Dos hospitais aos bombeiros. Serviços críticos vão ter apoio para painéis e armazenamento

Pacote de 400 milhões de euros para aumentar a resiliência em caso de apagão inclui apoio de 25 milhões de euros para os serviços críticos instalarem painéis e armazenamento.

Num esforço para reforçar a segurança operacional do Sistema Elétrico Nacional, depois de este ter sofrido um apagão no passado, o Governo vai lançar esta segunda-feira um pacote de 31 medidas, no valor de 400 milhões de euros. Entre elas, avançou o ministério do Ambiente e Energia ao ECO/Capital Verde, está o lançamento de um apoio de 25 milhões de euros que vai servir para melhorar a resiliência das infraestruturas críticas.

Entre as infraestruturas críticas contempladas estão as instalações de saúde, as forças armadas, as forças de segurança, a proteção civil e os bombeiros. O apoio destina-se a investimentos como a instalação de painéis solares fotovoltaicos e sistemas de armazenamento. O objetivo é que estas infraestruturas tenham uma maior capacidade de resposta no caso de se voltar a repetir uma falha energética de grande dimensão e duração, como foi o caso no apagão de abril.

Além do apoio, vão ser atualizados os procedimentos de comunicação e operação para quando existem incidentes no abastecimento de energia. Foram elaborados manuais com as indicações de como entidades públicas deverão proceder, nas áreas da energia, água, resíduos e ambiente. Serão ainda revistos procedimentos de simulacro e auditoria, assim como os critérios da rede de emergência de postos de abastecimento de combustível.

O pacote, que no total prevê um investimento que pode chegar aos 400 milhões de euros, vai ter um impacto na conta da luz, mas que o Governo considera residual: de 0,1 cêntimos numa fatura de 25 euros.

O pacote vai debruçar-se sobre cinco áreas: resiliência e segurança do Sistema Elétrico Nacional; planeamento de rede célere e eficaz; aceleração das energias renováveis; capacidade de resposta de infraestruturas críticas e, finalmente, colaboração internacional.

Além das medidas de resiliência, o ministério liderado por Maria da Graça Carvalho quer avançar com um Estudo de Avaliação Ambiental Estratégica para as Zonas de Aceleração de Energias Renováveis, de forma a identificar quais as zonas onde a produção de eletricidade a partir de fontes renováveis não colide com a biodiversidade, a conservação da natureza, a atividade agrícola e o conforto das populações, dando garantias aos investidores de que as zonas identificadas são aptas para os seus projetos.

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EUA mantêm prazo de 1 de agosto para as tarifas europeias

  • Lusa
  • 18:19

O secretário do Comércio dos Estados Unidos avisou que o prazo de 1 de agosto, previsto para a entrada em vigor das tarifas anunciadas por Donald Trump, será mantido.

O secretário do Comércio dos Estados Unidos avisou que os EUA vão manter o prazo de 1 de agosto previsto para a entrada em vigor das tarifas anunciadas por Donald Trump relativamente à importação de produtos europeus.

Sem prolongamento, sem mais atrasos. No dia 01 de agosto, as tarifas serão fixadas. Vão entrar em vigor“, afirmou Howard Lutnick, em declarações ao canal de televisão Fox News Sunday. No entanto, o governante sublinhou que os parceiros comerciais dos EUA vão poder “continuar a falar com o Presidente Trump depois de 1 de agosto“.

Dezenas de países estão a ser afetados por um aumento das tarifas aduaneiras aplicadas por Washington.

Em vésperas da data limite, a política económica de Trump entra numa semana decisiva, com o Presidente norte-americano a usar as tarifas como principal instrumento de negociação desde que regressou à Casa Branca, a 20 de janeiro.

Trump tem hoje previsto um encontro com a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, para tentar alcançar um acordo de princípio para evitar uma guerra comercial entre as duas partes a partir de 01 de agosto.

Donald Trump tenciona avançar com tarifas de 30% sobre os produtos europeus. “A questão é: Será que eles [os europeus] vão oferecer ao Presidente Trump um acordo suficientemente bom para que renuncie às tarifas de 30%?“, disse Lutnick. “Eles esperam chegar a um acordo, mas cabe ao Presidente Trump, que é o líder na mesa de negociações, decidir”, acrescentou.

Donald Trump considerou que há 50% de hipóteses de se chegar a um acordo comercial com a UE. Segundo fontes diplomáticas, as duas partes estão a avançar para um eventual compromisso de uma taxa de 15% sobre produtos europeus, semelhando ao aplicado no acordo alcançado esta semana entre os EUA e o Japão.

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Marcas portuguesas cada vez mais em força no TikTok

Dos vídeos 'improvisados' aos desafios virais, são cada vez mais as marcas portuguesas que estão a descobrir no TikTok um território fértil para comunicar e chegar a novas gerações.

Se há poucos anos o TikTok era visto como uma plataforma de dança para adolescentes, atualmente tem vindo a ser encarado pelas marcas como um poderoso canal de comunicação. Em Portugal, são cada vez mais as marcas que estão a investir nesta rede social para conquistar novos públicos e reforçar a relação e proximidade com a audiência, em particular com as novas gerações.

Uma destas marcas é a EDP, que se estreou no TikTok na semana passada com o objetivo de aproximar a marca de novas audiências e de fortalecer a sua ligação com os mais jovens. Mas muitas outras, de todos os setores, já estão presentes na rede social. Em março também o Millennium BCP alargou a sua presença nas redes sociais ao TikTok e, no início do ano, até o Governo se rendeu à rede social de origem chinesa, lançando a sua conta oficial no TikTok como parte de uma estratégia de modernização da comunicação governamental e de reforço da proximidade aos jovens.

Entre memes, trends e campanhas, cada vez mais marcas têm vindo assim a encontrar espaço no TikTok, onde tentam desenvolver uma personalidade própria, adotando inclusive um tom diferente em relação ao que usam noutras redes.

Para a Associação Portuguesa de Anunciantes (APAN), o crescimento da presença de marcas portuguesas nesta rede reflete uma “evolução natural do ecossistema digital no país“, uma vez que a plataforma conta com cerca de 3,9 milhões de utilizadores em Portugal, o que representa mais de um terço da população. A maioria destes utilizadores pertence às gerações mais jovens, embora a faixa etária entre os 25 e os 44 anos também esteja a crescer, aponta a associação.

“Este número coloca uma pressão positiva sobre as marcas, que veem nesta rede uma oportunidade estratégica para alcançar públicos mais jovens, nativos digitais e altamente participativos. O TikTok proporciona um ambiente propício à experimentação criativa, com formatos inovadores, linguagem direta e elevada taxa de interação”, diz Ricardo Torres Assunção, secretário-geral da APAN, que entende que a tendência de crescimento consiste numa “adaptação coerente à nova lógica da comunicação digital em Portugal“.

Segundo o responsável, o movimento das marcas para o TikTok é motivado desde logo pelo “potencial de descoberta orgânica muito elevado” da plataforma, onde o algoritmo “promove conteúdos com base em interesses e comportamentos, independentemente do número de seguidores, o que permite que marcas pequenas ou emergentes alcancem grande visibilidade“.

Além disso, o TikTok é uma rede “orientada para o storytelling e para a autenticidade”, pelo que as marcas “podem criar conteúdos que fogem ao tradicional formato publicitário“, o que permite gerar uma “maior proximidade emocional com o público” e ter acesso a ferramentas de criação disponíveis [incluindo assistentes de inteligência artificial, editores de imagem, bibliotecas sonoras e modelos criativos] que “facilitam a produção de conteúdos envolventes mesmo com recursos reduzidos“, aponta Ricardo Torres Assunção.

Tiago Strecht, growth managing director da Samy, concorda que se tem assistido a uma adesão “crescente e cada vez mais estratégica” de marcas portuguesas ao TikTok, num movimento que considera ser “não só natural, mas essencial num momento em que o consumo de vídeo curto, autêntico e dinâmico dita novos comportamentos”, sobretudo entre a Geração Z e os Millennials.

