Câmara de Famalicão aprova orçamento de 219 milhões de euros para 2025

Câmara famalicense inscreveu um "investimento recorde de mais de 77 milhões de euros", o que representa um aumento de 98% face a 2024, “para avançar e dar continuidade a obras fundamentais".

Conferência Famalicão.30. - Estratégia de Desenvolvimento de V. N. Famalicão para 22-30 - 13JAN23
Presidente da Câmara de Vila Nova de Famalicão, Mário PassosRicardo Castelo/ECO

O município de Vila Nova de Famalicão aprovou um orçamento de 219 milhões de euros para 2025, valor que o Executivo considera ser o “maior de sempre da história das contas da autarquia”. Liderada por Mário Passos, a câmara famalicense antecipa um “investimento recorde de mais de 77 milhões de euros”, o que representa um aumento de 98% face a 2024, “para avançar e dar continuidade a uma série de obras fundamentais para o futuro” do concelho nortenho.

Em causa estão projetos “com impacto no dia-a-dia dos famalicenses” em áreas como ambiente, habitação, educação, saúde, desporto, vias e acessibilidades, assinala o presidente da autarquia. Entre as empreitadas, Mário Passos elenca a construção do centro de atletismo, das novas piscinas municipais de Famalicão e de um conjunto de intervenções no parque escolar concelhio, designadamente as obras na Secundária Padre Benjamim Salgado, em Joane.

Na área da saúde, o autarca social-democrata dá conta das “intervenções estruturais” em São Miguel-o-Anjo (Joane), nas Unidades de Saúde Familiar (USF) Urbana e do Vale do Este, e na Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados de Ruivães e Landim. Acrescem as empreitadas de beneficiação da rede viária, nomeadamente nas estradas municipais 572, 562, 571 e 571-1 e na Avenida Marechal Humberto Delgado, além da construção de uma nova rotunda na via intermunicipal de ligação a Mogege.

[São projetos] sustentados em contas municipais sólidas, responsáveis e equilibradas, mas ao mesmo tempo na grande capacidade que a autarquia tem demonstrado de captação e execução de fundos comunitários.

Mário Passos

Presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão

Para o autarca, estes são projetos “sustentados em contas municipais sólidas, responsáveis e equilibradas, mas ao mesmo tempo na grande capacidade que a autarquia tem demonstrado de captação e execução de fundos comunitários”.

O município contabiliza ainda um saldo corrente de mais de 2,8 milhões de euros neste orçamento para 2025 e o reforço dos apoios diretos concedidos às freguesias na ordem dos 8,4 milhões de euros.

A autarquia decidiu ainda baixar o Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI). Depois de, em 2023, Mário Passos ter reduzido o IMI dos 0,35 para os 0,34, passa agora em 2025 para os 0,335. Desde que a autarquia baixou o imposto em 2023, já abdicou de arrecadar 1,6 milhões de euros para os cofres municipais.

As famílias com um dependente terão uma dedução de 30 euros no IMI, enquanto os agregados com dois filhos terão uma dedução de 70 euros e as famílias com três ou mais dependentes terão uma dedução de 140 euros.

A câmara famalicense vai manter a taxa de 1,2% sobre o lucro das empresas para aquelas cujo volume de negócios seja superior a 250 mil euros. Todas as outras ficam isentas do pagamento da derrama. O município mantém igualmente nos 4,5% a participação do município no Imposto sobre o Rendimento de Pessoas Singulares (IRS).

O Executivo famalicense decidiu ainda não mexer no tarifário para o ano de 2025 da tarifa de Recolha de Resíduos Sólidos Urbanos assim como do Serviço Público de Transporte Regular de Passageiros. Já a tarifa de abastecimento de água e saneamento sofrerá uma atualização à taxa de inflação de 2.1% que apenas será aplicável a partir do 3.º escalão.

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“Há uma concentração absurda de poder nas mãos da distribuição”, afirma CEO da Media Capital

O CEO da Media Capital aponta baterias às operadoras de telecomunicações e também à Microsoft, dona da Open AI.

“O que se está a passar no audiovisual é uma concentração absurda de poder nas mãos da distribuição. Em Portugal, não podia ser mais bem representada do que a situação que vivemos hoje em dia na SportTV. 97 a 98% da distribuição da televisão em Portugal está no capital da SportTV, que tem vindo a acumular direitos que tradicionalmente eram distribuídos através da televisão aberta”. A afirmação é de Pedro Morais Leitão, CEO da Media Capital, que na conferência “A Sustentabilidade dos media em Portugal”, organizada pela Entidade Reguladora para a Comunicação Social, que está a decorrer esta terça-feira, na Assembleia da República, aponta baterias às operadoras de telecomunicações e também à Microsoft, dona da Open AI.

Em relação ao futebol, com o campeonato nacional transmitido há mais de uma década na SportTV, Morais Leitão afirma que a compra dos direitos televisivos dos jogos em casa do Moreirense, há duas semanas, “é um pequeno contributo” para “quebrar essa situação absurda que foi criada há dez anos”. “Temos a esperança de que a sociedade se aperceba de que por muito que seja bom pagar generosamente aos clubes de futebol através da SportTV, não faz sentido concentramos todos os direitos do principal campeonato desportivo português num único canal de fechado”, afirma o responsável.

O CEO da Media Capital defende ainda que os novos canais que têm aparecido no cabo, como o V+, SIC Novelas e o Now, são todos muito condicionados pela situação da distribuição. “Não decidimos lançar um novo produto com a expectativa de criarmos maior relação com o utilizador final e maior possibilidade de gerar receitas através do utilizador final. Fazemo-lo em grande medida porque acreditamos que a partir daí gerarmos mais receitas para o nosso negócio através do negócio da distribuição e isso não é bom”.

Pedro Morais Leitão diz que “não é bom que sejam outras entidades a decidir qual a posição na grelha em que fica cada um dos nossos canais e não é bom que sejam eles a determinar qual o valor que cada canal vai receber”. Em suma, “nada disso é bom e creio que nem é bom para os próprios distribuidores, que querem controlar todo o sistema mas, na prática, não é bom para eles que o façam“, reforça.

