Miguel Pina Martins: “Tento sempre procurar pessoas mais inteligentes do que eu”

  • ECO
  • 3 Março 2025

Miguel Pina Martins é o 19º convidado do podcast E Se Corre Bem?. O fundador da Science4you partilhou a história do seu percurso como empreendedor.

powered by Advanced iFrame free. Get the Pro version on CodeCanyon.

A Science4you nasceu como um projeto de final de curso no ISCTE, em parceria com a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa. A ideia inicial não parecia promissora, nem entusiasmante, mas rapidamente se transformou num conceito inovador: brinquedos educativos certificados pela universidade. “Sempre procurámos encontrar uma ferramenta que permitisse às crianças aprender enquanto brincam. E esse é o nosso propósito, ou seja, educar crianças e permitir encontrar uma forma mais leve de aprenderem”, explica Miguel Pina Martins, fundador da Science4you.

O investimento inicial foi modesto: 1.125€. Miguel Pina Martins acredita que o maior desafio para um empreendedor não é a falta de dinheiro, mas sim a coragem de começar. “Quando comecei a Science4you, não tinha experiência, dinheiro, nem uma ideia que era a melhor do mundo. O que tive mais foi a coragem de começar. E esse é o ponto que divide um empreendedor de sucesso de alguém que nunca mete uma ideia em marcha.” O empresário defende que não existe um momento ideal para dar o primeiro passo: “Nunca é um mau dia para começar. Nunca é tarde demais para começar”, diz.

Apesar de uma breve passagem pela banca de investimento, percebeu rapidamente que esse não era o seu caminho. O apoio de mentores foi essencial para transformar a Science4you num negócio viável. “Ter pessoas que já passaram pelos processos é um acelerador gigantesco. Se não fossem essas pessoas, a Audax e este trabalho final de curso, não existia a Science4you”, explica.

"Na Europa, não existe um incentivo ao falhanço como nos Estados Unidos. Não há um incentivo ao falhanço, que é muito importante. As pessoas na Europa e em Portugal, em especial quando falham, são falhados”

Miguel Pina Martins, fundador da Science4you

Outro tema que considera fundamental é a aceitação do erro, algo que, na sua opinião, ainda é um tabu em Portugal. “Na Europa, não existe um incentivo ao falhanço como nos Estados Unidos. Não há um incentivo ao falhanço, que é muito importante. As pessoas na Europa e em Portugal, em especial quando falham, são falhados”, afirma.

A política também esteve presente na sua vida desde cedo. Aos 18 anos, foi eleito deputado municipal no Seixal. Apesar de ter seguido outro caminho, reflete sobre os desafios da política, nomeadamente a dificuldade em atrair talento para cargos públicos. “O ordenado de um Presidente de Câmara é, se calhar, o de um diretor de segunda linha numa empresa. Isso limita brutalmente as opções de recrutamento”, diz.

Hoje, já́ nao ocupa o cargo de CEO da empresa que fundou, mas mantém-se como chairman. Sobre a sua visão de liderança, defende a importância de rodear-se das pessoas certas. “Tento sempre procurar pessoas mais inteligentes do que eu e, felizmente, é relativamente fácil encontrar isso”, diz. Acredita que o papel do líder é servir e dar autonomia à equipa: “Tento seguir muito o tema de ouvir as pessoas, de passar responsabilidade e poder”, afirma.

Este podcast está disponível no Spotify e na Apple Podcasts. Uma iniciativa do ECO, que Diogo Agostinho, COO do ECO, procura trazer histórias que inspirem pessoas a arriscar, a terem a coragem de tomar decisões e acreditarem nas suas capacidades. Com o apoio do Doutor Finanças e da Nissan.

Se preferir, assista aqui:

powered by Advanced iFrame free. Get the Pro version on CodeCanyon.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

China visa exportações agrícolas dos EUA para retaliar tarifas de Trump

  • Lusa
  • 3 Março 2025

Pequim está a ponderar a adoção de medidas contra as exportações agrícolas e alimentares norte-americanas, em resposta à decisão dos Estados Unidos de aumentar em 20% as taxas sobre produtos chineses.

A China está a ponderar a adoção de medidas contra as exportações agrícolas e alimentares norte-americanas, em resposta à decisão dos Estados Unidos de aumentar em 20% as taxas sobre produtos chineses, informou esta segunda-feira a imprensa oficial.

“Se os Estados Unidos persistirem na aplicação de taxas unilaterais e oficializarem estas medidas, a China responderá com contramedidas firmes e enérgicas”, advertiu o Global Times, jornal oficial do Partido Comunista Chinês, depois de os EUA terem prometido impor mais taxas alfandegárias sobre os produtos chineses, a partir de 4 de março.

A possível retaliação incluiria medidas tarifárias e não tarifárias, com os produtos agrícolas e alimentares dos EUA entre os principais alvos, escreveu o jornal, que cita uma fonte anónima do regime chinês.

Na passada sexta-feira, o Ministério do Comércio chinês expressou em comunicado a “firme oposição” aos planos dos EUA, acrescentando que a China afirmou “repetidamente” que “as taxas unilaterais violam as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC)” e “prejudicam o sistema comercial multilateral”.

O Presidente norte-americano, Donald Trump, comprometeu-se a impor uma taxa adicional de 10% à China – já tinha anunciado 10% anteriormente – com o argumento de que o país não fez esforços suficientes para combater a entrada de fentanil nos EUA.

O Ministério do Comércio chinês afirmou que “a China é um dos países com as políticas de controlo de drogas mais rigorosas e abrangentes do mundo” e que tem cooperado ativamente nesta questão com todas as nações do mundo, “incluindo os Estados Unidos”.

