bancas as melhores edições que era possível, o fim do jornal tal como o conhecemos tem um sabor de derrota. É o falhanço de um projeto que envolveu anos de trabalho e de sacrifício de uma equipa excecional, que de forma generosa e abnegada deu o melhor de si em condições muito adversas“, lê-se no texto publicado esta terça-feira.

Um jornal que desaparece é apenas o sintoma de um mundo em que triunfa quem grita mais alto, quem é mais extremado, quem diz a maior enormidade. Um mundo em que o TikTok faz e desfaz celebridades de um minuto para o outro. Um mundo em que triunfam os vídeos curtos, as ‘bocas’ nas redes sociais e as mensagens instantâneas porque já ninguém tem paciência para ler um artigo de jornal do princípio ao fim. Um mundo cheio de luzes de ecrãs e de algazarra, excessivo e frenético. Mas que, sem a garra e a criatividade do i, fica também mais cinzento e aborrecido”, acrescenta o responsável, antes de agradecer à equipa, colaboradores, ex-diretores, ex-jornalistas e aos leitores.

Lançado em maio de 2009, o I manteve-se desde então como um jornal diário, até janeiro de 2023, altura em que passou a semanário.

Capa do jornal I desta terça-feira, a última como jornal.

Recorde-se que a Media Capital, dona da TVI e da CNN Portugal, está a negociar a compra de uma posição maioritária na Newsplex, dona do Sol e do I, segundo um comunicado publicado a 17 de julho no site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

“A Media Capital informa sobre a existência de negociações entre a Media Capital e uma Sociedade de capital de risco com vista à aquisição de uma participação maioritária, pela Media Capital, na sociedade Newsplex, S.A., sociedade com atividade no setor imprensa escrita, sendo titular das publicações Sol e Jornal I”, indica o grupo de Mário Ferreira.

A Newsplex é detida pela Alpac Capital, de Pedro Vargas David e Luís Santos, também donos da Euronews, desde o verão de 2022. Em julho de 2022, quando comprou os dois jornais a Mário Ramires, a Alpac Capital descrevia O Nascer do Sol e o i como “projetos de muita coragem e resilientes, que se afirmaram e consolidaram nos últimos anos como jornais independentes, disruptivos e contra os discursos politicamente corretos”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Tarifas até 15% para medicamentos, compras de 40 mil milhões em chips e dúvidas no aço. Os detalhes do acordo europeu com Trump

Casa Branca e Comissão Europeia divulgaram mais detalhes sobre o acordo comercial. Dos produtos farmacêuticos aos semicondutores, passando pelo aço e alumínio, compreenda o que está em causa.

O acordo comercial entre a União Europeia e os Estados Unidos prevê um teto tarifário único e abrangente de 15% para os bens europeus, incluindo sobre automóveis e peças de automóveis, produtos farmacêuticos e semicondutores. Os detalhes foram avançados quer pela Casa Branca, quer pela Comissão Europeia, com o executivo comunitário a esclarecer também que a compra de energia americana no valor de cerca de 700 mil milhões de euros (750 mil milhões de dólares) diz respeito apenas a gás, petróleo e energia nuclear, já que a esse valor acrescem 40 mil milhões de euros em chips. Contudo, há divergências sobre o aço e alumínio.

Na noite de segunda-feira, a Casa Branca divulgou um fact-check sobre o acordo político alcançado no domingo, no qual indicou que “a União Europeia vai pagar aos Estados Unidos uma tarifa de 15%, incluindo sobre automóveis e peças de automóveis, produtos farmacêuticos e semicondutores”. Na prática, depois, cada empresa terá de avaliar se agrava o preço em 15% ou se incorpora o custo da nova taxa, total ou parcialmente, para manter as vendas nos EUA.