A Microsoft, dona da Open AI, criadora do ChatGPT, foi também criticada pelo responsável do grupo. “É chocante o que se passa com a Microsoft em Portugal”, atira. “Está há 30 anos em Portugal, tem relações comerciais com qualquer dos grupos de comunicação social, cobra licenças de software de valor de centenas de milhares de euros todos os anos para cada um destes grupos e recusa-se a reconhecer a obrigação de pagar qualquer coisa pelos direitos de autor que as suas plataformas estão a abusar diariamente“, acusa

“A Open Ia percorre os nossos sites todos os dias, recolhe informação dos nossos sites, para depois produzir peças que estão a valorizar permanentemente a Open AI e a sua plataforma”, descreve o responsável. “É chocante e exigiria intervenção regulatória imediata”, afirma na conferência da ERC.

Nicolau Santos concorda que há “efetivamente um problema com distribuidores” e defendeu uma ação concertada a nível europeu para enfrentar as grandes plataformas tecnológicas. “Não é que acredite muito nisso, porque até agora os passos têm sido muito pequenos e os resultados não se têm mostrado significativos. Mas, país a país, não será possível“, apontou o presidente da RTP.

Também Francisco Pedro Balsemão, que começou a sua intervenção dizendo que mais do que falar em sustentabilidade do setor o foco devia estar no crescimento, concordou com a distribuição é um fator para os media. “Este negócio está sequestrado pela distribuição. No audiovisual, no digital e no papel“, resumiu o CEO da Impresa.

 

(artigo atualizado às 14h15)

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Stellantis anuncia “comité executivo interino” até arranjar substituto de Carlos Tavares

Conselho de administração da Stellantis cria comité executivo interino para gerir a empresa até ser nomeado o sucessor de Carlos Tavares, que deixou a liderança da fabricante automóvel no domingo.

Depois do anúncio, no domingo, da saída de Carlos Tavares do cargo de CEO da Stellantis, a empresa revelou esta terça-feira que o processo de nomeação do sucessor do gestor português estará concluído na primeira metade de 2025. Até à nomeação do novo CEO, a fabricante automóvel vai ser dirigida por um comité executivo interino liderado por John Elkann.

Em comunicado, a Stellantis detalhou que o processo de nomeação do substituto de Carlos Tavares “está em curso” e a ser “gerido por um comité especial do conselho de administração”. Por enquanto, é implementado “com efeitos imediatos” um comité executivo interino que “será responsável pela direção e supervisão da companhia em nome do conselho de administração”, acrescenta a empresa.

Esta equipa de transição, além do chairman John Elkann, será composta por seis vice-presidentes executivos e um conselheiro especial que vai atuar como “elemento de ligação junto da equipa de liderança”, que será Richard Palmer, antigo administrador financeiro da empresa.

Fazem ainda parte do comité executivo interino outros nove executivos com responsabilidades nas áreas de Recursos Humanos e Património; Engenharia e Tecnologia, Software e Free2move; Fabrico e Cadeia de Abastecimento; Planeamento; Finanças; Afiliadas; e as marcas e operações da Stellantis nas diferentes regiões do mundo.

O grupo Stellantis anunciou, no domingo, que o conselho de administração, sob a presidência de John Elkann, “aceitou a demissão de Carlos Tavares do cargo de CEO com efeitos imediatos”, embora tenha anunciado, em meados de outubro, que o gestor português iria sair do grupo e reformar-se em 2026.

Mas, no comunicado divulgado no domingo, a administração da Stellantis refere que a saída de Carlos Tavares foi antecipada devido a “visões diferentes” que emergiram nas últimas semanas entre o então CEO, os acionistas e os administradores.

Entre os problemas mais destacados estão os resultados dececionantes alcançados este ano, marcados por uma forte queda das vendas e dos lucros. Só nos primeiros seis meses de 2024, a fabricante de automóveis, que tem uma unidade em Mangualde, registou uma queda de 48% dos lucros e uma contração de 15% das receitas líquidas face à primeira metade do ano passado.

A estratégia de Carlos Tavares, frequentemente descrita como focada no curto prazo, além de um estilo de gestão “implacável”, que alienou concessionários, fornecedores e políticos, exacerbou a situação no terceiro trimestre, provocando uma queda anual de 27% da faturação e uma desvalorização de 45% das ações da Stellantis.

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PRR é “oportunidade perdida” para a transição elétrica na mobilidade, lamenta Pires de Lima

Os gestores criticam o facto dos fundos do PRR terem sido usados para suprir necessidades de investimento público e lamentam que estes fundos tenham falhado o objetivo de acelerar a transição elétrica

O Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) falhou em promover a transição elétrica na mobilidade, revelando-se uma “oportunidade perdida”, defende António Pires de Lima, CEO da Brisa. O empresário lamenta ainda que o PRR tenha sido “desenhado para suprir deficiências de investimento público”. Uma crítica acompanhada pelos líderes da Luz Saúde e da Casais, que apontam ainda o dedo à elevada carga burocrática e regulatória que as empresas enfrentam, limitando-as na sua competitividade.

“O PRR é uma oportunidade perdida para a transição elétrica na mobilidade“, atirou Pires de Lima, numa intervenção durante a 7.ª edição da Fábrica 2030, uma conferência organizada pelo ECO na Alfândega do Porto. Para o CEO da Brisa, o investimento “é muito limitado para que as empresas possam apostar em postos de carregamento fora das grandes cidades, ou para trocar carros antigos” por elétricos.

A participar num painel com a CEO da Luz Saúde, Isabel Vaz, e o CEO do Grupo Casais, António Carlos Rodrigues, o líder da Brisa adiantou “o PRR passou praticamente ao lado da Brisa“, demonstrando que a empresa “não dependia para o seu crescimento e desenvolvimento do orçamento do estado e destes investimentos de orçamento público”.

