Luís Carrasqueira, Diretor Geral da SAP Portugal, compara a evolução dos critérios ESG nas empresas à “viagem sem retorno” em que se tornou a transformação digital.
Na visão de Luís Carrasqueira, Diretor Geral da SAP Portugal, “deve haver um caminho para, tendencialmente, ser obrigatório” cumprir e reportar critérios ESG. No entanto, acredita que “o mercado a seu tempo vai regular o cumprimento destes princípios, mas numa primeira fase, é preciso alguma obrigatoriedade mais vaga e, depois, ir implementando. Mas eu penso que as próprias empresas têm todo o interesse nisso”, defende. E garante que “há formas de poder ajudar na aceleração desses princípios”.
No painel “A Diversidade Setorial e Regulamentar das Abordagens ESG” da primeira edição do ESG Portugal Forum 2021, organizado pelo ECO e pelo Capital Verde, o responsável da SAP compara a evolução dos critérios ESG à “viagem sem retorno” em que se tornou a transformação digital.
“Este é um caminho que, em termos de sustentabilidade, vai acontecer e se, hoje, é uma prioridade de alguns, daqui a uns tempos vai ser a prioridade de muitos porque o mercado vai exigir isso e obviamente que quem tiver mais bem preparado e tiver nessa liderança vai conseguir”, garante. Na SAP, a sustentabilidade e os critérios ESG são parte central da nossa estratégia. “É uma responsabilidade que nós temos, mas também partilhar com o mercado aquilo que nós fazemos com a nossa cadeia de valor”.
Como está a empresa a adotar abordagens para cada uma das vertentes: ambientais, sociais e de governo de sociedades?
2019 assinalou o 10º aniversário da nossa jornada de sustentabilidade. Reconhecemos que ainda há trabalho pela frente e que deveremos conduzir um diálogo com as partes interessadas (clientes, parceiros, investidores), para revermos as lições aprendidas e ajustarmos a nossa atuação para os próximos 10 anos. Temos o envolvimento de 94% dos nossos colaboradores, que também consideram a sustentabilidade uma questão importante, para a qual a SAP deve contribuir.
A SAP é indicada por vários rankings e classificações de instituições e empresas, como por exemplo, o CDP Worldwide; e pelo 14º ano consecutivo foi líder da indústria de software nos índices de sustentabilidade Dow Jones.
A SAP apoia os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, ao acreditar que a digitalização pode desempenhar um papel importante na sua execução. Para além da parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Fórum Económico Mundial, UNICEF, Pacto Global da ONU, também estabelecemos outras parcerias com organizações não governamentais, como o Social Enterprise World Forum (SEWF), Ellen MacArthur Foundation, WWF, Global Alliance4Youth, entre muitas outras.
Dados os desafios que o mundo hoje enfrenta (pandemia por COVID-19, alterações climáticas, aumento do desperdício e instabilidade social), é nosso objetivo criar, de forma positiva, um impacto económico, social e ambiental, através das nossas próprias atividades e das empresas clientes que utilizam as nossas soluções. Através das nossas soluções, possibilitamos que empresas de todas as dimensões, de 25 setores de atividade, operem com rentabilidade e atinjam os seus objetivos de sustentabilidade.
As medidas em curso requerem investimento (financeiro, de recursos humanos, etc)?
A sustentabilidade ambiental, social e económica tem vindo a ocupar um espaço cada vez maior nas administrações das empresas. Liderar as empresas com um objetivo claro no que concerne à sustentabilidade é, cada vez mais, esperado pelos colaboradores, clientes, acionistas e potenciais investidores. E o esperado não são medidas avulso, mas, sim, compromissos de médio e longo prazo e, por inerência, investimento e condições financeiras e de recursos humanos, para o crescimento dos resultados das empresas. Este compromisso não só condiciona processos e modelos de negócio, como é um indicador do risco total e da qualidade da equipa de gestão de qualquer organização. Além disso, em qualquer momento da tomada de decisão, a sociedade é atualmente um importante grupo de interesse para as empresas.
Somos a única empresa de software a publicar o relatório anual integrado, que inclui as suas ações de ESG. Trata-se de um conhecimento que nos permite tomar melhor decisões e levar em consideração no nosso negócio os aspetos económicos, sociais e ambientais. Acreditamos que a transparência ajuda os executivos na sua jornada de sustentabilidade, incentivando um diálogo contínuo com as partes interessadas, incluindo as comunidades de analistas, financeiras e de investimento.
Quanto planeiam investir em ESG a prazo? Ponderam algum tipo de financiamento específico?
A SAP considera os critérios ESG integralmente embebidos na sua estratégia de negócio, como tal investe significativamente num vasto leque de áreas. Centrando as nossas atividades em todas os aspetos da ESG, o nosso esforço de investimento repercute-se no efeito recíproco entre o desempenho de negócio e a utilização de recursos naturais e sociais. Mais na vertente ambiental e como enfoque operacional da SAP, gostaria de destacar os nossos esforços para uma Cloud verde, alimentada por energia 100% renovável nos data centers e em todos os edifícios da SAP desde 2014, o nosso objetivo de atingirmos a neutralidade carbónica em 2025 ou a meta de expansão da eletrificação da nossa frota automóvel para 33% até 2025, que já nos levou a instalar mais de 775 estações de carregamento.
Como exemplo de outras ações, e numa abordagem de “evitar – reduzir – compensar”, destaque-se a eliminação de plásticos de utilização única em 2020 nos nossos escritórios, o desenvolvimento de uma aplicação para a partilha de veículos, entre os nossos colaboradores, como alternativas de mobilidade ou a compensação, em 2019, de 240 quilotoneladas de emissões de CO2, através do investimento em projetos de alta qualidade para proteção ambiental e reflorestação com mais de 500 mil árvores.
A SAP concentra-se essencialmente na economia circular e nas alterações climáticas. Neste contexto, alinhada com os Objetivos de Desenvolvimento das Nações Unidas, referentes à “responsabilidade do consumo e produção” e à “ação climática”, a SAP aspira a um mundo com zero desperdício e lançou o programa Climate 21, que visa, através das suas aplicações de negócio, ajudar os nossos clientes a conhecer e a minimizar a pegada carbónica dos seus produtos e operações.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
ESG Portugal Forum: “A transparência ajuda os executivos na sua jornada de sustentabilidade”
{{ noCommentsLabel }}