M&A: Firmas de advogados estão otimistas com 2º semestre e “avistam” oportunidades

No 1.º semestre, o mercado português de M&A movimentou mais de 4.000 milhões de euros. Apesar do contexto global desafiante, as firmas de advogados mantêm-se otimistas quanto à recuperação do mercado

O primeiro semestre do ano movimentou cerca de 4.041 milhões de euros em operações de M&A, Venture Capital, Private Equity e Asset Acquisition, fruto de 244 transações. Segundo dados da TTR Data, a área de M&A destacou-se com 99 transações (954 milhões de euros), seguida por Asset Acquisition com 61 transações (1.890 milhões de euros), Venture Capital com 52 transações (329 milhões de euros), e Private Equity com 32 transações (868 milhões de euros).

Ainda assim, estes números representam uma queda de 23% no número de transações em comparação ao mesmo período de 2024. Também o capital mobilizado registou uma diminuição de 38%.

Entre os escritórios de advogados, a Vieira de Almeida (VdA) foi a firma que liderou as principais operações por valor total, cerca de 490 milhões de euros. Já a Cuatrecasas lidera o ranking de assessores jurídicos por número de transações, com 20.

“O balanço é muito positivo, tendo a VdA registado no fecho do primeiro trimestre um crescimento a dois dígitos face ao período homólogo de 2024”, revela a managing partner Paula Gomes Freire.

Também a líder da Abreu Advogados, Inês Sequeira Mendes, garantiu que o primeiro semestre foi “muito positivo” e de “consolidação”, apesar do cenário global “desafiante” a nível internacional e de eleições sucessivas a nível nacional.

No primeiro semestre deste ano, mantivemos a nossa atividade robusta, refletindo um volume de negócios estável. Registámos uma procura constante por assessoria jurídica estratégica e altamente especializada e reforçámos as nossas capacidades nas áreas de Financeiro, Concorrência e TMT”, avança a managing partner. Segundo Inês Sequeira Mendes, o desempenho da Abreu continua a refletir a eficácia da estratégia adotada, “assente na confiança dos clientes, na aposta na inovação, na internacionalização e na capacidade de antecipar os efeitos jurídicos da transformação económica, tecnológica e social em curso”.

Outro dos players do mercado da advocacia nacional, a Antas da Cunha Ecija, considera que foram meses “extremamente positivos”. “Estamos acima do previsto no nosso budget de receitas neste primeiro semestre, sendo certo que, historicamente, os nossos segundos semestres tendem sempre a ser mais robustos no volume de negócios. Nesta perspetiva, estamos entusiasmados com o que nos reserva o presente ano, estando convictos de que vamos superar os nossos objetivos”, garante o managing partner Fernando Antas da Cunha.

Por outro lado, a Gómez-Acebo & Pombo descreveu os primeiros seis meses do ano como desafiantes e marcados por um abrandamento da atividade transacional, com reflexo no volume e valor das operações.

Esta dinâmica, natural num contexto de incerteza económica global, tem vindo a ser revertida, com uma retoma progressiva da atividade, que se acentuou sobretudo a partir do primeiro trimestre. Por outro lado, áreas como o contencioso, regulatório e o comércio internacional ganharam tração, muito por força das tensões comerciais entre grandes economias, que tiveram reflexo direto na procura por serviços jurídicos especializados”, nota a managing partner Mafalda Barreto.

Apesar dos desafios, a líder assume que conseguiram manter um “bom nível” de negócios, registando um crescimento em relação ao mesmo período de 2024.

O que esperar do segundo semestre?

Otimismo e dinâmica. É assim que os quatro players do mercado de advocacia nacional esperam o segundo semestre de 2025. Por exemplo, a Gómez-Acebo & Pombo assume que o que têm assistido tem sido apenas um “arrastar” das operações por períodos excessivos quando comparados com anos anteriores, sem que tenha havido quebra de negociações ou de intenções de investimento.

Portugal continua a ser um destino atrativo para investidores internacionais interessados nos setores energético, imobiliário e tecnológico, o que tem permitido manter uma atividade constante no mercado de fusões e aquisições”, revela Mafalda Barreto.

Apesar da expectativa positiva, a líder defende que a mesma deve ser moderada face aos conflitos internacionais. Posição que é partilhada pela managing partner da VdA, que, ainda assim, mostra-se otimista. “O segundo semestre promete materializar a inversão da tendência de contração da atividade de M&A e testemunhar a concretização de algumas há muito aguardadas grandes transações”, assume Paula Gomes Freire.

Já Inês Sequeira Mendes considera que o segundo semestre deverá manter a dinâmica de “crescimento moderado”. Olhando para 2025-2026, a líder antecipa que tenham um peso importante as áreas do imobiliário, turismo, energia, tecnologia e inovação, infraestruturas, privatizações, consolidação da banca, assim como nos mercados internacionais, como Angola e Moçambique.

“Os setores do imobiliário e do turismo continuarão a ser mais atraentes para o investimento estrangeiro em Portugal, impulsionados pela forte procura e pelo interesse internacional sustentado. No setor da energia, as energias renováveis continuarão a ser um foco importante para nós, dado os investimentos crescentes em projetos de energia solar, eólica e hidrogénio verde, assim como em simultâneo contribuímos para o compromisso de Portugal com um futuro sustentável”, garante.

A managing partner da Abreu revela ainda que vão reforçar o investimento nas áreas de inovação e tecnologia. “Estamos igualmente muito atentos ao investimento em infraestruturas. O governo anunciou planos para construir um novo aeroporto internacional em Alcochete, planos para a construção de uma terceira ponte sobre o rio Tejo e a criação de uma ligação ferroviária de alta velocidade entre Lisboa e Madrid. Além disso, no que diz respeito às infraestruturas em Portugal, existe também o ambicioso Plano Ferroviário Nacional será fundamental na próxima década”, acrescenta.

Entre as principais áreas que possam vir a ter mais expressão no segundo semestre a managing partner da VdA apontou ainda a de Infraestruturas, Energia e Bancário & Financeiro.

“Acreditamos que societário e M&A e Imobiliário se manterão com uma sólida expressão, e que, com o avanço tecnológico a impulsionar a rápida transformação digital das empresas, haja um aumento significativo na procura por serviços nas áreas da cibersegurança, proteção de dados e propriedade intelectual, resultado da integração das ferramentas de inteligência artificial e da intensificação do enquadramento regulatório associado”, assume Mafalda Barreto.

Também Fernando Antas da Cunha revela que “continuarão a ter expressão muito relevante, e eventualmente, existir até um reforço nas áreas de Corporate & MA, Imobiliário, Technology Transactions, Imigração e Laboral Internacional”.

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