Ministério Público arquivou inquérito aberto sem fundamento à Spinumviva. Averiguação preventiva continua em curso

  • Lusa
  • 1 Julho 2025

O envio para vários departamentos do MP da mesma queixa relativa à empresa familiar de Montenegro levou à abertura de um inquérito que, por não ter fundamento, foi arquivado.

O envio para vários departamentos do Ministério Público da mesma queixa relativa à empresa familiar do primeiro-ministro levou à abertura de um inquérito, paralelo à averiguação preventiva, que por não ter fundamento foi arquivado, confirmou a Procuradoria-Geral da República.

O caso da abertura de um inquérito-crime por um Departamento de Ação e Investigação Penal (DIAP) e do seu arquivamento foi noticiado esta terça-feira pelo Diário de Notícias e confirmado à Lusa pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que adiantou que a situação se ficou a dever à remessa por um cidadão da mesma denúncia, por correio eletrónico, relativa a Luís Montenegro e à sua empresa familiar Spinumviva, à PGR, ao Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) e vários DIAP.

Segundo explicou a PGR, “tais denúncias idênticas foram reencaminhadas para o DCIAP”, onde decorre a averiguação preventiva ainda em curso, com o objetivo de aferir qualquer possível matéria criminal que possa justificar a abertura de um inquérito.

Sobre estas denúncias idênticas, a PGR esclareceu que não continham o relato de quaisquer factos suscetíveis de integrar qualquer crime” e que “não havendo, por isso, fundamento para abertura de inquérito, foram arquivadas.

“Porém, num DIAP, uma dessas denúncias — idêntica a todas as outras — foi registada como inquérito, que foi depois remetido ao DCIAP. Não havendo nesse inquérito o relato de quaisquer factos suscetíveis de integrar qualquer crime, foi o mesmo objeto de arquivamento liminar”, explicou a PGR.

A PGR não esclareceu, no entanto, quando foi aberto e arquivado o inquérito-crime, que diligências foram realizadas nesse âmbito e com que consequências.

Reiterou ainda que se mantém “em curso” a averiguação preventiva, a qual o procurador-geral da República, Amadeu Guerra, disse em entrevista ao Observador que gostava de ter concluída antes das férias judicias que se iniciam a 15 de julho.

Já antes tinha dado conta do grande volume de documentação associado a esta averiguação preventiva, para cuja análise foi entretanto chamada a Polícia Judiciária.

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Meta da NATO não é “vinculativa”. Eslovénia só promete investir 3% do PIB em Defesa até 2030

  • Lusa
  • 1 Julho 2025

O primeiro-ministro esloveno distanciou-se do objetivo acordado na cimeira da NATO de investir 5% do PIB na Defesa, argumentando que não se trata de uma declaração vinculativa.

O primeiro-ministro esloveno, Robert Golob, só se compromete a aumentar as despesas com a Defesa em 2% do PIB este ano e em 3% até 2030, apesar do objetivo da NATO fixar 5% de investimento até 2035.

Golob distanciou-se do objetivo acordado na cimeira da NATO de investir 5% do PIB na Defesa, argumentando que não se trata de uma declaração vinculativa e que o país apenas se considera obrigado a respeitar os compromissos aprovados pelo seu próprio parlamento que fixou em 3% o limite de despesa para 2030.

O primeiro-ministro argumentou numa entrevista à televisão estatal que os objetivos da NATO são adotados por consenso, sem “votação real”, e que, por isso, documentos como o que foi assinado pelos aliados na reunião de Haia não implicam obrigações em termos legais para os signatários. Assim, a Eslovénia limitar-se-á a cumprir o seu próprio caminho, que fixa o horizonte de despesas para este ano em 2% do PIB.

O primeiro-ministro esloveno salientou que vários países estão a negociar há semanas salvaguardas ao aumento drástico das despesas exigido sobretudo pelo Presidente norte-americano Donald Trump, que a NATO assumiu como seu através de uma fórmula que propunha a atribuição de 3,5 por cento do PIB a despesas puramente militares e mais 1,5 por cento a investimentos conexos.

Golob considera que a posição eslovena é idêntica à do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, e que se trata de um compromisso em termos de capacidades e não tanto um objetivo de despesa.

Sánchez defendeu em 25 de junho que os 2,1% do PIB são um nível de gasto “suficiente e realista” para Espanha, sendo compatível com os compromissos internacionais assumidos pelo país, considerando a cimeira da NATO “um êxito”, tanto do ponto de vista “da unidade” da Aliança como do “interesse geral” de Espanha.

Já Golob frisou que, no caso de Espanha, Sánchez disse que 2,1% de investimento bastava, enquanto para a Eslovénia, “2% seria suficiente”. O primeiro-ministro esloveno também tem de lidar com um equilíbrio complexo no seu Governo de coligação, que inclui o seu partido, o liberal Movimento da Liberdade, bem como os sociais-democratas e a esquerda. O aumento das despesas com a Defesa suscitou dúvidas e disputas internas nos últimos dias.

Após a decisão de Espanha, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou o país com tarifas mais pesadas, para obrigar Madrid a pagar de outra maneira o compromisso de investimento na NATO, com o primeiro-ministro espanhol a responder que Espanha é um país soberano e que a política comercial é responsabilidade da União Europeia.