As marcas estão a ir cada vez mais para esta rede social também por uma questão de brand awareness e relevância, uma vez que a plataforma permite “chegar a milhões de utilizadores através de conteúdos com alto potencial viral, muitas vezes com orçamentos inferiores aos exigidos noutras plataformas“.

Mas também o “engajamento autêntico“, uma vez que o TikTok “privilegia formatos descontraídos e participativos, incentivando o utilizador a interagir ativamente com a marca”, assim como a “performance e conversão” — com vertentes da plataforma direcionadas para ecommerce que, embora ainda em fase de crescimento, permite às marcas atrair tráfego qualificado e testar novos produtos — são fatores que levam as marcas para o TikTok, afirma Tiago Strecht.

As razões para as marcas irem para o TikTok, segundo as mesmas

Recém-chegada ao TikTok, a EDP justifica esta aposta com o facto de esta ser “uma das plataformas mais influentes a nível global, com uma penetração bastante significativa no mercado nacional“, bem como aquela “onde os utilizadores passam mais tempo“.

“Com uma presença já consolidada no Instagram e no LinkedIn, a EDP decidiu reforçar a sua estratégia digital ao lançar o seu canal oficial no TikTok, direcionado sobretudo às novas gerações, iniciando assim uma nova fase da sua comunicação digital”, diz fonte oficial da marca ao +M.

Com esta aposta, e apresentando-se como uma marca “atual, criativa e acessível”, a EDP pretende “reforçar a relação e a proximidade com a audiência“, em particular com as novas gerações. “Os conteúdos serão adaptados à linguagem e às tendências próprias da plataforma e a literacia será também um dos pilares desta estratégia, tirando partido do interesse crescente das novas gerações por temas como as energias renováveis e a sustentabilidade”, avança a marca.

Por parte do Pingo Doce, a sua presença nesta rede social surgiu da vontade de estar onde estão os clientes, “especialmente as gerações mais jovens, que valorizam autenticidade, criatividade e proximidade“.

“O TikTok oferece-nos uma oportunidade única de comunicar de forma mais leve e informal, sem perder a essência da marca. O nosso principal objetivo é reforçar a ligação emocional com os consumidores, através de conteúdos que informam, inspiram e entretêm — incluindo a partilha de novidades sobre os nossos produtos. Queremos mostrar que o Pingo Doce está presente no dia a dia das pessoas, não só nas suas compras, mas também nos seus momentos de lazer”, aponta fonte oficial da marca.

Para isso a marca retalhista portuguesa aposta numa estratégia que assenta em três pilares principais: relevância [através da criação de conteúdos que acompanham tendências, desafios e temas do momento, adaptando-os ao universo do Pingo Doce], proximidade e humanização [ao dar rosto à marca através de colaboradores, criadores de conteúdo e da mascote] e valor acrescentado [com a aposta em conteúdos úteis e inspiradores — desde receitas rápidas a dicas de beleza ou limpeza].

Para a Worten, a presença no TikTok é uma “extensão natural” da sua estratégia de proximidade aos públicos mais jovens, procurando “reforçar a notoriedade e a relevância cultural da marca junto deste público”.

A plataforma permite também “explorar formatos criativos diferentes e nativos da plataforma, como os desafios, o conteúdo humorístico ou o conteúdo orgânico”, que permitem “mostrar uma faceta mais e descontraída da marca e mais próxima da audiência” que a marca pretende alcançar. “Além disso, é um espaço onde conseguimos testar novos formatos criativos que podemos depois escalar para outras redes ou campanhas“, diz Andreia Vaz, head of brand & CX da Worten.

A estratégia da marca do grupo Sonae no TikTok assenta numa “abordagem nativa, criativa e próxima do público, mas sempre com a flexibilidade necessária para reagir ao ritmo das tendências”, explica a responsável.

“Fazemos isto através da criação de conteúdos nativos e espontâneos, pensados especificamente para o ambiente e linguagem do TikTok, e da consistência na publicação. Para isso, contamos com um planeamento semanal e uma equipa dedicada à criação de conteúdo que garante a presença regular e relevante. Além disso, apostamos na participação em trends da plataforma e na utilização de áudios populares que nos ajudam a maximizar o alcance, assim como em colaboração com criadores de conteúdo, sejam influenciadores Worten ou externos, para garantir a autenticidade dos nossos conteúdos”, detalha Andreia Vaz.

No fundo, apostamos em conteúdo relacionado com a nossa área core, tecnologia, mas também em conteúdo de bastidores e de cultura pop, sempre com humor e com o tom leve e divertido que nos distingue. As campanhas e produtos são integrados de forma orgânica e natural, com foco em entreter as nossas audiências e promover a interação”, conclui.

Origem chinesa e constrangimentos na UE e EUA não afastam as marcas

A origem chinesa do TikTok, propriedade da ByteDance, tem originado debate político e regulatório, sobretudo no que se refere à proteção de dados, à transparência dos algoritmos, à possibilidade de influência em processos democráticos e à privacidade de dados e segurança nacional, especialmente no contexto do Digital Services Act (DSA) na União Europeia e de potenciais restrições nos EUA.

Nos Estados Unidos, a administração democrata de Joe Biden aprovou inclusive uma lei que exigia que o TikTok se desfizesse da sua empresa-mãe e encontrasse um investidor de um país que não fosse considerado um “adversário” nacional antes de 20 de janeiro. Trump tem vindo a adiar esta data e a tentar encontrar um comprador para a plataforma, de forma a permitir que a mesma continue a operar nos Estados Unidos.

Apesar destes desafios, as marcas contactadas pelo +M não identificam que estes tenham impacto na sua decisão de estar presentes na plataforma ou que possam trazer implicações.

Para isso contribuem alguns fatores atenuantes, identificados pela Samy Portugal, como o facto de o TikTok ter vindo a reforçar a sua presença na Europa, “com centros de dados e equipas de compliance que respondem às exigências do DSA” ou de as marcas continuarem a apostar numa estratégia multicanal, pelo que, apesar do crescimento do TikTok, mantêm a sua presença noutras plataformas como no Instagram, YouTube, Facebook ou LinkedIn. “Isto garante uma presença equilibrada, onde cada canal reforça o storytelling dos outros“, diz Tiago Strecht.

Além disso, é feita uma “avaliação contínua“. “Monitorizamos permanentemente as evoluções legislativas, garantindo que qualquer medida drástica (bloqueio ou limitação de funcionalidades) possa ser antecipada. Se necessário, ajustamos orçamentos e criatividades para canais alternativos”, explica o growth managing director da Samy, agência que apoia as marcas nas suas estratégias nas redes sociais.

Ricardo Torres Assunção também evidencia que as autoridades, tanto nos Estados Unidos como na União Europeia, têm reforçado o escrutínio sobre a plataforma, que tem procurado responder a essas preocupações com “medidas concretas”. Em Portugal, exemplifica o responsável da APAN, a plataforma conta com cerca de 160 moderadores que dominam o português europeu e implementou nas últimas eleições legislativas um centro eleitoral dedicado à deteção e remoção de desinformação.

Estas medidas visam aumentar a confiança dos utilizadores, instituições e marcas. Ainda assim, é importante que as empresas mantenham atenção ao enquadramento legal europeu, nomeadamente em matéria de proteção de dados pessoais (GDPR), obrigações de transparência impostas pelo Digital Services Act, e boas práticas de responsabilidade social na comunicação”, diz Ricardo Torres Assunção.

No fundo, apesar dos desafios, as marcas continuam a investir na plataforma, “reconhecendo que os benefícios em termos de alcance e interação superam, neste momento, os riscos, desde que haja uma gestão responsável da presença digital“, acrescenta.

“Em última análise, acreditamos que o risco regulatório deve ser gerido com inteligência — não temido. A agilidade das marcas (e das agências) será sempre a melhor resposta a um contexto em constante mudança“, conclui Tiago Strecht, growth managing director da Samy.