De acordo com o responsável, a forma como o PRR foi desenhado e questões como a burocracia levam a que “uma boa parte das empresas não esteja à espera do PRR para tratarem da sua vida”.

Também Isabel Vaz, líder da Luz Saúde, destacou que “continuamos a ser pouco exigentes, no retorno do investimento que o Estado faz“, lamentando que muito do dinheiro envolvido em projetos como o PRR “terá sido gasto em gastos correntes e não em investimento”. Num momento em que a Europa está a perder competitividade para os Estados Unidos e para a China, Isabel Vaz refere que, no caso de Portugal, há ainda um problema de escala.

“Temos um problema, que é sermos um país pequenino. Temos uma Europa que tende a regular em vez de fazer” e Portugal ainda acrescenta pontos ao que vem da Europa, o que resulta em “custos muito grandes das empresas“, aponta Isabel Vaz. “A Europa está competir com China e EUA, numa Europa que é muito complexa de gerir”, destaca.

Para a líder do grupo de saúde, “as empresas são de facto pequenas em Portugal“, num mundo em que “a grande competição entre as empresas vai ser pela tecnologia”, o que vai exigir elevados investimentos. “Na saúde temos um budget cada vez mais superior em termos de investimento em tecnologia.”

CEO da Casais, António Carlos RodriguesRicardo Castelo

António Carlos Rodrigues, CEO da Casais, destacou que o Orçamento do Estado para 2025, aprovado na última sexta-feira, com algum alívio fiscal para as empresas “é um sinal” positivo, “mas não é suficiente”, destacando que Portugal fica atrás de outros países em termis de impostos, perdendo competitividade.

Em relação a outros temas do orçamento, o empresário elogiou a “visão integrada”, focada na aposta em infraestruturas, nomeadamente no setor dos portos e da ferrovia. “É um caminho para criar este ecossistema”, aponta.

Empresários são responsáveis por saída de talento

No que diz respeito à retenção de talento, António Pires de Lima considera que as empresas têm que assumir responsabilidades, destacando que não estão a ter capacidade para oferecer empregos “à medida” dos jovens que hoje saem das universidades. “É manifesto que os empresários portugueses, com um tecido empresarial comandado por micro e pequenas empresas, não estão em condições de oferecer a esta geração empregos à sua medida”.

“É mau que este investimento que estamos a fazer nas pessoas – todos os anos produz 50 a 60 mil jovens licenciados – seja parcialmente desaproveitado, porque há cerca de um terço desses jovens que não encontra sua condições para prosseguir a vida em Portugal“, lamentou o líder da Brisa, realçando que, neste campo, não se pode atribuir as culpas ao Estado. “Temos que reconhecer as nossas responsabilidades”, adiantou, destacando que cabe às empresas oferecer “propostas de trabalho que atraiam os jovens para os reter”.

Apesar de apontar responsabilidades aos empresários, Pires de Lima não deixa de apontar que a questão do esforço do ponto de vista fiscal, ao nível do IRS e do IRC, também tem impacto na saída de talento, notando que “é positivo que tenha existido o compromisso possível entre partidos da AD e o PS para que este modelo de IRS jovem possa estar ativo para não penalizar tanto jovens até 35 anos e tenha estabilidade”.

Para Isabel Vaz, “mais do que os jovens irem para fora, o problema é que não estamos a atrair os jovens de outros países para cá. O nosso saldo migratório está negativo”.

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Serviço público de media “é indispensável” para espaço público democrático

  • Lusa
  • 3 Dezembro 2024

"A RTP e todos os outros serviços públicos de media proporcionam uma base sólida para a concorrência de qualidade a montante", apontou Josef Trappel, professor da Universidade de Salzburgo.

O professor da Universidade de Salzburgo Josef Trappel afirmou esta terça-feira que o serviço público de media “é indispensável” para qualquer espaço democrático e que os media têm de estar equipados com meios para competir com as plataformas digitais.

O académico falava na abertura da conferência “Informação como bem público: Regulação mediática e políticas públicas”, promovida pela Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC). Na sua intervenção, Trappel salientou que o serviço público de media “desempenha um papel muito distinto tanto na qualidade quanto na excelência do jornalismo”.

A RTP e todos os outros serviços públicos de media proporcionam uma base sólida para a concorrência de qualidade a montante“, prosseguiu Josef Trappel.

Ao utilizar dinheiro público, competem com o setor comercial privado em benefício de toda a população”, mas, “ao mesmo tempo, o serviço público de media está isento da plena concorrência, uma vez que não é inteiramente livre para conceber os seus programas de acordo” com as alegadas necessidades e desejos da população, referiu.

Deste modo, “são economicamente privilegiados, mas com conteúdo restrito“, mas “em qualquer caso, a sua atuação é indispensável para qualquer espaço público democrático”.

Na sua intervenção, salientou que para “abordar qualidade, diversidade e jornalismo de excelência, as empresas de media precisam estar equipadas com meios para competir em pé de igualdade com as plataformas digitais de comunicação”.

Tendo em conta a atual situação económica do jornalismo e do negócio dos media, precisam de ser “exploradas” novas fontes de rendimento”.

Josef Trappel avançou ainda três hipóteses para discussão mais aprofundada: a primeira, o jornalismo tem “um futuro brilhante”, uma vez que as pessoas regressarão às notícias profissionais sempre que a incerteza prevalecer.

Em segundo, “o jornalismo independente requer fundos e apoio” e, por último, “o papel e a importância das agências reguladoras dos media aumentam juntamente com a legislação supranacional para proporcionar condições de concorrência equitativas para as redações editoriais e as plataformas de comunicação digital”.

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Agência alemã admite financiar projeto de lítio da Savannah até 257 milhões

"É um passo fundamental para a construção de uma solução completa de financiamento do projeto", realça o CEO, Emanuel Proença.

A Savannah Resources, empresa que tem a concessão para a exploração de lítio em Boticas, anunciou que recebeu uma carta de interesse da Euler Hermes, agência de crédito que atua em nome do Governo alemão, que abre a hipótese de esta agência vir a garantir até 270 milhões de dólares para o projeto em Portugal.