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Transferências para paraísos fiscais aumentam em 2024 para 8.000 milhões

  • Lusa
  • 1 Julho 2025

A Suíça, Hong Kong e os Emirados Árabes Unidos continuam a ser as três jurisdições para onde seguem mais fluxos de capitais.

As transferências de clientes com contas bancárias em Portugal para instituições financeiras localizadas em paraísos fiscais aumentaram em 2024 para cerca de 8.000 milhões de euros, segundo dados publicados no Portal das Finanças.

Os dados mais recentes da Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) mostram que, num ano, os fluxos de capitais aumentaram em mais de mil milhões de euros, de 6.925,5 milhões de euros em 2023 para 8.078,6 milhões de euros no ano passado.

Os bancos são obrigados a comunicar à AT todos os anos quanto é que cada cliente transfere para centros financeiros com um regime de tributação privilegiada quando o valor enviado anualmente é superior a 12.500 euros, sendo a partir dessas comunicações que a Autoridade Tributária compila estes montantes para efeitos de controlo de combate à fraude e à evasão fiscal.

Ao todo, foram realizadas no último ano 131 mil transferências, por 17.289 clientes com contas bancárias em instituições financeiras em Portugal. Em média, cada ordenante enviou 467,3 mil euros para um centro financeiro de tributação privilegiada.

O montante das transferências concretizadas ao longo de 2024 é maior do que em qualquer um dos quatro anos anteriores. Em 2021, o valor transferido foi de 6.698,9 milhões de euros, em 2022 aumentou para 7.409,7 milhões de euros, em 2023 baixou para 6.925,5 milhões e, agora, voltou a crescer, passando para 8.078,6 milhões de euros. Tanto o número de clientes quanto o número de operações foi o mais alto desde 2021.

A Suíça, Hong Kong e os Emirados Árabes Unidos continuam a ser as três jurisdições para onde seguem mais fluxos de capitais.

O território suíço é o principal destino, absorvendo 40% do total das transferências, mais de 3.250 milhões de euros. Para Hong Kong foram enviados mais de 1.596,3 milhões de euros. Para os Emirados Árabes Unidos foram transferidos menos de mil milhões de euros, um total de 762,2 milhões. Em quarto lugar surge Macau, com 356,3 milhões, seguindo-se Singapura com 353 milhões e o Liechtenstein com 174,8 milhões.

Os principais motivos para a concretização das transferências são pagamentos a fornecedores (1.478 milhões de euros), outros tipos de pagamento (988,3 milhões), transferências associadas a gestão de tesouraria (840,8 milhões), fluxos comerciais (589 9 milhões), pagamentos também referentes a liquidações comerciais (546,4 milhões) e pagamentos entre empresas do mesmo grupo económico (134,2 milhões).

No caso das contas sediadas na Suíça, o principal destino, os motivos invocados pelos clientes quando ordenam as transferências também são pagamento a fornecedores, transferência de gestão de tesouraria e outros pagamentos.

Do conjunto das 8.000 milhões de euros enviados para os vários territórios, a maior fatia é realizada por empresas e outras entidades coletivas. Mais de 7.100 milhões de euros de fluxos tiveram como ordenantes pessoas coletivas (8.003 entidades), enquanto 906,2 milhões foram transferidos por pessoas em nome individual (9.286).

Oficialmente, a lista dos territórios que Portugal considera paraísos fiscais chama-se lista dos países, territórios e regiões com regimes de tributação privilegiada, claramente mais favoráveis, compreendendo mais de 80 jurisdições que têm centros financeiros onde a tributação de IRS ou IRC é especialmente baixa ou nula, ou que são considerados países não cooperantes para efeitos fiscais.

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PS quer Castro Almeida no Parlamento a explicar atrasos nos fundos europeus

Para ter uma ideia mais clara do que se passa no terreno, o grupo parlamentar do PS requereu a audição de Pedro Dominguinhos e Fernando Alfaiate, além do ministro da Economia e Coesão.

O PS quer que o ministro da Economia e da Coesão vá ao Parlamento fazer um ponto de situação da execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), mas também do Portugal 2030.

“O grupo parlamentar do Partido Socialista requereu”, esta terça-feira, “a audição do ministro da Economia e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, com vista a obter esclarecimentos sobre o ponto de situação da execução do PRR e do Portugal 2030, os principais constrangimentos identificados, assim como as medidas em curso para assegurar o cumprimento dos calendários definidos com a Comissão Europeia”, lê-se no comunicado.

Mas para ter uma ideia mais clara do que se passa no terreno, o grupo parlamentar do PS requereu ainda as audições do presidente da Comissão Nacional de Acompanhamento do PRR, Pedro Dominguinhos, e do presidente da Estrutura de Missão Recuperar Portugal, Fernando Alfaiate.

No requerimento para a audição do ministro da Economia, o PS recorda os relatórios do Tribunal de Contas e da Comissão Nacional de Acompanhamento do PRR que “alertam para riscos elevados de incumprimento, apontando para entraves administrativos, défices de capacidade técnica e atrasos generalizados”.