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FNS2025: “Vai haver uma maior concentração das empresas de mediação de seguros”

  • ECO Seguros
  • 17:05

O novo presidente da APROSE fala em entrevista exclusiva no 4.º Fórum Nacional de Seguros sobre a organização da sua administração. Veja aqui a primeira aparição pública de Nuno Martins.

A entrevista a Nuno Martins, presidente da Aprose, abriu o segundo dia do 4.º Fórum Nacional de Seguros 2025Pedro Granadeiro/ECO

Naquela que foi a sua primeira aparição pública enquanto presidente da APROSE, Nuno Martins fala sobre os planos da nova administração para os próximos anos no 4.º Fórum Nacional de Seguros: entre eles está o desenvolvimento da academia da APROSE e dinamizar o congresso anual da associação com o regresso dos prémios APROSE.

Em entrevista conduzida por Francisco Botelho, diretor da ECOseguros, Nuno Martins analisa o setor da distribuição de seguros em Portugal, abordando a relação entre os distribuidores e as seguradoras, bem como entre os distribuidores e o governo.

Veja ou reveja o painel aqui:

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Trust in News, dona da Visão, comunica despedimento coletivo dos 80 trabalhadores

  • Lusa
  • 14:14

A Trust in News, dona da Visão, comunicou o despedimento coletivo de 80 trabalhadores, pedindo-lhes para "continuarem a trabalhar sem receber", anunciou o Sindicato dos Jornalistas

A Trust in News (TiN) comunicou na sexta-feira o despedimento coletivo dos 80 trabalhadores do grupo, dono de títulos como a Visão e Caras, pedindo-lhes para “continuarem a trabalhar sem receber”, revelou o Sindicato dos Jornalistas (SJ). “A direção do Sindicato dos Jornalistas (SJ) foi confrontada com a dramática notícia do despedimento, sexta-feira, 25 de julho, de todos os trabalhadores do grupo Trust in News (TiN)”, lê-se num comunicado divulgado este domingo.

De acordo com o sindicato, este “é um desfecho que começou a desenhar-se há meses e cujos reais contornos devem ser apurados em todas as dimensões, desde a jornalística, à económica, financeira, política e até judicial”.

No comunicado, o SJ aponta a “postura incompreensível e intolerável” do administrador de insolvência da TiN, que quando entregou, presencialmente, o pré-aviso de despedimento aos cerca de 80 trabalhadores da empresa, lhes pediu “que continuassem a trabalhar para manter vivos os títulos, com o argumento de gerar receita, apesar de não ser dada qualquer garantia de remuneração”. “Teme o SJ que se esteja a preparar uma venda a preço de saldo, sem ‘o inconveniente e o incómodo’ de existirem pessoas a quem pagar salários e garantir direitos”, sustenta.

Segundo explica, variando o prazo do pré-aviso de despedimento de 30 a 75 dias, consoante a antiguidade de cada trabalhador, “no fundo, foi pedido às pessoas a quem é devido o salário de junho, e em breve o de julho, bem como os subsídios de férias e os subsídios de refeição de maio e de junho, que continuem a trabalhar sem garantia de retribuição“. Isto “para manter vivo um negócio que, desconfiamos, será vendido ‘à 25.ª hora'”, adverte.

Neste sentido, o sindicato alerta que “todos os que aceitarem continuar a trabalhar poderão estar a ajudar a salvar uma negociata cujos contornos não são claros neste momento”.

Adicionalmente, “perdendo todos os direitos como trabalhadores com o despedimento agora anunciado, não têm qualquer garantia de vir a ser integrados numa empresa que eventualmente possa nascer”.

Lembramos que, além de estar a ser pedido agora às pessoas que continuem a trabalhar sem remuneração, o que equivale a escravatura, os trabalhadores, na esperança de uma venda redentora, podem estar a contribuir para salvar títulos que, no futuro, podem ser usados para fazer um jornalismo completamente diferente do que fizeram nestes anos, em que engrandeceram a profissão e contribuíram para uma sociedade mais esclarecida, dado o rigoroso escrutínio de que se revestiu muito do que foi feito jornalisticamente no grupo TiN, enquanto teve capacidade financeira“, adverte o SJ.

O sindicato diz viverem-se tempos em que “a fragilidade do jornalismo interessa a muitos atores sociais, alguns dos quais se regozijam com o desemprego destas 80 pessoas”. “Sabemos que há muita gente que deseja o fim desta profissão, que não quer ser escrutinada, que quer mentir livremente, pois não trabalha nem deseja uma sociedade que seja mais justa e equitativa”, lamenta.

Neste cenário, a estrutura sindical considera “ainda mais lamentável e profundamente incompreensível” que, quase dois meses decorridos desde que tomou posse, o ministro da Presidência, Leitão Amaro, que tutela a comunicação social, “ainda não tenha respondido ao pedido de audiência solicitado pelo SJ pouco após a sua oficialização no cargo“.

O Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa Oeste chumbou em junho o plano de insolvência apresentado pela TiN, determinando o encerramento da sua atividade: “Nestes termos, decido não homologar o plano de insolvência apresentado pela Trust in News”, lê-se num documento datado de 18 de junho, a que a agência Lusa teve acesso.

Na altura, o acionista da TiN Luís Delgado disse à Lusa pretender recorrer da decisão que ditava o fecho da empresa, detentora de títulos como a Visão, Exame, Jornal de Letras, Activa, Telenovelas, TV Mais e Caras. “Se possível, vamos recorrer da decisão da não homologação do plano de insolvência que foi aprovado por 77% dos credores”, afirmou então o gestor.

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Nuno Portas, “O Ser Urbano”. Uma vida dedicada à arquitetura, urbanismo e serviço público

  • Lusa
  • 13:29

O arquiteto Nuno Portas, 90 anos, distinguido com o Prémio Abercrombie, em 2005, morreu este domingo em Lisboa, disse à Lusa um familiar.

O arquiteto Nuno Portas, que morreu este domingo aos 90 anos (1934-2025), destacou-se como pensador, investigador e impulsionador de políticas habitacionais e urbanísticas em Portugal e no estrangeiro, garantindo projeção internacional, sobretudo em Espanha e no Brasil.

Nuno Portas demonstrou preocupação constante com os direitos dos cidadãos à habitação digna e à cidade. Foi secretário de Estado da Habitação e Urbanismo em 1974, após o ’25 de Abril’. Criou o Serviço de Apoio Ambulatório Local, para responder a necessidades crónicas e urgentes, criadas por anos de ditadura. Manteve, ao longo de toda a sua obra e de toda a sua vida a acérrima defesa pelo “direito à cidade”.

Nuno Rodrigo Martins Portas, uma das figuras de referência na cultura portuguesa, nasceu em 23 de setembro de 1934, em São Bartolomeu, concelho de Vila Viçosa, distrito de Évora, e dividiu-se ainda muito jovem entre as paixões pelo cinema e pela arquitetura. Com uma carreira multifacetada, Portas conciliou atividade académica, produção teórica, intervenção cívica e prática profissional, após ter concluído o curso de arquitetura em 1959, nas Escolas de Belas Artes de Lisboa e do Porto.

O percurso profissional haveria de iniciar-se dois anos antes, em 1957, na Rua da Alegria, em Lisboa, no ateliê de Nuno Teotónio Pereira (1922-2016), considerado um dos mais notáveis arquitetos portugueses da sua geração, e um dos exemplos de admiração que Nuno Portas citou várias vezes, em entrevistas.

O arquiteto e investigador trabalhou “em grande sintonia” com Teotónio Pereira durante quase 20 anos, nomeadamente em projetos dos bairros dos Olivais, na capital: “Era uma pessoa com uma enorme cultura e empenho em ser verdadeiro”, descreveu Portas, em entrevista à RTP, em 2005.

