Com 9.000 estafetas ativos na Bolt Food, o novo responsável em Portugal, Manuel Castel-Branco, espera um aumento "considerável" com o plano de chegar a dez novas cidades em 2023.
É o novo responsável pela Bolt Food em Portugal e, para este ano, tem planos de expansão para o serviço de entregas de comida ao domicílio: chegar a dez novas cidades e duplicar os atuais mais de 4.000 restaurantes parceiros. Manuel Castel-Branco não poupa críticas à nova Lei do Trabalho, que se aguarda para abril. “Esta nova lei de trabalho, em vez de tornar a flexibilidade e o acesso a oportunidades de trabalho compatíveis com mais proteções sociais, coloca em risco a forma de subsistência de milhares de trabalhadores e empresas”, considera o responsável da Bolt Food em Portugal, em entrevista à ECO Pessoas.
A Bolt Food já está presente em 18 concelhos — Lisboa, Oeiras, Cascais, Sintra, Amadora, Odivelas, Loures, Vila Franca, Almada, Seixal, Barreiro, Porto, Gaia, Gondomar, Matosinhos, Maia, Braga e Coimbra. Apesar do atual momento económico, os planos para este ano passam por expandir para outras cidades, garante Manuel Castel-Branco. O gestor transitou da Bolt Market (entregas de supermercado em casa) para a liderança da Bolt Food, depois de David Ferreira da Silva ter assumido funções europeias na plataforma, como regional manager da Bolt Food southern Europe & partner markets.
Com cerca de 9.000 estafetas ativos, o plano de expansão passa igualmente pelo aumento da capacidade operacional ao nível de entregas e pelo reforço de estafetas ligados à aplicação. Quantos mais? Manuel Castel-Branco não adianta, diz apenas que “espera um aumento de recursos humanos considerável”.
A Bolt Food já opera na Grande Lisboa, Grande Porto, Braga e Coimbra. Quais são os planos de expansão para 2023?
Em 2023, queremos consolidar a nossa presença nos principais centros urbanos e, para isso, temos de garantir que chegamos a cada vez mais localizações. Para já, é nosso objetivo expandir o serviço da Bolt Food a 10 novas cidades — algumas integradas nas regiões onde já estamos, outras que vão estrear e explorar novas geografias –, o que nos vai permitir, paralelamente, oferecer uma maior e melhor seleção de restaurantes para os nossos clientes.
Esta nova lei de trabalho, em vez de tornar a flexibilidade e o acesso a oportunidades de trabalho compatíveis com mais proteções sociais, coloca em risco a forma de subsistência de milhares de trabalhadores e empresas, comprometendo gravemente o trabalho que Portugal tem feito para promover a inovação em anos recentes. Além disso, foi aprovada quando a União Europeia está prestes a regular o trabalho em plataforma, o que tornará esta regulação obsoleta muito em breve.
Movimento de expansão será acompanhado pelo crescimento do número de entregadores? Que número de pessoas estima que venha a exigir?
Não temos nenhuma previsão quanto ao número de pessoas que viremos a precisar, mas é certo que os estafetas são uma componente essencial no nosso negócio e que deverão acompanhar sempre o nosso crescimento, pelo que se espera um aumento de recursos humanos considerável.
Hoje já são quantos?
Até aos dias de hoje, já somamos perto de 20 mil estafetas que colaboraram com a Bolt Food, mas, de momento, temos ativas cerca de 9.000 pessoas.
Espera-se para abril uma nova lei de trabalho, que mexe na relação laboral entre plataformas e entregadores. O responsável da Bolt em Portugal considera que o risco de as plataformas digitais serem consideradas empregadoras “não será substancial”. É também essa a sua apreciação? Que alterações na plataforma pensam imprimir?
A nossa posição está em linha com o posicionamento divulgado pela APAD (Associação Portuguesa das Aplicações Digitais). Esta nova lei de trabalho, em vez de tornar a flexibilidade e o acesso a oportunidades de trabalho compatíveis com mais proteções sociais, coloca em risco a forma de subsistência de milhares de trabalhadores e empresas, comprometendo gravemente o trabalho que Portugal tem feito para promover a inovação em anos recentes. Além disso, foi aprovada quando a União Europeia está prestes a regular o trabalho em plataforma, o que tornará esta regulação obsoleta muito em breve. Ainda assim, as plataformas continuam comprometidas em melhorar as condições de trabalho de quem precisa destes serviços e em dar aos trabalhadores independentes mais benefícios, enquanto estes conseguem preservar a sua flexibilidade e o controlo sobre a sua atividade. Queremos trabalhar com todas as partes para melhorar o trabalho independente, em vez de o eliminarmos.
Em França, as plataformas acordaram com sindicatos um valor fixo mínimo por cada viagem de TVDE. A Glovo diz que, em média, cada entregador ganha 7,4 euros por hora. E na Bolt Food?
Não é política da Bolt revelar esses dados, mas posso garantir que trabalhamos sempre para oferecer as melhores condições a quem trabalha com a Bolt Food.
Mas que vantagem têm os entregadores em estar ligados à Bolt Food face a plataformas semelhantes?
