“Queremos acima de tudo ser um canal de companhia, bem disposto”, diz diretor do novo V+ TVI

Hugo Andrade diz não querer "um canal feito de desgraças" mas sim que as pessoas "tenham vontade de estar no canal". José Eduardo Moniz considera que o lançamento do V+ TVI é "símbolo da vitalidade".

Queremos acima de tudo ser um canal de companhia, um canal bem disposto“, disse Hugo Andrade, na apresentação do V+ TVI, o novo canal generalista por cabo da Media Capital que vai para o ar no dia 9 de agosto, nas operadoras Meo, Nos e Vodafone.

Segundo o diretor do canal, o objetivo é que o V+ TVI “seja um canal muito positivo“. “Não quero um canal feito de desgraças. Mais do que ver, quero que as pessoas tenham vontade de estar no canal. E isto tem um posicionamento de ser claramente um projeto de companhia positiva, descontraída, sem o peso do dia-a-dia. O posicionamento é de ser ligeiro e próximo”, explicou à margem do evento ao +M.

Já para José Eduardo Moniz, diretor-geral da TVI, o lançamento do V+ TVI é “símbolo da vitalidade” do universo dos canais da Media Capital, num contexto de “clima concorrencial difícil”, e onde a evolução e necessidade de adaptação tecnológica é diária. “É um canal feito com muita paixão, com muita força de vontade”, disse na sessão de apresentação, acrescentando que o slogan do canal – “o canal que faltava” – traduz em pleno a questão que levou ao seu lançamento.

Tudo faremos para garantir que os espectadores encontrem nos canais TVI aquilo que necessitam, seja na informação, entretenimento, ficção ou desporto. A nossa vontade é que a TVI continue a singrar nos caminhos que tem vindo a trilhar e que a sua liderança se solidifique”, afirmou.

O novo canal – que vem substituir o TVI Ficção – pretende “ser uma verdadeira alternativa à oferta existente no cabo e diferenciadora face à concorrência”, com uma programação bastante diversificada que vai desde o entretenimento à informação, ficção, desporto, música, culinária, fama ou crime.

Na ficção, o novo canal vai trazer novelas mais recentes e mais séries e novelas, “algumas de produção externa ao grupo de que faz parte a TVI”. “Festa é Festa” (de 2ª a domingo, ao final da manhã), “Bem Me Quer” (tardes de 2ª a 6ª), “Café” (tardes de 2ª a 6ª), “Esperança” (tardes de 2ª a 6ª) ou “Ai a Minha Vida” (manhãs de 2ª a 6ª) são alguns dos títulos a serem transmitidos pelo V+TVI que não esquece outros mais antigos como Inspetor Max (manhãs de sábado e domingo) ou Morangos com Açúcar (2ª a domingo à hora de almoço).

Para o entretenimento, o novo canal “trará à programação atual mais concursos e passatempos, em parte recorrendo ao catálogo recente da TVI e noutra parte produzindo programas originais”, tinha já adiantado a estação. “Bom dia alegria” (de 2ª a 6ª às 8h30) ou “Para si” (de 2ª a 6ª às 16h) são programas que vão ocupar este segmento.

Quanto ao desporto – uma novidade e grande aposta do novo canal –, os telespectadores do V+ TVI vão poder contar com relatos dos jogos dos três maiores clubes portugueses e com programas de análise e debate sobre a atualidade futebolística nas noites de segunda a domingo.

A aposta no desporto foi, aliás, o que também motivou o lançamento do canal em agosto, segundo disse Nuno Santos na apresentação, adiantando que o canal vai olhar para esta temática “pela componente do entretenimento e espetáculo” e que a ideia passa por mostrar ao telespectador o que se passa nos estádios portugueses.

Já na informação, o V+TVI vai apostar em breves apontamentos noticiosos distribuídos ao longo do dia, de segunda a sexta, numa espécie de síntese “sobre o que se está a passar no país e no mundo”, que vai ser produzida pela mesma redação que hoje produz a CNN Portugal e os serviços noticiosos da TVI”.

O canal também já tinha referido que “não terá a informação como elemento-chave da programação“, naquela que é uma diferença significativa face à CMTV. Recorde-se que enquanto generalista o V+TVI concorre no mesmo segmento do canal do grupo MediaLivre. Mas, “se a pergunta é se este canal foi formatado para concorrer com a CMTV, a resposta é não”, garantiu Hugo Andrade ao +M. “A CMTV tem o seu mercado, é um projeto muito focado e bem conseguido. Nós vamos fazer o nosso projeto, para o nosso público”, acrescentou.

De segunda a sexta-feira, à tarde, o canal conta ainda com um “espaço de informação que vai marcar a agenda da atualidade judicial”. No campo da música, o canal da Media Capital aposta no programa “Tony e amigos” enquanto na culinária vai transmitir “Cozinhar e Poupar” (2ª a 6ª, de manhã).

Já de 2ª a 5ª, em late night, os telespectadores vão poder acompanhar “tudo o que acontece no mundo glamoroso das celebridades nacionais e internacionais”. Já nas noites de sexta-feira e sábado, o V+TVI vai oferecer “a melhor seleção de filmes eróticos internacionais”.

Questionados pelo +M quanto a expectativas em termos de audiências, tanto Hugo Andrade como José Eduardo Moniz optaram por não fixar um número, referindo que as audiências serão as que os espectadores permitirem.

No entanto, a antecipação já feita pela Media Capital – grupo que no cabo tem também a CNN Portugal e o TVI Reality – é a de que o mesmo tenha um share de audiência de 5,2% em 2030, segundo uma estimativa incluída no pedido de modificação de serviço de programas televisivos, entregue à Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC).

De acordo com o documento, a TVI antecipa “um crescimento significativo de audiências” após o alargamento do âmbito do canal, “permitindo ao share de audiências crescer do atual nível, próximo dos 1,4%, até atingir um patamar superior aos 5% em 2030”. A concretizar-se, o novo canal generalista da Media Capital ficará num patamar idêntico ao que tem atualmente a CMTV.

“Esse aumento de audiências permitirá à TVI incrementar o valor total das suas receitas de publicidade, direitos de sinal e de interatividade”, prosseguia o grupo nas projeções financeiras. A expectativa com o novo canal passa exatamente por também conseguir atrair mais e novos anunciantes, disse Hugo Andrade ao +M, algo que deve ser possível com a maior abrangência de que o V+ vai ser dotado.