A colaboração manteve-se até 1974, marcando uma fase de intensa aprendizagem e envolvimento em projetos de renovação da arquitetura nacional, com ideias consideradas na altura pioneiras, contundentes e ousadas, materializadas em contributos às cidades do Porto, Guimarães e Aveiro.

Paralelamente, Nuno Portas tornou-se figura ativa no meio cultural, associando-se à revista Arquitectura, da qual foi diretor, e onde publicou textos distinguidos, nomeadamente com o Prémio Gulbenkian de Crítica de Arte em 1963.

Toda a minha atividade política esteve sempre ligada ao meu papel como arquiteto.

Nuno Portas

Foi dos primeiros a escrever sobre a obra do arquiteto Álvaro Siza, tanto em Portugal como em revistas da especialidade em Espanha e Itália.

Entre 1962 e 1974 desenvolveu investigação no Laboratório Nacional de Engenharia Civil, onde coordenou o Núcleo de Arquitetura, Habitação e Urbanismo, atividade que é tida no meio como contributo decisivo para o pensamento crítico sobre o espaço urbano e a habitação em Portugal.

Com uma abordagem interdisciplinar, Nuno Portas aliou o rigor científico à preocupação social, antecipando debates sobre cidade e cidadania, sublinham os seus pares.

Desde cedo, demonstrou uma preocupação constante com os direitos dos cidadãos à habitação digna e à cidade, o que transpareceu na defesa de modelos cooperativos de habitação e na criação do Serviço de Apoio Ambulatório Local (SAAL), quando foi secretário de Estado da Habitação e Urbanismo, em 1974. “Toda a minha atividade política esteve sempre ligada ao meu papel como arquiteto”, sublinhou, na mesma entrevista à RTP, na qual sublinhou a importância destes profissionais estarem atentos às desigualdades e às necessidades reais das comunidades, defendendo que aprofundassem os conhecimentos no campo da antropologia e sociologia.

Os seus escritos — tanto em arquitetura como em crítica de cinema — revelam uma personalidade atenta à cultura, ao pensamento contemporâneo e à transformação social, não se acomodando à norma, e mantendo uma postura interventiva ao longo da carreira.

A carreira docente teve início na Escola de Belas Artes de Lisboa, onde lecionou a cadeira de Projeto entre 1965 e 1971. Em 1983, integrado no corpo docente da Escola de Belas Artes do Porto, participou na fundação da Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, onde viria a tornar-se professor catedrático em 1989.

Depois, com estatuto de professor jubilado, manteve influência intelectual na academia pelo seu legado, do qual faz parte a estruturação do primeiro mestrado em Planeamento e Projeto do Ambiente Urbano.

A atividade académica de Nuno Portas estendeu-se internacionalmente, com passagens por instituições de prestígio como a Escola Técnica de Arquitetura de Barcelona, o Instituto de Urbanismo de Paris, o Politécnico de Milão, a Universidade de Ferrara, em Itália, e a Universidade Federal do Rio de Janeiro, no Brasil.

Ainda no plano internacional, liderou o Planeamento Intermunicipal de Madrid (1980-1983), onde viveu nesses três anos, e foi consultor dos planos estratégicos municipais de Barcelona e Santiago de Compostela, também em Espanha.

Hoje a arquitetura tem a obsessão das invenções e despreza a memória. Mas não há linguagem sem memória.

Nuno Portas

Trabalhou com as Nações Unidas, a União Europeia e o arquiteto espanhol Oriol Bohigas (1925-2021) em projetos para o Rio de Janeiro, como o Plano de Frente de Mar e o Plano de Recuperação da Zona Central da cidade. Em Cabo Verde, contribuiu para o enquadramento legislativo do urbanismo.

Hoje a arquitetura tem a obsessão das invenções e despreza a memória. Mas não há linguagem sem memória”, comentou, também em entrevista, defendendo que o “património deveria ser respeitado mas acrescentado, o que os antigos sempre fizeram”, sustentando que aquela disciplina consiste “numa arte de grandes permanências e de responsabilidade”.

Na esfera política, foi nomeado secretário de Estado da Habitação e Urbanismo após o 25 de Abril, nos três primeiros Governos Provisórios (1974-1975). Nesta função, liderou uma profunda reforma do setor, promovendo cooperativas de habitação, o SAAL, e lançou os fundamentos dos atuais Planos Diretores Municipais. Em 1990, exerceu funções como vereador do urbanismo na Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia.

Como arquiteto, trabalhou, em Portugal, além de Nuno Teotónio Pereira, com figuras destacadas no setor, como Pedro Botelho, José Luís Gomes, Camilo Cortesão e Bartolomeu Cabral.

Com uma obra centrada no pensamento urbano, coordenou planos estratégicos e de ordenamento em diversas regiões do país.

Numa entrevista à revista brasileira de arquitetura Vitruvius, em 2013, que afirmou: “Considero-me ‘arruador’ – termo usado há séculos – pela importância que tenho vindo a dar aos elementos mais duradouros do urbanismo: as redes de espaço público que se devem antecipar às construções que duram menos, como todos percebemos.”

A revista destacou a visão “profundamente humanista” de Nuno Portas, sempre preocupada “em conciliar a qualidade arquitetónica com as necessidades sociais, defendendo que o direito à habitação digna era indissociável do direito à cidade.”

Entre os projetos mais relevantes, destacam-se o plano do ‘campus’ da Universidade de Aveiro, o primeiro Plano Geral da Expo 98 e os estudos de requalificação de Chelas e do centro histórico de Guimarães.

Autor de vasta obra publicada sobre teoria, história crítica da arquitetura e urbanismo contemporâneo, manteve uma ligação constante ao mundo da crítica e cinefilia, assinando textos em diversas publicações especializadas, com um estilo reconhecido pela acuidade analítica e compromisso social.

Nuno Portas criou uma série de programas que ele próprio conduziu, intitulada “À Volta da Cidade”, centrada no urbanismo e património arquitetónico em Portugal, que a RTP transmitiu em 1978-1979, na qual cada episódio abordava diferentes temas relacionados com a evolução das cidades e a arquitetura nacional.

Neste programa falou d’”Os Problemas da Habitação”, do “Crescimento das Cidades”, da “Defesa do Património”, abordou problemas do centro das cidades e da sua transformação e crescimento, perspetivou questões de arquitetura e urbanismo, de administração local, mostrou obras como o Bairro da Bouça, de Álvaro Siza, sempre visitando os locais, mostrando exemplos concretos e mantendo um tom de diálogo com o espaço em volta – e com o público -, então raro na produção televisiva.

O documentário “A Cidade de Portas“, dedicado à complexidade do conceito de cidade do arquiteto, realizado por Humberto Kzure e Teresa Prata, estreou-se no Festival IndieLisboa em 2021.

Nuno Portas teve uma forte ligação ao movimento cineclubista em Portugal, como membro ativo do Cineclube de Lisboa, e deixou uma visão crítica sobre cinema expressa em diversos artigos e ensaios, nos quais analisou o papel desta expressão como forma de arte e como reflexo da sociedade.

No início da carreira, na década de 1950, quando foi mobilizado para a tropa, chegou mesmo a fazer uma curta-metragem sobre o serviço militar. Em entrevista ao jornal i, em 2013, falou sobre esse filme de 30 minutos, com montagem do cineasta Fernando Lopes (1935-2012): “Pegava na malta que vinha do campo e mostrava como é que as pessoas eram tratadas.”

A luta pela conquista dos direitos do arquiteto a arquitetar tem de ser firme, mas cautelosa e progressiva

Nuno Portas, fundamentalmente, acreditava que o cinema, tal como a arquitetura, tinham “o poder de influenciar e transformar a experiência humana no espaço e no ambiente”.

Nuno Portas é pai dos políticos Paulo e Miguel Portas (1958-2012) – do seu primeiro casamento com Helena Sacadura Cabral – e da jornalista e empresária Catarina Portas, do segundo casamento, com Margarida Sousa Lobo.