A CNA sublinhou que um terço dos investimentos “se encontram em situação preocupante ou crítica, com impacto em metade das componentes do plano, sublinhando o risco de não concretização das metas contratualizadas com a Comissão Europeia”. O documento sublinhava que o número de investimentos classificado como em estado crítico quadruplicou.

E o Tribunal de Contas alertou que há vários projetos dos municípios, financiados pelo PRR que já não são compatíveis com as datas-limite definidas. Além de apontar “atrasos significativos em vários projetos”, a entidade liderada por Filipa Calvão denuncia “diversas falhas” na recolha de informações e de evidências relacionadas com a evolução dos investimentos.

E até o Conselho das Finanças Públicas no seu último relatório deu nota negativa à execução da ‘bazuca’ europeia, porque “decorrido mais de metade do prazo previsto para a implementação do PRR, três quartos do plano não tem execução orçamental”. Até ao fim de 2024, foram executados apenas 5.457 milhões de euros (24,6% do total do plano de 22,2 mil milhões).

Já no Portugal 2030, o PS está preocupado com o ritmo de implementação, até porque 2025 será o primeiro ano em que vigora a aplicação da regra da guilhotina que poderá ditar a devolução de verbas a Bruxelas. Até maio, taxa de execução de 8,1%, mais 0,8 pontos percentuais face ao mês anterior. O Pessoas2030 lidera com uma execução de 21,4%, sendo o único com mais de mil milhões de euros executados. O pior desempenho continua a ser o do Compete: apenas 1,3%.

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Marcelo considera que José Luís Carneiro está em “posição muito difícil”

  • Lusa
  • 1 Julho 2025

O Presidente da República disse que quer saber como o novo líder do PS "tenciona colocar-se perante os orçamentos de Estado, perante algumas leis fundamentais de regime".

O Presidente da República considerou esta terça-feira que o secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, está em “posição muito difícil”, mais do que a sua quando liderou o PSD na oposição, entre 1996 e 1999.

“É uma posição muito difícil ser-se líder da oposição nas circunstâncias em que o atual líder do PS vai ser. Muito difícil. Por minha experiência o digo”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.

O chefe de Estado, que falava antes de receber o secretário-geral do PS no Palácio de Belém, em Lisboa, explicou como tencionava conduzir essa reunião: “Eu vou ouvir o que é que o líder do segundo partido mais votado pensa sobre a missão, que eu já sei que é muito difícil, porque eu estive na mesma posição. E depois vou contar-lhe a minha experiência”.

“Mas vou ouvir naturalmente a perspetiva dele, como é que vê, como é que tenciona colocar-se perante os orçamentos de Estado, perante algumas leis fundamentais de regime”, especificou. Marcelo Rebelo de Sousa realçou que José Luís Carneiro “já disse que, perante a política externa, a política de defesa, questões fundamentais económicas europeias, na justiça, vai procurar consensos de regime”.

“Vou tentar saber se acha que tem condições para isso ou não. No fundo, para ver se posso ser útil pela minha experiência do passado em alguma opinião ou algum conselho que lhe dê”, acrescentou. Interrogado se espera que o secretário-geral do PS seja suporte do Governo em questões fundamentais, seguindo o seu exemplo na liderança do PSD, o Presidente da República respondeu: “Não, eu quero perceber como é que vai fazer aquela gestão que eu tive de fazer”.

Marcelo Rebelo de Sousa referiu que liderou o PSD na oposição quando António Guterres era primeiro-ministro. No seu entender, estava “numa situação mais fácil” do que a conjuntura em que o PS agora se encontra.

“Não havia tantos partidos como há hoje. O PSD era o partido da oposição e tinha uma posição muito forte. Os outros partidos eram mais pequenos. Não era uma situação paralela a de hoje em que, de facto, há mais de um partido na oposição com uma posição forte, em que há maior número de partidos, há maior fragmentação”, apontou. O PSD era então, como agora o PS, “um partido que saiu do poder, esteve muito tempo no poder”.

“No meu caso, eram dez anos de governação do doutor Cavaco Silva. E eu sei o que foi. A seguir a ele foi líder o doutor Fernando Nogueira [a liderar o PSD], depois fui eu, e o partido só voltou episodicamente ao poder com o doutor Durão Barroso, seguido pelo doutor Santana Lopes, por um curto período de tempo, para depois haver um longo período de tempo outra vez do PS”, recordou.

Marcelo Rebelo de Sousa realçou os referendos que lançou “contra o Governo” chefiado por Guterres: “Um não se realizou, sobre a Europa, mas realizou-se o da regionalização e o referendo da interrupção voluntária de gravidez, consensualizado depois com o engenheiro Guterres”.

“Tivemos umas eleições autárquicas muito vivas em que ficámos empatados, praticamente, o PSD ficou uma câmara do PS. Tivemos, portanto, muitos momentos de atrito. Mas em políticas fundamentais, e sobretudo na viabilização do orçamento, eu viabilizei três orçamentos, sem os quais o país não teria podido entrar no euro e consensualizámos uma revisão concessional”, completou.

“Mas como lhes digo, era mais fácil a minha posição do que a posição do líder atual do PS”, considerou o Presidente da República.

Questionado se está preocupado as chamadas coligações negativas na Assembleia da República, o chefe de Estado salientou que na anterior legislatura “bastava a abstenção dos partidos mais fortes” da oposição, PS e Chega, mas “agora é preciso que votem em conjunto negativamente”.

