Escritórios virtuais: o lado dos coworks que é anti-pandemia

A pandemia está a fazer aumentar procura por escritórios virtuais, oferecidos pelos espaços de cowork, para garantir a continuidade do negócio, criar um novo, ou preparar o regresso à normalidade.

O mercado do trabalho flexível está a crescer em Portugal e as medidas de prevenção da propagação do novo coronavírus contribuem para esse crescimento. Os escritórios flexíveis e os espaços de cowork são um negócio em expansão em Portugal e também estão a adaptar-se à crise, reforçando os seus modelos de escritórios virtuais.

Estes escritórios online incluem serviços semelhantes que o espaço físico no espaço de cowork e a procura por este tipo de modalidade digital parece estar a ser potenciada pela pandemia.

Procura por escritórios virtuais chega a duplicar

Entre fevereiro e março, o cowork Avila Spaces diz ter registado um aumento da procura dos seus escritórios virtuais de 38%, tendo hoje 491 clientes ativos na modalidade de escritório virtual. Quem procura estes serviços, explica a empresa, quer reduzir custos e reestruturar a sua organização, reforçar a sua presença comercial em Lisboa. Parte desta procura vem também de empresas em início de atividade. O serviço de escritório virtual custa entre 55 e 85 euros por mês.

“As pessoas que estão a trabalhar a partir de casa, em teletrabalho, continuam a necessitar de um atendimento telefónico personalizado, de um local para receber a correspondência, e de alguém que garanta que todo o trabalho administrativo é feito de maneira simples e eficaz. Através desta solução nós garantimos que isto acontece, o que por sua vez, facilita que as empresas permaneçam focadas no seu core business”, afirma Carlos Gonçalves, CEO do Avila Spaces.

O Espaço 3D, localizado no centro de Lisboa, acolhe atualmente 27 empresas fixas, virtuais e não virtuais, mas a procura por escritórios virtuais duplicou comparativamente com o mesmo período do ano passado. Os restantes que tinham espaço físico fixo transitaram para o virtual e, no total, contam hoje com 80 clientes, conta Catarina Santos Nunes, CEO do Espaço 3D.

Fecha-se uma porta, abre-se uma janela

No IDEA Spaces, que tem espaços de cowork no Palácio Sotto Mayor, no Saldanha, e no Parque das Nações, em Lisboa, está a registar-se um “ligeiro aumento” da procura de escritórios virtuais no último mês.

João Simões, CEO da empresa, acredita que esta procura se deve ao facto de “estarem a ser criados novos negócios por consequência dos impactos e oportunidades económicas da pandemia”, conta à Pessoas. João revela ainda que tem recebido pedidos para escritórios privados e postos de trabalhos dedicados em open space que pretendem iniciar atividade em meados de maio e início de junho. “O que sentimos é uma vontade enorme das empresas que já fazem parte da nossa comunidade, de regressarem à normalidade com as devidas precauções. Temos vindo a tomar todas as medidas para que possam fazê-lo em segurança”, assegura o responsável.

No caso do Selina Navis, do grupo Selina, a crise está a ser uma oportunidade para explorar outras vertentes de negócio. “O que percebemos é que seria uma nova oportunidade e estamos a lançar também essa possibilidade de escritórios virtuais no Selina Navis”, revela Manuel Carneiro, regional general manager do Selina.

O responsável garante que, desde o início da pandemia, a empresa manter todos os coworkers e não houve nenhum cancelamento de contrato. O novo serviço do grupo Selina deverá ser lançado em breve.

O mesmo aconteceu com o Espaço 3D que, com a obrigatoriedade do trabalho remoto, conseguiu criar diferentes possibilidades de negócio e outras dinâmicas entre os residentes. “Promovemos um consórcio de empresas residentes para fins de benefícios comunitários”, exemplifica Catarina Santos Nunes, responsável pelo espaço.

Espaços de coworking vão “renascer”

“Mesmo neste período, continuamos a receber, numa base diária, pedidos de mesas para trabalhar, salas para eventos, salas para trabalhar, estúdios para trabalhar”, conta Fernando Mendes, cofundador do Now Beato. Quem procura o seu espaço quer reservar espaços para eventos e até casamentos, a partir de meados até ao final do ano, garante.

Mas, para Fernando Mendes, a realidade do coworking não se coaduna com os designados “escritórios virtuais”, porque um espaço de cowork é como “um prolongamento da sala de estar”, destaca. Às empresas e aos ocupantes do Now Beato foi pedido que contribuíssem com apenas metade do valor da mensalidade e, em alguns casos, freelancers e coworkers individuais quiseram contribuir voluntariamente, conta o responsável.

João Simões, CEO do IDEA Spaces, acredita que a procura pelos espaços de cowork vai continuar, principalmente pela “proposta de valor agregada que é disponibilizada”.

No futuro, haverá um “renascimento dos espaços de coworking”, realça Fernando Mendes, e a procura por espaços físicos pode até aumentar, motivada pelo longo confinamento, defende Catarina Santos Nunes. Nesse momento, caberá aos espaços de cowork saber responder a essa procura para manter a segurança, alerta a responsável.

*Notícia corrigida às 11h57. A intervenção de Fernando Mendes refere-se ao Now Beato, espaço que cofundou. O CoWork Lisboa encerrou em dezembro de 2019.

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