“A TVI Ficção era um canal muito feminino. Este canal tem um perfil que vai a mais públicos, permite-nos maior cobertura de públicos, pelas características do canal e da própria programação, mas também pela entrada de novos comunicadores. E é isso que os anunciantes querem. Claro que os anunciantes são um player super essencial neste mercado e claro que quando trabalhamos para ter mais espectadores diferentes, também queremos que os anunciantes nos acompanhem nesta caminhada, porque se tivermos ambos – espectadores e anunciantes – quer dizer que estamos a fazer um bom trabalho”, explicou o diretor do canal.

O novo canal terá um estúdio novo, em uso “quase exclusivo”, em Queluz de Baixo, e assegurará parte da sua emissão a partir dos estúdios da TVI e da CNN no Porto, explica a Media Capital. Em termos de recursos humanos foram feitas algumas contratações, mas “muito poucas”, segundo Hugo Andrade, que adiantou que “tudo o que é produção” é feito 99% internamente.

Recorde-se que também a SIC estará a equacionar o lançamento de um novo canal de ficção no cabo, algo que poderá acontecer ainda este ano, como noticiou o +M. Neste caso, a ideia não será relançar nenhum dos canais, mas antes avançar de raiz para um novo projeto. Recentemente também a Medialivre, dona da CMTV, lançou o Now, um canal de informação que por sua vez concorre no segmento da CNN e da SIC Notícias.

Hugo Andrade encara de forma favorável este surgimento de novos canais. Sou um apologista de que quanto mais oferta houver, melhor trabalhamos. Vejo com muitos bons olhos a chegada de novos canais de televisão, de novas plataformas de streaming, novos jornais ou novas rádios. Quanto mais houver de certeza que mais se chega às pessoas, a dispersão não é necessariamente um problema. O problema é perder-se público”, disse ao +M.

“Considero que se nós, Media Capital, tivermos uma oferta diversificada mas toda ela articulada uma com a outra que garanta que quem queira vir aos nossos meios tem a oferta que precisa – seja na TVI, na CNN, no V+ TVI, no TVI Player, seja onde for – estamos a fazer aquilo que o espectador quer”, concluiu.

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Governo sobe “enormemente apoios” a jovens agricultores na reprogramação do PEPAC

  • Lusa
  • 6 Agosto 2024

"Um jovem agricultor em exclusividade terá como prémio base 25 mil euros e, depois, mais 25 mil euros esteja onde estiver”, avança ministro.

O ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes, destacou esta terça-feira que o Governo aumentou “enormemente os apoios” aos jovens agricultores na reprogramação do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC), que espera ver aprovada em outubro.

“Na reprogramação que entregámos, aumentámos enormemente os apoios para os jovens agricultores”, disse o ministro da Agricultura e Pescas, em declarações aos jornalistas, na Herdade do Vale da Rosa, empresa produtora de uvas de mesa localizada no concelho de Ferreira do Alentejo (Beja). Após uma reunião com a Associação dos Jovens Agricultores de Portugal (AJAP), o governante indicou várias medidas do Governo no âmbito da reprogramação do PEPAC destinadas a atrair jovens para o setor agrícola.

“Um jovem agricultor em exclusividade terá como prémio base 25 mil euros e, depois, mais 25 mil euros esteja onde estiver”, mas, “se estiver num território vulnerável, serão 25 mil euros mais 30 mil, ou seja, 55 mil euros”, exemplificou. O Governo aumentou também “o limite das candidaturas para o jovem agricultor para os 400 mil euros”.

A somar a isso, continuou, o executivo da AD está “a trabalhar em instrumentos financeiros para que empréstimos que sejam destinados nomeadamente a jovens agricultores tenham taxas de juro zero nos primeiros cinco anos”. O Governo vai igualmente “aumentar o apoio que os agricultores recebem em média por hectare”, passando do montante previsto de “cerca de 80 euros por hectare para 120 euros”, elencou.

Questionado pela agência Lusa, José Manuel Fernandes frisou que estas são medidas incluídas na reprogramação do PEPAC entregue à Comissão Europeia: “Em outubro, espero que já haja a aprovação dessa reprogramação”. Além disso, para dar “previsibilidade e estabilidade” à agricultura nacional, o ministro disse estar “em curso uma resolução de Conselho de Ministros” que vai fazer com que um apoio de 60 milhões de euros anuais aos agricultores deixe de ser considerado “auxílio de Estado” para passar a ser “cofinanciamento”.

“No próximo ano, terá de ser auxílio de Estado”, mas, “depois de 2025, será cofinanciamento”, o que “significa que não será necessário pedir autorização à Comissão Europeia” para a atribuição anual deste apoio de 60 milhões de euros, sublinhou. O ministro lembrou ainda que Portugal, no seio da União Europeia, está entre os países “que têm a média de idade mais alta no que diz respeito aos agricultores”, situação que é necessário “inverter”.

“A média de idade dos agricultores portugueses está acima dos 64 anos”, precisou, argumentando que medidas como as que enumerou “ajudam” a valorizar a agricultura e a rejuvenescer o setor, com vista “à diminuição do défice agroalimentar” do país, o qual “triplicou” entre 2014 e este ano. Na reunião com a AJAP, em que foram abordadas diversas questões sobre a realidade dos territórios rurais e dos jovens agricultores e empresários do setor, também participou a ministra da Juventude e Modernização, Margarida Balseiro Lopes.

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Fundo “Leiria Crescimento” recebeu 47 candidaturas e investimento de 38,6 milhões

  • Lusa
  • 6 Agosto 2024

O fundo é uma parceria da Portugal Ventures, capital de risco do Banco Português de Fomento, com a Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria e a Associação Empresarial da Região de Leiria.

O Fundo de Capital de Risco “Leiria Crescimento” recebeu 47 candidaturas com montante de investimento de 38,6 milhões de euros, de acordo com o relatório preliminar ao qual a agência Lusa teve acesso esta terça-feira. Segundo o documento, foram submetidas 47 candidaturas, há 23 candidaturas não concluídas e encontram-se em análise duas, estas últimas com valores de investimento solicitados “muito inferiores ao ticket mínimo do fundo”, que é de 250 mil euros.