“Veremos se isso é a disposição do líder do PS ou não”, comentou.

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Drones e robôs ‘cuidam’ dos painéis da EDP e reduzem custos até 80%

A EDP está a testar o uso de drones e robôs para a operação e manutenção de parques solares. O objetivo é escalar e reduzir os custos de manutenção dos projetos solares até 80%.

A EDP apresentou esta terça-feira um projeto piloto para a automatização da operação e manutenção de painéis solares: drones inspecionam e detetam as falhas, comunicam-nas e, se for necessário atuar, são os robôs de limpeza que são chamados à ação. O objetivo é escalar para todos os parques acima de 100 megawatts-hora pico, procurando uma redução nos custos operacionais associados à manutenção dos parques em até 80%.

O ecossistema de automatização está a ser testado no parque solar de Cruz de Hierro, em Villacastin, Espanha. Em primeiro lugar, conta com drones equipados com inteligência artificial (IA) que identificam os painéis ou filas de painéis que tenham sujidade acumulada ou vegetação superior a 30 centímetros.

Os incidentes detetados pelos drones são enviados para uma plataforma da EDP, que analisa o local em causa e avalia se existem condições para enviar robôs ao terreno para realizar operações de corte ou limpeza. A decisão tem em conta dados como a posição dos painéis e as condições meteorológicas em tempo real — bem como em previsões meteorológicas para os sete dias seguintes.

Por exemplo, se se anteciparem ventos persistentes, que poderão acumular ainda mais poeiras, ou chuvas intensas, que podem limpar naturalmente os painéis, a operação é adiada até nova inspeção. Caso se confirmem condições adequadas, a plataforma atribui automaticamente missões específicas a cada robô.

Chega assim a vez de os robôs entrarem em ação. Há dois tipos: os robôs de limpeza e os de corte de vegetação. Depois de requisitados pela plataforma, os primeiros deslocam-se autonomamente do ponto de partida até ao local da limpeza e limpam a fila de painéis identificada. Os segundos fazem o mesmo caminho autónomo para cortarem a vegetação da área em causa.

Este modelo de intervenção autónoma muda um pouco o paradigma das intervenções atuais de operação e manutenção.

EDP

Fonte oficial

Além dos drones, plataforma e dos dois tipos de robôs, há um quinto elemento que compõe este ecossistema e que permite o seu correto funcionamento: a infraestrutura de comunicações. Esta permite monitorizar continuamente em relação aos robôs informações como localização, nível de bateria, combustível e alarmes.

Além disso, é necessário ter a capacidade de interromper remotamente a operação a qualquer momento. Por isso, foi implantada uma infraestrutura privada de comunicação, assegurando conectividade constante entre os robôs e os sistemas de supervisão.

Este modelo de intervenção autónoma muda um pouco o paradigma das intervenções atuais de operação e manutenção”, explica a EDP, em resposta ao ECO/Capital Verde. Isto porque, em vez de operações de limpeza e corte de vegetação em massa, onde os parques são varridos de ponta a ponta por grandes equipas operacionais numa lógica quase preventiva e de forma manual, nas operações automatizadas as intervenções são cirúrgicas e destinadas apenas a resolver os problemas concretos identificados.

A escala quer-se global. Custos reduzem até 80%

O projeto está ainda numa fase piloto, pelo que “ainda há diversos componentes que passarão pela curva de aprendizagem” antes de o processo poder ser replicado nos restantes ativos solares. No entanto, a ambição é escalar a solução para todos os parques com mais de 100 megawatts-pico (MWp), e já tem novos pilotos previstos. A solução deve estender-se a 25 centrais já no próximo ano. A plataforma foi concebida para uso global, adaptando-se às especificidades de cada geografia.

Estamos num setor em forte crescimento, onde a procura por megawatts cresce a um ritmo acelerado. A única forma de equilibrar este desafio é aumentar significativamente a produtividade, tirando partido da tecnologia.

EDP

Fonte oficial

“Estamos num setor em forte crescimento, onde a procura por megawatts cresce a um ritmo acelerado. A única forma de equilibrar este desafio é aumentar significativamente a produtividade, tirando partido da tecnologia”, salienta a EDP. As atividades de limpeza de painéis e controlo de vegetação representam, atualmente, mais de 20% dos custos operacionais totais dos projetos solares. Com a introdução de tecnologias automatizadas, a expectativa é que estes custos sejam reduzidos em até 80%, dependendo das características locais de cada parque.

Sobre a mão de obra, a elétrica garante que a “proposta não é reduzir a quantidade de funcionários”, já que “a tecnologia não visa substituir trabalhadores, mas sim libertá-los de tarefas pesadas e rotineiras frequentemente em condições meteorológicas extremas”, “abrindo espaço para atividades mais estratégicas e qualificadas” e aumentando “significativamente” a produtividade.

As funções de supervisão das máquinas e software deverão ser desempenhadas por pessoas. Por exemplo, haverá pelo menos 15% de intervenção manual na atividade de gestão da vegetação.

Além disso, estes ecossistemas digitais exigem coordenação humana e serão aplicados a parques tendencialmente maiores, mantendo-se os processos de operação e manutenção atuais em parques de pequena e média dimensão, uma vez que “colocam menos desafios ao nível da extensão e do peso operacional das tarefas”.