Trump fez depender as taxas de “progressos” na luta contra o tráfico de fentanil, anunciando também taxas de 25% contra o México e o Canadá. “As drogas estão a vir do México e muitas delas estão a vir da China; não todas, mas muitas delas estão a vir da China”, disse.

Pequim respondeu no mês passado à primeira ronda de taxas de Trump com tarifas entre 10% e 15% sobre certos produtos dos EUA, bem como novos controlos de exportação de minerais essenciais e uma investigação antimonopólio contra o gigante tecnológico norte-americano Google.

Na primeira presidência (2017-2021), Trump teve uma relação tensa com Pequim ao impor várias rondas de taxas sobre bens oriundos da China, às quais o país asiático respondeu com taxas sobre as exportações dos EUA.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Inscreva-se antecipadamente e garanta o seu desconto exclusivo

  • Conteúdo Patrocinado
  • 3 Março 2025

O Prémio Autarquia do Ano - Grupo Mosqueteiros está de volta e com descontos exclusivos. As autarquias que se inscreverem até 14 de março beneficiam de 35% de desconto.

As inscrições para o Prémio Autarquia do Ano – Grupo Mosqueteiros já estão abertas e há vantagens para quem se inscrever antecipadamente. Até 14 de março, cada candidatura tem um desconto de 35% (355€ em vez de 550€ (IVA incluído)).

De 17 de março a 11 de abril, o desconto é de 15% (465€ por candidatura (IVA incluído)). Aproveite esta oportunidade e submeta a sua candidatura o quanto antes.

O Prémio traz novas subcategorias para inscrição, como “Inclusão de pessoas com deficiência”, “Apoio a migrantes e refugiados”, “Iniciativas de voluntariado social”, “Transformação digital na cultura”, entre outros assuntos que marcam a atualidade. Consulte as restantes subcategorias aqui e saiba como se inscrever.

Para que fique a par das novidades, acompanhe-nos no Instagram, Facebook e LinkedIn.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Galp aumenta preços do gás e da eletricidade a 1 de abril

  • ECO
  • 3 Março 2025

Gás natural terá um aumento médio mensal de 12%, enquanto a eletricidade subirá 4%, devido ao "aumento continuado do custo de aquisição de energia nos mercados internacionais".

A Galp vai aumentar os preços da eletricidade e do gás natural aos clientes a partir de 1 de abril. Segundo o Jornal de Negócios, a luz vai ter um aumento médio mensal de 4%, enquanto no gás será de 12%.

Para uma família com potência contratada de 3,45 kVA e um consumo mensal de 132 kWh, a que corresponde uma fatura média de 30 euros, o aumento será de 90 cêntimos por mês no caso da eletricidade. Quanto ao gás, uma família que consuma até 220 m3 por ano (1.º escalão), com um consumo de 134 kWh por mês, a que corresponde uma fatura de 17 euros, o aumento ditará uma subida de cerca de 1,8 euros na fatura mensal.

“Estas subidas, que não acontecem desde outubro de 2024, refletem o aumento continuado do custo de aquisição de energia nos mercados internacionais”, justifica a petrolífera ao mesmo jornal. Em simultâneo, a empresa está a oferecer uma “compensação” aos clientes, um voucher de desconto de cinco euros por mês durante os próximos três meses para usar nas bombas de combustível da marca.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Ações da Indra sobem 11% desde a chegada de Escribano à presidência

  • Servimedia
  • 3 Março 2025

As ações da Indra alcançaram os 21 euros na sexta-feira, atingindo o seu nível mais alto desde junho de 2024.

As ações da Indra subiram 11% desde que Ángel Escribano assumiu a presidência da empresa, a 20 de janeiro, e fecharam o mês de fevereiro no seu nível mais alto desde junho de 2024.

A cotação subiu de forma constante durante as últimas três semanas, especialmente ontem, quinta-feira, quando a empresa tecnológica disparou 10% após a apresentação dos resultados anuais.

A Indra ganhou 278 milhões de euros em 2024, 35% mais do que no ano anterior, superando os seus objectivos no primeiro ano do Plano Estratégico, e obteve receitas de 4.843 milhões de euros, com crescimentos homólogos de dois dígitos em Defesa e ATM, enquanto a entrada de encomendas cresceu 17%. Além disso, a empresa anunciou um dividendo de 0,25 euros por ação a ser pago no dia 10 de julho.

A “nova Indra” de Escribano, como explicou o presidente ontem, quinta-feira, na apresentação de resultados aos analistas, tem como objetivo impulsionar a evolução industrial da empresa, as suas capacidades de desenvolvimento de produtos e sistemas de tecnologia avançada. Um dos pilares da Indra é consolidar a sua posição como ator global no setor aeroespacial e de defesa, para o qual a recente compra de 89,68% da Hispasat, anunciada a 31 de janeiro, desempenha um papel importante.

Os analistas concordam que o bom início de ano da Indra na bolsa pode continuar, já que o consenso de mercado continua a ver uma subida da ação, atribuindo-lhe um preço objetivo de 23,02 euros, 9% acima do preço a que fechou hoje.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Fundación Jiménez Díaz inicia o seu ciclo de conferências do 90º aniversário com Carlos López-Otín

  • Servimedia
  • 3 Março 2025

Carlos López-Otín é professor de Bioquímica e Biologia Molecular, escritor e divulgador e referência internacional no estudo do envelhecimento, do cancro e das doenças raras.

No âmbito do seu 90º aniversário, que celebra em 2025, a Fundación Jiménez Díaz lançou este ano uma série de conferências que reunirão especialistas de renome para abordar diferentes aspetos da medicina e da ciência.

A primeira sessão, realizada na quinta-feira na Aula Magna do hospital madrileno, contou com a participação do Dr. Carlos López-Otín, professor de Bioquímica e Biologia Molecular, escritor e divulgador e referência internacional no estudo do envelhecimento, do cancro e das doenças raras. Durante a sua palestra, o investigador apresentou a sua última obra, “La levedad de las libélulas”, um livro que, nas palavras da escritora Irene Vallejo, “é tão cientificamente sólido como indispensavelmente humanista”.