Na informação divulgada esta terça-feira, o executivo comunitário explica que o acordo prevê um teto de 15% para a generalidade dos produtos da União Europeia. “A partir de 1 de agosto, os EUA irão aplicar essa tarifa máxima à grande maioria das exportações da UE. Trata-se de uma tarifa abrangente e representa um teto, incluindo a tarifa de nação mais favorecida (NMF, na sigla em inglês) dos EUA, que anteriormente era acumulada sobre tarifas adicionais introduzidas pelos EUA”, detalha.

Segundo Bruxelas, o teto de 15% aplica-se também a carros e peças automotivas, atualmente sujeitos a uma tarifa de até 25%, enquanto em troca a União Europeia concorda em reduzir a sua taxa de 10% para aplicar isenções a estes bens americanos.

A informação divulgada pela Comissão avança também detalhes sobre os produtos farmacêuticos e os semicondutores, mas Bruxelas e Washington não estão exatamente na mesma página. Enquanto a Casa Branca afirma que irá impor uma tarifa de 15% aos produtos da União Europeia, incluindo “produtos farmacêuticos”, o executivo comunitário ainda fala em “teto máximo”, deixando a porta aberta a que a taxa possa ser mais baixa.

No domingo, o presidente americano afirmou que o acordo não abrangia os produtos farmacêuticos, enquanto a presidente da Comissão Europeia sinalizou que sim. Na altura, Ursula von der Leyen afirmou ainda que o acordo prevê a isenção de tarifas mútuas sobre setores estratégicos, como “certos genéricos” e sobre “equipamentos semicondutores”, mas não especificou quais.

Na explicação divulgada esta terça-feira, o executivo comunitário indica que existirá um “tratamento especial” para produtos estratégicos. Pelo que, a partir de 1 de agosto, as tarifas dos EUA “sobre aeronaves e peças de aeronaves da UE, certos produtos químicos, certos medicamentos genéricos ou recursos naturais irão regressar aos níveis anteriores a janeiro”. Da frase já não constam os “produtos de semicondutores”.

Bruxelas assinala também que “o teto de 15% também se aplicará a quaisquer tarifas futuras potenciais sobre produtos farmacêuticos e semicondutores, incluindo as da Secção 232″, que permite aplicar tarifas por razões de segurança nacional. “Até que os EUA decidam impor tarifas adicionais sobre estes produtos, nos termos da Secção 232, estes continuam sujeitos apenas à tarifa de nação mais favorecida dos EUA”, explica.

No entanto, a maior incongruência chega nas posições sobre o aço e alumínio. Na segunda-feira, o comissário europeu do Comércio, Maroš Šefčovič, salientou que as taxas de 50% sobre o aço e alumínio atualmente em vigor se mantêm, mas o objetivo é reduzir as tarifas neste setor, pelo que irão continuar as negociações sobre o tema. Por seu lado, Washington afirma que “as tarifas setoriais sobre aço, alumínio e cobre irão continuar inalteradas — a UE continuará a pagar 50% e as partes irão discutir a segurança das cadeias de abastecimento para esses produtos”.

Esta terça-feira, Bruxelas voltou a indicar que, em conjunto, a UE e os EUA vão estabelecer para estes produtos “quotas tarifárias para as exportações da União Europeia em níveis históricos, reduzindo as tarifas atuais de 50% e, ao mesmo tempo, garantindo uma concorrência global justa”.

Ademais, o acordo prevê o fim de tarifas da União Europeia atualmente já muito baixas sobre alguns produtos industriais americanos, bem como a abertura “adicional de mercado para produtos de pesca dos EUA, incluindo o “pollock’ do Alasca, o salmão do Pacífico e o camarão, todos sujeitos a quotas tarifárias.

Estabelece ainda um “melhor acesso ao mercado para certas exportações agrícolas não sensíveis dos EUA, no valor de 7,5 mil milhões de euros“. A lista inclui produtos como óleo de soja, grãos ou nozes, bem como alimentos processados, como ketchup, cacau e bolachas.

Compra de 40 mil milhões de euros em chips de IA

A Comissão Europeia detalha que a compra de energia aos Estados Unidos no valor de 700 mil milhões de euros irá abranger gás, petróleo e produtos de energia nuclear nos próximos três anos. A este montante acresce a compra de chips de IA no valor de 40 mil milhões de euros, “essenciais para manter a vantagem tecnológica da UE”.

