Quem é e como se financia a associação de consumidores que visa empresas com “ações populares”?

Os rostos e os planos financeiros da Citizens’ Voice, a associação de defesa dos consumidores que já entregou 120 ações coletivas contra várias empresas e que o Pingo Doce tenta travar nos tribunais.

Fundada em 2021, a Citizens’ Voice, associação de defesa dos consumidores, já entregou 120 ações coletivas nos tribunais contra empresas como a Ryanair, Pingo Doce, Vodafone, Fnac, ActivoBank, Portugal Telecom, Luz Saúde, Galp ou BP. Mas, afinal, que organização é esta que está a avançar com vários processos nos tribunais portugueses e que, como o ECO noticiou, levou o Pingo Doce a avançar com uma providência cautelar — obrigou a retirar da Internet publicações em que imputa ao Pingo Doce “crimes pelos quais não tenha sido condenado” — e a avisar que “outras se seguirão”?

Sem fins lucrativos, a Citizens’ Voice surgiu com o propósito de defender os direitos dos consumidores da União Europeia. A associação é presidida por Octávio Viana, que conta com mais de 20 anos de experiência também nos setores da banca, análise financeira, mercado de capitais e coachinge que lidera há quase duas décadas a associação de defesa dos investidores (ATM).

Octávio Viana tem no currículo os cargos de consultor financeiro do BCP, consultor sénior do conselho de administração do Dif Broker, fez parte do comité permanente de Finanças Corporativas (CWG) da Autoridade Europeia dos Valores Mobiliários e dos Mercados (ESMA) e especialista no Financial Services User Group (FSUG). Tem ainda vários artigos publicados sobre mercado de capitais e é o autor do livro “Estudos no Mercado de Capitais”, publicado em 2009.

Numa assembleia geral realizada a 6 de novembro, a Citizens’ Voice, que diz contar atualmente com 18 colaboradores (que são também associados) e mais de 1.500 associados portugueses, mexeu nos órgãos sociais e anunciou “planos de expandir a sua influência na União Europeia, com intenções de liderar conferências internacionais em cidades como Madrid, Barcelona, Roma, Milão e Bruxelas”.

Além de Octávio Viana, na direção desta organização está agora como vice-presidente Sandra Cristina de Faria Ramos (professora universitária de Matemática), que renunciou ao cargo de vogal do conselho fiscal, enquanto Federica Sandri, que é apresentada como “CEO de uma empresa Italiana”, ocupa o cargo de secretária-geral.

Octávio Viana, presidente da Citizens’ Voice

Já a assembleia geral é presidida por Joaquim José Marques Cardoso (juiz desembargador jubilado) e os secretários Rui Madureira Ferrás (advogado) e Cláudia Brito Alves Gil (técnica de contabilidade) O conselho fiscal tem como presidente Rui Alexandre dos Santos Sá Carrilho (revisor oficial de contas) e como vogais Ana Cristina Teixeira Meireles (empresaria da hotelaria) e Paulo Alexandre Marques Pinto (reformado, fundador da ATM e atualmente dedicado à hotelaria, à agricultura e à Alti Wine Exchange, que fundou), que renunciou à vice-presidência e assumiu como vogal do conselho fiscal.

Octávio Viana indica ao ECO que a entidade sediada em Vila Nova de Gaia funciona como “satélite” da associação de defesa dos investidores ATM, fundada em 1998, e que existem duas atividades associativas que requerem fundos. “O funcionamento da associação, que é financiado pelos seus membros, e as ações populares que já requerem um maior investimento — em que é preciso pagar os honorários dos advogados, as taxas de justiça ou as traduções de documentos, ou seja, serviços externos que são necessários pagar”, detalha.

Questionado sobre a forma como essa atividade é financiada, Octávio Viana responde que isso é feito “através de doações ou empréstimos dos membros da associação e de associados; ou por via de financiamento contencioso por terceiros — e existem empresas especializadas que só fazem isso”. “Financiam litígios em várias jurisdições e temos estado a negociar com essas empresas, embora ainda não tenhamos nenhuma ação financiada nestes termos. Andamos a negociar com várias empresas”, acrescenta.

O responsável frisa que essas empresas especializadas em financiar este tipo de ações “demoram muito tempo a decidir, entre seis meses a um ano“. Octávio Viana considera que é “muito tempo”, tendo em conta que precisam desse dinheiro logo que as ações dão entrada nos tribunais. E “existem muitos não querem financiar esse tipo de ações porque pode demorar muito tempo até os processos chegarem ao fim, até uma decisão judicial seja ela qual for”.

Não fazemos isto pelo retorno financeiro, até porque não temos nenhum. Todos nós temos despesas com isto.

Octávio Viana

Presidente da direção da Citizens’ Voice

“Não fazemos isto pelo retorno financeiro, até porque não temos nenhum. Todos nós temos despesas com isto. O que nos motiva é que todos somos consumidores e já nos vimos em situações em que dizemos ‘isto não pode ser assim e alguém tem que fazer alguma coisa’. Em vez de esperar que seja alguém a fazer alguma coisa pelos consumidores, vamos ser nós a fazê-lo“, resume o presidente da Citizens’ Voice, notando que intervêm quando “o public enforcement, as autoridades como a ASAE, por exemplo, não conseguem [resultados] porque estão limitadas ou isso não é suficiente”.

A sentença relativa à providência cautelar do Pingo Doce, assinada a 7 de novembro pela juíza Ana Cristina Guedes da Costa, menciona que são “[desconhecidas] as fontes de financiamento” da Citizens’ Voice e, citando as palavras da própria contabilista na assembleia geral realizada a 9 de junho deste ano, “no ano de 2022 não tinha existido movimentos contabilísticos para além do saldo inicial para a abertura da conta no banco em Bruxelas, na Bélgica”.