Aurora Herráiz, Diretora de Responsabilidade Social Corporativa do hospital, destacou o compromisso da Fundação Jiménez Díaz com a divulgação científica e com uma medicina mais humana e acessível. “É uma honra celebrar o 90º aniversário do Instituto de Investigaciones Clínicas y Médicas e o 70º aniversário da Clínica de la Concepción, cuja unificação formou o atual Hospital Universitário Fundación Jiménez Díaz, com o Dr. López-Otín, uma referência na ciência e no humanismo, cuja carreira e compromisso com o conhecimento deixaram uma marca profunda na medicina e na sociedade”, disse.

SAÚDE E VIDA

O especialista refletiu sobre o verdadeiro significado da saúde, analisando a forma como o ser humano enfrenta os desafios biológicos, tanto numa perspetiva científica como humanista. Neste sentido, explicou que o seu livro defende uma conceção de saúde que vai além da simples ausência de doença, entendendo-a como um equilíbrio dinâmico e harmonioso, e no qual participam elementos como o espaço, o tempo, a regulação, a nutrição, o exercício, o sono, a toxicidade, o stresse e a adaptação psicossocial.

Mais concretamente, o livro propõe uma perspetiva integradora em que o bem-estar físico e mental depende de uma delicada estabilidade, tanto social como molecular, num ambiente regido pela incerteza, pelo caos e pela imperfeição. “A nossa vida é mantida num equilíbrio frágil, em que o mais pequeno erro na replicação do ADN pode desencadear patologias ou mesmo a formação de tumores”, afirmou o professor, salientando o papel crucial da biologia molecular e celular no estudo dos fatores que influenciam a longevidade e o bem-estar.

O professor quis ainda sublinhar a profunda ligação entre a ciência, a arte e a literatura, considerando-as essenciais para uma perceção mais completa da existência e da saúde. “Somos o resultado de um constante prodígio molecular e a nossa vida interior reflete um realismo mágico”, afirmou, aludindo à riqueza e complexidade inerentes ao ser humano.

Autor de mais de 400 publicações em revistas de grande impacto e membro de várias academias internacionais, a sua investigação tem conduzido à identificação de novos genes e alvos terapêuticos, bem como à decifração das chaves do envelhecimento e da longevidade. O cientista e humanista é também membro de várias academias científicas, presidente do Conselho Científico da Fundação Lilly e membro do seu Conselho de Administração, e recebeu numerosos prémios nacionais e internacionais pela sua investigação e trabalho informativo.

O ciclo de conferências do 90º aniversário da Fundación Jiménez Díaz continuará nos próximos meses com novos encontros em que especialistas de renome em diferentes áreas refletirão sobre os avanços da medicina e o futuro dos cuidados de saúde.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

5 coisas que vão marcar o dia

  • ECO
  • 3 Março 2025

Banco de Portugal vai divulgar os dados da dívida pública e o Eurostat a estimativa rápida do índice de preços no consumidor na Zona Euro. O INE revela dados do desemprego.

Esta segunda-feira, o Banco de Portugal vai divulgar os dados da dívida pública referentes a janeiro e o Eurostat a estimativa rápida do índice de preços no consumidor na Zona Euro de fevereiro. Já o INE vai revelar os índices de produção industrial e as estimativas mensais de emprego e desemprego, ambas referentes a janeiro. A marcar o dia está ainda a descida dos preços dos combustíveis.

Banco de Portugal revela dívida pública

Esta segunda-feira, o Banco de Portugal vai divulgar os dados da dívida pública referentes a janeiro. Em dezembro de 2024, a dívida pública caiu para 95,3% do PIB, abaixo das previsões do Governo, que apontavam para os 95,9%. Um melhor desempenho económico em 2024 ajudou a baixar o rácio para o valor mais baixo desde junho de 2010, há 14 anos.

Eurostat divulga estimativa rápida da inflação

O Eurostat vai divulgar a estimativa rápida do índice de preços no consumidor na Zona Euro referentes ao mês de fevereiro. Em janeiro, a taxa de inflação fixou-se em 2,5%, abaixo dos 2,8% homólogos e acima dos 2,4% de dezembro passado, com Portugal a ficar acima da média (2,7%). No primeiro mês de 2025, no conjunto da União Europeia, a inflação anual (medida pelo índice harmonizado de preços no consumidor) foi de 2,8% em janeiro de 2025, o que compara com 2,7% em dezembro de 2024 e com 3,1% no primeiro mês do ano passado.

INE divulga produção industrial

O Instituto Nacional de Estatística (INE) vai revelar esta segunda-feira os índices de produção industrial referentes a janeiro. Em dezembro de 2024, o índice de produção industrial apresentou uma contração homóloga de 4,9%, com o setor da energia a ser o principal motivador desta quebra. Dezembro foi o segundo mês consecutivo em que o indicador está no vermelho.

Como vai o desemprego em Portugal?

Também esta segunda-feira o INE vai divulgar as estimativas mensais de emprego e desemprego referentes a janeiro. O último mês de 2024 foi sinónimo de um recuo ligeiro do desemprego, tendo a taxa passado de 6,6% em novembro para 6,4% em dezembro. Já a população empregada manteve-se no valor mais elevado desde 1998. No total, em dezembro de 2024, Portugal contava com 352,4 mil pessoas desempregadas, menos sete mil do que no mês anterior.