As candidaturas reportam-se às áreas do digital e tecnologia, indústria e tecnologia, tecnologias da saúde e turismo. Quanto aos empreendedores, 37 são homens e 10 são mulheres, sendo a maioria portugueses (31). Os empreenderes estrangeiros têm nacionalidade russa, brasileira, italiana, polaca, iraniana e alemã. O primeiro aviso, de 10 milhões de euros, do Fundo de Capital de Risco “Região de Leiria Crescimento”, agora denominado “Leiria Crescimento”, foi lançado em 17 de junho. O fundo tem 20 milhões de euros, para projetos de investimento ou capitalização.

O fundo é uma parceria da Portugal Ventures, sociedade de capital de risco do grupo Banco Português de Fomento (BPF), com a Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria (CIMRL) e a Associação Empresarial da Região de Leiria – Câmara de Comércio e Indústria. Este é o resultado de uma candidatura aprovada ao Programa de Venture Capital promovido pelo BPF no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência.

À agência Lusa, o 1.º secretário executivo da CIMRL, Paulo Batista Santos, disse que “são 47 candidaturas submetidas”, 23 “ainda estão pendentes” e duas em análise. Segundo Paulo Batista Santos, entendeu-se que “era adequado fazer mais do que uma ‘call’ [chamada], para consolidar a procura e até porque havia pessoas, legitimamente, que tinham dúvidas do sucesso do fundo a nível regional”.

Por ser o primeiro fundo regional em Portugal continental, havia dúvidas do interesse e da adesão das empresas, o que se comprovou é que há interesse, foi bem-sucedido e até tivemos uma procura três vezes superior à dotação que temos disponível”, realçou. Questionado sobre a eventualidade de diversas candidaturas serem excluídas dado o limite de 10 milhões de euros deste primeiro aviso, Paulo Batista Santos garantiu que aquelas vão ser consideradas na segunda chamada, além de que o apoio poderá ser “mais repartido”.

“Os 20 milhões iniciais que temos não têm de ser 20 projetos de um milhão, podem ser 40 ou 50 projetos de um valor inferior”, respondeu, explicando que a lógica deste fundo é “fazer chegar este tipo de instrumentos de capitalização sem juros e com benefícios fiscais às pequenas e médias empresas”.

Este responsável da CIMRL salientou que “este instrumento tem a particularidade de chegar às pequenas e médias empresas e houve projetos que pedem menos do que 250 mil euros”. “O nosso ticket indicativo é de 250 mil a 1,5 milhões de euros, sendo certo que, para o fundo, quanto mais próximo de um milhão e meio melhor, mas nós, na região, achamos que os mais pequenos também têm que ter direito”, sustentou.

Para o 1.º secretário executivo da CIMRL, “este primeiro exercício foi muito positivo, o balanço é muito positivo”, e, futuramente, “a expectativa é que haja muito mais procura”.

“Isso também valoriza não só o fundo, mas também nos obriga, se for caso disso, a reforçar a dotação do fundo que não está limitado aos 20 milhões, pode chegar aos 100 milhões, dependendo daquilo seja a nossa capacidade de atrair também investidores na ótica de quem queira investir neste tipo de instrumentos para beneficiar mais empresas”, acrescentou.

A CIMRL integra os municípios de Alvaiázere, Ansião, Batalha, Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos, Leiria, Marinha Grande, Pedrógão Grande, Pombal e Porto de Mós.

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Media Capital atenta a “oportunidades” para integrar produção e distribuição de conteúdos

Media Capital foi "instada" pelo regulador dos mercados a esclarecer notícias sobre a tentativa de compra da Nowo, que acabou por falhar na semana passada.

A Media Capital confirmou esta terça-feira que “manteve conversações, nas últimas semanas, com vista à potencial aquisição da Nowo”, mas não foi “possível alcançar um acordo com a proprietária dessa entidade”. O grupo continuará atento a “oportunidades” que permitam integrar a produção audiovisual com distribuição de conteúdos.

A empresa que detém a TVI e a CNN Portugal diz ter sido “instada” pela Comissão do Mercado de Valores Imobiliários (CMVM) a “prestar esclarecimentos ao mercado”, “na sequência das notícias divulgadas”. Na quinta-feira passada, o ECO avançou em primeira mão que o acionista da Nowo, a Lorca JVco, rompeu à última hora um acordo com a Media Capital para lhe vender a operadora portuguesa, depois de ter sido chumbada pela Autoridade da Concorrência a venda à Vodafone.

“A Media Capital reconhece como legítimo o direito dos acionistas da Nowo em pôr fim às negociações mantidas entre as duas entidades”, diz agora a empresa controlada pelo empresário Mário Ferreira.

Soube-se depois que a Lorca JVco decidiu vender a Nowo à Digi, uma operadora romena que se prepara para lançar serviço em Portugal, por 150 milhões de euros, o mesmo preço que propunha pagar a Vodafone. O ECO sabe que a Media Capital oferecia um valor substancialmente inferior.

Neste contexto, a Media Capital acrescenta que “permanecerá atenta a oportunidades que surjam para integração da produção audiovisual com a distribuição de conteúdos, na convicção de que as transferências graduais das audiências para as plataformas de streaming e das receitas publicitárias para as tecnológicas globais, irão requerer maior capacidade de inovação e de coordenação entre os vários elementos da cadeia de valor”.

Mário Ferreira, presidente da Media Capital, também é acionista do ECO.

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O que são carry trades, o “fator mais crítico” na queda das bolsas?

Pedir onde está barato e aplicar onde o retorno é maior. A estratégia é sagaz, mas o problema é quando o barato fica caro, como aconteceu agora com o iene, e obriga a vender os ativos mais rentáveis.

Apesar de ser uma estratégia bastante comum nos mercados globais, não há uma tradução específica do termo ‘carry trade‘ para português. ‘Negócio transportado’ pode ser uma tentativa improvisada, mas até acaba por não ficar muito longe da explicação de como funciona esse tipo de operação, que segundo os analistas foi um dos maiores fatores, senão o principal, pelas recentes quedas nas bolsas.

