Merlin Properties estuda criar “centro de dados na Plataforma Logística Lisboa Norte”

A imobiliária espanhola inaugurou este mês a Plataforma Logística Lisboa Norte, em Castanheira do Ribatejo. Será o "maior parque logístico de Portugal", diz Ismael Clemente, CEO da Merlin Properties.

Estreou-se em Portugal em 2015 e, desde então, tem somado investimentos no imobiliário nacional. A espanhola Merlin Properties comprou há cinco anos a Plataforma Logística Lisboa Norte, em Castanheira do Ribatejo, parada há um par de anos e inaugurou-a este mês. Desembolsou cerca de 125 milhões de euros na altura e prevê investir mais 150 milhões de euros na preparação, adiantou ao ECO Ismael Clemente, CEO da empresa. Será o “maior parque logístico de Portugal”, diz o responsável, revelando mesmo que está a ser estudada a construção de um centro de dados naquela plataforma.

Em conversa com o ECO, Ismael Clemente falou ainda do percurso da Merlin em Portugal e das intenções de constituírem uma sociedade de investimento e gestão imobiliária (SIGI) cá. Um desenho há muito revelado, mas que continua em standby à espera que o Governo português altere a lei e a torne mais “investment friendly.

Para quem não sabe, o que é a Plataforma Logística Lisboa Norte?

O Lisboa Park é um empreendimento logístico em Castanheira do Ribatejo, no concelho de Vila Franca de Xira, onde prevemos edificar uma área total de 224.864 metros quadrados. Este empreendimento tornar-se-á no maior parque logístico de Portugal, ampliando a operação da Merlin na Península Ibérica.

O Merlin Lisboa Park, também conhecido como Plataforma Logística Lisboa Norte, está localizado na principal área logística de Lisboa, em Castanheira do Ribatejo (eixo Alverca-Azambuja), e tem ligações diretas às autoestradas A1, A10 e A9. Está também localizado a 30 quilómetros do centro de Lisboa e dispõe de uma estação ferroviária para passageiros e mercadorias à entrada do parque, com uma ligação direta à capital portuguesa. O parque incluirá também o futuro centro logístico do Grupo Jerónimo Martins, cujo desenvolvimento está previsto arrancar em breve.

O parque tem flexibilidade para se adaptar às necessidades dos operadores e do mercado, com capacidade para executar projetos chave na mão ou outros projetos de desenvolvimento. O objetivo da empresa é posicionar-se e consolidar-se como a referência logística em Portugal e, assim, reforçar a sua posição de liderança na Península Ibérica.

A Merlin comprou a plataforma em 2016 por cerca de 124 milhões de euros. Sendo uma empresa mais focada em escritórios, qual foi o interesse/potencial que viu neste projeto?

O valor de aquisição que refere creio que inclui toda a divisão de parques logísticos que adquirimos à SABA, em Portugal e Espanha. Relativamente à
questão que coloca, pese embora os escritórios tenham um maior peso na nossa carteira, a Merlin acredita muito no setor logístico. Exemplo disso é a
aposta que fazemos no mercado logístico português, que hoje ainda se encontra numa fase prematura de crescimento e necessita de forte investimento em stock de qualidade.

Foi a terceira aquisição que a Merlin fez em Portugal. Foi uma oportunidade que surgiu ou já estavam de olho na plataforma mesmo antes de começarem a investir cá?

Em outubro de 2016, a Merlin Properties comprou à SABA a sua divisão de parques logísticos, entre os quais se encontrava a Plataforma Logística Lisboa Norte. A presença logística em Portugal fez sempre parte da estratégia da empresa e esta operação permitiu-nos entrar no mercado logístico luso e expandir o nosso footprint neste setor.

Depois de a comprarem, quanto é que investiram em obras na plataforma? O que foi preciso fazer?

A Merlin Properties tem previsto efetuar um investimento de cerca de 150 milhões de euros para o desenvolvimento pleno da Plataforma Logística Lisboa Norte. Com o primeiro armazém logístico terminado temos ainda perto de 200 mil metros quadrados de área bruta edificável, que nos propomos desenvolver, com o propósito de criar um parque logístico de referência que sirva os cerca de três milhões de pessoas da Área Metropolitana de Lisboa. De momento, estes são os investimentos da Merlin Properties na área logística em Portugal.

Uma vez concluída, que importância terá a plataforma para a economia do país? E que contributo vai dar ao setor logístico nacional?

Acreditamos que assistiremos a curto-médio prazo a um forte crescimento da presença de operadores logísticos internacionais em Portugal, impulsionado em forte medida pelo comércio eletrónico. A Plataforma converter-se-á no maior parque logístico de Portugal, numa área geográfica que concentra perto de 40% do PIB português.

Com a plataforma em operação plena e ocupada na sua plenitude, acreditamos que haverá perto de 1.200 trabalhadores (…) sem contar os postos de trabalho que a Jerónimo Martins trará para aqui, os que serão criados durante a fase de construção e os indiretos.

Ismael Clemente

CEO da Merlin Properties

Como é que a plataforma se posiciona perante o e-commerce? Qual o papel que vai ter?

No âmbito do ambicioso programa de empreendimentos logísticos que a Merlin Properties tem vindo a realizar nos últimos anos, o Merlin Lisboa Park constitui um dos principais expoentes. O investimento que estamos e vamos fazer em armazéns de última geração, a Plataforma Logística Lisboa Norte oferecerá aos nossos clientes proximidade às grandes vias de comunicação e a possibilidade de servir a Área Metropolitana de Lisboa com eficiência (custos) e eficácia (tempo).

Quantos postos de trabalho vão ser criados?

Com a Plataforma Logística em operação plena e ocupada na sua plenitude, acreditamos que haverá perto de 1.200 trabalhadores (assumindo um rácio de cinco trabalhadores por cada 1.000 metros quadrados de logística). Isto sem contar os postos de trabalho que a Jerónimo Martins trará para aqui, nem os trabalhos criados durante a fase de construção. E isto sem contar os postos de trabalho que indiretamente se criarão (restaurantes, serviços acessórios, etc…).

Como estão os planos para criar uma SIGI em Portugal? Vai mesmo acontecer ou ainda aguardam uma mudança na lei?

Acreditamos que a lei necessita de ser alterada por forma a estar mais próxima da figura dos REIT’s. Tal como aconteceu com o regime das SOCIMI em Espanha em 2009, este regime necessita ser mais “investment friendly” por forma a ter um maior acolhimento do mercado de capitais.

A falta de produto prime no mercado português e uma maior concorrência dificultam a dinâmica de investimentos que vínhamos a adquirir desde 2015.

Ismael Clemente

CEO da Merlin Properties

O mercado imobiliário nacional continua atrativo?

Portugal continua a ser um mercado muito atrativo nas nossas três categorias de negócio: escritórios, logística e centros comerciais. Porém, a falta de produto prime no mercado português e uma maior concorrência dificultam a dinâmica de investimentos que vínhamos a adquirir desde 2015. Continuaremos a investir através do desenvolvimento da Plataforma Logística Lisboa Norte e de novas áreas de negócio como os data centers.

Já somam vários investimentos no país. Há novos negócios em mira?

Recentemente anunciamos a possível construção de quatro data centers na Península Ibérica: três em Espanha e um em Portugal. Atualmente estamos a estudar a possibilidade de desenvolver um data center na Plataforma Logística Lisboa Norte, porém ainda é prematuro dar mais detalhes.

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