O executivo comunitário justifica ainda o compromisso de investimento adicional de 550 mil milhões de euros em terras de ‘Uncle Sam’ com a manifestação de interesse de empresas da União Europeia em apostar em diversos setores nos Estados Unidos até 2024, o que irá impulsionar “ainda mais os já significativos 2,4 biliões de euros em investimentos já existentes”.

A Casa Branca avança ainda que os Estados Unidos e a União Europeia se debruçaram sobre “barreiras injustificadas ao comércio digital” e, nesse sentido, Bruxelas “confirmou que não irá adotar, nem manter tarifas de uso de rede“. Além disso, os Estados Unidos e a União Europeia irão manter a isenção de taxas alfandegárias sobre transmissões eletrónicas. O acordo prevê ainda a compra “significativa” pela União Europeia de equipamento militar aos Estados Unidos.

“O acordo político alcançado entre a presidente von der Leyen e o Presidente Trump serve os interesses económicos fundamentais da União Europeia em relações comerciais e de investimento estáveis e previsíveis entre a UE e os EUA. Ao mesmo tempo, respeita plenamente a soberania regulatória da UE e protege áreas sensíveis da agricultura da UE, como a carne bovina ou a avícola“, refere Bruxelas na informação divulgada esta terça-feira.

Bruxelas recorda que o acordo político de 27 de julho de 2025 não é juridicamente vinculativo. “Além de tomar as medidas imediatas prometidas, a UE e os EUA vão continuar a negociar, em conformidade com os seus procedimentos internos relevantes, para implementar integralmente o acordo político”, vinca.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Taxa de juro dos Certificados de Aforro cai para menos de 2% pela primeira vez em quase três anos

A remuneração base dos Certificados de Aforro volta a baixar pelo quinto mês consecutivo. Em agosto, as novas subscrições vão pagar 1,987%. É o valor mais baixo desde setembro de 2022.

A taxa de juro base dos Certificados de Aforro vai descer pelo quinto mês seguido, fixando-se em 1,9871% para as novas subscrições em agosto, segundo cálculos do ECO. Trata-se da primeira vez que a taxa fica abaixo dos 2% da Série F (que começou a ser comercializada em junho de 2023) e a primeira vez que regista um valor abaixo desta linha desde setembro de 2022.

Esta descida representa a continuação de uma tendência que começou em abril, quebrando com o período dourado que os aforradores viveram desde março de 2023, quando os Certificados de Aforro apresentavam sistematicamente a taxa base máxima permitida por lei — que era de 3,5% na Série E e depois 2,5% na Série F, a série atualmente em comercialização.

A deterioração da remuneração destes títulos de dívida do Estado desenhados para o retalho reflete diretamente a queda da taxa Euribor a três meses, que serve de indexante para o cálculo da taxa base dos Certificados de Aforro, que ao longo do mês de julho apresentou em 65% dos dias taxas abaixo dos 2%.

powered by Advanced iFrame free. Get the Pro version on CodeCanyon.

Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para abrir o gráfico.

A taxa de juro dos Certificados de Aforro da Série F é determinada mensalmente no antepenúltimo dia útil do mês, para vigorar durante o mês seguinte, através da média dos valores da Euribor a três meses observados nos dez dias úteis anteriores. O resultado é arredondado à terceira casa decimal e não pode ser superior a 2,5% nem inferior a 0%.

À taxa base soma-se o prémio de permanência, que varia consoante o período de aplicação: 0,25% do segundo ao quinto ano; 0,50% do sexto ao nono ano; 1% no décimo e décimo primeiro ano; 1,50% no décimo segundo e décimo terceiro ano; e 1,75% no décimo quarto e décimo quinto ano.

Apesar da deterioração da remuneração, os Certificados de Aforro continuam a atrair aforradores, embora a um ritmo mais moderado. Em junho, captaram 319 milhões de euros em subscrições líquidas de resgates, o valor mais baixo do ano.