“Consiste em contrair um empréstimo numa moeda que tenha juros baixos e depois investir esse valor em ativos que geram rendimentos altos“, explica ao ECO Ricardo Evangelista, diretor na corretora ActivTrades. “Por exemplo, o iene japonês tem sido uma moeda disponível com juro muito baixo devido à política ultra-acomodatícia do banco central, e os traders têm aproveitado esse juro muito baixo para pedirem empréstimos em iene e que depois utilizam para comprar ativos que geram a renda mais alta”.

Esses ativos podem ser dólares ou euros, moedas com taxas de juro mais altas, ou ações de setores com alta rentabilidade, adianta, dando como exemplo recente o da tecnologia nos Estados Unidos.

João Queiroz, head of trading do Banco Carregosa, sublinha ao ECO que “esta estratégia pode ser bastante lucrativa, sobretudo, em tempos de estabilidade económica e baixa volatilidade cambial sendo as mais habituais com base em divisas como o iene japonês ou o franco suíço, para aquisição de dívida soberana dos EUA em que as yields de curto prazo superavam os 5%”.

Mas há o lado reverso da moeda, neste caso a japonesa, como se viu nas fortes quedas nas bolsas acionistas globais nas sessões de sexta-feira e segunda-feira.

O fator mais crítico – e potencialmente negligenciado – com impacto na estabilidade financeira global é a decisão do Banco do Japão, na semana passada, de aumentar a sua taxa de juro diretora.

Gregor Hirt

Global CIO multi-asset, Allianz Global Investors

“Na nossa opinião, o fator mais crítico – e potencialmente negligenciado –, com impacto na estabilidade financeira global, é a decisão do Banco do Japão, na semana passada, de aumentar a sua taxa de juro diretora“, refere Gregor Hirt, global CIO multi-asset, da Allianz Global Investors, numa nota de análise.

João Queiroz salienta que as correções registadas pelas bolsas podem ter sido influenciadas por vários fatores, incluindo alterações na política monetária do Japão e a apreciação do iene, como também reajustes de carteiras de ativos com redução de exposição e significativa compra daquelas divisas de carry para liquidação de financiamentos, conduzindo às respetivas apreciações.

“Assim, as mudanças de sentimento podem ter estimulado à reversão dos ‘carry trades’ e aumentado a aversão ao risco entre os investidores, resultando em vendas de ativos de maior risco e uma queda nos preços das ações e outros ativos financeiros”, acrescenta.

Segunda subida em 17 anos

O Banco do Japão tem mantido há décadas uma política de controlo da curva de rendimentos, visando manter as taxas de juro de longo prazo baixas. A alteração da política monetária que deu o tiro de partida para a reversão dos carry trades, o ‘unwinding’ em inglês, ocorreu no último dia de julho.

Ricardo Evangelista, da ActivTrades, refere que o banco central japonês não anunciou uma subida muito grande dos juros, foi apenas para cerca de 0,25% face ao intervalo anterior de 0% a 0,1%, mas foi apenas a segunda subida em 17 anos.

“A primeira [subida] tinha sido em março e isso só por si foi um pouco um choque. Depois foi o guidance que foi deixado a alertar para a possibilidade de mais subidas”, sublinha. “E o que é que aconteceu? Muitos traders que estavam com posições noutros ativos que tinham comprado utilizando os empréstimos contraídos em iene, de repente viram que para pagar esses empréstimos, devido à valorização, iam ter que disponibilizar ainda mais dinheiro do que tinham pedido emprestado”.

“Portanto, o que eles [os traders] fizeram foi quietamente começaram a fechar as posições que tinham abertas noutros ativos de maior rentabilidade para imediatamente pagarem de volta os empréstimos em iene”, explica.

Resultados dececionantes das tecnológicas americanas, dados fracos da criação de emprego nos EUA ou tensões geopolíticas. Evangelista diz que todos estes fatores contribuíram para o sell-off de sexta e segunda e é difícil atribuir o peso relativo de cada, mas sublinha que “com certeza a reversão dos carry trades foi muito importante”.

4 biliões em ‘trades’, metade foram revertidos

O diretor da ActivTrades diz que a sua equipa de gestão de risco não quantificou ainda a dimensão da estratégia, mas adianta que “olhando para o que está disponível na Bloomberg, por exemplo, estima-se que o valor global do carry trade seja de aproximadamente 4 biliões de dólares, e estima-se que destes, entre 50% e 60% entretanto tenham sido fechados até ao fim de segunda-feira.

“Ou seja, mais ou menos metade ainda estará dentro do mercado”, adianta. O ‘unwinding’ irá então continuar? “Vamos ver, mas potencialmente poderá continuar, embora eu acredite que se continuar será a um ritmo agora já mais lento”.

A continuação do ‘unwinding’ “dependerá de vários fatores como a prossecução da política monetária do Banco do Japão: se continuar a sinalizar uma alteração na sua política de controlo da curva de rendimentos e/ou um aumento nas taxas de juro, tal conduziria a um maior ‘unwinding’”.

João Queiroz

Head of Trading, Banco Carregosa

João Queiroz, do Carregosa, explica que calcular a escala exata dos carry trades é complexo devido à natureza das estratégias e opacidade das operações, apenas podendo contabilizar mediante a obtenção das estatísticas nos próximos meses observando os relatórios de balanças de pagamentos e fluxos de investimentos fornecidos por instituições como o Banco de Compensações Internacionais (BIS), complementados com dados do mercado de futuros e opções sobre divisas.

Adianta que a continuação do ‘unwinding’ “dependerá de vários fatores como a prossecução da política monetária do Banco do Japão: se continuar a sinalizar uma alteração na sua política de controlo da curva de rendimentos e/ou um aumento nas taxas de juro, tal conduziria a um maior ‘unwinding’”.

“Adicionalmente os dados económicos fracos ou dececionantes, especialmente nos EUA e na Europa, podem aumentar a aversão ao risco e acelerar a reversão“, conclui Queiroz.

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Forças Armadas da Venezuela prometem lealdade a Maduro

  • Lusa
  • 6 Agosto 2024

"Rejeitamos firmemente as propostas desesperadas e sediciosas" que "procuram minar a nossa unidade", declarou num comunicado o ministro da Defesa.

As Forças Armadas venezuelanas reafirmaram esta terça-feira a sua “lealdade absoluta” ao Presidente Nicolás Maduro, cuja reeleição é contestada, rejeitando os apelos de apoio da oposição, que consideraram “desesperados e sediciosos”.