A Euler Hermes confirmou, nesta comunicação não vinculativa, a “elegibilidade em princípio” para a Savannah receber uma Garantia de Empréstimo Desvinculado para um empréstimo de até 270 milhões de dólares para a construção do projeto de lítio da mina do Barroso, em Boticas. 80% de um empréstimo seria garantido pela República Federal da Alemanha.

Este potencial apoio financeiro pressupõe uma contrapartida: o fornecimento de lítio à Alemanha através do acordo Heads of Terms da Savannah com a AMG para concentrado de espodumena durante dez anos.

É um passo fundamental para a construção de uma solução completa de financiamento do projeto“, realça o CEO, Emanuel Proença, citado no comunicado, ao mesmo tempo que assinala a oportunidade de custos e juros mais baixos para os acionistas que esta garantia de empréstimo proporciona. A Savannah afirma que continuará o seu trabalho juntamente com outras fontes potenciais de financiamento, até fechar a estrutura que melhor defenda os seus acionistas e o projeto.

Segue-se uma análise (due dilligence) por parte dos financiadores alemães e dos seus consultores, de forma a avaliar questões económicas, técnicas, jurídicas e de sustentabilidade associadas a este financiamento, de forma a consubstanciar a decisão final.

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Presidente da ERC defende “cooperação e entreajuda” para o desenvolvimento sólido nos media

  • Lusa
  • 3 Dezembro 2024

Helena Sousa espera também que o debate promovido pela ERC com deputados esta terça "seja produtivo" e que as "palavras se transformem em escolhas" e estas últimas "em ações concretas" no setor.

A presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) defendeu esta terça-feira que é preciso “cooperação e entreajuda” para o desenvolvimento “sólido e íntegro” dos media, salientando que a “informação é um bem público”.

Helena Sousa falava na abertura da conferência “Informação como bem público: Regulação mediática e políticas públicas”, promovida pelo regulador, que está a decorrer na Sala do Senado, na Assembleia da República, em Lisboa.

“Na casa da democracia, a ERC retoma as conferências anuais enquanto espaço de debate aberto a todos os cidadãos” e “bem precisamos deste exercício”, afirmou a presidente do órgão.

“Precisamos de reflexão, pensamento, contraditório e, no essencial, precisamos de cooperação e de entreajuda para o desenvolvimento sólido e íntegro de um setor que serve os consumidores e, acima de tudo, serve os cidadãos“, sublinhou a presidente da ERC, no discurso da abertura, onde sintetizou os vários temas que vão ser abordados na conferência, e agradeceu o apoio do presidente da Assembleia da República.

O apoio do Estado “ao setor é sempre matéria de grande sensibilidade, está a ser discutida há muito ainda com poucas consequências concretas”, prosseguiu a académica.

“Esperamos que o debate” que decorre durante a tarde com os deputados “seja produtivo” e que as “palavras se transformem em escolhas” e estas últimas “em ações concretas” no setor.

“A informação é um bem público”, rematou Helena Sousa.

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Governo suspende todas as reuniões com bombeiros após protestos

Uma manifestação de sapadores, não comunicada às autoridades, fez-se ouvir esta terça-feira pelas ruas de Lisboa, mobilizando-se junto à sede do Governo, levando à suspensão das negociações.

Bombeiros Sapadores manifestaram-se junto ao Campus XXI, onde decorria a reunião entre o Governo e os sindicatos representativos dos bombeiros para a revisão da carreiraMIGUEL A. LOPES/ LUSA

Depois de uma manifestação de Bombeiros Sapadores marcada pelo lançamento de petardos e bombas de fumo esta terça-feira, o Governo decidiu suspender todas as reuniões com os sindicatos com vista à valorização salarial destes profissionais e à criação de um suplemento de risco.

Os encontros previstos para 13 e 20 de dezembro também foram, para já, cancelados, revelaram ao ECO o presidente do Sindicato Nacional de Bombeiros Profissionais (SNBP), Sérgio Carvalho, e o secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública e de Entidades com Fins Públicos (SINTAP), José Abraão. As estruturas sindicais “não aceitam o fim das negociações e continuam disponíveis para reunir”, salvaguardou Abraão.

Dezenas de bombeiros sapadores manifestaram-se em Lisboa, nas imediações do edifício Campus XXI, sede do Governo, onde decorria mais uma reunião entre os sindicatos e o Governo esta manhã. Os profissionais exigiam melhores condições salariais e lançaram inúmeros petardos e bombas de fumo, num protesto ruidoso que não terá sido comunicado às autoridades.

Na sequência desta manifestação, o Executivo decidiu, inicialmente, suspender temporariamente o encontro. “O Governo suspende de imediato reunião negocial com representantes dos sapadores, por não aceitar negociar perante formas não ordeiras de manifestação. Não estão em causa, até ao momento, as condições de segurança. As negociações poderão ser retomadas se e quando forem assegurados o respeito pelo diálogo e tranquilidade no exercício do direito de manifestação”, disse ao ECO fonte oficial do Governo.

Este era quarto encontro entre o Executivo e as estruturas sindicais com vista à valorização da carreira de bombeiro. Cerca de uma hora depois, o Governo acabou por romper mesmo com o processo negocial, cancelando todas as reuniões já previstas, sem marcar novas datas.

À saída da reunião desta terça-feira com o Governo, António Pascoal, subchefe do Regimento de Sapadores Bombeiros (RSB) e dirigente do Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML), afirmou que “os sindicatos não planearam qualquer manifestação”. “Isto não é uma manifestação, é uma concentração de bombeiros”, insistiu, em declarações transmitidas pela SIC Notícias.

Segundo o jornal Observador, que cita fonte da Direção Nacional da PSP, tratou-se de uma “manifestação não comunicada dos Bombeiros Sapadores”, que teve “concentração inicial no Quartel do Regimento de Sapadores de Bombeiros de Alvalade, na Avenida Rio de Janeiro, seguindo-se desfile até ao edifício do Campus XXI, na Avenida João XXI”.