Procuramos sempre assegurar que todos os estafetas que trabalham connosco conseguem tirar o melhor partido da sua atividade. Estamos continuamente a trabalhar para que os benefícios que são comuns a todas as plataformas sejam exponenciados na Bolt Food. Falo de terem uma oportunidade de ganharem um rendimento extra, de uma forma autónoma e à luz do seu próprio caminho. Sem que tenham que pagar taxas mensais, conseguem receber os seus ganhos através de uma gestão independente do seu dia-a-dia, podendo até optar pelo meio de transporte mais conveniente a cada um.
Até ao momento conseguimos ser a plataforma mais competitiva para os portugueses a nível de preço, no entanto queremos também passar a ser a com mais oferta de restaurantes. Nesse sentido, o nosso objetivo é duplicar o número de parceiros que temos atualmente (mais de 4.000).
Referiu que há um objetivo de expansão. Que investimento está previsto?
Não é nossa política revelar esses dados, mas uma grande fatia do orçamento que temos disponível para este ano será alocado para os objetivos de expansão. Este investimento traduz-se também na melhoria contínua do nosso serviço e em integrar na nossa plataforma cada vez mais e melhores parceiros, tendo sempre em mente conseguir chegar ao maior número possível de portugueses, de uma forma sustentável para o nosso negócio.
Opera num mercado onde a Uber Eats detém uma posição relevante. O foco é alcançar a liderança no segmento?
Estamos conscientes de que operamos um mercado competitivo e com players que ocupam posições relevantes, mas essa competição saudável é boa para o mercado e faz-nos trabalhar ainda mais para sermos a referência. A nossa missão é ser o aliado perfeito dos portugueses, oferecendo uma única plataforma que responde às necessidades dos consumidores — sejam a procura pelos melhores restaurantes ou pelos melhores produtos de mercearia, na Bolt Market –, é para isso que trabalhamos diariamente.
Até ao momento conseguimos ser a plataforma mais competitiva para os portugueses a nível de preço, no entanto queremos também passar a ser a com mais oferta de restaurantes. Nesse sentido, o nosso objetivo é duplicar o número de parceiros que temos atualmente (mais de 4.000). As parcerias exclusivas serão um dos objetivos para 2023, de forma disponibilizarmos uma oferta diferenciadora e de qualidade. Já anunciámos a parceria exclusiva com o melhor hambúrguer do Porto, o Curb, e, em breve, teremos uma com o melhor Açaí de Cascais, o Enjoy Joy. Ao longo do ano, contamos revelar grandes nomes – desde as famosas cadeias internacionais às melhores apostas locais – e surpreender da melhor forma os portugueses.
2022 foi um ano de grande crescimento para a Bolt Food, com expansão para novas cidades, especialmente na região Norte – onde chegámos a Rio Tinto e Gondomar, por exemplo — e um aumento no número de restaurantes que nos escolheram enquanto parceiros. Esperamos que essa tendência se mantenha para este ano.
A inflação, aumentos das taxas de juro, das rendas de casas, etc., está comer uma fatia substancial dos rendimentos. Essa menor disponibilidade financeira não está a impactar o número de pedidos? Como correu 2022? Como tem evoluído o arranque do ano?
2022 foi um ano de grande crescimento para a Bolt Food, com expansão para novas cidades, especialmente na região Norte – onde chegámos a Rio Tinto e Gondomar, por exemplo — e um aumento no número de restaurantes que nos escolheram enquanto parceiros. Esperamos que essa tendência se mantenha para este ano. Um estudo recente da Anacom revela que, cada vez mais, portugueses compram online, com a entrega de refeições ao domicílio a ser a segunda categoria mais comum, pelo que temos de acompanhar a tendência, ou seja, continuar a provar por que razão devemos ser a primeira opção dos portugueses quando querem encomendar comida.
Face ao atual momento, a Glovo anunciou que vai tornar a aplicação “o mais acessível possível para os utilizadores, com taxas de entrega baixas e uma maior aposta no Glovo Prime.” E a Bolt Food, o que tem previsto?
A Bolt Food tem vindo a destacar-se no mercado por ser a plataforma com taxa de entrega mais competitiva e assim queremos continuar a ser. Num contexto económico como o que vivemos atualmente, queremos ser um aliado no dia-a-dia dos portugueses, dando resposta a todas as suas necessidades e desejos, sem que isso seja um peso acrescido para a carteira. Neste sentido, o que temos previsto é manter-nos competitivos e garantir que apresentamos cada vez mais um serviço de excelente qualidade a preços mais acessíveis, com campanhas e descontos especiais a fazer parte da oferta diária da plataforma.
Uma das estratégia da Glovo para ganhar quota passa por apoiar pequenos negócios a dar o salto para o digital, através do Glovo Local. Qual é a vossa?
Cada vez mais procuramos uma parceria mais estreita com os parceiros locais, que nos permita crescer em conjunto. Nesse sentido, é nossa política oferecer condições competitivas aos parceiros que lhes permitam digitalizar-se, expandir-se e investir no seu crescimento a vários níveis. Adicionalmente, disponibilizamos vários modelos de negócio que se adaptam às necessidades dos nossos parceiros, como por exemplo o modelo takeaway.
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