“Rejeitamos firmemente as propostas desesperadas e sediciosas” que “procuram minar a nossa unidade”, declarou num comunicado o ministro da Defesa, general Vladimir Padrino, reafirmando “lealdade absoluta ao cidadão Nicolas Maduro Moros (…), legitimamente reeleito pelo poder popular”.

Na segunda-feira, a oposição venezuelana tinha feito um apelo à consciência dos militares, para que se colocassem “ao lado do povo”, na rejeição da reeleição do Presidente Nicolás Maduro.

Líder da oposição denuncia “campanha de terror” na Venezuela

A líder da oposição venezuelana denunciou uma “campanha de terror” no país, num contexto de detenções em massa nas manifestações contra a contestada reeleição de Nicolás Maduro e críticas deste contra as redes sociais. “Querem intimidar-nos para que não comuniquemos porque, se estivéssemos isolados, seríamos muito mais fracos. E isso não vai acontecer (…) o medo não nos vai paralisar e não vamos sair das ruas”, garantiu Maria Corina Machado, numa gravação publicada nas redes sociais.

Machado denunciou Maduro – que nos últimos dias pediu para a população deixar de usar a aplicação ‘Whatsapp’ e afirmou que as redes sociais ‘TikTok’ e ‘Instagram’ são multiplicadores de ódio – por tentar intimidar os venezuelanos de se comunicarem, após uma onda de protestos “contra a fraude” que provocou 13 mortos e mais de dois mil presos.

A Venezuela, país que conta com uma expressiva comunidade de portugueses e de lusodescendentes, realizou eleições presidenciais no passado dia 28 de julho, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória a Maduro com pouco mais de 51% dos votos, enquanto a oposição afirma que o seu candidato, o antigo diplomata Edmundo González Urrutia obteve quase 70% dos votos.

A oposição venezuelana e muitos países denunciaram uma fraude eleitoral e exigiram que sejam apresentadas as atas de votação para uma verificação independente. María Corina Machado garantiu que no país “surgiu uma verdade que ninguém pode mudar: González Urrutia é o presidente eleito da Venezuela”.

“Temos de defender essa verdade e afirmar a nossa vontade imparável. Ninguém disse que isto seria fácil, mas que fique bem claro: não há volta a dar, isto é irreversível e é até ao fim”, sublinhou. A responsável referiu que os apoiantes da alegação de fraude eleitoral – como a maior aliança anti-Chávez, a Plataforma Democrática Unida (PUD) – entraram na quinta fase de uma luta.

O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) ainda não publicou – como exigido por lei – as atas que certificam a vitória de Maduro, alegando que o seu sistema informático sofreu um ciberataque. A oposição acredita que se trata de uma manobra para não revelar os verdadeiros resultados e publicou as atas de cada posto de votação. Segundo estes documentos – cuja validade é rejeitada por Maduro –, Gonzalez Urrutia venceu a votação com 67% dos votos.

(Notícia atualizada às 19h10 com mais informação)

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Depois do IGAS, também a ERS abre inquérito ao atendimento nas Caldas da Rainha

  • Lusa
  • 6 Agosto 2024

O regulador da saúde recorda que em junho de 2022, a IGAS investigou as circunstâncias relacionadas com a assistência de uma grávida em trabalho de parto na urgência de Caldas da Rainha.

A Entidade Reguladora da Saúde (ERS) abriu esta terça-feira inquérito ao atendimento no hospital das Caldas da Rainha a uma mulher com hemorragias que sofreu um aborto espontâneo. “A Entidade Reguladora da Saúde (ERS) no quadro das suas atribuições instaurou um processo de avaliação a este caso”, refere a ERS em comunicado.

A ERS vai “cooperar na investigação deste caso” com a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS), adianta o comunicado. Também em comunicado, a IGAS confirmou que abriu um “processo de inquérito aos factos relacionados com a assistência prestada a uma utente grávida na manhã do dia 5 de agosto de 2024, na unidade hospitalar de Caldas da Rainha, integrado na Unidade Local de Saúde [ULS] do Oeste”.

Questionada pela agência Lusa, a administração da ULS Oeste “não confirmou a abertura de processo de inquérito interno”. Nos comunicados, ERS e IGAS recordam que, em junho de 2022, a IGAS investigou as circunstâncias relacionadas com a assistência de uma grávida em trabalho de parto na urgência de Caldas da Rainha.

Foram apresentadas cinco recomendações, quatro das quais ao então Centro Hospitalar do Oeste e uma à Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, tendo o processo ficado concluído em maio de 2023 após “evidências (provas) do acolhimento das quatro recomendações” pela administração hospitalar.

Na segunda-feira, a mulher, com hemorragias após sofrer um aborto espontâneo, viu negada a assistência no hospital de Caldas da Rainha, cuja urgência obstétrica estava encerrada, e apenas foi atendida após insistência do CODU e dos bombeiros, disse o comandante da corporação.

Em declarações à Lusa, o comandante dos bombeiros de Caldas da Rainha, Nelson Cruz, explicou que às 07:21 uma ambulância da corporação foi acionada pelo Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) para socorrer uma mulher, de 32 anos, que estava frente à urgência do hospital de Caldas da Rainha, no distrito de Leiria, dentro do carro.

“A senhora tinha tido um aborto espontâneo, tinha o feto com ela dentro de um saco e estava com muitas hemorragias, dentro do veículo particular”, contou o responsável. Chegados ao local, os bombeiros passaram informações sobre estado da mulher ao CODU e disseram ao marido para ir pedir ajuda dentro do hospital, embora o homem já o tivesse feito assim que chegaram.

Nelson Cruz relatou ainda que “o CODU deu a possibilidade de irem para a Maternidade Bissaya Barreto, em Coimbra, mas o colega alertou que a senhora estava com uma hemorragia tão abundante que não ia ser fácil chegarem […] em segurança sem terem um apoio diferenciado, porque são 130 quilómetros, mais de uma hora de caminho”.

“Se estamos perante uma pessoa que acaba de ter um aborto e que está com uma hemorragia abundante, naturalmente que não conseguimos dentro de uma ambulância controlar uma hemorragia interna e essa vítima, em pouco tempo, a perder sangue dessa maneira, tem a vida em causa”, sublinhou. Após insistência dos bombeiros junto do CODU e do centro de orientação com o hospital, ao fim de mais de meia hora, a mulher foi atendida por uma médica.