Por fim, haverá sempre locais que pela sensibilidade ou pouca manobrabilidade serão dificilmente acessíveis para os robôs, tendo de ser intervencionadas por pessoas, reconhece a elétrica.

Tendo em conta a fase preliminar em que se encontra, o investimento para já “não é significativo”, indica fonte oficial. O piloto é suportado integralmente com fundos da EDP. Contudo, a elétrica admite que poderá ser elegível para incentivos fiscais previstos na legislação espanhola, destinados a atividades de investigação e desenvolvimento tecnológico.

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SNS gastou 465 milhões de euros com trabalho suplementar em 2024

  • Lusa
  • 1 Julho 2025

No ano passado houve 17,9 milhões de horas de trabalho suplementar no SNS, mais 5,3% que em 2023.

As unidades do SNS gastaram 465 milhões de euros com o pagamento de 17,9 milhões de horas de trabalho suplementar em 2024, ano em que a contratação de serviços médicos custou quase 230 milhões de euros aos hospitais.

Os dados constam do relatório do Conselho das Finanças Públicas (CFP) sobre o desempenho do Serviço Nacional de Saúde (SNS) no último ano, divulgado esta terça-feira, e que indica que os 17,9 milhões de horas de trabalho suplementar feitas em 2024 representaram um aumento de 5,3% em relação 2023.

“No entanto, o encargo com as horas suplementares apenas aumentou 0,12% ao registar um total de 465 milhões de euros”, adianta a entidade independente que fiscaliza o cumprimento das regras orçamentais e a sustentabilidade das finanças públicas em Portugal. O documento avança que, do total de horas de trabalho suplementar, 36% foram prestados por médicos (6,4 milhões de horas), enquanto os enfermeiros asseguraram 5,6 milhões de horas.

As instituições do SNS com maior volume de trabalho suplementar foram as Unidades Locais de Saúde (ULS) de Coimbra (1,9 milhões de horas), de Santa Maria (1,3 milhões) e São José (1,2 milhões). O relatório justifica a concentração nestas três ULS com o facto de disponibilizarem um elevado nível de diferenciação de cuidados e de valências clínicas, o que atrai uma procura muito superior nas respetivas áreas de influência.

As três ULS tiveram uma despesa superior a 114 milhões de euros com trabalho suplementar, o que representa cerca de 25% do montante global despendido com este tipo de trabalho no SNS, refere o CFP.

Relativamente à contratação de serviços médicos, para colmatar a falta de especialistas das ULS, o relatório refere que se registou no último ano um crescimento de 3,6% no total de horas contratadas, correspondendo uma despesa de quase 230 milhões de euros, mais 11,7% do que em 2023.

No último ano, foram contratados 6,3 milhões de horas, dos quais 5,1 milhões de horas referem-se a serviços prestados por médicos ‘tarefeiros’, principalmente nas ULS do Algarve, Médio Tejo e Arrábida. O CFP avançou também que a taxa média de absentismo nas entidades do SNS foi de 12,9%, sensivelmente a mesma percentagem do que em 2023.

“O absentismo assume particular relevância pelo seu impacto na despesa, dado que pode implicar a necessidade de recorrer a contratação temporária e intensificar o recurso ao trabalho suplementar”, alerta o documento, ao adiantar que se registaram taxas mais elevadas entre os médicos internos (17,7%), os assistentes operacionais (17%) e os enfermeiros (15,3%).

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Défice do SNS atinge “valor mais elevado” em 2024, superior ao período da pandemia

  • Lusa
  • 1 Julho 2025

No ano passado, houve uma deterioração de 741 milhões no défice do Serviço Nacional de Saúde( SNS) relativamente a 2023, indica o Conselho das Finanças Públicas.

O Serviço Nacional de Saúde (SNS) registou em 2024 um défice de cerca de 1.377 milhões de euros, representando uma deterioração de 741 milhões relativamente a 2023, anunciou esta terça-feira o Conselho das Finanças Públicas (CFP).

Entre 2015 e 2024, o saldo do SNS foi sistematicamente negativo, atingindo em 2024 o valor mais elevado, ultrapassando mesmo os níveis registados durante o período de pandemia, não obstante o orçamento aprovado prever um saldo nulo”, alerta o relatório sobre o desempenho do serviço público de saúde no último ano.

Segundo a entidade independente que fiscaliza o cumprimento das regras orçamentais e a sustentabilidade das finanças públicas, esta evolução desfavorável resultou de um aumento da despesa de cerca de 1.298 milhões de euros face a 2023, que superou significativamente o crescimento da receita de 557 milhões de euros.

O CFP adianta que a despesa do SNS totalizou 15.553 milhões de euros em 2024, um aumento de 9,1% face ao ano anterior, devido a despesas com pessoal, fornecimento de serviços externos e compras de inventários. A despesa do SNS corresponde já a 5,5% do produto interno bruto (PIB) e a 12,8% da despesa pública total do país.