Nuno Portas recebeu, com o arquiteto Nuno Teotónio Pereira, o Prémio Valmor, em 1975, pela Igreja do Sagrado Coração de Jesus, em Lisboa.

Entre as distinções recebidas, contam-se o Doutoramento Honoris Causa pela Universidade de Aveiro e pelo Instituto Politécnico de Milão, a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique e o Prémio Sir Patrick Abercrombie da União Internacional de Arquitetos.

Em 2012, Guimarães – Capital Europeia da Cultura dedicou-lhe a exposição retrospetiva “O Ser Urbano – Nos Caminhos de Nuno Portas”, mais tarde mostrada no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. A exposição, que deu origem a um catálogo publicado pela Imprensa Nacional, demonstrava como toda a sua obra era uma afirmação do “direito à cidade”.

A luta pela conquista dos direitos do arquiteto a arquitetar tem de ser firme, mas cautelosa e progressiva“, escreveu n’O Jornal do Arquitecto, em 2017, quando foi homenageado pela Ordem dos Arquitetos.

O êxito dessa luta“, prosseguiu, “depende, antes de mais, de nós próprios como grupo. Depende de sabermos criar a evidência, perante um público mais largo, ainda que impreparado, de que a nossa maioria de profissionais – e não só o pequeno grupo de notáveis – pode oferecer serviços que outros só por exceção oferecerão e em condições de custo correspondentes aos benefícios que este serviço mais qualificado trará aos utentes“.

E concluiu: “Muita coisa terá de mudar se quisermos legitimar a nossa reivindicação de que o arquiteto, enquanto agente cultural, é imprescindível ao desenvolvimento social das comunidades“.

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Brilhante Dias diz que Ventura é um “agente de transformação do PSD” por fora

  • Lusa
  • 12:09

O líder parlamentar do PS, Brilhante Dias, acusou o primeiro-ministro de estar a governar em coligação com o Chega, considerando que André Ventura é um "agente de transformação" do PSD por fora.

O líder parlamentar do PS acusou o primeiro-ministro de estar a governar em coligação com o Chega, considerando que André Ventura é um “agente de transformação” do PSD por fora. “Há uma frase que pode parecer provocadora, mas que eu penso que reflete a realidade política desta legislatura até ao dia de hoje. É o regresso do doutor André Ventura ao PSD, mas é um regresso onde o doutor André Ventura percebeu que é mais fácil transformar o PSD por fora do que por dentro“, defendeu, em entrevista à Lusa, Eurico Brilhante Dias.

Na perspetiva do líder da bancada do PS no parlamento, “há uma alteração da natureza” do partido liderado por Luís Montenegro e o presidente do Chega, que já foi militante social-democrata, é agora “um agente de transformação do PSD por fora”. “Para a frente não sabemos o que vai acontecer, mas até hoje o doutor Luís Montenegro governa com o doutor André Ventura em coligação de facto“, condena.

Ironizando que “nem o Governo é a Carochinha” nem o PS “é o João Ratão”, Brilhante Dias aponta que a “realidade palpável e factual” é que o primeiro-ministro escolheu “governar com a extrema-direita”.

Como partido democrático que serve este país, como oposição democrática, nós temos uma obrigação: a de construir uma alternativa e a de dizer aos portugueses que, assuntos centrais da sua vida devem ser discutidos por gente democrática, moderada, credível, como é o secretário-geral do PS“, defende.

O dirigente do PS refere “um acordo desmentido e depois confirmado na lei de estrangeiros, na lei da nacionalidade e no IRS” como exemplos da opção do executivo até agora de “governar com a extrema-direita”, temas em relação aos quais garante que o PS sempre mostrou disponibilidade para dialogar. “Foi uma opção de Luís Montenegro, que quis entender-se com a extrema-direita. É uma opção própria, que os portugueses olharão e vão seguramente julgar mais tarde“, enfatiza.

Recordando que o PS “nasceu na clandestinidade e no combate à ditadura”, Brilhante Dias afirma que os socialistas têm “uma obrigação democrática de dizer ao PSD que não tem que ficar nas mãos da extrema-direita para governar”.

“Nós não somos parceiros do Governo. Nós somos um partido democrático responsável. Oposição firme onde temos que ser oposição firme, capacidade de diálogo nos temas que são centrais para a vida dos portugueses e para a vida da República Portuguesa”, assegura.

Segundo o líder parlamentar socialista, ao contrário do primeiro-ministro, para o PS as “ideias antissistema democrático” que acusa o Chega de ter “não são normalizáveis”.

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Investimento hoteleiro cresce apesar da incerteza e soma 331 milhões até junho

  • Lusa
  • 11:56

O investimento hoteleiro em Portugal somou 331 milhões de euros no primeiro semestre de 2025, mais 33% do que no mesmo período do ano passado, apesar da incerteza económica e geopolítica.

O investimento hoteleiro em Portugal somou 331 milhões de euros no primeiro semestre de 2025, mais 33% do que no mesmo período do ano passado, apesar da incerteza económica e geopolítica, segundo consultoras do setor. Em declarações à Lusa, a Cushman & Wakefield (C&W), a JLL, a CBRE e a Savills traçaram um retrato globalmente positivo do mercado hoteleiro português, com todos os indicadores a apontarem para uma manutenção do dinamismo no segundo semestre.

O apetite pelo investimento em hotelaria em Portugal continua estável, atendendo aos volumes de investimento verificados“, afirmou Gonçalo Garcia, ‘head of hospitality’ da Cushman & Wakefield, destacando que, em 2025, já foram concluídas transações de grande dimensão, como os hotéis Anantara Vilamoura e Cascais Miragem.

Segundo a JLL, que reporta um total de 331 milhões de euros em ativos hoteleiros transacionados no primeiro semestre (+33% face ao período homólogo), os números confirmam “o contínuo interesse dos investidores no setor e refletem a robustez do mercado turístico português”, nas palavras de Augusto Lobo, responsável pela área de capital markets.

Também a CBRE projeta que o investimento hoteleiro em 2025 supere os 600 milhões de euros, acima do valor registado em 2024, segundo José Maria Coutinho, ‘Head of Research’. O responsável da consultora sublinha ainda que “71% do investimento continua a ser assegurado por investidores internacionais” e destaca que “Portugal surge, pela primeira vez, no topo das preferências dos investidores europeus”, de acordo com o inquérito anual realizado pela CBRE.

De acordo com o líder da área de capital markets da Savills, Pedro Simões, o setor hoteleiro representou cerca de 20% do volume total de investimento imobiliário em 2024, o que corresponde a aproximadamente 486 milhões de euros, num total de 2,4 mil milhões de euros. E as estimativas para 2025 apontam para “uma fatia crescente”, com um aumento homólogo de 16% no primeiro semestre. “As projeções para o segundo semestre mantêm-se promissoras, antecipando-se um desempenho ligeiramente superior ao do ano anterior, sustentando a forte tração do setor”, sustentou Pedro Simões.

Este interesse reflete a atratividade do mercado português, num contexto de crescimento sustentado do turismo, impulsionado, em grande parte, pelo aumento do número de visitantes norte-americanos, com elevado poder de compra.

Apesar da conjuntura internacional marcada pela guerra das tarifas e da incerteza geopolítica, o mercado hoteleiro nacional continua, assim, a captar investimento, apoiado numa procura sólida.

Em relação ao portfólio de projetos em desenvolvimento (pipeline) de novos hotéis, a Cushman & Wakefield contabiliza cerca de 110 projetos com inauguração prevista para os próximos três anos, sendo que 30 destas unidades deverão abrir portas durante o segundo semestre de 2025. A grande maioria dos projetos são hotéis de 4 e 5 estrelas (37% e 45%, respetivamente.

Questionado se estavam a notar adiamentos devido ao atual cenário de incerteza económica, o responsável da C&W rejeitou essa tendência. “Não temos conhecimento de projetos hoteleiros que tenham sido cancelados por motivos imputados ao mercado, ou falta de confiança na dinâmica turística. Verificam-se sim atrasos de projetos, muitos deles devido aos processos de licenciamento que acabam por se arrastar para além dos planos iniciais“, apontou.