Assinala ainda o mesmo documento judicial, consultado pelo ECO, que “até junho de 2023, nenhuma assembleia geral teve lugar para aprovação de contas ou plano de atividades” e que a requerida nesse processo “é uma associação sem receitas e sem ativo, para além de créditos litigiosos emergentes da instauração das ações populares em Tribunal“. Refere ainda que a Citizens’ Voice “pretende exercer a sua atividade mediante o recurso a contratos de financiamento dos custos das ações por terceiros alheios aos litígios” e que tem “interesses económicos na multiplicação de ações judiciais” contra a empresa retalhista do grupo Jerónimo Martins.

Fundo de investimento vai financiar ações populares

Na última assembleia geral, Paulo Pinto, que é agora vogal do conselho fiscal, apresentou a Justice4All, uma nova iniciativa focada no suporte financeiro de ações coletivas em defesa dos consumidores. E explicou a importância do Third Party Litigation Funding para o avanço de “litígios importantes que frequentemente não se desenvolvem devido a limitações de recursos”. Ou, como resumiu ao ECO o responsável máximo, “para que os processos possam ser decididos pelos seus méritos e não por quem tem os ‘bolsos mais fundos'”.

Concebida com um capital social “modesto” de 6.000 euros e com “robustez financeira assegurada por financiamento externo e suprimentos dos sócios”, como se lê na ata da reunião magna, a Justice4All irá “evoluir para um fundo de investimento fechado e, mais tarde, um fundo de investimento aberto”. Permitindo, assim, “a qualquer um, incluindo os consumidores, pequenos investidores, fazerem parte desta revolução e investir em fundos que financiam ações populares na defesa dos consumidores em toda a União Europeia”.

“Estamos aqui para garantir que entidades como a Citizens’ Voice possam empunhar a bandeira da justiça sem que a falta de recursos seja um obstáculo. Lutar em várias ações ao mesmo tempo e assegurar que os interesses dos consumidores sejam sempre a prioridade máxima sem que pressões externas desviem nosso curso. Esta é a essência da nossa missão”, resumiu Paulo Pinto, na assembleia geral.

A Justice4All aspira tornar-se uma referência no mercado, evoluir para um fundo de investimento fechado e, mais tarde, um fundo de investimento aberto. Este último passo permitirá a qualquer um, incluindo os consumidores, pequenos investidores, fazerem parte desta revolução e investir em fundos que financiam ações populares na defesa dos consumidores em toda a União Europeia.

Paulo Alexandre Marques Pinto

Vogal do conselho fiscal da Citizens’ Voice

Nesta última reunião magna foi ainda anunciado o plano de lançar uma campanha de angariação de fundos e uma ação de sensibilização sobre resultados de ações judiciais contra o Pingo Doce, “com o intuito de educar os consumidores sobre os seus direitos e fortalecer a imagem da Citizens’ Voice como defensora dos consumidores”. De acordo com a súmula desse encontro, Viana falou em aumentar o número de juristas a trabalhar na retaguarda para apoiar as ações judiciais da associação e sobre modelos de inteligência artificial que estarão já a ser utilizados na elaboração de algumas peças processuais.

A associação de consumidores que já entregou um total de 120 ações populares. Em declarações ao ECO, Octávio Viana volta a sublinhar que “os custos das ações têm sido suportados pelos membros ou por pessoas que simpatizam com a associação”. O retorno é “zero”, insiste o presidente da Citizens’ Voice. “É como alguém fazer um donativo para os bombeiros voluntários da vila”, ilustra.

A ação popular mais emblemática da Citizens’ Voice envolveu a Vodafone Portugal, com um acórdão do Supremo Tribunal de Justiça, com data de 2 de fevereiro de 2022, a obrigar a operadora de telecomunicações a restituir aos clientes os pagamentos que lhes tenham sido cobrados na sequência da ativação automática de serviços adicionais não solicitados.

Já este ano, e depois de a ASAE – Autoridade de Segurança Alimentar e Económica ter decidido instaurar processos-crime contra gasolineiras por cobrarem impostos a mais, sete comercializadores de várias zonas do país foram levados a tribunal por alegados crimes de especulação. Os processos – a decorrer em tribunais cíveis – incluem bombas com insígnias da Prio, Intermarché, Galp, Alves Bandeira e BP, e envolvem situações em que os contadores não começaram no zero, em que o valor do ISP foi adulterado e ainda publicidade enganosa.

Em “guerra aberta” com o Pingo Doce

No caso da cadeia retalhista do grupo Jerónimo Martins, a Citizens’ Voice já entregou 61 ações populares e diz ter mais 22 em preparação. O Pingo Doce acabou por avançar com uma providência cautelar para travar “atentados ao seu bom nome e reputação” e “pôr termo à acusação que esta associação faz em permanência no seu site, da prática pela empresa de crimes contra os [seus] clientes e consumidores”.

Na sequência da decisão relativa à providência cautelar, a Citizens’ Voice e o presidente desta associação de defesa dos consumidores, Octávio Viana, foram proibidos pelo Juízo Central Cível de Vila Nova de Gaia de manter as publicações na página oficial na Internet e nas redes sociais nas quais imputam ao Pingo Doce a “prática de quaisquer crimes, designadamente de especulação de preços e de publicidade enganosa, pelos quais não tenha sido condenada”.

No entanto, a decisão relativa à providência cautelar que tinha sido interposta pela retalhista, a que o ECO teve acesso, não os impede – como pedia a empresa da Jerónimo Martins – de divulgar publicamente as ações populares com que tem avançado e que se encontrem pendentes de decisão, assim como aquelas que estejam em preparação. Nem os condena a retirar as referências que têm feito à disparidade entre os preços anunciados nas prateleiras e os efetivamente cobrados nas caixas em perto de uma centena de produtos, sobretudo alimentares.

Octávio Viana e esta associação foram condenados a pagar mil euros “por cada dia de atraso no cumprimento” desta determinação, “a título de sanção pecuniária compulsória”. Cinco vezes abaixo do valor que tinha sido requerido pelo Pingo Doce. Entretanto, a Citizens’ Voice já retirou da lista de ações publicitadas no site e nas redes sociais todas as menções à palavra “crime”.