Carnaval traz descida dos preços dos combustíveis

Os preços dos combustíveis vão descer esta semana. O gasóleo, o combustível mais utilizado em Portugal, deverá descer três cêntimos e a a gasolina 2,5 cêntimos. Quando for abastecer, passa a pagar 1,634 euros por litro de gasóleo simples e passará a pagar 1,737 euros por litro de gasolina simples 95, tendo em conta os valores médios praticados nas bombas à segunda-feira.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

A querer alcançar e trazer novos públicos para a marca, Rita Neto, d’A Padaria Portuguesa, na primeira pessoa

A trabalhar com "gozo" n'A Padaria Portuguesa, Rita Neto considera-se uma "pessoa de família". Foi em Macau que viveu um dos melhores anos da sua vida.

Numa altura em que A Padaria Portuguesa está a comunicar o reforço da sua oferta ao almoço e a gama de pratos do dia, o maior desafio que a marca enfrenta em termos de marketing é conseguir “trazer novos clientes para a marca“. “Hoje em dia é difícil, há muita concorrência, procura e oferta. Temos de arranjar os argumentos certos e ter o serviço certo para que os clientes nos escolham“, explica a diretora de marketing, Rita Neto.

“Queremos chegar a novos públicos, comunicar toda a oferta e todas as mais-valias de vir à Padaria Portuguesa, porque são muitas. Temos uma ótima gama de pão artesanal, de café orgânico de origens sustentáveis e uma oferta de almoços muito grande e variável”, acrescenta em conversa com o +M.

Para comunicar este reforço da sua oferta ao almoço — que passou de um para dois pratos do dia, de segunda a sexta-feira –, A Padaria Portuguesa apostou num takeover do logótipo da marca nas redes sociais e fachadas das lojas, passando de “A Padaria Portuguesa” para “Almoçar à Portuguesa”.

“É algo estratégico e temporal. Decorreu durante todo o mês de fevereiro e vamos estender para março, para que entre na cabeça das pessoas e nos vejam como um destino de almoço. Depois o logótipo volta ao normal”, esclarece a diretora de marketing.

A comunicação d’A Padaria Portuguesa, no entanto, “já foi mais engraçada, mais funny, mais brincalhona”, reconhece Rita Neto. Mas a equipa decidiu que a marca devia ser “mais simples, clara, direta”.

Limpámos muito as lojas, que estavam muito ‘poluídas’ de comunicação. Quisemos limpar esse ruído visual para que as pessoas gostassem mais de estar nas nossas lojas. Os pontos de comunicação que temos hoje nas lojas são estrategicamente muito bem escolhidos. No digital a comunicação é também muito simples, muito clara, muito direta, mas tentamos ter sempre um bocadinho de humor, ao acompanhar a atualidade, estar atentos e reagir e interagir”, aponta.

Rita Neto conta com uma equipa de cinco pessoas, bem como com o trabalho das agências Amaze Studio (com quem trabalham todas as campanhas), Akt Creative (redes sociais) e Global Press (contacto com os media e comunidade de influenciadores). No entanto, a marca aposta também no lançamento de concursos externos para trabalhar pontualmente com outras agências. “É sempre rico trabalhar com pessoas que vêm de fora, que trazem alguma frescura e fazem pensar em coisas diferentes”, diz a responsável.

A trabalhar há cerca de 20 anos, Rita Neto começou por integrar o departamento de marketing das revistas do grupo Media Capital, juntando-se depois ao Grupo Jerónimo Martins — onde trabalhou o Pingo Doce assim como outras submarcas do retalhista — até que aceitou o convite para ingressar na Padaria Portuguesa, onde está há quase oito anos.

Trabalhou também no Banco Nacional Ultramarino, em Macau, embora apenas durante três meses. A ida para Macau — onde esteve durante cerca de um ano — aconteceu em 2013, quando pediu uma licença sabática na Jerónimo Martins para acompanhar o marido, advogado, que ia trabalhar para aquele país asiático.

O período em Macau foi, na verdade, “um dos melhores anos” da sua vida, desde logo por ser um país “culturalmente muito diferente” e por se ver obrigada a sair da sua “zona de conforto”.

Foi super enriquecedor, fizemos bastantes viagens e conhecemos várias culturas. Macau não é propriamente um país muito interessante para viver, mas estava sempre a passar os fins de semana em Hong Kong, o que foi muito enriquecedor e espetacular. E foi também em Macau que engravidei da minha primeira filha, também tem um grande significado por isso”, refere a diretora de marketing de 44 anos. Já a barreira linguística, assim como a comida e a diferença horária, foi o que mais estranhou em Macau.

A decisão de ir para Macau, no entanto, foi a “mais difícil” que já teve de tomar na sua vida, a nível pessoal. Com as suas duas irmãs já a viver em Inglaterra — embora agora já estejam as três de regresso a Portugal — “foi complicado” deixar os pais sem nenhuma filha em Portugal, confessa.

A família sempre foi algo que marcou a sua vida, desde logo porque tem uma família muito grande, uma vez que o seu pai tem 15 irmãos e a mãe cinco. “Estávamos sempre em família”, diz, recordando sobretudo os tempos da infância e adolescência.

Talvez influenciada por isso, Rita Neto considera-se uma “pessoa de família” e “primeiro que tudo”, mãe dos seus três filhos — duas raparigas, uma de nove e outra de dois anos, e um rapaz de oito anos.

O trabalho é outra vertente importante. “Tenho um prazer enorme em ir trabalhar todos os dias. Gosto muito de trabalhar n’A Padaria Portuguesa, é um desafio total todos os dias, porque a gestão e futuro da marca está nas nossas mãos. Não somos muitos aqui na empresa e, portanto, faço parte da equipa de direção e não trabalho apenas no departamento de marketing. Faço também a gestão da empresa em conjunto com os meus colegas de direção e com o CEO”, explica.

Considerando-se uma pessoa “extremamente organizada” mas também “um pouco controladora“, é-lhe difícil delegar, algo que está a conseguir fazer melhor por ter uma equipa “muito boa e cada vez mais coesa”.