A JLL avança com um total de 115 projetos em desenvolvimento, dos quais 71 em construção, e um ‘pipeline’ de 12.172 quartos dos quais mais de metade (56%) em construção.

Já a CBRE confirmou a abertura de 25 unidades (cerca de 2.800 quartos) este ano e prevê a inauguração de pelo menos mais 11 até ao final do ano. A consultora assinala que não têm “registados nem adiamentos nem cancelamentos nos projetos hoteleiros”, embora existam “atrasos nas fases de licenciamento e construção”.

A Savills destaca que “o ‘pipeline’ mantém-se robusto para os próximos dois anos”, com Lisboa a liderar como a cidade com mais quartos em desenvolvimento ( 3.300), seguindo o Algarve (3.000) e o Porto e a Região Norte (2.000).

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Pelo menos 15 partidas e 12 chegadas canceladas hoje devido à greve na Menzies

  • Lusa
  • 11:46

Pelo menos 15 partidas e 12 chegadas previstas para hoje no aeroporto de Lisboa foram canceladas devido à greve na SPdH/Menzies (ex-Groundforce), sendo os atrasos "às dezenas", segundo fonte sind

Pelo menos 15 partidas e 12 chegadas previstas para hoje no aeroporto de Lisboa foram canceladas devido à greve dos trabalhadores da SPdH/Menzies (antiga Groundforce), sendo os atrasos “às dezenas”, segundo fonte sindical.

Em declarações à agência Lusa, Carlos Araújo, dirigente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e Afins (SIMA), avançou que estes são os voos que, neste momento, “já estão [dados como] cancelados até ao final do dia”. “Até agora, isto é o que temos como garantido“, afirmou.

A agência Lusa aguarda ainda uma atualização por parte da gestora aeroportuária ANA — Aeroportos de Portugal sobre o impacto da paralisação na empresa de ‘handling’, responsável pelos serviços de assistência em escala.

No terceiro dia de greve, o dirigente do SIMA destacou também o “número crescente de voos que saem sem bagagem”. “Isso causa uma montanha, literalmente, de bagagem acumulada para processar“, sustentou.

A greve em curso, convocada pelo SIMA e pelo Sindicato dos Transportes (ST), iniciou-se às 00:00 de sexta-feira e prolonga-se até às 24:00 de segunda-feira.

Trata-se da primeira de cinco greves de quatro dias marcadas para os fins de semana até ao início de setembro. Em agosto, os períodos de greve estão agendados para 08 a 11, 15 a 18, 22 a 25 e 29 de agosto a 01 de setembro.

Entre as reivindicações dos trabalhadores estão o fim de salários base abaixo do salário mínimo nacional, o pagamento das horas noturnas, melhores condições salariais e a manutenção do acesso ao parque de estacionamento nos mesmos moldes anteriores.

Aproximando-se o quarto do protesto, o dirigente do SIMA diz esperar que a Menzies Aviation “venha para as negociações de boa-fé, tentando efetivamente corrigir o passo”.

“Queremos que ninguém nesta empresa tenha um vencimento inferior ao salário mínimo. Tem de ser igual ou superior”, argumentou, enfatizando que “a maioria dos trabalhadores, sobretudo os mais novos, vivem com grandes dificuldades”. Por isso — acrescentou – “o lema da greve é e será, enquanto o assunto não estiver resolvido, ‘Mais vale um mês ainda pior do que o resto da vida assim‘”.

O sindicato acusa ainda a SPdH/Menzies de estar “a violar flagrantemente o direito à greve” para tentar “neutralizar os efeitos da paralisação”, recorrendo a “práticas ilegais” como a “antecipação forçada de turnos e convocação de trabalhadores em dias de folga”, a “substituição de grevistas por trabalhadores de empresas de trabalho temporário” e a “reorganização abusiva de escalas”.

“O SIMA está a recolher provas destas ilegalidades e vai apresentar queixas formais à Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) e ao Ministério Público, exigindo a responsabilização dos dirigentes da Menzies/SPdH”, avançou no sábado em comunicado.

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📹 Sabe ver se uma barra de ouro é falsa?

Os preços do ouro têm disparado, suportados pela procura por refúgio. A forte procura pelo metal dourado pode levar a tentativas de fraude na venda de ouro. Veja como reconhecer uma falsificação.

Os preços do ouro estão próximos dos máximos de 3.500 dólares, com as tensões geopolíticas e a guerra das tarifas a acelerarem a procura pelo metal. Para quem quer comprar barras de ouro, há que ter cuidados redobrados, já que nem tudo o que reluz é ouro. Sabe como identificar uma barra de ouro falsa? Veja o vídeo.

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Turismo confiante para este verão: “Se for igual ao de 2024, já será muito positivo”

Do Norte ao Sul do país, as perspetivas para o verão são positivas, mas existem assimetrias. Algarve, Madeira e Açores com taxas de ocupação entre os 70% e 100%.

O turismo em Portugal continua em rota de crescimento e as perspetivas para o verão são “positivas”, embora marcadas por “claras assimetrias regionais“. No entanto, apesar do cenário positivo, as tensões geopolíticas podem impactar a procura turística.

“Se o verão deste ano for igual ao de 2024, já será considerado muito positivo“, diz ao ECO o presidente da Confederação do Turismo de Portugal, evidenciado que em maio deste ano, as dormidas subiram 2,3% — “são indicadores bastante positivos para a época de verão que agora começou”. Por outro lado, alerta que “o contexto internacional marcado por instabilidade pode impactar a mobilidade e a procura turística”.

Os resultados da 74.ª edição do Barómetro do Turismo do Instituto de Planeamento e Desenvolvimento do Turismo (IPDT) mostram que as “perspetivas para o verão de 2025 são positivas, prevendo-se um desempenho superior ao de 2024, impulsionado pela procura externa”. Reino Unido, Espanha, França, EUA e Alemanha destacam-se como os principais mercados emissores.

A vice-presidente executiva da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) assegura ao ECO que “as perspetivas para este verão são, de forma geral, positivas” e está convencida que “será um verão sólido, com resultados equilibrados, em linha com a expectativa de crescimento que o setor tem vindo a assumir desde o início do ano”. No entanto, chama a atenção para as “assimetrias regionais claras”.

Dados do INE mostram que de janeiro a maio deste ano o número de dormidas em Portugal aumentou 2% face a 2024, passando de 27,7 milhões para 28,3 milhões. Nos primeiros cinco meses do ano chegaram a Portugal 11,7 milhões de hóspedes, refletindo um crescimento de 4% em relação ao período homólogo de 2024, quando se registaram 11,3 milhões. Neste período, os proveitos totais do turismo português registaram um crescimento de 8%, passando de 2,1 mil milhões de euros em 2024 para 2,2 mil milhões de euros.

Turismo em LisboaLusa

Cristina Siza Vieira realça que de acordo com o inquérito da AHP “Perspetivas Verão 2025”, concluído em 1 de junho de 2025, as reservas para junho, julho e agosto apresentavam níveis satisfatórios, sobretudo no Algarve, Madeira e Açores, onde grande parte dos empreendimentos reportava, ao tempo, taxas de ocupação entre os 70 e os 100%.

Com taxas de ocupação mais baixas, entre os 50% e os 69%, está a região de Lisboa e Norte, mostra a análise da AHP. Por outro lado, em regiões como Centro, Alentejo e Oeste e Vale do Tejo as reservas ainda estão aquém – abaixo dos 50% em muitos casos.

André Gomes, presidente da Associação Turismo do Algarve corrobora a análise da AHP e conta ao ECO que o “Algarve está com um ritmo superior de reservas e de proveitos em comparação com o verão do ano passado”, com base no feedback que foi obtendo por parte dos empresários, em particular no setor da hotelaria.