O Ministério da Coesão Territorial, que tutela os bombeiros, tinha proposto, na última reunião, que se realizou a 25 de novembro, um aumento salarial entre 15% e 20% até 2026 e um subsídio de risco de 37,5 euros por mês, em 2025, e de 67,5 euros, no ano seguinte. Mas, em contrapartida, quer baixar o ordenado de início de carreira de 1.075,85 euros para 1.017,98 euros, o que é altamente contestado pelas estruturas sindicais.

O caderno reivindicativo comum, assinado por quatro sindicatos, estabelece um aumento do salário de ingresso do bombeiro sapador de 204,87 euros, passando de 1.075,85 euros para 1.280,72 euros mensais brutos e um suplemento de risco mensal de 400 euros até 2026, tal como foi acordado para PSP, GNR e Forças Armadas. Esta proposta é subscrita pelo Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública e de Entidades com Fins Públicos (SINTAP), Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML), Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local (STAL) e Sindicato Nacional de Bombeiros Profissionais (SNBP). De fora ficou o Sindicato Nacional dos Bombeiros Sapadores (SNBS).

“Traçámos umas linhas vermelhas. Abaixo disso não estamos legitimados a aceitar. Reduzimos a nossa proposta inicial e agora estamos à espera de boa vontade da parte do Governo. Esperamos retomar as negociações de imediato, ainda hoje”, afirmou António Pascoal. Expectativa que ficou defraudada com a suspensão de todo o processo negocial pelo Executivo.

(Notícia atualizada pela última vez às 14h34)

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Aguiar-Branco critica excesso de regulação na comunicação social e defende Maria João Avillez

  • Lusa
  • 3 Dezembro 2024

O presidente da Assembleia da República defendeu ainda que "é pouco provável que do parlamento saiam soluções definitivas para o futuro da imprensa".

O presidente da Assembleia da República criticou esta terça-feira excessos de regulação, subsidiação e intervenção no setor da comunicação social e deu como exemplo negativo a controvérsia em torno da recente entrevista de Maria João Avillez ao primeiro-ministro.

Esta posição foi defendida por José Pedro Aguiar-Branco na abertura de uma conferência promovida pela Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC), na Sala do Senado, na Assembleia da República, que tem como tema “Informação como Bem Público: Regulação Mediática e Políticas Públicas”.

Na sua intervenção, o antigo ministro social-democrata sustentou a tese de que “na sociedade livre há um papel para o legislador e para o regulador” no sentido de “impedir os excessos, fazer cumprir a lei, impedir a difamação e a devassa”, protegendo “sempre a liberdade de informar e de ser informado”.

Porém, de acordo com José Pedro Aguiar-Branco, “as opções fundamentais para o futuro do jornalismo dependem pouco do regulador ou do legislador”, estando antes “nas mãos dos órgãos de comunicação social e dos jornalistas apresentar projetos editoriais convincentes e robustos para vencer os desafios de um mundo em mudança”.

Nós, legisladores e reguladores, temos de resistir à tentação do excesso de intervenção de subsidiação de regulação. Não quero viver num país em que se duvida que alguém com o percurso e as qualidades de Maria João Avillez possa entrevistar o primeiro-ministro [Luís Montenegro], ou que ache que uma entidade pública deve ter opinião sobre as perguntas que um jornalista faz numa entrevista”, frisou.

O presidente da Assembleia da República equiparou depois a regulação ao sal: “Nem de mais, nem de menos, apenas na medida justa para fazer sobressair os sabores que a sociedade já tem”.

“Reitero, por isso, o que sempre tenho dito: Liberdade de informar, sempre; liberdade de ser informado, absolutamente; regulação, sim, mas na medida justa. E responsabilização perante os cidadãos, que têm maturidade para escolherem por si mesmos“, completou.

O presidente da Assembleia da República baseou a defesa da sua posição na História do jornalismo, dizendo que “já ninguém sabe qual foi o primeiro jornal a noticiar a captura de Adolf Eichmann”, mas todos se recordam das “reportagens de Hannah Arendt sobre o seu julgamento”.

“Já não nos lembramos de qual foi a primeira rádio a reportar a batalha de Guadalajara, mas todos conhecemos os trabalhos jornalísticos de Hemingway, ou de George Orwell, sobre a Guerra Civil de Espanha. A História não recorda os furos, as notícias de última hora, as parangonas bombásticas. O que fica, o que marca, é o jornalismo editorial, o jornalismo que faz a diferença”, advogou.

José Pedro Aguiar-Branco disse que poderia estender os seus exemplos a personalidades como José Saramago, Artur Baptista Bastos, Miguel Portas, Marcelo Rebelo de Sousa, Francisco Pinto Balsemão, Maria Teresa Horta, Rúben de Carvalho e Paulo Portas.

“Alguns dos nossos maiores encontraram nas páginas dos jornais um instrumento para mudar o mundo. A História do jornalismo confunde-se com a História da democracia. E o que seria do trabalho destes homens e mulheres se tivessem de enfrentar alguma da regulação que, às vezes, se discute? Que tesouros teríamos nós perdido”, acrescentou.

No início da sua intervenção, o Presidente da Assembleia da República afirmou que “é pouco provável que do parlamento saiam soluções definitivas para o futuro da imprensa” e referiu que, com o advento da digitalização, do jornalismo cidadão e da Inteligência Artificial (IA) “nada será como de antes”.

Há procura por jornalismo diferenciado e de qualidade que não se limita a reportar factos” mas que “os saiba pensar e interpretar“, acentuou.

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Com Alemanha e França em crise, Montenegro vende Portugal como “destino seguro de investimento”

Primeiro-ministro destaca estabilidade política, orçamental e social em Portugal, em contraponto com a agitação no resto da Europa. Insiste no tema da segurança e coresponsabiliza oposição por OE2025.