Em termos profissionais, a decisão mais difícil que já teve de tomar foi a de deixar a Jerónimo Martins. “Decidi vir para uma empresa familiar onde me dá muito mais gozo trabalhar e onde posso tomar decisões e participar nas decisões de gestão com grande regularidade. O desafio é muito grande e muito bom. É muito diferente de trabalhar numa Jerónimo Martins, em que são milhares de pessoas e é enorme. Aqui estamos diariamente com o CEO, com quem discutimos o negócio e o rumo do negócio”, conclui.

Nos tempos livres, Rita Neto gosta de jogar padel, fazer pilates e cerâmica, hobbie que começou a praticar através de um workshop que fez quando estava grávida da sua última filha, há três anos, e que lhe permite “desligar completamente”.

“Não estamos a pensar em mais nada, estamos focados e com as mãos ocupadas a mexer no barro e no material, a moldar e a pensar no que vamos fazer. É todo um processo criativo e uma coisa que me dá bastante gozo. Permite uma abstração total”, explica.

Rita Neto em discurso direto

1 – Que campanhas gostava de ter feito/aprovado? Porquê?

A nível nacional lembro-me de uma ativação de marca que o Ikea fez no jardim da Estrela, em Lisboa, onde colocou camas para as pessoas dormirem durante a noite no jardim. Inesperado e por isso ficou na memória.
A nível internacional, a campanha Dove Real Beauty, porque foi pioneira em desafiar standards, a ser mais inclusiva e ao retratar as mulheres tal como elas são, deixando de lado a ditadura comercial que só mostra estereótipos de mulheres perfeitas.

2 – Qual é a decisão mais difícil para um marketeer?

Onde investir o budget para maximizar impacto e retorno, equilibrando inovação com resultados tangíveis.

3 – No (seu) top of mind está sempre?

Os clientes e a forma como podemos criar valor, todos os dias.

4 – O briefing ideal deve…

Ter informação clara e estratégica suficiente para guiar, mas também espaço para criatividade e para garantir que as soluções cumprem os objetivos.

5 – E a agência ideal é aquela que…

Trabalha como uma verdadeira parceira, mergulha no negócio e desafia a marca a crescer com ideias estratégicas e diferenciadoras.

6 – Em publicidade é mais importante jogar pelo seguro ou arriscar?

Arriscar. Sem sair da zona de conforto e sem testar novas abordagens não conseguimos captar a atenção do cliente de hoje e do futuro.

7 – O que faria se tivesse um orçamento ilimitado?

Trabalharia com o mesmo rigor, mas com a liberdade de testar e inovar sem limitações, criando experiências verdadeiramente transformadoras para os clientes. Mas budgets limitados obrigam-nos a ser mais criativos.

8 – A publicidade em Portugal, numa frase?

Ainda conservadora, mas com potencial para ser mais ousada e diferenciadora.

9 – Construção de marca é?

Trabalhar de forma coerente e consistente os pilares estratégicos, garantindo que cada ponto de contacto reforça a mesma identidade e propósito.

10 – Que profissão teria, se não trabalhasse em marketing?

Algo relacionado com a coordenação de projetos de arquitetura. A forma como a parte estética e artística se adaptam ao dia-a-dia é uma matéria que me interessa. O projeto de rebranding e restruturação das lojas d’A Padaria Portuguesa, que fizemos em 2021, deu-me a oportunidade de explorar este lado.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Projetos piloto para combater descaracterização das cidades só vão ter apoio em 2026

CCP apresentou ao Governo um programa, a incluir no PT2030, para contrariar a descaracterização dos centros das cidades. Concurso só deverá ser lançado em 2026.

A Confederação do Comércio e Serviços (CCP) vai apresentar, até ao final da semana, uma proposta de pré-orçamento, com valores indicativos, para os projetos piloto para contrariar a descaracterização dos centros das cidades. O objetivo é garantir financiamento no Portugal 2030, mas o aviso só deverá ser lançado em 2026.

A CCP apresentou ao Governo um programa, a incluir no PT2030, de “Requalificação Urbana, Desenvolvimento Sustentável e Urbanismo Comercial” que passa pela definição de Cartas Estratégicas onde serão definidas as prioridades, orientações e critérios de regulação das ofertas de comércio e serviços nos municípios, assegurando a sua diversidade.

A descaracterização progressiva do comércio e serviços nos centros urbanos é um flagelo que deteriora quer a vida nas cidades quer o próprio turismo, e que urge contrariar, num esforço concertado e conjunto”, sublinhou em comunicado o presidente da CCP, João Vieira Lopes.

“Até ao final da semana vamos preparar propostas com pré-orçamentos, mas com valores apenas indicativos, que serão posteriormente alvo de uma negociação, já que será necessário fazer um ajustamento aos montantes que vierem a ser disponibilizados”, disse ao ECO José António Cortez.

O diretor do Observatório ‘Serviços, Competitividade Urbana e Coesão Territorial’ da CCP admitiu que os projetos piloto possam oscilar entre 50 e 75 milhões de euros. Para já está previsto que avancem dez, que serão distribuídos por regiões NUT II. Mas, “numa segunda fase, poderá ser multiplicado”, acrescentou.

Estes projetos piloto deverão ser financiados pelos programas regionais do PT2030. Mas, primeiro, é necessário que a reprogramação seja concluída. E depois no segundo semestre, haverá eleições autárquicas, o que deverá atirar para o início de 2026, o lançamento do concurso para os municípios.

A CCP reuniu a semana passada com o ministro Adjunto e da Coesão, de quem obteve apoio para o projeto, mas ainda não há valores pré-definidos, confirmou o ECO junto de ambas as partes.