Algarve está com um ritmo superior de reservas e de proveitos em comparação com o verão do ano passado.

André Gomes

Presidente da Associação Turismo do Algarve

No ano passado, o Algarve alcançou o maior número de hóspedes de sempre, com os estabelecimentos de alojamento turístico a receber 5,2 milhões de visitantes, um aumento de 2,6% face a 2023. O presidente da Associação Turismo do Algarve tem esperança que “venha a ser um ano ainda melhor do que o ano passado“, tanto no verão como no acumulado do ano.

O líder da associação afasta a ideia que o Algarve está mais caro e que os portugueses estão a optar por outros destinos. “Não é verdade que existe um divórcio dos portugueses em relação ao Algarve e que o Algarve está demasiado caros para os portugueses”, diz André Gomes, enumerando que os números mostram precisamente isso: “o mercado nacional continua a ser o nosso principal mercado, o ano passado foi o primeiro ao nível de hóspedes e o segundo a nível de dormidas, só ultrapassado pelos britânicos”.

Tendo por base o estudo Holiday Money Report 2025, André Gomes destaca que a análise mostra que o Algarve está de volta ao topo do ranking em termos de custo-benefício após nove anos.

Quando tomou posse em 2023, o presidente do Turismo do Algarve disse em entrevista ao ECO que um dos objetivo do seu mandato seria dissociar o Algarve de destino de sol e praia, uma meta que parece ter alcançado já que a “região tem crescido mais na época baixa do que na alta”. André Gomes contabiliza que de janeiro e abril de 2024 a região algarvia cresceu em média cerca de 20% e entre outubro e dezembro avançou cerca de 18%, ambas em comparação com o período homologo. “Estes crescimentos estão a refletir-se também este ano”, antecipa o líder da entidade.

O secretário regional do turismo da Madeira, Eduardo Jesus, confirma ao ECO que “as taxas de ocupação estão muito elevadas, como é habitual nesta altura do ano”, destacando que nos “últimos últimos anos a região tem registado resultados francamente positivos”.

Algarve lidera, mas Centro, Alentejo e Norte ganham tração

Apesar de o Algarve continuar a liderar nesta época do ano, a vice-presidente executiva da Associação da Hotelaria de Portugal nota que o “Centro, o Alentejo, o interior Norte estão a ganhar tração”, justificando que existe uma “maior procura por destinos alternativos, com menor pressão turística e propostas diferenciadas”.

Tem sido evidente uma maior procura por destinos alternativos, com menor pressão turística e propostas diferenciadas. O Centro, o Alentejo, o interior Norte estão a ganhar tração, também porque o próprio setor tem investido e inovado cada vez mais nessas zonas.

Cristina Siza Vieira

Presidente executiva da Associação da Hotelaria de Portugal

À semelhança do Algarve, o Alentejo registou o melhor ano turístico de sempre em 2024, com cerca de 1,7 milhões de turistas, número que, na ótica do presidente do Turismo de Alentejo, “se encontra subavaliado, já que não estão aqui contabilizados os parques de campismo e alojamentos com menos de dez unidades”.

José Manuel Santos diz ao ECO que “até maio a região cresceu acima da média nacional” e que face aos números as “perspetivas dos operadores para o verão são positivas, ainda que cautelosas”.

O líder do turismo alentejano adianta que o “Alentejo é um destino que se vende muito bem no last minute” e que “nos meses de verão depende ainda mais do mercado nacional que escolhe crescentemente produtos inovadores, cuja oferta se encontra próxima da água, seja de interior ou de costa – como, por exemplo as estações náuticas”.

Rio Douro

Outro dos destinos que está a crescer acima da média nacional é o Porto e Norte. Dados do INE mostram que nos primeiros cinco meses de 2025 o Porto e Norte registou um crescimento de 5,8% no número de hóspedes, sendo a média nacional de 3,9%, mas também um crescimento de 6% nas dormidas, em comparação com a média nacional de 2,3%. E o mesmo aconteceu nos proveitos, com mais 10,8%, em comparação com o crescimento de 8% da média nacional.

“É verdade que continuamos a tendência de crescimento nos vários indicadores, mas acima de tudo temos hoje uma melhor distribuição de turistas por todo o território e esse é um dos nossos principais objetivos, só assim permitimos que o turismo tenha um forte contributo para a coesão territorial e social da região e esse impacto é para nós tão ou mais importante do que o aumento do número de turistas”, diz ao ECO Luís Pedro Martins, presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal.

É verdade que continuamos a tendência de crescimento nos vários indicadores, mas acima de tudo temos hoje uma melhor distribuição de turistas por todo o território e esse é um dos nossos principais objetivos.

Luís Pedro Martins

Presidente do Turismo Porto e Norte

O presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal constata que as “regiões do Porto e Norte, Centro, Alentejo e Açores, mais recentes nas campanhas de promoção externa do país, têm demonstrado um desempenho fantástico ao longo da última década“, destacando o “enoturismo, a gastronomia, o turismo de natureza, religioso, náutico e termal”.

“São produtos âncora, regiões riquíssimas em património cultural, com uma excelente oferta de alojamento para todos os segmentos e que vieram acrescentar muito valor a Portugal”, diz Luís Pedro Martins reeleito o ano passado presidente do Turismo do Porto e Norte de Portugal.

O presidente do Turismo Centro de Portugal confirma a tendência e antecipa um “verão muito positivo na região”. Rui Ventura adianta que num inquérito dirigido à hotelaria “metade dos inquiridos responderam que estão a ter um ligeiro aumento nas receitas face a 2024, e os restantes mantêm valores semelhantes”.

Considerando os bons indicadores do INE do primeiro semestre, onde a região centro registou crescimentos sustentados em dormidas e proveitos, o líder do turismo de centro acredita que “tudo aponta para que este venha a ser o melhor verão de sempre para o turismo no Centro de Portugal”.

Tudo aponta para que este venha a ser o melhor verão de sempre para o turismo no Centro de Portugal.

Rui Ventura

Presidente do Turismo Centro de Portugal

Por regiões, o presidente da Confederação do Turismo de Portugal realça que tal como em 2024, Portugal continua a assistir a um crescimento em várias regiões do país, destacando em particular, “a evolução positiva dos Açores (+7,8%) e da região do Porto e Norte (+6%) no que diz respeito às dormidas até ao mês de maio quando comparadas a 2024″. Contactado, o Turismo dos Açores não respondeu às questões do ECO.

Ilha das Flores, AçoresMIGUEL A. LOPES/LUSA

Mobilidade e falta de recursos humanos são os maiores entraves

A mobilidade e a dificuldade em contratar recursos humanos qualificados são consideradas os principais entraves ao desenvolvimento do turismo em Portugal. A acrescentar à lista está ainda o novo sistema de controlo de fronteiras nos aeroportos.

Para a Confederação do Turismo de Portugal, um dos maiores problemas é o novo sistema de controlo de fronteiras nos aeroportos, “que está a provocar longas filas e tempos de espera consideráveis, sobretudo em Lisboa e Faro”. A associação liderada por Francisco Calheiros diz ao ECO que a” implementação deste sistema está ainda longe de funcionar de forma eficiente, o que proporciona uma má primeira impressão aos turistas que nos visitam”.

A implementação do novo sistema de controlo de fronteiras nos aeroportos está ainda longe de funcionar de forma eficiente, o que proporciona uma má primeira impressão aos turistas que nos visitam.

Francisco Calheiros

Presidente da Confederação do Turismo de Portugal

Uma opinião partilhada pela vice-presidente executiva da Associação da Hotelaria de Portugal que refere que o “impacto desta disrupção não é apenas operacional, é também reputacional”, referindo-se à situação vivida nos aeroportos, nomeadamente no controlo de fronteiras.