Através de fonte oficial, o Pingo Doce mostra “satisfação” pelo facto de a associação e do seu presidente terem sido “intimados judicialmente para cessarem de imediato a imputação nos seus sites e nas redes sociais da prática por Pingo Doce dos crimes de especulação e de publicidade enganosa”. Mas garante ao ECO que não fica por aqui: “Trata-se de uma primeira medida contra a Citizens’ Voice [e] outras se seguirão, tendo em vista impedir a instrumentalização da justiça, através da ação popular, para satisfação de interesses económicos egoísticos e absolutamente obscuros”.

Trata-se de uma primeira medida contra a Citizens’ Voice [e] outras se seguirão, tendo em vista impedir a instrumentalização da justiça, através da ação popular, para satisfação de interesses económicos egoísticos e absolutamente obscuros.

Fonte oficial do Pingo Doce

Quando deu entrada a providência cautelar, Octávio Viana queixou-se ao ECO de uma “tentativa de silenciamento” e referiu mesmo que “se algum dia uma providência deste género fosse concedida, seria o fim da democracia e da liberdade de expressão – cujo recurso teria de ser o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos”. Conhecida a decisão, a associação destaca que o tribunal “reconheceu a importância fundamental da liberdade de expressão e informação como pilar de uma sociedade democrática e condição essencial para o seu progresso e desenvolvimento”.

“Das várias ações que temos, incluindo a da Vodafone que foi extremamente publicitada — o Pingo Doce foi, até hoje, o único a avançar com um procedimento cautelar para impedir que se informe os consumidores de que existem ações populares“, lamenta Octávio Viana. Argumenta que “as pessoas têm de ser informadas de que existe uma ação popular” e que o que a cadeia de supermercados pretende é que “não seja dado conhecimento da existência dessas ações”.

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É um exit. Portuguesa Pulsar Finance comprada pela Terraform Labs

Com esta operação Miguel Loures, fundador da Pulsar Finance, passa a assumir o cargo de chefe de produto da Terraform Labs. O valor e os termos do acordo não foram revelados.

A Pulsar Finance, startup portuguesa responsável por desenvolver a plataforma de gestão de cripto ativos e fornecedora de dados, acaba de anunciar o seu exit, após a sua aquisição pela Terraform Labs (TFL), que atua no setor de blockchain. O valor e os termos do acordo não foram revelados.

“Estamos super entusiasmados por nos juntarmos à TFL e fazermos parte desta equipa”, diz Miguel Loures, cofundador da Pulsar Finance, citado em comunicado. “Desde que entrámos na indústria de blockchain, a nossa visão tem sido facilitar o acesso e compreensão ao mundo Web3 a qualquer utilizador, e tudo o que construímos até agora teve isso em mente, desde o nosso portfólio de gestão de cripto ativos à nossa ferramenta de fornecimento de dados. É emocionante ver que os nossos produtos e valores se alinham tão bem com os da Terraform Labs, e mal posso esperar para ver o impacto positivo que isto trará ao ecossistema.”

“Esta aquisição amplia a oferta Terraform Labs e a capacidade de o nosso ecossistema trazer rapidamente ao mercado as melhores aplicações financeiras”, explica Chris Amani “A integração da Pulsar enriquece a nossa tecnologia e adiciona uma equipa incrivelmente talentosa liderada por três empreendedores inovadores com um histórico comprovado de sucesso na construção e lançamento de aplicações de sucesso”, acrescenta o CEO do Terraform Labs, citado em comunicado.

Com esta operação Miguel Loures passa a assumir o cargo de chefe de produto da Terraform Labs. “O principal produto do portefólio da Pulsar será integrado diretamente no Station, a carteira cross-chain da Terraform Labs, permitindo aos utilizadores votar, gerir o portefólio e aceder a todas as aplicações financeiras a partir de um só local conveniente”, pode ler-se em comunicado. Já a Pulsar Data vai fundir-se com a Foundation, oferta de infraestrutura da Terraform Labs a todos os programadores.

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Morningstar classifica Fidelidade como a quarta seguradora mais sustentável do mundo

Por critérios ESG, a Morningstar Sustainalytics classificou a Fidelidade como a segunda melhor seguradora na Europa, a quarta melhor do mundo e a segunda de Portugal, depois da Corticeira Amorim.

A Fidelidade é a segunda melhor seguradora da Europa e a quarta melhor do mundo em termos de sustentabilidade, considera o estudo especializado da consultora Morningstar Sustainalytics que a classificou em 4º lugar entre 304 seguradoras mundiais avaliadas através do seu ESG Risk Rating.

Rogério Campos Henriques, CEO da Fidelidade, na COP28: “O escrutínio aprofundado em áreas ESG é fundamental para assegurar que cada decisão esteja alinhada com os princípios da sustentabilidade”.

A Fidelidade é ainda a segunda empresa portuguesa mais sustentável, considerando todos os setores de atividade económica, ocupando a posição 591 entre as 15.719 empresas analisadas pela Morningstar. A Corticeira Amorim foi classificada na posição 504, sendo a portuguesa melhor classificada.

A classificação da Moningstar é estabelecida por múltiplos critérios que avaliam a exposição ao risco ESG do setor de atividade e da empresa em si, bem como a capacidade de gestão para lidar com essa exposição, estabelecendo um rating entre 0 (melhor) e 40. A Fidelidade foi valorada em 11,7.

Melhor que a Fidelidade, no mundo das seguradoras, só ficaram a AFC – African Risk Capacity Insurance – uma companhia subsidiária da União Africana destinada a ajudar governos africanos e enfrentar desastres naturais- , a seguradora neerlandesa a.r.c., participada da Aegon, e a Fubon Financial Holding, grupo financeiro e segurador de Taiwan.