Luís Montenegro admitiu esta terça-feira que “as incertezas que estão no horizonte” na Alemanha e em França podem “condicionar o futuro próximo”, lembrando a instabilidade política e financeira que atravessam as duas maiores economias europeias. No entanto, o primeiro-ministro recusa “lamuriar-se” e assume mesmo que Portugal pode nesta fase “impor-se” no contexto internacional, aproveitando as debilidades nos outros países do Velho Continente.

“Nunca tirámos da equação sermos também parte das políticas europeias, não devemos encará-las como uma coisa externa e devemos participar nas políticas europeias. Mas do ponto de vista do nosso interesse nacional, podemos assumir-nos na Europa – e a partir da Europa também no mundo – como um destino seguro de investimento e de aproveitamento do capital humano e empresarial, para podermos ser mais produtivos, eficientes na criação de riqueza e, com isso, colocar em marcha o nosso objetivo de crescimento e dar durabilidade à nossa trajetória [económica]”, refere Montenegro.

Numa intervenção durante a 7.ª edição da Fábrica 2030, uma conferência organizada pelo ECO na Alfândega do Porto, o chefe do Executivo insistiu que Portugal beneficia atualmente de uma imagem forte no exterior, posicionando-se como um dos países na Europa com melhores condições para atrair investimentos na região. Para Luís Montenegro, esta credibilidade externa, conquistada nos últimos anos à custa de medidas de controlo orçamental e de contas públicas certas, poderia ser deitada por terra num cenário de instabilidade política em Portugal.

Com o Orçamento do Estado para 2025 aprovado com a ajuda do PS, o primeiro-ministro salientou o cenário de estabilidade política no país, salvaguardando a “imagem forte” que Portugal transmite no exterior. “Podíamos não ter investido tanto nessa aprovação e dar ao país outra saída para resolver esse impasse” no Parlamento, mas “do ponto de vista da nossa credibilidade internacional, esta aprovação do Orçamento tinha essa importância”, argumentou.

É que, completou o primeiro-ministro, se houvesse “instabilidade política interna em Portugal íamos desbaratar a credibilidade externa que temos” e que é preciso “saber aproveitar”. Por outro lado, em contraponto com a alternativa de convocar eleições antecipados, era necessário garantir que “não [se perderia] a capacidade do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR)”. “Não podemos mesmo ficar para trás”, reforçou o governante durante a mesma intervenção.

Em relação ao tema das contas certas, o primeiro-ministro notou não ser apologista de “contas públicas equilibradas à custa de tudo”, mas reconheceu a importância que tiveram para construir esta imagem do país junto dos investidores estrangeiros. “Se olharmos hoje para Portugal, Espanha, Itália, mesmo Alemanha, Grécia, talvez nós e os gregos sejamos os que têm melhores condições para atrair maiores investimentos”, acrescentou.

Ainda a propósito do Orçamento do Estado para 2025, referiu que o documento “é do Governo porque tem na base a implementação de políticas decididas” pelo Executivo. No entanto, responsabiliza igualmente os partidos da oposição pelo documento, uma vez que “por opção deles, legítima, voluntária e intencional, várias normas foram aprovadas por eles, incluindo contra a vontade do Governo”.

sobre a credibilidade das ambiciosas projeções de crescimento para a economia portuguesa até ao final da legislatura, Montenegro respondeu que “a variável fundamental é o investimento” e, por isso, o país tem de ser “especialmente atrativo do ponto de vista fiscal, da carga burocrática, na atração do talento e em potenciar clusters de atividade para incrementar boas cadeias de valor e planos de negócio”. E particularizou a importância da redução do IRC por “dar aos que estão a observar e decidir a localização de investimentos o impulso que estão à espera de receber”.

Montenegro insiste na segurança. “Vejam Suécia, Holanda ou Bélgica”

Além da estabilidade política e económica, Luís Montenegro apontou a segurança como outro “aspeto crucial para a vida económica e para a captação de investimento” para o país. “Somos mesmo um dos países mais seguros do mundo. Tenho mesmo muita convicção no que digo: somos objetivamente um dos países mais seguros do mundo”, repete.

No entanto, salienta o primeiro-ministro, “os portugueses exigem que isto não seja apenas uma proclamação, e que depois nos podemos sentar à espera da sua manutenção eterna”. “É preciso, obviamente, travar qualquer fenómeno de aumento de criminalidade que possa pôr em causa este valor em si. Porque há países que há alguns anos eram tão seguros como nós e hoje não são. Vejam a Suécia, a Holanda ou a Bélgica. Este elemento não está garantido por si mesmo. E dizer isto não aumenta o sentimento de insegurança, aumenta o sentimento de segurança e de estabilização”, resume.

Apesar de insistir no tema da ameaça sobre um aumento da criminalidade no país, o primeiro-ministro defende que Portugal “é um país que sabe acolher e integrar imigrantes – e precisa deles em todos os segmentos, dos mais indiferenciados aos mais qualificados”. Por outro lado, reclama que o país tem atualmente “políticas de retenção do talento” que não tinha há oito meses. Não só ao nível do acesso ao mercado de trabalho, como na componente fiscal, sublinhando o caso do IRS Jovem. “Os jovens que vêm trabalhar para Portugal têm o retorno do seu esforço de trabalho e isto é fundamental para atrair e reter talento”, frisa Montenegro, garantindo que “[tem] sido abordado por colegas europeus para abordar este mecanismo, com interesse em inspirar-se” nele para que seja aplicado, com adaptações, nos seus próprios países.

A retenção do talento na administração pública foi outro dos pontos destacados pelo chefe do Governo, dramatizando a importância de ter “capacidade para responder rápido e bem às solicitações” dos agentes económicos. Para isso, diz que é preciso ter “bons mecanismos de gestão”, frisando que o Executivo está a “tentar aliviar os processos de licenciamento”. “A administração pública precisa de bons recursos humanos e precisa de ser atrativa – coisa que deixou de ser na última década – para os que são potencialmente mais bem preparados para atingir bons resultados. Para isso é preciso ter boas carreiras e bons instrumentos de trabalho”, remata Montenegro.

