Bruno de Carvalho, presidente do Sporting, é o epicentro de toda a instabilidade que atinge o clube desde 5 de abril. Nesse dia, após a derrota do Sporting em Madrid, ele publicou um post no Facebook que viria a ser a Caixa de Pandora de todos os problemas que sucederam até aos dias de hoje.

Desse dia até hoje, tudo se precipitou. Nove jogadores do clube já rescindiram, alegando justa causa, devido ao ataque a Alcochete, incluindo os atletas mais valiosos como Gelson Martins, Bruno Fernandes e William Carvalho. E à crise diretiva juntou-se agora uma crise financeira, com o auditor a alertar para uma ameaça concreta à continuidade da SAD leonina.

E é para virar a página a este capítulo negro na história do Sporting que os sócios têm este sábado uma Assembleia Geral para clarificar se querem ou não que este Conselho Diretivo continue a liderar os destinos do clube.

Na Assembleia Geral do Sporting deste sábado os sócios vão ser chamados para decidir se destituem ou não o Conselho Diretivo do clube, liderado por Bruno de Carvalho.

Esta reunião magna foi convocada por Jaime Marta Soares, o demissionário (mas ainda em funções) Presidente da Mesa da Assembleia Geral do clube. Bruno de Carvalho ainda tentou travar a realização desta Assembleia Geral, mas o tribunal ordenou o clube a entregar a Marta Soares os cadernos eleitorais e a assumir os encargos decorrentes da reunião magna.

Os trabalhos da Assembleia Geral arrancam às 14h00, mas o pavilhão Altice Arena, no Parque das Nações, em Lisboa, abrirá portas ao meio-dia.

Jaime Marta Soares é a outra peça que compõe este puzzle da crise em Alvalade. Após o ataque perpetrado por adeptos leoninos à equipa técnica e aos jogadores em plena Academia de Alcochete, Marta Soares anunciou que se iria demitir do cargo de Presidente da Mesa da Assembleia Geral para forçar a saída de Bruno de Carvalho da liderança do clube.

Um pormenor: para que a demissão seja concretizada, os estatutos do Sporting estabelecem que o pedido deve ser formalizado junto do clube, algo que não veio a acontecer. Ou seja, embora demissionário, Marta Soares continua em plenas funções enquanto líder da Mesa da Assembleia Geral do clube leonino, considerou um tribunal. Opinião diferente tem Bruno de Carvalho.

Esta Comissão Transitória foi nomeada pelo Conselho Diretivo do Sporting a 1 de junho para substituir o então demissionário Jaime Marta Soares do cargo de Presidente da Mesa da Assembleia Geral do clube leonino.

Bruno de Carvalho nomeou então Elsa Judas, Trindade Barros e Yassin Nobre para integrar esta Mesa da Assembleia Geral transitória até à eleição de novos membros deste órgão na nova reunião magna, agendada para 21 de junho.

Mas, a 14 de junho, o Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa decretou que esta Comissão Transitória da Mesa da Assembleia não é legal — com o argumento de que Marta Soares não formalizou a demissão do cargo e continua em funções — e mandou cancelar as duas reuniões magnas convocadas por Elsa Judas: esta de 21 de junho e uma outra que estava prevista para 17 de junho e onde os sócios iam aprovar o orçamento para a nova época e uma alteração aos estatutos.

Mas, apesar de todas as decisões, o Sporting tem aparentemente dois órgãos a representar a Assembleia Geral e aqui jaz (ou jazia) uma boa parte da indefinição no clube: há um Presidente da Mesa da Assembleia Geral demissionário (Marta Soares), mas em funções, e há uma Comissão Transitória da Mesa da Assembleia Geral (nomeada por Bruno de Carvalho).

Paralelamente aos atos protagonizados por Bruno de Carvalho, também Jaime Marta Soares veio a adotar decisões importantes no seio do clube — apesar de demissionário, os estatutos conferem a continuidade de poderes ao Presidente da Mesa da Assembleia Geral até à eleição de novos membros deste órgão.

Uma dessas decisões passou pela designação de uma Comissão de Fiscalização para ocupar o lugar dos vários membros do Conselho Fiscal e Disciplinar que se demitiram a 17 de maio, em rota de colisão com Bruno de Carvalho.

Desta Comissão de Fiscalização fazem parte João Duque, Rita Garcia Pereira, Luís Pinto de Sousa, António Santos e Henrique Monteiro. Compete ao Conselho Fiscal e Disciplinar supervisionar e controlar todas as ações e decisões tomadas pelo Conselho Diretivo. E foi no âmbito destas competências que a Comissão de Fiscalização suspendeu preventivamente o Conselho Diretivo de Bruno de Carvalho a 13 de junho.

Face a essa suspensão, que criou um vazio uma direção do clube, Marta Soares veio a nomear uma Comissão de Gestão poucos dias depois. Mas Bruno de Carvalho, por considerar que Marta Soares já se demitiu, não reconhece a validade das decisões da Comissão de Fiscalização.

Foi na sequência da sanção aplicada ao Conselho Diretivo do Sporting que Jaime Marta Soares designou uma Comissão de Gestão do clube.

A 16 de junho, o Presidente da Mesa da Assembleia Geral revelou o elenco da Comissão de Gestão: Torres Pereira (presidente), Sousa Cintra e Luís Marques. São estes os novos rostos indicados para tomar controlo das operações do clube.

No entanto, quando tentou entrar esta semana no Estádio de Alvalade para iniciarem funções, a Comissão de Gestão foi barrada à porta do recinto. Mais uma vez: Bruno de Carvalho não reconhece legitimidade a Marta Soares e também não considera que a Comissão de Gestão seja um órgão válido. E, por isso, diz que é ele quem continua a ser o líder máximos dos leões.

Este sábado, os sócios vão poder clarificar tudo isto: Bruno de Carvalho sai ou continua?