A descida da taxa base dos Certificados de Aforro espelha a trajetória descendente da Euribor a três meses. Esta taxa de referência tem protagonizado uma queda acelerada, passando de valores próximos dos 3,9% em abril do ano passado para os atuais níveis abaixo dos 2%.

Ao longo do mês de julho, em quase dois terços dos dias a Euribor a três meses apresentou taxas abaixo do limiar dos 2%, atingindo o valor mais elevado a 15 de julho (2,046%) e o valor mínimo de 1,937% a 3 de julho – curiosamente valores que não interferiram no cálculo da taxa base dos Certificados de Aforro. Esta descida reflete a política monetária do Banco Central Europeu (BCE), marcada pelos cortes sucessivos das taxas diretoras ao longo do último ano, que teve na semana passada o anúncio de uma pausa deste ciclo.

Apesar da deterioração da remuneração, os Certificados de Aforro continuam a atrair aforradores, embora a um ritmo mais moderado. Em junho, captaram 319 milhões de euros em subscrições líquidas de resgates, o valor mais baixo do ano e o terceiro mês consecutivo de abrandamento. Mesmo assim, o montante total aplicado atingiu um novo recorde de 37,82 mil milhões de euros no final de junho.

A resiliência da procura explica-se, em parte, pela vantagem competitiva que os Certificados de Aforro mantêm face aos depósitos bancários. Os últimos dados do Banco de Portugal referentes a maio, mostram que a taxa de juro média dos novos depósitos a prazo se situa nos 1,49%, ficando abaixo da remuneração oferecida pelos Certificados de Aforro, mesmo com a descida da taxa de juro para os níveis atuais.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

BCE introduz fator climático nos ativos que os bancos podem dar como garantia

Ativos que os bancos dão como garantia junto do banco central em troca de financiamento vão passar a ser avaliados à luz do risco climático. Quanto maior o risco do ativo, menor será o empréstimo.

Os bancos com maior exposição a riscos climáticos vão ter maiores dificuldades em financiar-se junto do Banco Central Europeu (BCE). O conselho do BCE decidiu introduzir o que chama de “fator climático” nas operações de refinanciamento do Eurosistema. Uma medida que poderá reduzir o valor dos ativos dados pelos bancos e, consequentemente, dificultar o acesso aos empréstimos concedidos pelo banco central.

A medida, que será implementada no segundo semestre de 2026, permitirá uma melhor gestão dos riscos financeiros relacionados com a crise climática, argumenta o BCE em comunicado divulgado esta terça-feira.

“O valor das garantias das contrapartes nas operações de refinanciamento do Eurosistema é sensível às incertezas relacionadas com as alterações climáticas. Uma vez que as operações de refinanciamento do Eurosistema constituem um instrumento fundamental para a manutenção da estabilidade de preços, o Conselho do BCE decidiu introduzir um ‘fator climático’ que poderá reduzir o montante atribuído aos ativos elegíveis dados como garantia, dependendo da medida em que um ativo possa ser afetado por estas incertezas”, explica.

Os ativos mais expostos às incertezas relacionadas com os riscos climáticos terão uma redução mais acentuada no seu valor, enquanto aqueles com uma exposição mínima ou nula poderão não ser afetados.

O BCE elencou os três elementos que vão determinar a “pontuação de incerteza” para cada ativo, com base na qual o banco central atribuirá um fator climático para ajustar o valor desse ativo.

Haverá um fator de stress específico do setor, aquilo que o BCE chama de “fator de mercado” uniforme derivado do défice esperado no cenário adverso do teste de stress climático do BCE, e que se aplica a todos os ativos emitidos por empresas dentro de um setor específico.

Será tido ainda em conta a exposição específica do emitente, que representa uma medida de exposição de um emitente a incertezas relacionadas com a transição climática, segundo a metodologia desenvolvida no âmbito do Programa de Compras do Setor Corporativo.