O caso foi revelado pela TVI. Em comunicado, a ULS Oeste confirmou que a urgência de ginecologia e obstetrícia de Caldas da Rainha “não estava a funcionar”, mas negou que a unidade hospitalar tenha recusado atender a utente. “Temos registo que a utente apenas entrou no hospital às 08:04 de hoje, tendo sido de imediato admitida. Em momento algum foi recusada a sua admissão, nem temos registo de várias insistências para admissão”, esclareceu.

Confrontado com este esclarecimento, o comandante da corporação dos bombeiros de Caldas da Rainha acusou a ULS Oeste de “faltar à verdade”, argumentando que “se a urgência estava fechada, não há registo na admissão de doentes”.

 

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Inquérito parlamentar à Santa Casa vai abranger últimos 13 anos de gestão

  • Lusa
  • 6 Agosto 2024

A comissão vai “escrutinar o papel e a relação das diferentes tutelas políticas com a SCML”, passando pelos Governos de Passos Coelho, António Costa e até Luís Montenegro.

A comissão parlamentar de inquérito à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa vai investigar as decisões de gestão estratégica e financeira da instituição nos últimos 13 anos, começando com a provedoria de Santana Lopes, e procurar “apurar responsabilidades políticas”. Estes objetivos constam do texto final consensualizado entre os partidos proponentes, após a aprovação em junho, pela Assembleia da República, das propostas do Chega, Iniciativa Liberal e Bloco de Esquerda para a constituição de uma comissão parlamentar de inquérito à gestão da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML).

De acordo com o texto, composto por nove objetivos, um dos intuitos desta comissão de inquérito é “inquirir as decisões de gestão estratégica e financeira efetuadas por parte da SCML, associadas ou subsidiárias, desde 2011, que possam ter contribuído para o desequilíbrio financeiro da SCML”.

A comissão de inquérito irá assim cobrir um período temporal de 13 anos e a totalidade do mandato de três provedores, começando com o do ex-primeiro-ministro Pedro Santana Lopes, que tomou posse como provedor da SCML em setembro de 2011, nomeado por Pedro Passos Coelho.

O órgão parlamentar vai procurar em particular “avaliar e esclarecer as decisões efetuadas pelas mesas da SCML em funções, os respetivos provedores e os membros das administrações das empresas subsidiárias quanto à diversificação das fontes de financiamento, avaliação de risco, apoio jurídico e financeiro aos negócios efetuados nesse contexto, nomeadamente relacionados com a internacionalização, novas áreas de negócio no âmbito do jogo ou compra de novos equipamentos”.

No entanto, quer também procurar “apurar as responsabilidades políticas, contratuais, legais e financeiras” que levaram a SCML à atual situação e “avaliar a definição das orientações gerais de gestão e de fiscalização da atividade de gestão” da instituição por parte da tutela governativa entre 2011 e 2024.

A comissão fala concretamente em “escrutinar o papel e a relação das diferentes tutelas políticas com a SCML”, designadamente “clarificar a intervenção dos XIX, XX, XXI, XXII, XXIII e XXIV Governos Constitucionais sobre a gestão política e financeira da SCML”, referindo-se a todos os governos de Pedro Passos Coelho e de António Costa e incluindo o atual executivo de Luís Montenegro.

A comissão pretende clarificar a intervenção desses governos “no que respeita aos procedimentos para autorizações de investimentos, à partilha de informação entre os executivos e as sucessivas mesas e os mecanismos de controlo jurídico e financeiro dos diversos atos de gestão da SCML e das suas subsidiárias”.

Entre os nove objetivos desta comissão de inquérito – que vai tomar posse em 18 de setembro – consta também “apurar a estratégia definida para os ativos líquidos da SCML, imobiliários ou mobiliários”, assim como “escrutinar o processo de recrutamento de pessoal e de organização dos níveis superiores e intermédios, avaliando os termos da política de contratação pessoal nos últimos três mandatos da SCML”.

Esta comissão de inquérito vai tomar posse no próximo dia 18 de setembro e será presidida por um deputado do PS, cabendo ao PSD e ao Chega as vice-presidências. No total, será composta por 25 membros: sete deputados do PSD e do PS, quatro deputados do Chega, dois deputados da Iniciativa Liberal e um deputado do BE, PCP, Livre e PAN.

A Assembleia da República aprovou, em 21 de junho, a constituição de uma comissão parlamentar de inquérito à gestão da SCML após o Chega, Iniciativa Liberal e Bloco de Esquerda terem apresentado individualmente três propostas nesse sentido. As propostas da IL e BE foram aprovadas por unanimidade, enquanto a do Chega teve votos contra do PS e abstenções de PCP e Livre.

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Ministério Público acusa Madureira e mais 11 arguidos por crimes na Assembleia Geral do FC Porto

  • Lusa
  • 6 Agosto 2024

O Ministério Público acusou Fernando Madureira, ex-líder dos Super Dragões, e outros 11 arguidos da Operação Pretoriano de vários crimes, entre eles de ofensa à integridade física.

O Ministério Público (MP) acusou Fernando Madureira, ex-líder dos Super Dragões, Sandra Madureira, Vítor Catão e os outros nove arguidos da Operação Pretoriano de vários crimes, segundo a acusação a que a Lusa teve acesso esta terça-feira.

Fernando Madureira, ex-líder da claque do FC Porto Super Dragões, que vai permanecer em prisão preventiva, Sandra Madureira e Vítor Catão, mas também os outros arguidos, entre os quais Hugo “Polaco” e Fernando Saúl, são acusados de sete crimes de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo, 19 de coação e ameaça agravada, um de instigação pública a um crime, um de arremesso de objetos ou produtos líquidos e ainda três de atentado à liberdade de informação.

O arguido Hugo Loureiro é ainda acusado de detenção de arma proibida.

No despacho, o MP requer penas acessórias de interdição de entrar em recintos desportivos entre um e cinco anos.

O FC Porto e a SAD do clube ‘azul e branco’ constituíram-se assistentes do processo, desencadeado em 31 de janeiro último, tendo em conta a tentativa de a claque Super Dragões “criar um clima de intimidação e medo” na AG do FC Porto, em 13 de novembro de 2023, na qual houve incidentes, para que fosse aprovada a revisão estatutária, “do interesse da atual direção” ‘azul e branca’, então liderada por Pinto da Costa.