Entre as seguradoras mundiais com ação mais relevante em Portugal, a Allianz é a 10ª, MunichRe a 18ª, seguindo-se AON (19ª), Aegon (20º), SwissRe (23º), MetLife (26ª), Generali (31ª), Zurich (40ª) Cardif (43ª), WTW (54ª) e Mapfre em 67ª posição. Todas foram consideradas na categoria de baixo risco ESG.

Os passos que a Fidelidade está a dar em ESG

Rogério Campos Henriques, CEO da Fidelidade, que está no Dubai a participar na 28ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP28), considerou esta classificação importante: “Sermos avaliados por uma empresa externa e com comprovada experiência no mercado de avaliação de riscos ESG é de extrema importância pois permite-nos medir o nosso desempenho e compromisso com o desenvolvimento sustentável”, acrescentando que “o compromisso com metas ambiciosas, investimentos responsáveis, produtos inovadores e colaboração global são os pilares que definem a nossa jornada para um amanhã mais verde e resiliente”, afirmou.

Para a Fidelidade esta classificação resulta de uma aplicação objetiva de metas concretas, e da prática de João Mestre, que assumiu há 2 anos a direção de sustentabilidade da Fidelidade, com a missão de acelerar o espírito ESG em todas as geografias em que o grupo está presente. Fonte do grupo refere que “apesar de sermos uma empresa do setor financeiro e com emissões resultantes das nossas operações bastante baixas, ainda assim decidimos definir como compromisso a redução de carbono em toda a cadeia de valor – operações, seguros e investimentos”.

O CEO já havia referido que a Fidelidade tinha traçado como objetivo ser Net Zero em Operações no ano 2040 e em Seguros e Investimentos no ano 2050. “Assumimos metas transparentes de curto e médio prazo para a redução da intensidade das emissões: nas operações até 2025 pretendemos atingir uma redução na ordem dos 50% por trabalhador face a 2019; nos investimentos e seguros, até 2030 e face a 2022, ambicionamos reduzir em 40% as emissões dos nossos ativos sob gestão; no património imobiliário propomo-nos reduzir as emissões em 45% por m2; nos seguros vamos reduzir em 30% as emissões sob valor dos prémios de seguros emitidos, evidenciando desta forma a dedicação em contribuir de forma real para um futuro mais sustentável”, disse Rogério Campos Henriques.

Esta estratégia obrigou a revisões nas políticas de subscrição e investimento, confessa o CEO, “o escrutínio aprofundado nessas áreas é fundamental para assegurar que cada decisão esteja alinhada com os princípios da sustentabilidade”, conclui.

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“OE 24 tinha um dono e transformou-se num baldio de terra de ninguém”

  • ECO
  • 3 Dezembro 2023

Nazaré da Costa Cabral, Presidente do Conselho das Finanças Públicas, apela aos partido políticos a máxima responsabilidade política ao nível das propostas que apresentam.

A Presidente do Conselho das Finanças Públicas fez um apelo à responsabilidade política dos partidos em relação às propostas a apresentar durante a campanha eleitoral. Em entrevista à Antena1 e ao Jornal de Negócios, sem querer particularizar, Nazaré da Costa Cabral pede aos partidos “a máxima responsabilidade política ao nível das propostas que apresentam” porque, lembra, as medidas têm impactos e é preciso estimar esses impactos sobre a dívida pública.

Presidente do Conselho de Finanças Públicas (CFP), Nazaré Costa Cabral, não está “totalmente tranquila” para dizer que o controlo da inflação está assegurado.CARLOS M. ALMEIDA/LUSA

Nazaré Cabral afirmou que para lá das opções políticas, continuam a existir restrições orçamentais sendo a mais importante a dívida pública e o seu peso no PIB que continua a ser muito elevado, “reduzir a dívida pública deve ser um desígnio nacional”, disse.

Nazaré Costa Cabral admite que o Presidente da República ao permitir a aprovação do Orçamento do Estado antes de aceitar a demissão do primeiro-ministro terá ponderado a avaliação económica e financeira, os aspetos legais e a economia processual, uma vez que o orçamento já tinha sido aprovado na generalidade. Ainda assim, Nazaré da Costa Cabral confessa alguma estranheza pela situação porque o Orçamento do Estado tinha um dono e transformou-se num baldio de terra de ninguém.

Relativamente à descida da inflação, adianta que ainda não está “totalmente tranquila para dizer que o controlo da inflação está assegurado”, mas por outro lado lembra que face à quebra que se verifica em economias como a alemã e a francesa e ao aumento do desemprego, que também se regista em Portugal, também é possível vir a evoluir para uma situação deflacionista.

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“Sem plano para os aeroportos nacionais o valor da TAP é mais baixo”

  • Lusa
  • 2 Dezembro 2023

O presidente executivo da TAP, Luís Rodrigues, afirmou que os candidatos à privatização da companhia mantêm o interesse, mas o valor da empresa baixa sem plano estratégico para os aeroportos nacionais

O presidente executivo da TAP, Luís Rodrigues, afirmou hoje, no Porto, que os operadores estrangeiros potenciais candidatos à privatização da companhia mantêm todo o interesse no processo, apesar do adiamento de decisões estratégicas pela crise política.

“O interesse para os operadores estrangeiros continua lá todo. Esta sexta-feira falei com um deles que me disse: ‘nós temos todo o interesse, percebemos que isto é um processo político que tem o seu caminho, não é por causa disso. E portanto, vocês estão a fazer um bom trabalho, os resultados estão à vista, continuem'”, contou Luís Rodrigues no 48.º Congresso da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT).

Questionado se poderá ser um constrangimento não haver uma decisão sobre o novo aeroporto quando a privatização avançar, o responsável diz que o Estado poderá ter de vender a TAP por um valor mais baixo do que aconteceria se existisse um plano estratégico para os aeroportos nacionais definido.

“É condicionador, mas isso reflete-se no preço. Qualquer operador que queira comprar vai dizer assim: se existisse uma estrutura aeroportuária, livre, e com margem de crescimento ou uma nova a partir de amanhã, o valor que eu ia pagar era pela companhia era este porque o processo de crescimento era um; não sendo o caso, isso vai-se refletindo naquilo que é possível prever”.