Por fim, a pontuação de incerteza do ativo estará também relacionado com a vulnerabilidade específica desse ativo, consistindo numa avaliação da sensibilidade do preço de mercado do ativo a choques climáticos futuros inesperados.

O BCE assume que o fator climático poderá reduzir a liquidez disponível nas operações de refinanciamento em situações em que recebe como garantia contra empréstimos ativos com elevadas pontuações de incerteza.

Ainda assim, tendo em conta o ambiente de reduzido nível de endividamento e a utilização limitada de obrigações de empresas como colateral, “o efeito do fator climático nas contrapartes deverá ser limitado”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Metade dos incêndios começa durante a noite, avisa Proteção Civil

Proteção civil apela à população para "não usar o fogo" numa altura em que metade dos incêndios começa durante a noite. O fogo em Arouca é o que mais preocupa autoridades com 600 operacionais.

Metade dos 175 incêndios que deflagraram no país entre segunda-feira e as 11h00 desta terça-feira começaram durante a noite, informou o comandante nacional de emergência e proteção civil que apontou mão humana como possível causa. “Não estando ainda determinadas as causas, na nossa perspetiva será fruto do comportamento humano”, afirmou Mário Silvestre, apelando à população: “Não usem o fogo. Temos incêndios onde o uso do fogo por parte da população acabou por nos criar mais problemas“.

Não podemos ter 39 ocorrências durante uma noite. Só entre a meia-noite e as 11h desta terça-feira temos a registar 39 ocorrências e isto contribui para um esforço significativo do dispositivo”, assinalou o comandante nacional de emergência e proteção civil, durante a conferência de imprensa para fazer o ponto de situação dos incêndios que deflagram no país e que mobilizam mais de 2.000 operacionais.

Nos últimos dias foram registadas 175 ocorrências. Até às 12h00 desta terça-feira, o fogo em Arouca é o que mais preocupa as autoridades, estando as ocorrências de Lindoso/Ponte da Barca e de Penamacor “bastante controladas”. Em Penamacor “apenas 30%” do incêndio estava ativo, tendo já ardido 511 hectares.

Não podemos ter 39 ocorrências durante uma noite. Só entre a meia-noite e as 11h temos a registar 39 ocorrências e isto contribui para um esforço significativo do dispositivo.

Mário Silvestre

Comandante nacional de Emergência e Proteção Civil

O fogo em Arouca é o que mais preocupa as autoridades, tendo já estado próximo de habitações, o que obrigou à ativação do Plano Municipal de Emergência, mobilizando cerca de 600 operacionais. “Arouca é o incêndio que nos preocupa mais. Teve três ocorrências consecutivas e a terceira ocorrência com uma velocidade de propagação elevada numa zona de eucaliptal adulto, com vales encaixados”, assinalou o responsável.

“Até ao momento, o município de Cascais e Sintra declararam alerta no âmbito das suas competências próprias dos presidentes de câmara e foram ativados os planos de emergência e proteção civil de Castelo de Paiva, Arouca, Penamacor e Idanha-a-Nova.”

O comandante nacional de Emergência e Proteção Civil deu ainda conta de que a “a capacidade demonstrada tem sido de excelência e as condições meteorológicas extremamente complicadas”. E apelou à população para não usar o fogo e confiar no trabalho dos bombeiros. Aliás, notou, “o único fator que se vai conseguir controlar é o comportamento humano“.

“O incêndio de Lindoso começou no sábado e teve 1.100 metros de velocidade de propagação por hora. Ou seja, numa hora arderam 120 hectares. Até às 08h00 de hoje a área total ardida era de 2.000 hectares. Está estabilizado, mas tem algumas zonas criticas”, detalhou.

Às 9h15 desta terça-feira mais de 1.600 operacionais combatiam cinco incêndios nas regiões Norte e Centro, nos concelhos de Mangualde, Ponte de Lima, Arouca, Penamacor e Ponte da Barca, para os quais foram requisitados meios aéreos, de acordo com a Lusa.