Nesse dia, a Polícia de Segurança Pública (PSP) deteve 12 pessoas – incluindo dois funcionários do FC Porto e o agora ex-líder dos Super Dragões, Fernando Madureira -, no âmbito da investigação aos incidentes verificados na referida AG do clube.

Em causa estavam os crimes de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo ou em acontecimento relacionado com o fenómeno desportivo, coação e ameaça agravada, instigação pública a um crime, arremesso de objetos ou produtos líquidos e ainda atentado à liberdade de informação, de que agora são acusados pelo MP.

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PRR. Faltam 50 milhões de euros para pagar obra da dessalinizadora no Algarve

  • Lusa
  • 6 Agosto 2024

O autarca de Olhão diz que a parcela em falta poderá vir “ou do Orçamento de Estado ou de afetação de verbas do PRR” e lembra que os investimentos no Algarve são muito abaixo do contributo da região.

O presidente da Comunidade Intermunicipal do Algarve (AMAL), António Miguel Pina, alertou esta terça-feira que faltam 50 milhões de euros para financiar a obra da futura dessalinizadora, face ao apoio previsto no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). A ministra do Ambiente, que falava aos jornalistas após uma visita à praia do Garrão, em Loulé, considera que a falta de verbas é uma “saga muito portuguesa”.

A obra inicialmente tinha uma determinada perspetiva de valor e hoje, sabemos, ficará entre os 106, 108 milhões [de euros]. Foram as duas propostas apresentadas nessa ordem de valores, o que significa que faltam mais 50 milhões [de euros] para financiar a 100% este investimento”, disse o também presidente da Câmara de Olhão, à margem da assinatura de um Contrato para o Desenvolvimento e Coesão Territorial, em Faro.

Surgiu agora a informação de que, afinal, é preciso mais financiamento. Isto é uma saga muito portuguesa, mas que eu não gosto, e lamento muito que quem autorizou que a dessalinizadora tivesse sido com maior capacidade, não tenha acautelado no PRR o financiamento necessário para que se cobrisse toda essa capacidade”, disse Maria da Graça Carvalho, referindo-se ao anterior Governo do PS.

“Agora aqui estamos nós para resolver o problema. Com o senhor ministro da Coesão iremos analisar a situação e arranjaremos uma solução”, referiu.

De acordo com a plataforma de contratação pública AcinGov, consultada em 16 de julho pela Lusa, são quatro as empresas que concorreram até ao final do concurso, 7 de julho, mas apenas duas apresentaram uma licitação abaixo dos 108 milhões de euros, o valor limite indicado pela Águas do Algarve. A Aquapor, que se juntou ao grupo espanhol GS Inima, apresentou um valor global de 107,92 milhões de euros, enquanto a Transwater e Cimontubo, que se juntaram à espanhola Tedagua, que pertence ao grupo Cobra, avançou com 106,97 milhões.

 

A estação de dessalinização terá uma capacidade inicial de conversão de água do mar em potável de 16 hectómetros cúbicos, sendo financiada no âmbito do PRR com um investimento de cerca de 50 milhões de euros. António Miguel Pina considerou que a parcela em falta poderá vir “ou do Orçamento de Estado ou de afetação de verbas do PRR” e que o Governo pode aproveitar as verbas de outros projetos “que não terão capacidade de serem executados dentro do prazo”.

O presidente da AMAL manifestou-se preocupado em relação à possibilidade de a Águas do Algarve, promotora da obra, repercutir o custo da dessalinizadora no tarifário e, nesse caso, diretamente nos consumidores, caso tenha de avançar com fundos próprios. “Essa é a pergunta que vamos fazer à Águas do Algarve, se tiver de financiar com fundos próprios e se endividar, o que é que isso repercute na tarifa. Esse valor nunca foi apresentado pela Águas do Algarve”, salientou.

Defendendo que o Governo devia repensar a questão, porque isso “é justo para com os algarvios”, o presidente da AMAL considerou existir “um entendimento errado” dos governos relativamente “a uma suposta riqueza dos algarvios”. “Nós não podemos ser sempre aqueles que contribuem de forma positiva para o Orçamento de Estado, mas depois os investimentos do Estado no Algarve são muito abaixo daquilo que são o nosso contributo”, reforçou.

O presidente da AMAL realçou ainda que “o Algarve tem um problema de gestão de resíduos”, referindo-se à ALGAR, empresa que faz a recolha e tratamento de resíduos na região.

“Vê-se nos períodos de verão muitos caixotes de lixo, de plástico, de vidro, de papelão, por recolher. Este problema agudizou-se com a privatização [da empresa] e a proposta dos municípios – já no Governo anterior e também vamos reforçar com este – é podermos nós assumir mais responsabilidades nesta área e para isso contarmos com a capacidade de financiar novos camiões de recolha de resíduos diferenciados, podendo substituir a ALGAR”, acrescentou o autarca.

O Contrato para o Desenvolvimento e Coesão Territorial assinado esta terça-feira implica uma dotação de 155,2 milhões de euros, que serão geridos pelos municípios algarvios nos termos previstos no Acordo de Parceria do Portugal 2030.

O contrato define um conjunto de indicadores e metas “que terão de ser alcançadas com a sua implementação”, colocando entre os principais investimentos as tipologias relativas a ciclo urbano da água (37 milhões de euros), gestão de resíduos (27 milhões), proteção civil e gestão de riscos (16,8 milhões), mobilidade sustentável (15 milhões) e infraestruturas escolares (13 milhões).

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Ministro da Agricultura diz que 15 milhões para destilação são “paliativo” para reduzir stocks

  • Lusa
  • 6 Agosto 2024

“Teremos, portanto, 18,5 milhões de euros” para retirar “os stocks que estão em excesso”, adiantou ainda o ministro da Agricultura, José Manuel Fernandes.

O ministro da Agricultura disse esta terça-feira que os 15 milhões de euros de verbas comunitárias atribuídos a Portugal para a destilação de crise são “um paliativo” para ajudar a resolver o problema dos elevados stocks de vinho. “Nós fomos os únicos na União Europeia (UE) que tivemos 15 milhões de euros do orçamento da União para a destilação”, para transformar vinho em álcool para fins industriais, lembrou o ministro José Manuel Fernandes.