O CEO da TAP falava no 48.º Congresso da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), que hoje termina no Porto, e que tem como tema “Inteligência Artificial, a Revolução do Século XXI”.

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CMS assessora juridicamente a COP28

A CMS foi designada como prestadora de serviços jurídicos para a Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP28), organizada pelos Emirados Árabes Unidos.

A CMS vai prestar apoio jurídico pro bono à COP28, que será organizada pelos Emirados Árabes Unidos até 12 de dezembro. O apoio inclui finanças sustentáveis, privacidade e segurança dos dados, registo de marcas, proteção de marcas, gestão da reputação, aconselhamento relacionado com eventos, parcerias relacionadas com as Nações Unidas, cooperação intergovernamental, plataformas tecnológicas para empresas em fase de arranque e acordos relevantes com empresas tecnológicas globais.

A iniciativa é liderada por Döne Yalçın, sócia e membro da equipa de liderança global de Sustentabilidade e ESG da CMS. É apoiada por Munir Hassan, sócio e diretor do Grupo de Energia e Alterações Climáticas da CMS, e por mais de 160 colegas da CMS de todo o mundo. O projeto é reforçado pela colaboração com as partes interessadas de toda a empresa.,

A partir do escritório da CMS Portugal, em Lisboa, há sete advogados envolvidos na task force: Susana Afonso, João Leitão Figueiredo, Sara Rocha, Maria Figueiredo, Tiago de Magalhães, Bernardo Cunha Ferreira e Tiago Valente de Oliveira.

“Este feito constitui um marco significativo para a Sociedade e reafirma o seu compromisso com a ação climática. Como demonstrado pelo compromisso com o Pacto Global das Nações Unidas, a CMS contribui ativamente para a maior iniciativa de responsabilidade social empresarial do mundo. Este compromisso abrange quatro áreas-chave: ambiente, direitos humanos, trabalho e anti-corrupção”, segundo explica o escritório, em comunicado.

O Acordo de Paris tem como objetivo reduzir as emissões globais em 50% até 2030. “À medida que nos aproximamos da marca dos seis anos, a reunião de representantes governamentais, decisores políticos, ONG, cidadãos e empresas na COP28 será crucial para avaliar os progressos e desenvolver planos para alcançar este objetivo. Os esforços imediatos e de colaboração entre os sectores público e privado são essenciais para o sucesso destes esforços”, diz o mesmo comunicado.

Döne Yalçın, Managing Partner, International Co-head of ESG and Sustainability defende que “é um privilégio e uma honra para nós termos sido seleccionados como prestadores de serviços jurídicos para a COP28. Esta nomeação é uma prova do nosso compromisso de incorporar a sustentabilidade no nosso ADN. Estamos entusiasmados por apoiar um evento que tem o potencial de criar uma mudança global positiva na abordagem da crise climática. A nossa abordagem alinha-se perfeitamente com o lema “Unir, Agir, Cumprir” e demonstra o nosso compromisso inabalável com o avanço dos esforços globais de sustentabilidade.”

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Marcelo vai demitir Governo a 7 de dezembro

  • ECO
  • 2 Dezembro 2023

Em visita ao Banco Alimentar, o Presidente da República estabeleceu o próximo dia 7 à noite como último dia do Governo demissionário em funções plenas. A Assembleia será dissolvida a 15 de janeiro.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciou este sábado que vai demitir o Governo na próxima semana, dia 7 de dezembro à noite, data em que se realizará o último Conselho de Ministros liderado pelo atual primeiro ministro António Costa. O Presidente fez declarações em visita ao Banco Alimentar que este fim de semana realiza uma ação de recolha de alimentos a distribuir posteriormente por instituições de apoio social.

Marcelo Rebelo de Sousa afirmou ter prolongado a demissão para depois deste fim de semana, por ter terminado a votação final global do Orçamento do Estado, “no contexto da qual havia votações importantes do PRR que era preciso terminar”, disse.

A dissolução da Assembleia da República deverá acontecer cerca de um mês mais tarde, a 15 de janeiro, prevendo possíveis alterações a diplomas que possam vir a ser vetados pelo Presidente da República, nomeadamente o relativo às ordens profissionais.

O primeiro-ministro, António Costa, tinha apresentado a demissão ao Presidente da República em 7 de novembro.

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Millennium bcp volta a integrar o índice STOXX Europe 600

  • ECO
  • 2 Dezembro 2023

As ações do banco reentram nos cálculos do influente índice bolsista europeu a partir de 18 de dezembro, devolvendo visibilidade junto dos investidores internacionais numa lista liderada pela Nestlé.

O Millennium bcp vai voltar a integrar o STOXX Europe 600, o índice da bolsa de valores em que estão cotadas as 600 principais empresas europeias e que é referência para os maiores investidores nos mercados europeus. O STOXX 600 representa cerca de 90% da capitalização bolsista de 18 países europeus, incluindo Reino Unido, Alemanha, França, Itália, Suíça e Espanha.

A reentrada no índice vai acontecer no próximo dia 18 de dezembro, o peso das ações designadas BCO COMERCIAL PORTUGUES no STOXX 600 será de 0,03% e irá juntar-se a três outras companhias portuguesas: A EDP (que pesa 0,11%), Galp (0,07%) e Jerónimo Martins (0,05%). A Nestlé é a maior companhia representada no índice pesando cerca de 3% no índice.

O Millennium tinha saído do índice em 2016, regressou em 2018, voltou a sair em 2019 e regressa agora voltando a conseguir uma visibilidade superior junto dos grandes investidores mundiais.

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Presidente do FED avisa que é “prematuro” especular sobre descida dos juros

  • Lusa
  • 2 Dezembro 2023

O presidente da Reserva Federal (Fed) afirmou que é cedo para antecipar uma descida das taxas de juro e disse que o banco central norte-americano está pronto para uma nova subida se for necessário.