Segundo o comandante Elísio Pereira, da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), os cinco incêndios envolviam ainda 509 meios terrestres.

Estão a ser posicionados meios aéreos reforçados, alguns deles poderão demorar mais um pouco a entrar, por questões de segurança e falta de visibilidade por causa do fumo. Todos estes incêndios estão a ser reforçados com meios aéreos nacionais, tendo em conta as características dos terrenos”, disse a mesma fonte à agência Lusa.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

KPMG adere ao “clube de empresas” da Católica Porto Business School

A Universidade Católica Portuguesa no Porto e a KPMG Portugal assinaram um protocolo geral de cooperação e ainda a adesão da consultora ao clube de empresas da escola.

Vítor Ribeirinho (CEO da KPMG Portugal) e Isabel Braga da Cruz (pró-reitora da Universidade Católica)

A Universidade Católica Portuguesa no Porto e a consultora KPMG Portugal assinaram dois novos acordos de parceria, que representam “um passo significativo no fortalecimento” da relação entre a referida instituição de ensino e o setor empresarial.

“A Universidade Católica Portuguesa no Porto e a KPMG Portugal assinaram um protocolo geral de cooperação, reforçando a ligação entre ambas as entidades. Em paralelo, formalizam a adesão da KPMG ao corporate club da Católica Porto Business School (CPBS) no formato Prestige, através da assinatura de um memorando de entendimento”, anuncia a instituição de ensino em causa, numa nota enviada esta terça-feira às redações.

No que diz respeito à adesão da KMPG ao corporate club, é explicado em comunicado que tal pressupõe a colaboração ativa da consultora com a escola, através da “participação em iniciativas conjuntas, partilha de conhecimento e aproximação aos estudantes“.

“É um orgulho podermos integrar a KPMG no clube de empresas da CPBS, porque reconhecemos na KPMG uma parceira de excelência, com quem partilhamos a ambição de formar profissionais preparados para liderar num mundo global, com responsabilidade e impacto positivo”, salienta o diretor da escola, João Pinto.

Já Vítor Ribeirinho, senior partner e CEO da KPMG Portugal, destaca que “a parceria com a Universidade Católica e, em particular, com a Católica Porto Business School, é uma oportunidade para reforçar o compromisso com a formação de talento e com a construção de pontes entre o mundo académico e o universo empresarial”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Portuense Reckon.ai capta 5,1 milhões para levar retalho inteligente para os EUA

Com cerca de 40 pessoas, a startup do Porto quer reforçar a equipa de desenvolvimento, growth & customer success e operações. O objetivo é chegar a 2026 com cerca de 80 pessoas.

Da esquerda para a direita, Luis Guerra (COO), Paulo Ribeiro (CTO e Co-founder), Ana Pinto (CEO e co-founder) e João Ferreira (CFO) da Reckon.ai.

A Reckon.ai captou 5,1 milhões de euros para alavancar a sua expansão internacional, impulsionando a operação da startup portuense de micro lojas inteligentes nos EUA e estendendo a atividade a novos segmentos de mercado.

“Na Reckon.ai, a nossa missão é redefinir a forma como os consumidores interagem com as compras, tornando-as mais simples, intuitivas e práticas. Este investimento marca um momento decisivo para a empresa por que vai acelerar a expansão global e a inovação contínua da tecnologia. Estamos muito entusiasmados por levar o futuro do retalho a mais locais e setores, capacitando as empresas e surpreendendo os consumidores”, diz Ana Pinto, CEO da Reckon.ai, citada em comunicado.

Com esta ronda — liderada pela Iberis Capital, com a participação da Alea e da Touro — eleva-se para 8,5 milhões o capital já levantado pela startup. Com esta injeção de capital, a Reckon.ai pretende expandir as suas soluções para novos segmentos de mercado, como o farmacêutico, cosmética e eletrónica, e “reforçar a presença em mercados estratégicos europeus e alavancar a atividade nos Estados Unidos”, informa. Atualmente, a startup opera em mais de dez mercados, como Espanha, França, Alemanha, Bélgica, Holanda e Reino.