Campeões europeus “desde que não estejam todos na França e Alemanha”

No plano internacional, questionado pelo diretor do ECO sobre se a França pode ser a nova Grécia, do ponto de vista da instabilidade financeira e do arrastamento da Zona Euro, o primeiro-ministro recusou assumir esse cenário, mas admitiu que “é uma situação que preocupa, por juntar instabilidade política e financeira”. “É preciso estancar as duas: que haja estabilidade política para depois haver um caminho de recuperação financeira, que não seja suscetível de contaminar a Zona Euro”, sublinhou.

E no que toca à perspetiva de o Banco Central Europeu continuar a descer as taxas de juro diretoras, Luís Montenegro disse apenas que será “vantajoso que continuemos a ter uma política de taxas de juro que possa assegurar a estabilização da inflação e para que o financiamento da economia seja atrativo para os investidores terem na Europa instrumentos para desenvolverem as suas capacidades”.

Ainda no plano europeu, o relatório Draghi propôs a criação de uma espécie de campeões europeus para competir com os EUA e a China. Montenegro diz que é “defensor dessa lógica, desde que não estejam todos localizados na França e na Alemanha”, precisando a Europa de ter “instrumentos para deslocalizar investimentos e aproveitar o potencial de cada região e Estado-membro”.

“Como defendo que em Portugal tenhamos cada vez mais grandes empresas, acho que a Europa deve ter gigantes comerciais e industriais, desde que a estratégia que visa a sua constituição e desenvolvimento não esteja refém apenas do interesse da França e da Alemanha – e agora há mais países a entrar nessa órbita”, contextualiza. “Se houver campeões descentralizados, a Europa pode ganhar. Se forem centralizados, vai-se pagar isso no momento seguinte”, rematou.

Finalmente, durante a mesma conferência, o chefe do Executivo considerou “inadmissível” que, dez anos depois de ter sido assinado o processo de integração da Península Ibérica no mercado interno da energia, esta interligação ainda não esteja feita, prejudicando o país. Mas também a Europa, que não tira partido da energia produzida na região.

“É inadmissível que esta interligação não esteja feita. É uma pedrada na igualdade de oportunidades, na autonomia, na dependência da Europa face ao fornecimento de energia e, no caso da Península Ibérica, estamos a desaproveitar investimentos feitos”, atirou Montenegro, notando que Portugal vai defender uma política de coesão de igualdade na União Europeia. “Vamos defender a possibilidade de ser produtores de energia e a podermos exportar”, acrescentou Montenegro, destacando que a questão energética “é um ponto essencial das políticas de coesão europeia”.

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PS-Madeira “não confia em Miguel Albuquerque” e por isso recusa negociar orçamento

  • Lusa
  • 3 Dezembro 2024

O Partido Socialista, à imagem do que fez o Juntos pelo Povo, recusa negociação com o Executivo fora da Assembleia Regional. Após a votação do orçamento, será discutida a moção de censura.

O PS-Madeira recusa-se a negociar a proposta do Orçamento da região para 2025, alegando que não confia no líder do executivo minoritário social-democrata, Miguel Albuquerque, e que o lugar indicado para discutir a matéria é o parlamento.

Num comunicado divulgado na segunda-feira, o líder do PS-Madeira, Paulo Cofôfo, assegura que “o partido não irá participar em reuniões de negociação”, e adiciona: “é no palco parlamentar que pretende debater o documento”.

O dirigente sublinhou que cabe aos partidos que viabilizaram o Governo Regional minoritário do PSD a aprovação do Orçamento.

O socialista respondeu assim ao repto lançado na segunda-feira pelo secretário regional da Educação, Ciência e Tecnologia, Jorge Carvalho, após uma reunião da conferência dos partidos com assento no parlamento insular, para discutir na especialidade a proposta de Orçamento Regional para 2025 “nos próximos dois dias”.

Na segunda-feira, o JPP também indicou que não vai participar em reuniões “em cima da hora” e “secretas” para discutir o Orçamento, exigindo a presença do presidente do executivo madeirense num eventual encontro com os dirigentes do partido.

Já Paulo Cafôfo quis deixar “bem claro” que o PS-Madeira, o maior partido da oposição regional, com 11 deputados, “não confia em Miguel Albuquerque e no PSD” e declarou que “os socialistas não irão negociar com aqueles em quem não confiam”.

O líder socialista disse que “o lugar certo para discutir o Orçamento Regional é na Assembleia Legislativa” e recordou que o PS não aprovou o Programa do Governo nem deu o voto de confiança a Miguel Albuquerque e ao PSD, que venceu as eleições antecipadas de 26 de maio com maioria relativa.

Para Paulo Cafôfo, não estão em causa apenas os processos judiciais que envolvem o presidente do executivo e quatro secretários regionais, mas também a circunstância de o Programa do Governo não apresentar “as medidas que se impõem para resolver os problemas dos madeirenses e porto-santenses”.

“Miguel Albuquerque nunca cumpriu aquilo que prometeu nos sucessivos Programas do Governo, nem executou os orçamentos aprovados no parlamento”, realçou, vincando que na discussão do Orçamento Regional para 2024 o PSD chumbou todas as propostas de alteração apresentadas pelo PS.

Se o Governo Regional agora está aflito, tem de se entender com os partidos com os quais fez acordos e negociou a integração de propostas no Programa do Governo

Paulo Cafôfo

Líder do PS-Madeira

“Se o Governo Regional agora está aflito, tem de se entender com os partidos com os quais fez acordos e negociou a integração de propostas no Programa do Governo”, defendeu, para logo reforçar: “Esses partidos é que têm de aprovar o Orçamento.”

Cafôfo reiterou, por outro lado, a decisão do PS de votar favoravelmente a moção de censura ao executivo de Miguel Albuquerque, apresentada pelo Chega e com discussão agendada para o próximo dia 17.

A discussão das propostas de Orçamento e Plano e Programa de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração da RAM (PIDDAR) para 2025 está agendada no parlamento madeirense para os dias 09, 10 e 11 de dezembro.