O presidente da Reserva Federal (Fed) afirmou esta sexta feira que ainda é muito cedo para antecipar uma descida das taxas de juro e disse que o banco central norte-americano está pronto para uma nova subida se for necessário.

Jerome Powell, presidente do FED: “Estamos prontos para uma nova subida das taxas de juros, se for necessário”.Wikimedia Commons

“Seria prematuro concluir com segurança que já atingimos um nível suficientemente restritivo ou especular sobre o momento em que a política [monetária] será flexibilizada”, declarou Jerome Powell, num colóquio em Atlanta (Geórgia, Estados Unidos).

“Estamos prontos para um novo ajustamento na política se for oportuno fazê-lo”, advertiu o líder do banco central.

As taxas da Fed estão atualmente num intervalo entre 5,25% e 5,50%, o nível mais alto em mais de 20 anos.

O banco central norte-americano começou em março de 2022 o ciclo que levou a 11 subidas das taxas de juro com o objetivo de baixar a inflação, que tinha atingido um nível inédito desde o início da década de 1980.

“Embora os números da inflação mais fracos nos últimos meses sejam bem-vindos, os progressos devem continuar se quisermos atingir o objetivo de 2%” na inflação, afirmou o líder da Fed.

Nos Estados Unidos, a inflação homóloga atingiu em outubro 3%, de acordo com o índice PCE, que é o mais seguido pela Fed. Mas a inflação subjacente, que exclui os preços da alimentação e da energia por serem mais voláteis, situou-se em 3,5%.

Esta redução da inflação tem sido acompanhada por um abrandamento da atividade económica desde o início do outono.

O aumento das taxas pretende tornar o crédito mais caro para famílias e empresas para abrandar o consumo e o investimento, o que permite aliviar a pressão sobre os preços.

Mas são necessários meses para que as ações da Fed tenham efeito na economia real.

“Os efeitos em pleno do nosso aperto monetário provavelmente ainda não foram sentidos”, afirmou Jerome Powell.

Nas duas últimas reuniões, a Fed optou por não subir as taxas de juro e dar algum tempo para observar os resultados da sua política monetária, evitando penalizar demasiado a atividade, o que poderia provocar uma recessão.

A próxima reunião de política monetária da Fed será nos dias 12 e 13 de dezembro.

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Agências de viagens escolhem Macau como destino preferido em 2024

  • Lusa
  • 2 Dezembro 2023

A Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT) escolheu Macau, que irá receber o seu congresso em 2025, como destino preferido internacional no próximo ano

A Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT) escolheu Macau, que irá receber o seu congresso em 2025, como destino preferido internacional no próximo ano. O anúncio foi feito hoje no Porto, por ocasião do 48.º Congresso APAVT, que decorre até sábado, contando com mais de 770 congressistas, e com o tema a “Inteligência Artificial, a Revolução do Século XXI”.

“O destino preferido da APAVT para nós é um passo muito importante porque estamos já neste momento a começar os preparativos para 2025, quando vamos acolher outra vez o Congresso da APAVT”, disse a diretora dos Serviços de Turismo de Macau, Maria Helena de Senna Fernandes.

A escolha do “destino preferido” é um projeto anual da APAVT que tem como objetivo contribuir para dinamizar os fluxos turísticos para um determinado destino, através de um trabalho com a associação e os seus associados, sobretudo ao nível da promoção turística.

“Este ano tivemos um ano bastante bom em termos de recuperação […] e para o ano o nosso trabalho vai ser virado para mercados internacionais. Vamos começar pela Ásia, mas também vamos começar a trabalhar no mercado europeu. Temos um bom relacionamento com a APAVT, tivemos sempre, por isso para o ano, voltamos à BTL [Bolsa de Turismo de Lisboa], graças à APAVT, para nos ajudar [neste objetivo] e também vamos, em princípio, marcar presença na Fitur. E, daqui para a frente, penso que vamos ter mais ações na Europa”, acrescentou Maria Helena de Senna Fernandes.

A diretora dos Serviços de Turismo de Macau disse ainda que vão lançar com a APAVT um programa de formação para agências de viagens.

Em 30 de junho, a APAVT anunciou, em Macau, que o 50.º congresso da organização, em 2025, vai realizar-se em Macau, levando à região chinesa, pelo menos, 750 representantes da indústria.

O presidente da APAVT disse, na altura, à Lusa que é “com muita felicidade” que o congresso irá regressar pela sexta vez a Macau, que se tornará a cidade a mais vez acolher “a maior reunião do setor turístico português”.

Pedro Costa Ferreira considerou que será “um encontro de números muito felizes”, uma vez que a edição de 2025 será o 50.º congresso da APAVT, no ano em que a associação celebra 75 anos de existência.

“É um grande esforço da nossa parte junto da APAVT”, afirmou a diretora dos Serviços de Turismo de Macau, também na altura.

Maria Helena de Senna Fernandes disse esperar que “quase mil representantes” da indústria do turismo viajem de Portugal para o congresso da APAVT em Macau, em 2025, enquanto Pedro Costa Ferreira previu, “no mínimo 750 ou 800 pessoas”.

A China foi o último grande país a abandonar, em meados de dezembro, a chamada política ‘zero covid’, que durante perto de três anos implicou o quase encerramento das fronteiras do país.

Pedro Costa Ferreira afirmou que a indústria portuguesa do turismo está “a começar a notar” o regresso das excursões organizadas vindas da China: “isso nós recebemos com um sorriso nos lábios, porque era o último passo que necessitávamos para podermos falar em total normalidade”.

O Instituto de Pesquisa de Turismo Externo da China estimou que 40 milhões de turistas chineses vão viajar além-fronteiras nesta segunda metade do ano.

Em 2019, o último ano antes da pandemia de covid-19, 155 milhões de chineses viajaram para o exterior, de acordo com uma análise do banco de investimento norte-americano Citigroup. No total, os turistas oriundos da China continental gastaram 255 mil milhões de dólares (236 mil milhões de euros) além-fronteiras.