De acordo com o relatório, no último ano, a despesa com pessoal totalizou 6.520 milhões de euros, um aumento de 12,1% (cerca de 704 milhões) relativamente a 2023, explicando mais de metade do crescimento da despesa do SNS. O número de trabalhadores das entidades que integram o SNS atingiu os 154.635, um acréscimo de 1.435 em relação a 2023, e o SNS representava mais de 20% do emprego total das administrações públicas no final de 2024.

O CFP avisa ainda que a despesa de capital representou apenas 2,4% da despesa total do SNS em 2024, o que reflete o “reduzido peso estrutural do investimento no setor da saúde, face à predominância de despesas correntes”. Nesse ano, o investimento no SNS registou um decréscimo de quatro milhões de euros, totalizando cerca de 375 milhões de euros, contrariando a tendência de crescimento registada nos dois anos anteriores.

Quanto à receita, o relatório indica que ascendeu a 14.175 milhões de euros, representando um aumento de 557 milhões face a 2023, com o Orçamento do Estado a contribuir com 95% desse montante, o que coloca Portugal como um dos países europeus com maior percentagem de financiamento do sistema de saúde com receitas públicas.

Os dados do CFP indicam também que a dívida a fornecedores do SNS aumentou 237 milhões de euros em relação a 2023, situando-se nos 1,4 mil milhões de euros, um acréscimo que resulta de um aumento da dívida vincenda em 395 milhões de euros, que não foi totalmente compensada pela redução da dívida vencida em 158 milhões.

Em 2024, o prazo médio de pagamento das entidades do SNS ascendeu a 77 dias, menos 19 em comparação com o ano anterior, e, nesse ano, apenas 20 das 52 entidades integradas do SNS cumpriram o objetivo de manter esse prazo inferior a 60 dias.

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Francisco Pedro Balsemão admite entrada de novos acionistas na Impresa

A sustentabilidade do setor dos media foi o tema central no debate que juntou, no congresso da APDC, os líderes da Impresa, MediaLivre, RTP e Media Capital.

Francisco Pedro Balsemão, CEO do grupo Impresa, admitiu esta terça-feira a entrada de novos acionistas no grupo. “Não estamos fechados à entrada de entidades ou pessoas de fora. Se for uma relação win-win, não fechamos essa porta“, afirmou no 34.º Congresso da APDC, no painel “Debate da Nação dos Media”, que juntou ao início da tarde os administradores dos quatro grupos de media com televisão.

Balsemão lembrou, no entanto, que a entrada e saída de acionistas não tem sido inédita ao longo dos anos. A venda do edifício, inscrita no plano de reestruturação do grupo e em vias de se concretizar, também foi abordada. “É gestão financeira”, resume o responsável.

Com os quatro responsáveis de acordo quanto às ameaças ao setor – como a quebra das receitas de publicidade, a fragmentação do consumo e a concorrência, quase desregulada, das plataformas internacionais, às quais se junta agora a forma como os sistemas de IA utilizam os conteúdos dos media –, Luís Santana, CEO da MediaLivre, apontou a diminuição de receitas como o principal problema dos media.

“A maior dificuldade é conseguir ter receitas estabilizadas. Há muito tempo que a perda é efetiva”, referiu o responsável pelo grupo dono da CMTV e do Now. “Quem tem papel ainda sente mais, porque para além das receitas de publicidade há quebra na circulação”, descreveu. Mesmo assim prossegue, fazer jornais continua a ser rentável.

“Não temos produtos que não tenham margem de contribuição positiva para os resultados do grupo. Se existem, é porque têm margem”, garantiu o administrador do grupo também dono do Record ou da Sábado. “Temos sempre resultados positivos, desde o início. Estamos organizados desde sempre com uma equipa muito focada em resultados, cumprindo orçamentos e acreditando na criação de novas soluções e novos produtos”, acrescentou Luís Santana.

Começando por defender que o presente dos media é “sólido e estável”, com “a RTP bem financiada pelo Estado, mantendo os custos sob controlo, e os dois grupos privados maiores – Media Capital e Impresa – numa luta intensa e muito competitiva, numa guerra para oferecer o melhor conteúdo” e ainda “o grupo Medialivre impulsionado pelos acionistas e em crescimento“, Pedro Morais Leitão, CEO da Media Capital, não se mostrou tão otimista quanto ao futuro.

“O futuro está ameaçado pelas tendências de mercado. Como a IA, que está a normalizar-se nos grupos de comunicação social. A preocupação tem a ver mais com a publicidade digital, onde sempre tivemos mais dificuldades em concorrer. Esta guerra parece estar a travar-se entre as gigantes mundiais da IA, o que cria uma preocupação grande, pois é uma guerra que afeta o mundo da comunicação social em termos globais. Estamos atentos aos que os demais grupos estão a fazer, mas o que pedimos à CE e ao Governo é para estarem particularmente atentos, para evitar o caminho das pedras que já seguimos com os motores de busca“, alertou o responsável do grupo dono da TVI, da CNN Portugal ou da Plural.

Com a Impresa em reestruturação e a RTP a “enxugar a casa”, como descreve o presidente do grupo, Nicolau Santos, Pedro Morais Leitão lembrou que a Media Capital é proprietária de um ativo, a TVI, “que já faliu duas vezes” – no início, quando era da Igreja, e antes de ser vendida a Mário Ferreira.