Em declarações à agência Lusa, após uma reunião com a Associação dos Jovens Agricultores de Portugal (AJAP), numa herdade no concelho de Ferreira do Alentejo (Beja), o governante assegurou que a verba vai permitir “diminuir os stocks” nacionais de vinho, mas “a destilação é um paliativo”.

“É inaceitável que se tenha andado a ‘assobiar para o ar’ e que se tenha feito de conta que não existia um problema nenhum, quando se estava a fazer destilações todos os anos e a deixar acumular o stock”, criticou. Por não ter havido “proatividade” é que se chegou até “um ponto [em que] não há onde meter o vinho”, sendo necessária uma nova destilação de crise, disse o ministro que tutela as pastas da Agricultura e Pescas.

E esta destilação “será a última, porque é uma medida excecional, não pode existir todos os anos”, avisou José Manuel Fernandes, que se reuniu com a AJAP, juntamente com a ministra da Juventude e Modernização, Margarida Balseiro Lopes, na Herdade do Vale da Rosa, empresa produtora de uva de mesa.

Ao apoio de 15 milhões de euros da Comissão Europeia destinado à destilação de crise em Portugal, cuja portaria do Governo foi publicada na segunda-feira em Diário da República, há que adicionar para a Região Demarcada do Douro “3,5 milhões de euros” provenientes de saldos de gerência do Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP).

“Teremos, portanto, 18,5 milhões de euros” para retirar “os stocks que estão em excesso”, referiu o ministro. De acordo com a portaria do Governo, o montante do apoio é de 42 cêntimos por litro, o que corresponde a 80% do menor preço estimado, tendo por base os dados disponíveis ao nível da produção na campanha de comercialização de 2023/2024. No caso do vinho produzido no Douro, ao valor de 42 cêntimos acresce um pagamento adicional de 33 cêntimos por litro, num apoio total de 75 cêntimos por litro.

Segundo a edição do Diário de Notícias, o presidente da Federação Nacional das Adegas Cooperativas de Portugal (Fenadegas), António Mendes, lamentou que esta valorização destinada ao Douro não seja extensiva a todas as outras regiões de viticultura de montanha no país, como é o caso do Dão, de Trás-os-Montes ou de Távora-Varosa, entre outras.

Confrontado pela Lusa, o ministro José Manuel Fernandes esclareceu que o montante adicional para o Douro “é com dinheiros da região do Douro”, do IVDP, enquanto os saldos de gerência do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) são “de todo o resto do território”.

“Não há recursos das outras regiões que possamos dizer que são destinados a elas próprias”, notou, lembrando ainda que a destilação não poderia ultrapassar “80% daquilo que tinha sido o valor médio de venda” do vinho, o que iria acontecer em algumas regiões de montanha caso houvesse um apoio adicional aos 42 cêntimos por litro.

“Se me pergunta se é justo e que 42 cêntimos é [um valor] justo, eu digo-lhe que não, mas também a destilação não é para pagar o custo. É uma pequena ajuda”, reiterou o governante, considerando que seria “impossível” ter “um algoritmo que tivesse em conta todas as diversidades” da produção de vinho no país.

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PSD pede que socialistas metam a mão na consciência sobre SNS. PS lembra que Governo “desmontou” estruturas

Líder parlamentar do PSD desafiou o PS a "meter a mão na consciência" sobre atuação no SNS nos últimos oito anos. Ex-ministra socialista Mariana Vieira da Silva atribui culpas ao atual Governo.

O encerramento das urgências de obstetrícia no país, sobretudo devido às férias dos profissionais, tem levado o PSD e o PS a uma troca de acusações sobre as responsabilidades do estado do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Na manhã desta terça-feira, o PSD desafiou os socialistas a colocarem a “mão na consciência”, que à tarde rebateram a críticas acusando os sociais-democratas de desmantelarem a resposta que tinha sido estabelecida.

O líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, desafiou esta manhã o PS a “meter a mão na consciência” e a aceitar que é preciso unidade para recuperar o SNS. “O desafio de recuperar o SNS do colapso que resultou dos últimos oito anos é enorme e precisa da ajuda de todos”, defendeu o presidente do grupo parlamentar do PSD em declarações à agência Lusa, no dia em que os socialistas iniciaram uma ronda por unidades de saúde para avaliar os efeitos de encerramentos nas urgências de ginecologia e obstetrícia.

“Nesta altura não precisamos de oportunismo. Precisamos de unidade nacional para recuperar o SNS”, afirmou ainda o líder da bancada social-democrata à Lusa.

À tarde, numa vista às instalações do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, a ex-ministra socialista e atual deputada Mariana Vieira da Silva refutou as críticas. “Não aceito lições do PSD nesta matéria. O que estamos a viver é um agravar da situação face ao ano passado. Esse agravar da situação decorre de se terem desmontado as estruturas que se tinham estabelecido”, disse em declarações aos jornalistas.

Mariana Vieira da Silva garantiu que “em momento algum” fugirá “às responsabilidades”, mas “era o que faltava” o PS não poder “acompanhar” o estado das dificuldades ou de obras no terreno. “Foram criadas expectativas de resolução de um problema em 60 dias, agora cabe ao Governo responder”, afirmou, acrescentando que os socialistas estão “sempre” disponíveis “para trabalhar na melhoria do SNS”.

Este fim-de-semana mais de 10 urgências de obstetrícia estiveram encerradas. Em declarações ao ECO na segunda-feira, fonte oficial do Ministério da Saúde assinalou que o Ministério da tutela, os diretores clínicos e presidentes dos conselhos de administração dos hospitais envolvidos, em reuniões que contaram também com a colaboração do colégio de Obstetrícia da Ordem dos Médicos, “delinearam um plano para os meses de junho a setembro para as urgências de obstetrícia da Região de Lisboa e Vale do Tejo”.

De acordo com o portal do SNS, esta terça-feira quatro urgências de obstetrícia estão encerradas – Hospital de Santo André (Leiria), Hospital de São Bernardo (Arrábida), Hospital Garcia de Orta (Almada) e Hospital Santa Maria (Lisboa) –, duas referenciadas em determinados horários (Amadora-Sintra e Hospital São Francisco Xavier) e 39 abertas.

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