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PRR

Metro de Lisboa adia exproprições necessárias para a expansão da linha vermelha

  • Lusa
  • 2 Dezembro 2023

O Metropolitano de Lisboa adiou o arranque das ocupações temporárias e expropriações para expansão da linha Vermelha, de São Sebastião até Alcântara, mas mantém as negociações com os moradores.

O Metropolitano de Lisboa adiou o arranque das ocupações temporárias e expropriações, necessárias para concretizar o prolongamento da linha Vermelha, de São Sebastião até Alcântara, mas mantém as negociações com os moradores, informou esta sexta feira a empresa.

O Baluarte do Livramento, vila situada na Calçada do Livramento, será ocupado temporariamente para a instalação de um estaleiro e a construção de um túnel.

Em comunicado, o Metropolitano dá conta de que decidiu adiar a data de posse administrativa das frações prevista no processo – que era 29 de novembro, de acordo com o estipulado na lei do Código das Expropriações -, para uma nova data “a anunciar oportunamente”.

A decisão foi tomada no “seguimento dos contactos que decorrem entre a empresa e os moradores e proprietários abrangidos pelo processo de expropriações e ocupações temporárias no âmbito do projeto de prolongamento da linha Vermelha de São Sebastião até Alcântara”, lê-se na nota.

A empresa de transportes afirma que, desde o início deste processo, que arrancou a 1 de setembro, “tem mantido contacto permanente com as partes interessadas, estando ativamente comprometido em encontrar as melhores soluções para minorar os impactos causados” e garantindo que “ninguém sairá das suas casas antes que seja encontrada uma solução”.

Os moradores e proprietários abrangidos foram inicialmente informados por carta, e contactados posteriormente para se iniciarem as negociações com vista a alcançar um acordo que minimize os transtornos e reduza os impactos que venham a ser causados pelo prolongamento da linha.

No âmbito deste processo, o Metropolitano de Lisboa vai indemnizar proprietários, arrendatários e empresas, de acordo com o que está previsto na lei e mediante o valor apurado por peritos avaliadores independentes designados pelo Tribunal da Relação de Lisboa.

No que diz respeito ao Baluarte do Livramento, este espaço será ocupado temporariamente, para a instalação de um estaleiro e a construção de um túnel. Concluída a obra, o estaleiro será retirado e o espaço remanescente será devolvido à Câmara Municipal de Lisboa, a quem caberá definir a sua futura utilização.

Com uma extensão total de cerca de quatro quilómetros, o prolongamento da Linha Vermelha São Sebastião/Alcântara iniciar-se-á a partir da zona já construída, localizada após a estação São Sebastião, através de um troço em túnel construído junto ao Palácio da Justiça.

Ao longo do traçado de túnel de via dupla prevê-se a construção de três novas estações subterrâneas — Amoreiras/Campolide, Campo de Ourique e Infante Santo — e uma estação à superfície — Alcântara.

A conclusão deste prolongamento está prevista para 2026, estando enquadrado no Plano de Recuperação e Resiliência 2021-2026, com um financiamento no montante global de 405,4 milhões de euros.

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Sultan al-Jaber, o homem do petróleo no Dubai que lidera a cimeira do clima da ONU

Ensombrado pelo histórico do país e pela carreira à frente da petrolífera estatal, al-Jaber tem pela frente 12 dias de negociações com os líderes mundiais. Fim aos fósseis estão no topo da agenda.

Quando, em janeiro, os Emirados Árabes Unidos anunciaram que Sultan al-Jaber iria liderar as negociações na cimeira do clima das Nações Unidas deste ano (COP 28), a notícia foi recebida com surpresa e alguns elogios. Mas as duras críticas ecoaram mais alto.

“Al Jaber não pode presidir a um processo que tem como objetivo enfrentar a crise climática, ao mesmo tempo que lidera uma indústria que é responsável pela crise“, afirmou Tasneem Essop, presidente da organização não-governamental Climate Action Network. “É como ter um dono de uma tabaqueira à frente de uma campanha de prevenção do cancro do pulmão“, reagiu a organização ambientalista, 350.org. “Entregaram as chaves do galinheiro à raposa“, comentou a ActionAid. “É completamente ridículo“, apontou a ativista sueca, Greta Thunberg.

Para uns, Jaber — formado pela Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, e pela Universidade de Coventry, em Inglaterra — foi uma escolha promissora para liderar as negociações sobre o clima, no Dubai. Em 2006, na altura com 33 anos, foi fundador e CEO da Masdar Clean Energy, uma empresa estatal de energia renovável dos Emirados Árabes Unidos (EAU) — sendo atualmente chairman da companhia.

Desde então, os EAU investiram fortemente na energia nuclear — tendo inaugurado, em 2020, a primeira central árabe de última geração do país — e nas energias renováveis. Foi pelas mãos de al-Jaber que se deu início à construção da Cidade de Masdar, um hub empresarial e tecnológico situado nos arredores da cidade de Abu Dhabi, alimentado por uma central fotovoltaica de 100 megawatts. O objetivo é fazer daquela a primeira cidade do mundo neutra em carbono e 100% sustentável a nível de recursos, nas próximas décadas.

Além de apostar no país — tendo assumido um compromisso de instalar 100 gigawatts (GW) de energia renovável naquela cidade até 2030 — a Masdar já investiu em 40 países, tendo inaugurado mais recentemente projetos fotovoltaicos na Arménia e no Uzbequistão.

Mas para outros, há um problema incontornável. Jaber é também o CEO da ADNOC, a companhia petrolífera nacional dos EAU — a 16ª maior do mundo — que mantém as intenções de alcançar uma produção de cinco milhões de barris por dia até 2027.

À frente da ADNOC, Al Jaber captou 26 mil milhões de dólares em investimentos internacionais de empresas como a BlackRock, a petrolífera italiana Eni e o fundo de investimento norte-americano KKR.