Os projetos piloto de combate à descaracterização dos centros urbanos vão incluir investimento público e privado, sendo que o número de empresas envolvidas vai depender da dimensão: se em causa está uma rua, um bairro ou uma praça, explicou José António Cortez. “Em causa podem estar 30 a 50 empresas ou até 200, empresas com estabelecimentos de comércio e serviços aos utilizadores”, acrescentou.

Sendo os apoios garantidos pelo PT2030, as empresas têm de respeitar as regras de minimis e estão sujeitas às taxas de comparticipação previstas para cada região específica.

O combate à descaracterização do comércio nas cidades não vai passar pela imposição de quotas de determinados tipos de estabelecimentos ou o encerramento dos que já estão em funcionamento, ainda que monotemáticos e em número avultado.

“A solução não é proibir, mas incentivar as ofertas nas áreas em falta”, disse José António Cortez, sublinhando que as autarquias têm instrumentos, mas estes não são utilizados. “Podiam ter uma maior ação de pressão “, diz o responsável, dando com o exemplo um maior recurso à fiscalização.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Há 24 anos que o consumo das famílias não crescia tanto (com exceção do período da ressaca pandémica)

Crescimento das despesas de consumo das famílias subiu 5,1% em termos homólogos, a taxa mais elevada desde o início dos anos 2000, quando descontando o período pós-pandémico.

O consumo das famílias disparou na reta final do ano passado, refletindo o aumento de rendimentos, impulsionando o desempenho da economia. Descontando o período pós-pandémico, quando as taxas homólogas dispararam, influenciadas em grande parte pelo efeito de base, a taxa de crescimento das despesas de consumo das famílias não era tão elevada desde o início do ano 2000.

Os dados divulgados na sexta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam que a procura interna deu um contributo substancial para o crescimento homólogo de 2,8% da economia portuguesa no quarto trimestre de 2024. Esta evolução resultou sobretudo do aumento do consumo privado, que permitiu compensar a queda do investimento.

Na reta final do ano, o consumo das famílias subiu 5,1% em termos homólogos. Esta taxa apenas é ultrapassada pela variação de 6,1% registada no quarto trimestre de 2021, após uma quebra de 5,3% no trimestre equivalente do ano em que espoletou a pandemia, pelo crescimento de 18,8% verificado no segundo trimestre de 2021, largamente influenciada pela quebra de 16,8% no trimestre equivalente de 2020, e de 12,7% no primeiro trimestre de 2022.

powered by Advanced iFrame free. Get the Pro version on CodeCanyon.

Nota: Se está a aceder através das apps, carregue aqui para abrir o gráfico.

Entre as despesas de consumo das famílias residentes, destacam-se o crescimento homólogo de 7,2% de bens duradouros e de 4,9% de bens não duradouros, dos quais a subida de 3,1% de bens alimentares.

Por seu lado, as despesas de consumo das Administrações Públicas cresceram 0,9% no quarto trimestre. No total, as despesas de consumo final aumentaram 4,1%, a taxa mais elevada desde os 10,6% registados no primeiro trimestre de 2022.

Investimento quebra

O investimento caiu 0,9% no quarto trimestre em termos homólogos, após um crescimento de 1,9% no trimestre anterior. Os dados do INE permitem verificar que a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) desacelerou, de uma taxa de crescimento de 4,4%, no terceiro trimestre, para 0,7%, enquanto o contributo da variação de existências (valor da diferença entre as entradas de existências e as saídas e as perdas correntes de bens constantes das existências) para a variação homóloga do Produto Interno Bruto (PIB) foi -0,3 pontos percentuais (pp.) no quarto trimestre (-0,5 pp. no trimestre anterior).

Na evolução da FBCF destaca-se a diminuição de 6,2% de outras máquinas e equipamentos no quarto trimestre face ao período homólogo, após um crescimento de 15,9% no trimestre anterior. Por outro lado, a FBCF em equipamento de transporte aumentou 1% no quarto trimestre (2% no trimestre anterior), enquanto a FBCF em construção subiu 3%, após uma taxa de 0,6% no terceiro trimestre, e a FBCF em produtos de propriedade intelectual também acelerou, registando um crescimento homólogo de 3,6% trimestre (2,8% no trimestre precedente).

Na procura externa, as exportações de bens e serviços, em volume, subiram 4,1% no quarto trimestre (5% no trimestre anterior), tendo as duas componentes registado crescimentos menos intensos, enquanto as importações aumentaram 4,7% (7,2% no trimestre anterior).

Na globalidade de 2024, o crescimento da economia desacelerou de 2,6% em 2023 para 1,9% em 2024. A procura interna apresentou um contributo positivo para a variação anual do PIB superior ao observado no ano anterior, verificando-se uma aceleração das despesas de consumo final, enquanto o contributo da procura externa líquida foi negativo em 2024, refletindo a desaceleração das exportações e a aceleração das importações.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Dia Mundial das Doenças Raras: esperanças e obstáculos na procura de tratamentos

  • Servimedia
  • 3 Março 2025

Um dos maiores desafios em Espanha é o acesso aos tratamentos disponíveis.

Todos os anos, a 28 de fevereiro, o mundo junta-se para comemorar o Dia Mundial das Doenças Raras. Uma data que põe em evidência as histórias de mais de 300 milhões de pessoas com este tipo de patologia no planeta. Em Espanha, estima-se que cerca de três milhões de pessoas, o equivalente a quase toda a população de Madrid, enfrentam uma das mais de 7.000 doenças raras identificadas até à data.

Embora cada uma destas doenças seja rara individualmente, o seu conjunto representa um desafio para os sistemas de saúde. A falta de investigação, o diagnóstico tardio ou as barreiras no acesso a tratamentos adequados criam um cenário complexo, mas também cheio de esperança e determinação para aqueles que lutam por um futuro mais justo e equitativo.