“Afetou muitíssimo nos últimos meses a chegada de passageiros oriundos de países fora da Europa e do espaço Schengen, com destaque para o mercado americano, que tem um peso crescente no turismo nacional”, diz Cristina Siza Vieira, recordando os “Estados Unidos são, neste momento, o segundo maior mercado em hóspedes e o terceiro em dormidas em Portugal, e o primeiro, em ambos os indicadores, em Lisboa”, indica.

A acrescentar à lista de constrangimentos, a porta-voz da Associação da Hotelaria de Portugal enumera a dificuldade na contratação de pessoal qualificado e a mobilidade dentro do território nacional.

O líder do Turismo Porto e Norte apela à reforma da lei das entidades regionais, referindo que a “atual lei está desatualizada e desajustada da realidade, sendo um fator de bloqueio da atividade das Entidades Regionais, não lhes permitindo aquilo para a qual a Lei foi pensada – garantir autonomia administrativa e financeira”. No entanto, assegura que “está finalmente em curso este processo de revisão”.

Na liderança do Turismo do Porto e Norte de Portugal desde 2019, Luís Pedro Martins enumera ainda a “mobilidade, nomeadamente a ferroviária, como outro grande constrangimento das regiões”, a par da falta de recursos humanos. Sobre o Aeroporto de Lisboa, Luís Pedro Martins considera que a “infraestrutura está a prestar um péssimo serviço ao país”.

No Algarve, o presidente da Associação Turismo do Algarve enumera o problema da mobilidade na região, que, na sua ótica, “influencia toda a atividade e todos os setores”, a gestão dos recursos hídricos (“algo que não está resolvido”) e por fim a saúde, com André Gomes a lamentar que a região esteja a aguardar há 20/30 anos a construção do Hospital Central do Algarve, “algo que não acontece”.

À semelhança da região algarvia, a mobilidade também é “constrangimento sério” para o turismo do centro. “Muitas zonas do interior da região, atrativas do ponto de vista turístico, ainda carecem de soluções eficazes de transportes que sirvam tanto os residentes como os visitantes”, aponta Rui Ventura, líder do Turismo Centro de Portugal.

Rui Ventura aponta ainda a dificuldade em captar recursos humanos qualificados e a assimetria territorial na qualidade da oferta. Por fim, o presidente do Turismo Centro de Portugal olha para a excessiva litoralização da procura e a sazonalidade da atividade como constrangimentos estruturais.

Tal como na região Centro, o presidente do Turismo de Alentejo, José Manuel Santos, queixa-se que “nesta fase a necessidade de contratação de recursos humanos ainda se torna mais critica, especialmente para a restauração”, embora mencione que em “geral os empresários têm conseguido resolver os problemas”.

O secretário regional do turismo da Madeira considera que a “conjuntura internacional, nomeadamente os conflitos na Europa e Médio Oriente, e a inflação podem inibir viagens mais longas e reduzir o poder de compra dos turistas”.

Os maiores constrangimentos que o setor do turismo, em geral, enfrenta estão ligados à conjuntura internacional, nomeadamente os conflitos na Europa e Médio Oriente, a inflação, e demais fatores que podem inibir viagens mais longas e reduzir o poder de compra dos turistas.

Eduardo Jesus

Secretário regional do turismo da Madeira

Apesar dos constrangimentos, o presidente do Turismo Porto e Norte realça está convicto que “o Turismo vai duplicar as receitas até 2035″ e que “todos estão empenhados nesse objetivo“. Por fim, enumera que a “estabilidade política, a segurança, os equipamentos de saúde, o clima e claro a grande hospitalidade dos portugueses, tem permitido o setor continuar a crescer”.

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IP e consórcio LusoLAV assinam concessão da primeira PPP do TGV

  • Lusa
  • 26 Julho 2025

A Infraestruturas de Portugal e o consórcio LusoLAV, liderado pela Mota-Engil, assinam o contrato de concessão da primeira PPP da linha ferroviária de alta velocidade na terça-feira.

A Infraestruturas de Portugal (IP) e o consórcio LusoLAV, liderado pela Mota-Engil, assinam o contrato de concessão da primeira parceria público-privada (PPP) da linha ferroviária de alta velocidade na terça-feira.

De acordo com uma informação enviada à Lusa pela IP, a assinatura referente ao troço entre Porto – Campanhã e Oiã (Oliveira do Bairro, distrito de Aveiro) da futura linha Porto – Lisboa decorre na terça-feira às 11:50 na sede da IP, em Almada (distrito de Setúbal).

Em causa está a “assinatura do contrato de Concessão da Linha Ferroviária de Alta Velocidade entre Porto (Campanhã) e Oiã, e de apresentação do acordo de financiamento”, num evento que contará com a presença do ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz.

O primeiro troço da linha de alta velocidade previa, no caderno de encargos, a construção de uma ponte rodoferroviária com dois tabuleiros sobre o rio Douro, a reformulação da estação de Porto-Campanhã e a construção de uma nova estação subterrânea em Vila Nova de Gaia, na zona de Santo Ovídio.

Porém, em abril, o consórcio LusoLAV (Mota-Engil, Teixeira Duarte, Alves Ribeiro, Casais, Conduril e Gabriel Couto), a quem foi adjudicada a conceção, construção, financiamento e manutenção da linha, apresentou à Câmara de Gaia uma solução alternativa (não excludente da original), com alterações no traçado, a construção de duas pontes em vez de uma sobre o rio Douro e a estação de Gaia em Vilar do Paraíso em vez de Santo Ovídio.

Na sexta-feira, a Lusa questionou a IP, o Governo e o consórcio LusoLAV sobre quais as soluções que serão adotadas, mas ainda não obteve resposta.

O consórcio defende que as alterações propostas estão dentro do corredor aprovado no Estudo de Impacto Ambiental (EIA) do projeto, mas a proposta alternativa para a estação retira uma ligação direta da estação de Gaia ao Metro do Porto (na linha Amarela, apesar de manter a da linha Rubi) e impacta uma zona de Reserva Ecológica Nacional e um curso de água.

A IP sempre referiu desconhecer as propostas apresentadas pelo consórcio à Câmara de Gaia, feitas em várias reuniões e votadas favoravelmente pelo executivo à data liderado por Eduardo Vítor Rodrigues (PS) e na Assembleia Municipal, apesar da oposição do PSD (no executivo) e da IL (na Assembleia Municipal), bem como da abstenção da CDU (na Assembleia).

Os próprios representantes do consórcio LusoLAV manifestaram, na Câmara de Gaia, “receio formal” sobre o seu encaixe no concurso público, e disseram que as propostas alternativas até podiam ser mais caras que as originais.

A Câmara do Porto também diz desconhecer, oficialmente, as propostas do LusoLAV, e o Governo também afirmou desconhecer e estar em diálogo com a IP. Em 15 de maio, um responsável da IP disse num seminário no Porto que a estação de Gaia será em Santo Ovídio.

O Plano Ferroviário Nacional, aprovado pelo Governo em março e publicado em Diário da República (DR) em 16 de abril, estabelece que a estação de alta velocidade de Gaia é em Santo Ovídio, ligando às linhas Amarela e Rubi do metro.

No mesmo dia, o Governo e a IP asseguraram que “qualquer eventual alteração terá de ser plenamente salvaguardada do ponto de vista legal, estar em total concordância com os requisitos do caderno de encargos e assegurar o acordo dos municípios”.

A linha de alta velocidade deverá ligar Porto e Lisboa numa hora e 15 minutos em 2032, com paragens possíveis em Gaia, Aveiro, Coimbra e Leiria, e o percurso Porto-Vigo (via aeroporto do Porto, Braga, Ponte de Lima e Valença) em 50 minutos, em 2032.

A primeira fase (Porto-Soure) da linha de alta velocidade em Portugal deverá estar pronta em 2030 e a segunda (Soure-Carregado) em 2032, com ligação a Lisboa assegurada via Linha do Norte.

Segundo o anterior Governo, que lançou a primeira PPP da alta velocidade, os custos do investimento no eixo Lisboa-Valença rondam os sete a oito mil milhões de euros.

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