O facto de termos passado por isso cria uma grande consciência de que é preciso estar permanentemente a pensar em reestruturações, para não acontecer outra vez”, referiu.

O grupo está a pagar dividendos regularmente, temos feito aumentos ao pessoal e acreditamos que estamos a contribuir para a sociedade. Temos a preocupação de o fazer num horizonte a cinco anos e é aí que começamos a ficar preocupados. A nova vaga tecnológica da IA, num mundo mais global e aberto, terá um impacto muito mais rápido. Temos de estar particularmente atentos, porque o tempo de reação tem de ser muito mais rápido. Não podemos demorar 20 anos a criar uma lei de proteção dos direitos de autor no digital”, reforçou.

Na RTP, que na última semana foi notícia pela demissão do diretor de informação e eliminação de 11 direções, Nicolau Santos frisa que não está em curso uma reestruturação, mas “um novo organograma e um novo olhar para a empresa”.

Tínhamos a estrutura pesada, grande. Na RTP as coisas não podem ser feitas muito de repente“, diz inclusive sobre o plano de rescisões voluntárias, que termina esta terça-feira e se salda pela saída de 97 funcionários”. Agora, para saírem mais 47 – que pretendem aderir –, é preciso nova autorização da tutela e também um financiamento de 2,4 milhões de euros.

O plano [de rescisões] não teve luz verde com o Governo socialista, só no anterior Governo”, recorda, lembrando também que a tutela da comunicação social passou dos Assuntos Parlamentares para a Presidência, para mais próximo do primeiro-ministro.

Não sabemos o que o novo ministro pensa do Plano de Acão para os Media. Precisamos de atualizar a legislação do setor – é fundamental que tal aconteça. Até agora, as ideias que surgiram em outubro de 2024 ainda não avançaram“, apontou o presidente da RTP, empresa que este ano, pela primeira vez em 15, terá “resultados significativamente negativos, mas em 2026 espera voltar a resultados positivos.

Apesar de todas as dificuldades e desafios, a nota final foi positiva. “Os media são um negócio de futuro. Temos de ter consciência de todas as dificuldades, mas temos uma da indústria das mais sexys. E ainda bem que tem futuro, a democracia tem muito que ver com a vitalidade de que os media beneficiam”, concluiu Luís Santana.

(atualizada às 16h15)

 

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Declarações de rendimentos. Marcelo “não está ainda preocupado” com Montenegro

  • Lusa
  • 1 Julho 2025

O Presidente da Repúblico disse que ia tentar saber o que se passou relativamente aos pedidos de oposição de Luís Montenegro à consulta pública das suas declarações de rendimentos.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou esta terça-feira que vai “tentar saber o que se passou” com o primeiro-ministro, Luís Montenegro, para ter pedido que seja negada a consulta pública das suas declarações de rendimentos.

“Vou tentar saber o que se passou. Não sabia de nada, não posso responder”, declarou o chefe de Estado, ao ser questionado pelos jornalistas sobre este assunto, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.

“Aqui do que se trata é de saber exatamente o que se passou, para saber se é uma realidade que seja de uma certa envergadura ou de outra envergadura. Quer dizer, ao longo da vida tenho encontrado realidades que são pormenores e outras que são pesadas, são importantes e têm mais efeitos políticos”, acrescentou.

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, submeteu pedidos de oposição à consulta pública das suas declarações de rendimentos, que está suspensa até uma decisão final do Tribunal Constitucional, informou esta terça-feira a Entidade para a Transparência (EpT).

Interrogado se está preocupado com a envergadura deste caso, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu: “Não sei, não estou ainda preocupado, pois se eu ainda não conheço o caso, só depois é que posso estar preocupado“.

Segundo o Presidente da República, “é bem possível que isso também seja falado” na audiência desta semana com o primeiro-ministro, que será na “quinta ou sexta-feira”.

Marcelo Rebelo de Sousa reiterou que não dispunha de dados para responder sobre este assunto e, quanto aos efeitos que pode ter, defendeu que “é importante que o Governo tenha estabilidade, é importante que execute o seu programa, tal como está a Europa e o mundo”.

Quando lhe perguntaram se vai pedir explicações a Luís Montenegro na audiência desta semana, o chefe de Estado contrapôs: “Não é pedir explicações. Eu falo de tudo aquilo que é importante e o senhor primeiro-ministro fala de tudo o que é importante na atualidade nacional e internacional, é bem possível que isso também seja falado”.

Em resposta à agência Lusa, a Entidade para a Transparência (EpT) confirmou hoje que a consulta pública das declarações únicas de rendimentos, património, interesses, incompatibilidades e impedimentos do primeiro-ministro, Luís Montenegro, se encontra suspensa, até haver uma decisão do Tribunal Constitucional sobre “pedidos de oposição” feitos pelo próprio. Estes pedidos foram inicialmente noticiados pelo Correio da Manhã e confirmados à Lusa.

“A decisão de alguns dos pedidos de oposição às declarações únicas apresentados pelo senhor primeiro-ministro está dependente da apreciação, pelo Tribunal Constitucional, da ação de impugnação das deliberações da Entidade para a Transparência, a qual possui, nos termos do n.º 3 do artigo 111.º da Lei de Organização, Funcionamento e Processo do Tribunal Constitucional, efeitos suspensivos”, lê-se na resposta da EdT.