As doenças raras, na sua maioria de origem genética, manifestam-se geralmente na infância e implicam um elevado grau de incapacidade e mortalidade. Em Espanha, o diagnóstico destas patologias pode demorar, em média, mais de seis anos, um tempo que agrava a situação dos doentes e das suas famílias. Este atraso deve-se, em parte, à falta de conhecimentos médicos e de experiência no tratamento destas doenças, bem como à insuficiência de recursos para a investigação.

Para além disso, a maioria dos doentes não dispõe de tratamentos específicos. Apenas 5% das doenças raras têm uma terapia aprovada, deixando milhares de pessoas numa situação de extrema vulnerabilidade. A falta de investimento na investigação e desenvolvimento de medicamentos órfãos – medicamentos concebidos para tratar doenças raras – é um dos principais obstáculos ao progresso neste domínio.

ACESSO AOS RECENTES AVANÇOS

Um dos maiores desafios em Espanha é o acesso aos tratamentos disponíveis. De acordo com o relatório anual da Associação Espanhola de Laboratórios de Medicamentos Órfãos e Ultra Órfãos (Aelmhu), em 2024 foram autorizadas para comercialização 24 terapias para doenças raras, mas apenas 17 foram incluídas na carteira pública. Isto significa que, embora existam tratamentos aprovados pela União Europeia, muitos doentes espanhóis não podem aceder a eles devido a decisões administrativas e económicas.

Apesar das dificuldades, nos últimos anos registaram-se progressos significativos no acesso aos medicamentos para algumas doenças raras. Um dos casos mais proeminentes é o da atrofia muscular espinal, uma doença genética que afeta a mobilidade e a função respiratória. Graças à aprovação de terapias inovadoras como o nusinersen, muitos doentes registaram melhorias notáveis nas suas capacidades motoras e na sua esperança de vida.

Na mesma linha, a hemofilia A beneficiou da disponibilidade do efanesoctocog alfa. Este medicamento é fundamental para o tratamento e a profilaxia de uma das principais manifestações da doença: as hemorragias.

No domínio da oncologia, há também exemplos de doenças raras, como a macroglobulinemia de Waldenström, um tipo muito raro de linfoma que representa cerca de 1% de todos os linfomas não Hodgkin e que, normalmente, progride lentamente após o diagnóstico. Atualmente, não existe cura para esta doença crónica, mas terapias como o zanubrutinib, um inibidor da tirosina quinase de Bruton (BTK), melhoram a qualidade de vida do doente.

No entanto, o acesso a estes tratamentos não tem sido uniforme em todas as doenças. No caso da colangite biliar primária, uma doença rara que afeta o fígado, um dos tratamentos foi recentemente retirado, deixando apenas disponível o medicamento de primeira linha. Por este motivo, tanto os doentes como os profissionais de saúde apelam à rápida aprovação do seladelpar em Espanha, com base nos resultados positivos dos ensaios clínicos, que recebeu recentemente uma autorização de introdução no mercado condicional da CE.

Num contexto em que o financiamento dos medicamentos para as doenças raras diminuiu 20% em Espanha, há quem considere importante dar prioridade a estas patologias na agenda política e da saúde. Acreditam que esta é a única forma de garantir que as pessoas com doenças raras recebem os cuidados e o tratamento de que necessitam para viver com dignidade.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Empresa de Montenegro praticou atos exclusivos de advogados?

Ficam ainda no ar dúvidas relativamente aos atos praticados pela empresa de Montenegro. Se configuram, ou não, atos jurídicos que - até abril de 2024 - eram exclusivos de advogados.

A criação da empresa familiar de Luís Montenegro – a Spinumviva -ganhou contornos políticos este mês, levantando questões sobre o papel que o primeiro-ministro ainda terá nesta sociedade e levando o líder do Executivo a desafiar a oposição a apresentar uma moção de censura, o que acabou por acontecer, por iniciativa do PCP. Mas, análise política à parte, bem como um potencial conflito de interesses entre o primeiro-ministro e a Solverde, ficam ainda no ar dúvidas relativamente aos atos praticados pela própria empresa. Se configuram, ou não, atos jurídicos que – até abril de 2024 – eram exclusivos de advogados e só poderiam ser exercidos em contexto de uma sociedade de advogados e não de uma sociedade comercial.

Mas vamos por partes. Em 2021, Luís Montenegro – ainda só um quadro social-democrata e que já levava consigo uma derrota na corrida à liderança do partido, que ficou nas mãos de Rui Rio – cria a Spinumviva e, em julho do mesmo ano, o grupo Solverde começa a pagar uma avença à empresa, que subiu para 4.500 euros mensais em maio de 2022. Nesse mesmo mês, Montenegro passa a líder do PSD mas só um ano depois decide vender a quota que detinha na sociedade comercial à mulher. Contrato esse que, perante o Código Civil, é nulo e não tem efeitos práticos, visto que o casal está casado em comunhão de adquiridos.

Mas o que é então esta empresa familiar e em que moldes foi constituída?

Na sexta-feira, instada pelo próprio Montenegro, a empresa em questão envia uma explicação de três páginas em que começa por expor “as empresas que mantêm um vínculo permanente com a consultora Spinumviva na área da implementação e desenvolvimento de planos de ação no âmbito da aplicação do Regulamento Geral de Proteção de Dados”. Mas, lendo o comunicado na íntegra, depressa se percebe que os atos praticados pela empresa familiar não se limitam a assessorar empresas para aplicação do RGPD e que há indícios de prática de atos de consultoria jurídica.

E é aqui que surgem uma questão que continua sem explicação. Em que termos foram prestados serviços jurídicos de consultoria que, pela lei dos atos próprios dos advogados vigente à data, só podiam ser prestados por sociedade de advogados? Coisa que a Spinumviva não é mas cujos colaboradores são uma advogada e um jurista. Ponto que foi, aliás, levantados pela socialista Alexandra Leitão, na CNN Portugal, e que continua sem resposta.