Antes de iniciar a jornada na Masdar, Al Jaber começou a sua carreira como engenheiro na ADNOC, tendo subido a CEO a 15 de fevereiro de 2016. Desde então, a petrolífera concretizou vários investimentos no país, e no estrangeiro, e chegou mesmo a atrair cerca de 26 mil milhões de dólares em investimentos internacionais de empresas como a BlackRock, a petrolífera italiana Eni e o fundo de investimento norte-americano KKR, estima a Reuters. Afinal, os Emirados Árabes Unidos são um dos maiores produtores de petróleo do mundo, integrando a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP).

É o facto de ser um homem com um pé em cada mundo — o dos combustíveis fósseis e o das energias renováveis — que levou o enviado especial dos EUA para o clima a apontá-lo como “o homem certo no lugar certo para dirigir os trabalhos da COP 28“.

Ele e a sua equipa estão empenhados em trazer para a mesa de negociações outros interesses relacionados com o petróleo e o gás, e penso que precisamos disso”, cita o The Intercept, as declarações de John Kerry que defendeu a capacidade de Jaber de encontrar soluções e liderar negociações difíceis.

E, no início, tudo parecia indicar que o líder árabe estava comprometido em fazer desta cimeira do clima aquela em que os compromissos iam mais além. Era sob a sua alçada que se iria procurar encontrar um compromisso que visa eliminar progressivamente o consumo e produção de combustíveis fósseis até 2050 — matéria que até hoje não reúne consenso entre os líderes mundiais.

Em março, dois meses depois de ter sido apresentado como presidente da COP 28, Jaber viajou para o Texas, nos EUA, para discursar num evento da indústria, onde apelou aos patrões mundiais dos combustíveis fósseis para que se juntassem na luta contra as alterações climáticas, repescando a famosa frase do astronauta norte-americano: “Houston, temos um problema“.

Desde então, tem trabalhado com 20 empresas para traçar esse caminho, tendo recebido, em outubro, em Abu Dhabi, mais de 60 investidores dos setores do petróleo e do gás, do cimento, do alumínio e outras indústrias pesadas, com o objetivo de os “alistar” na luta contra as alterações climáticas. Isto facilitaria um acordo quanto aos combustíveis fósseis na COP. , p

Al-Jaber parecia ter conseguido abafar as preocupações de que a presidência da cimeira do clima estaria comprometida. “Um tamanho único não vai funcionar, por isso temos que ir mais além nos compromissos”, disse à Reuters em outubro. “Devemos aumentar a ambição e manter a meta de 1,5 como a nossa estrela polar para que ninguém a perca de vista.”

“Devemos aumentar a ambição e manter a meta de 1,5 como a nossa estrela polar para que ninguém a perca de vista.”, diz Al Jaber.

Mas dias antes de a cimeira arrancar, rebenta a controvérsia. De acordo com a BBC, os Emirados Árabes Unidos (EAU) estarão a planear usar o seu papel de anfitrião como uma oportunidade para fechar negócios ligados ao petróleo e ao gás com pelo menos 15 países, embora o país tenha negado tal intenção ao jornal britânico.

Numa investigação conduzida pela publicação, em colaboração com jornalistas independentes do Centre for Climate Reporting, estarão em cima da mesa “pontos de discussão” a serem abordados entre a ADNOC com partes da China, Colômbia, Alemanha e Egito, e oportunidades ligadas à exploração de gás natural liquefeito em Moçambique, no Canadá e na Austrália. Este foi o tema que marcou o início da conferência.

Essas alegações são falsas, não são verdadeiras, são incorretas e não são precisas”, vincou al-Jaber a um grupo de jornalistas reunido para uma conferência de imprensa, esta quinta-feira, no Dubai. “Juro que nunca vi esses pontos de discussão que são referidos nem nunca usei esses pontos de discussão nas minhas discussões”, afirmou.

À esquerda, o presidente da COP 28, Sultan Ahmed Al Jaber, COP28 e à direita o diretor-geral da COP 28 Majid Al Suwaid, Dubai.

Apesar de não ter começado a conferência com o pé direito — e as motivações dos EAU e de al-Jaber ainda não terem ficado esclarecidas –, certo é que pelo menos a promessa de querer materializar compromissos assumidos em cimeiras do clima anteriores parece estar a ser cumprida. Esta quinta-feira, os líderes mundiais deram o primeiro passo na materialização do fundo de Perdas e Danos, angariando cerca de 400 milhões de euros. Este mecanismo destina-se a apoiar países vulneráveis a enfrentar as consequências das alterações climáticas. O fundo, acordado na COP 27, no Egipto, é um tema em discussão entre os líderes mundiais há 30 anos.

O facto de termos conseguido alcançar este marco no primeiro dia da COP é, de facto, histórico e sem precedentes“, afirmou o presidente árabe, em conferência de imprensa. “Já fui a 12 COP e acho que em nenhuma senti este nível de entusiasmo e compromisso entre todas as partes envolvidas”.

Ao todo, foram alocados 400 milhões de dólares destinados a este fundo, a maior fatia proveniente o país anfitrião e da Alemanha: 100 milhões de dólares.

“Hoje, o mínimo era garantirmos 200 milhões de dólares, e conseguimos 400 na primeira hora”, acrescentou ainda al-Jaber, mostrando-se confiante de que até ao último dia da cimeira, mais governos alocarão verbas a este fundo. “O trabalho sério começa agora“, rematou.

Além de estarem a ser reunidas as verbas, também serão definidas as regras, nomeadamente, quem irá pagar e com base em que critérios; qual o teto mínimo deste fundo; a que mecanismos os países mais ricos podem recorrer para recolher as verbas; se o contributo será obrigatório ou voluntário, e que prazos serão definidos. Certo, é que o objetivo é que as verbas comecem a ser distribuídas já no próximo ano. Estes desenvolvimentos só serão oficializados quando o presidente bater o martelo no fecho da conferência, marcado para 12 de dezembro.

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