Com sede no Porto, a startup desenvolveu armários inteligentes que utilizam IA e visão computacional para proporcionar experiências de compra, com check-out autónomo e sem interação humana. Atualmente, a tecnologia da Reckon.ai já é usada por grandes retalhistas, como a Jerónimo Martins (Pingo Doce), a Carrefour, a Sonae (Continente), a IKEA, a Rewe, Lekkerland e a Petit Forestier, entre outras.

O movimento de expansão será acompanhado pelo reforço de equipa. Neste momento, com cerca de 40 pessoas — no início do ano eram 20 — e vão querer reforçar a equipa de desenvolvimento, growth & customer success e operações. O objetivo é chegar a 2026 com cerca de 80 pessoas.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Portugal é o 9º país da UE com combustíveis mais caros. Impostos ditam até mais 21 cêntimos / litro face a Espanha

Olhando ao segundo trimestre do ano, o preço do gasóleo e gasolina em Portugal colocou-se no nono lugar, entre os país com os preços mais caros. Impostos ditam preços acima de Espanha.

Portugal apresentou um preço médio de venda da gasolina e do gasóleo acima da média da União Europeia e também da vizinha Espanha, indica a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos, num boletim relativo aos preços dos combustíveis no segundo trimestre deste ano.

Em ambos os combustíveis, Portugal surge no 9º lugar entre os 27 Estados membros. Figura assim no ‘top 10’ dos mais caros e, em média, os impostos ditam que os combustíveis em Portugal sejam até 21 cêntimos mais caros do que do outro lado da fronteira.

O preço médio de venda (PMV) da gasolina na UE desceu, em média, 6,1 cêntimos por litro (cent/l) entre o primeiro e o segundo trimestre deste ano. Os preços nacionais são mais altos do que a média da UE, ocupando Portugal a nona posição dos países com os preços mais elevados. Em comparação com Espanha e olhando ao preço sem impostos, Portugal praticou um PMV 0,7 cêntimos por litro inferior.

No gasóleo, o PMV na UE diminuiu 9,9 cent/litro do primeiro para o segundo trimestre deste ano. O PMV nacional situou-se acima dos valores médios da UE, atribuindo igualmente a Portugal o nono lugar na lista dos preços mais altos. Sem impostos, o preço médio nacional é 2,1 cent/l inferior ao do país vizinho, ocupando a 11.ª posição dos países com preços mais altos.

no GPL Auto, com e sem impostos, os preços nacionais foram mais baixos do que os praticados em Espanha. Comparado com o valor médio da UE, o PMV nacional foi 6,3 cent/l superior. Contudo, excluindo impostos, os preços nacionais situaram-se 6,4 cent/l abaixo da média europeia.

Fonte: ERSE, com base em dados da Comissão Europeia

Impostos ditam preços acima de Espanha

Os impostos pesam mais em Portugal do que no bloco europeu e em Espanha. Na gasolina, os impostos pesam 56% em Portugal, 55% na UE e 49% em Espanha. No gasóleo, em Portugal têm um peso de 52%, enquanto o bloco europeu fica pelos 50% e Espanha pelos 45%. No GPL para automóveis, o mesmo cenário, mas com diferenças mais pronunciadas: a carga fiscal ocupa uma fatia de 45% em Portugal, 33% na UE e apenas 21% em Espanha.

Na gasolina, “Portugal apresentou uma maior carga fiscal (56%) no contexto da Península Ibérica, razão pela qual o PMV português, com impostos, foi cerca de 21,4 cent/l superior ao de Espanha“, contabiliza a ERSE. Uma afirmação que se repete em relação ao gasóleo: “O peso fiscal em Portugal (52%) foi superior ao espanhol (45%), levando a que o PMV praticado em Portugal fosse 15,1 cent/l superior ao de Espanha“. O GPL Auto é exceção: os preços nacionais, tanto “com” como “sem” impostos, foram mais baixos do que os praticados em Espanha.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.