 

O que são os atos próprios dos advogados?

Desde abril de 2004 que o “Regime Jurídico dos Atos de Advogados e Solicitadores” foi alterado, definindo o alcance dos atos próprios dos advogados e dos solicitadores e tipificando ainda o crime de procuradoria ilícita. Uma alteração que surge na sequência de obrigações europeias, com a alteração da Lei das Associações Públicas Profissionais.

Os mais relevantes atos reservados aos advogados e solicitadores são no exercício de um mandato que é, no fundo, a representação legal de uma pessoa em tribunal. Mas não só. São também os atos de consulta jurídica como a elaboração de contratos e a prática dos atos preparatórios à constituição, alteração ou extinção de negócios jurídicos, designadamente os praticados junto de conservatórias e cartórios notariais, a negociação para cobrança de créditos ou o exercício do mandato no para reclamação ou impugnação de atos do Estado ou do Fisco. E que são exclusivos de advogados e solicitadores e não podem ser realizados por consultoras ou empresas comerciais, como é o caso da de Montenegro. Caso aconteça, estamos perante o caso de procuradoria ilícita, punido com pena de prisão até um ano ou com pena de multa até 120 dias.

Tendo sido tornado público que a empresa da família do primeiro-ministro prestou serviços jurídicos a entidades terceiras e tendo Luís Montenegro exercido os mesmos a título individual e não através de uma sociedade de advogados, podemos equacionar essa hipótese. Questionada pelo ECO/Advocatus, a bastonária da Ordem dos Advogados, Fernanda de Almeida Pinheiro, não se mostrou disponível para esclarecer se podemos estar perante o caso de procuradoria ilícita.

Mas, segundo advogados contactados pelo ECO, a doutrina diverge. O advogado Paulo Saragoça da Matta considera que sim, que parece “claro que estamos perante procuradoria ilícita” mas já o líder do Conselho Regional do Porto da OA, Jorge Barros Mendes, disse ao ECO que não considera que seja o caso. Este é o órgão da OA que faz o crivo dos advogados que trabalham na empresa de Luís, Carla, Diogo e Hugo Montenegro, já que estão inscritos na regional do Porto. Paulo de Sá e Cunha, atual presidente do Conselho Superior da Ordem dos Advogados, também considera que não estamos perante um caso de procuradoria ilícita.

José Costa Pinto, advogado e candidato a bastonário da OA, defende, ao ECO, que “não conhecemos os detalhes da atuação da sociedade da família do Primeiro-Ministro, nem os serviços efetivamente prestados. Para além das questões de avaliação política, que não me cumpre apreciar, cabe-me assinalar a importância de, neste e noutros casos, serem investigados e clarificados eventuais indícios de procuradoria ilícita. Porém, sublinha que a sua candidatura “tem sido a única a defender com firmeza a revisão do quadro regulatório da advocacia e a proteção dos atos próprios dos advogados. Além disso, propomos medidas concretas para garantir justiça fiscal, como o fim da transparência fiscal, a redução do IVA de 23% para 6% e o reconhecimento fiscal dos custos com serviços jurídicos” porque, defende, que “o atual enquadramento legal permite demasiadas zonas de ambiguidade, comprometendo a proteção dos cidadãos no acesso a aconselhamento jurídico qualificado e enfraquecendo as prerrogativas dos advogados. É por isso que propomos iniciativas como a “Defesa 24h”, um canal direto entre os Advogados e a sua Ordem para denunciar ameaças ao exercício profissional, incluindo casos de procuradoria ilícita”.

António Jaime Martins, advogado e ex-dirigente da OA – atual candidato ao Conselho Superior – defende que os atos referidos pela empresa “exigem qualificação jurídica. E mesmo agora a consultoria jurídica por empresas está sujeita a requisitos apertados
e neste caso a empresa nem sequer é uma multidisciplinar pois não tem sócios advogados”. Relembrando que, mesmo com as alterações introduzidas pela Lei n.º 10/2024 (publicada a 19 de janeiro de 2024 e em vigor deste abril deste ano), a prestação de serviços de consulta jurídica continua sendo uma atividade reservada aos profissionais e entidades que se enquadrem expressamente nas hipóteses previstas na lei.

Outra questão remete-nos para o regime de tributação em causa. Sendo uma empresa comercial, está sujeito ao regime geral de IRC mas, caso fosse uma sociedade de advogados, o regime seria o da transparência fiscal.

A transparência fiscal é o regime obrigatório que incide sobre certas pessoas coletivas – como as sociedades de advogados – em que não são tributadas em sede de IRC. Sendo, ao invés, os respetivos sócios tributados diretamente em sede de IRS.

No sábado, Luís Montenegro revelou que vai deixar de ter qualquer interesse, ainda que indireto, na sua empresa Spinumviva, ao passar todo o capital para os seus filhos (atualmente está dividido entre estes e a sua esposa, com quem é casado em comunhão de bens). A sede da empresa, atualmente na casa da família Montenegro, também será alterada.

“Relativamente à empresa familiar, ela será doravante totalmente detida e gerida pelos meus filhos. Mudará a sua sede e seguirá o seu caminho exclusivamente na esfera da vida deles“, anunciou. Montenegro defendeu ainda que prestou todos os esclarecimentos, mas apontou o dedo à oposição e considerou que “para alguns” as explicações nunca serão “suficientes”. “Este é um ciclo vicioso que muitos desejam”, criticou. “A exposição a que fui sujeito com a minha família chegou a um limite que nunca imaginei. Não me queixo, sei que sou primeiro-ministro porque quis e porque os portugueses me confiaram”, disse, garantindo: “Não pratiquei nenhum crime, nem tive nenhuma falha ética“.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.