No dia 9 acontece a sessão de abertura com a votação na generalidade, sendo a votação final global no dia 11 de dezembro.

Em 22 de novembro o Governo Regional entregou na Assembleia Legislativa as propostas de Orçamento para 2025, no valor de 2.611 milhões de euros (ME), e de Plano de Investimentos, orçamentado em 1.112 ME, os valores “mais elevados de sempre”.

A confirmarem-se as intenções de voto divulgadas, a moção de censura terá aprovação garantida com os votos de PS, JPP, Chega e IL, que juntos têm maioria absoluta. O parlamento conta ainda, além do PSD, com o CDS-PP e o PAN.

A aprovação da moção de censura implica a demissão do Governo Regional e a permanência em funções até à posse de uma nova equipa.

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Rui Moreira diz que “OE2025 comporta riscos para a despesa pública”

Rui Moreira diz que Portugal precisa de apostar no talento, inovação e competitividade para não ficar para trás na zona euro. E que urge diversificar os "mercados de destino das nossas exportações".

O presidente da câmara do Porto afirmou esta terça-feira que o Orçamento de Estado para 2025 (OE2025) “comporta riscos para a despesa pública” e “parece pouco capaz de estimular o crescimento” da economia. Numa intervenção durante a 7.ª edição da Fábrica 2030, uma conferência organizada pelo ECO na Alfândega do Porto, Rui Moreira defendeu, por isso, que o país precisa de apostar num novo paradigma de desenvolvimento económico, sob pena de perder completividade face à Zona Euro, alicerçado no conhecimento, talento, inovação e digitalização.

Rui Moreira lamentou o facto de “as limitações políticas de um Governo minoritário impedirem um orçamento mais ambicioso, desde logo no capítulo fiscal. A descida do IRC em apenas 1% é manifestamente curta para os desafios da economia portuguesa”.

Mesmo assim, o autarca independente considerou que a aprovação do OE2025 “foi uma boa notícia pois, “desde logo evitou-se uma crise política”, assim como o risco do documento ser “desvirtuado na especialidade”. Aliás, sustentou, “num mundo em convulsão, é muito importante para Portugal ter um orçamento que sirva de orientação para os agentes económicos”.

Para Rui Moreira este é um “orçamento sensato, que valoriza os salários e as pensões, preserva as funções sociais do Estado e desagrava fiscalmente as famílias, os jovens e as empresas“. Ainda assim, destacou, “manteve-se, no essencial, o desenho orçamental apresentado pelo Governo, ainda que a despesa resultante das propostas da oposição vá levar, muito provavelmente, à diminuição do excedente previsto para o próximo ano”.

 

Moreira defendeu ainda que o país deve construir uma economia mais produtiva e competitiva, “que precisa forçosamente de atrair investimento, talento e inovação”. Até porque, explanou, “a baixa competitividade está na raiz do crescimento anémico das últimas duas décadas e do modelo de baixos salários que ainda vigora no tecido empresarial português”. Nesta linha, o autarca alertou para o facto de, nestes 20 anos, a economia nacional ter sido das que “menos cresceu da zona euro e Portugal viu-se ultrapassado por países do leste europeu em termos de PIB per capita“. Considerou, por isso, que Portugal deve estar “alinhado com a nova ambição para a Europa vertida nos relatórios Letta e Draghi”.

A solução passa pelo país apostar num novo modelo económico, uma vez que o atual “está esgotado”, para ser mais produtivo e competitivo e não correr o risco de “ficar para trás numa Europa que, inevitavelmente, vai apostar na reindustrialização, investir mais na inovação e acelerar a transição digital, energética e climática”.

Para o presidente da câmara do Porto, o país tem bons pontos de partida no Acordo Tripartido de Valorização Salarial e Crescimento Económico e no programa “Acelerar a Economia”. Mas, para não perder a corrida da competitividade, urge colocar em prática “as medidas governamentais previstas para a produtividade, competitividade, inovação e sustentabilidade“. E que ganham uma nova escala face à “urgência redobrada com a desglobalização” com o multilateralismo e as guerras comerciais a prevalecerem sobre a cooperação económica.

“Estado deve ser facilitador da atividade económica”

“Lembro que Donald Trump defendeu a aplicação de uma tarifa universal de 10 a 20% sobre todos os produtos importados, o que teria um impacto brutal na economia europeia e na portuguesa em particular”, alertou Moreira. O autarca mostrou-se preocupado com as restrições ao comércio internacional” quando Portugal depende muito das exportações. Por isso, defendeu, “há que criar condições para reforçarmos a nossa competitividade internacional e diversificarmos os mercados de destino das nossas exportações”.

A solução passa por “termos um Estado facilitador da atividade económica” e que crie um “ambiente administrativo, legal e fiscal que promova o investimento e torne os nossos produtos mais competitivos” por forma a atrair mais investimento. Importa também ter menos burocracia e carga fiscal, além de mais descentralização administrativa e territorial.

Moreira disse que Portugal pode sair beneficiado com a conjuntura geopolítica que “não favorece a deslocalização da produção para Oriente nem a dependência de cadeias de abastecimento longas”.

Em matéria de atração de investimento, o autarca citou a Invicta como um exemplo de sucesso a seguir, alicerçada no talento e no dinamismo do ecossistema local, e de como as cidades podem ajudar o país. Mas para que tal aconteça, apontou, “é necessário fortalecer as instâncias de poder local e regional com mais competências administrativas, massa crítica e recursos financeiros”.

No caso do Porto os números falam por si: desde a sua criação, em 2015, a InvestPorto — agência municipal de captação de investimento — contabiliza 1,8 mil milhões de euros de investimento e a mais de 22 mil empregos criados.

O sucesso da estratégia municipal na promoção do investimento direto estrangeiro chamou a atenção da fDi Intelligence, do grupo Financial Times, colocando o Porto, durante três anos consecutivos, no topo das cidades e regiões europeias do futuro.

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