Entretanto, o gabinete do primeiro-ministro informou que foi pedida por Luís Montenegro oposição à consulta pública apenas de “alguns elementos” das declarações de rendimentos, que integram o recurso interposto no Tribunal Constitucional.

Perante notícias incorretas e equívocas vindas a público nos últimos dias, o gabinete do primeiro-ministro esclarece que o pedido de oposição relativamente a alguns elementos na declaração única junto da Entidade para a Transparência diz somente respeito às questões que integram o recurso interposto no Tribunal Constitucional”, lê-se numa resposta enviada à agência Lusa.

Segundo o gabinete de Luís Montenegro, “o primeiro-ministro fez apenas uma impugnação parcial de elementos, que já são do conhecimento público (lista de clientes)”.

A EdT referiu que a legislação que regula o exercício de funções de cargos políticos prevê este tipo de pedidos, nomeadamente quando está em causa o “interesse de terceiros ou a salvaguarda da reserva da vida privada”, e que até haver decisão sobre os pedidos “o acesso aos elementos sobre os quais recaiu a oposição e a sua eventual publicitação ficam suspensos”.

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Entram hoje em vigor alterações ao regime do IVA de Caixa

O novo regime, que permite entregar o IVA ao Estado só quando os clientes pagam a fatura, alarga o acesso a empresas com faturação anual até dois milhões de euros, face a 500 mil euros anteriormente.

As empresas com uma faturação até dois milhões de euros por ano podem, a partir de hoje, entregar o IVA ao Estado apenas quando receberem o pagamento dos clientes. Até agora, isto apenas era possível para empresas com um volume de negócios até aos 500 mil euros.

“Entendendo o Governo estarem reunidas as condições para se proceder ao alargamento do âmbito do regime do IVA de caixa, o regime passa a abranger os sujeitos passivos de IVA com um volume de negócios anual não superior a 2.000.000 euros”, segundo o diploma publicado em março, em Diário da República, que produz efeitos a partir de 1 de julho de 2025.

Este regime, que foi introduzido em 2013, abrangia, até agora, apenas os sujeitos passivos de IVA com um volume de negócios anual até 500 mil euros.

De acordo com o mesmo decreto-lei, “proporciona-se dessa forma aos sujeitos passivos de IVA que cumpram as condições de acesso ao regime, a possibilidade de exercer essa opção, abrindo o regime a um número significativo de agentes económicos, que se insiram nos ramos empresariais e profissionais, contribuindo dessa forma para melhorar a sua gestão financeira”.

As empresas interessadas podem aderir, através do portal das Finanças, durante o mês de outubro, com a medida a começar a contar a partir de 2026. As que estariam excluídas, a 1 de julho de 2025, por terem ultrapassado o teto de 500 mil euros também passam a estar abrangidas, segundo o diploma. Independentemente deste mecanismo, ao fim de 12 meses da emissão do recibo, a empresa tem de entregar o IVA ao Estado, mesmo que o cliente não pague a fatura.

O ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, defendeu, em julho do ano passado, durante a apresentação do programa ‘Acelerar a Economia’, que a medida iria permitir “a mais empresas aderir” ao regime e beneficiarem de uma “tesouraria mais flexível e mais eficiente”.

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Municípios vão entregar ao Governo dezenas de propostas para reforma do Estado

  • Lusa
  • 1 Julho 2025

"A A ANMP irá trabalhar para apoiar o Governo nesse grande objetivo de reformar o Estado", diz Luísa Salgueiro.

A Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) vai entregar ao Governo dezenas de contributos para o processo de reforma do Estado, que devem estar concluídos no dia 22, disse esta terça-feira a presidente da organização, Luísa Salgueiro.

Estamos a ultimar um documento com as propostas base da associação relativamente a esse tema [reforma do Estado]. São muitos contributos, de simplificação administrativa, de todas as áreas com as quais a associação está a trabalhar”, informou.

À saída de uma reunião do conselho diretivo, a presidente da ANMP explicou à agência Lusa que se trata de um documento muito extenso, com dezenas de propostas, de várias áreas.

“A associação entende que tem vários contributos que pode dar ao Governo, do trabalho que já vem realizando ao longo dos anos. Portanto, estamos a prepará-los para remeter ao Governo, no sentido de aproximar as posições que a associação tem assumido ao longo destes anos com esta intenção que o Governo tem da reforma do Estado e que tem impacto nos municípios“, sustentou.

A ANMP irá trabalhar para apoiar o Governo nesse grande objetivo de reformar o Estado.

Luísa Salgueiro

Presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP)

Segundo a também presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, o documento com as propostas deverá ser enviado ao Governo depois da próxima reunião do conselho diretivo da ANMP, que está agendada para dia 22.

Provavelmente só validaremos a versão final na próxima reunião. Agora, durante este período, os vários colegas vão dar contributos e depois validaremos na próxima reunião do conselho diretivo [da ANMP]”, referiu.

Já em meados de junho, a presidente da ANMP tinha deixado a garantia de que os municípios estão empenhados em colaborar no processo de reforma do Estado. “A ANMP irá trabalhar para apoiar o Governo nesse grande objetivo de reformar o Estado”, assegurou.

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