Os 10 maiores negócios de 2024 já concretizados (até agora)

As dez maiores operações empresariais do ano contaram com operações acima dos 100 milhões de euros e abrangem setores tão diversos como os biocombustíveis e a banca.

O mercado de fusões e aquisições em Portugal registou uma queda acentuada no primeiro semestre de 2024, contrariando a tendência global.

De acordo com dados da TTR Data, foram concretizados apenas 295 negócios, uma redução de 22% face ao mesmo período de 2023, marcando a maior queda homóloga de um primeiro semestre em pelo menos dez anos.

No entanto, foram fechadas uma série de operações de grandes dimensões envolvendo empresas nacionais desde janeiro. É disso exemplo o desfecho da compra do Eurobic pelos espanhóis do Abanca por 300 milhões de euros, que esperava luz verde dos reguladores desde novembro, quando o negócio foi anunciado, e a aquisição de 60% da Cimpor pela Taiwan Cement Corporation à turca Oyak por 480 milhões de euros, passando a empresa taiwanesa a controlar 100% do capital da cimenteira nacional.

Estes são apenas dois dos dez maiores negócios concretizados este ano até agora, de acordo com dados recolhidos pelo ECO junto da TTR Data e da Dealogic. Conheça alguns detalhes destas operações, notando que fica de fora desta listagem o maior negócio anunciado este ano, protagonizado pela Galp Energia e pela Abu Dhabi National Oil Company, envolvendo a alienação de 10% dos ativos upstream da petrolífera nacional em Moçambique por 650 milhões de dólares, por a operação ainda não ter sido concretizada; assim como o recente anúncio da compra da Nowo pelos romenos da Digi, por 150 milhões de euros, por a operação ainda ter de passar no crivo da Autoridade da Concorrência.

1. EDP vende ativos no Brasil

Comprador: Edify Empreendimentos e Participações
Vendedor: EDP Brasil
Alvo: EDP Transmissão SP-MG e Mata Grande Transmissora de Energia
Valor: 482 milhões de euros
Setor: Energia
Negócio: A EDP Brasil, subsidiária da EDP, concluiu a venda de duas linhas de transmissão (EDP Transmissão SP-MG e Mata Grande Transmissão de Energia) com uma extensão total de 857 quilómetros à brasileira Edify Empreendimentos e Participações. A EDP revelou que “esta operação faz parte da estratégia de rotação de ativos de transmissão no Brasil, definida no plano de negócios da companhia.”

Em 2010, a Cimpor enfrentou uma OPA hostil da CSN, que levou à entrada dos grupos brasileiros Votorantim e Camargo Corrêa. Após anos de dificuldades financeiras, a Cimpor foi desmantelada e vendida ao grupo turco OYAK em 2018, reduzindo-se a uma pequena fração do que já foi, até que este ano passou totalmente para as mãos da TCC.

2. Cimpor passa a ser uma empresa taiwanesa

Comprador: Taiwan Cement Corporation (TCC)
Vendedor: Oyak
Alvo: Cimpor
Valor: 480 milhões de euros
Setor: Construção
Negócio: Os turcos da Oyak acordaram vender os 60% que detinham na Cimpor à Taiwan Cement Corporation (TCC), que já controlava 40% do capital da empresa portuguesa. Dessa forma, a TTC tornou-se no único acionista da Cimpor a partir de março, alavancando ainda mais a sua posição como terceiro maior player internacional no mercado de cimento. “A TCC reconhece um potencial de crescimento substancial na Cimpor, particularmente no desenvolvimento de uma estratégia abrangente de descarbonização”, referiu Nelson Chang, presidente do conselho de administração da empresa natural de Taiwan.

3. Uma parceria no universo dos biocombustíveis

Investidores: Galp Energia e Mitsui
Valor: 400 milhões de euros
Setor: Biocombustíveis
Negócio: Depois de anunciada em setembro do ano passado, foi concretizada a 14 de fevereiro deste ano a parceria entre a petrolífera nacional e os japoneses da Mitsui & Co (75%/25%), que permitirá o desenvolvimento de uma unidade adjacente à refinaria de Sines com capacidade de 270 mil toneladas para produzir e comercializar biocombustíveis avançados. “Esta parceria reúne a extensa experiência industrial das duas empresas, combinando as sinergias operacionais e de mercado da Galp com a presença global da Mitsui”, destaca a empresa nacional em comunicado.

4. Vision-Box voa para Espanha

Comprador: Amadeus
Vendedor: Vision-Box Holding
Alvo: Vision-Box
Valor: 320 milhões de euros
Setor: Tecnologia
Negócio: Os espanhóis da Amadeus chegaram a acordo com o fundo de capital de risco Keensight Capital e outros acionistas da Vision-Box para adquirirem a totalidade do capital da empresa portuguesa, líder na oferta de soluções biométricas para aeroportos e companhias aéreas. Miguel Leitmann, fundador e até então CEO da Vision-Box, juntamente com os 470 funcionários da empresa transitaram para a Amadeus, refere a empresa em comunicado.

Fernando Telles (Eurobic), Juan Carlos Escotet (chairman do Abanca) e Francisco Botas (CEO do Abanca) na assinatura do acordo de compra e venda do banco português em novembro de 2023. A operação foi concluída oito meses depois, após recebidas as aprovações da Autoridade da Concorrência Portuguesa e Banco Central Europeu.

5. Abanca fecha compra do Eurobic

Comprador: Abanca
Vendedor: Acionistas particulares do Eurobic
Alvo: Eurobic
Valor: 300 milhões de euros
Setor: Financeiro
Negócio: Após vários meses a aguardar luz verde dos reguladores, os galegos do Abanca concretizaram a compra da totalidade do capital do Eurobic, tornando-se assim na sétima maior instituição bancária em Portugal. No decorrer da apresentação de resultados do segundo trimestre, Juan Carlos Escotet Rodríguez, presidente do banco espanhol, referiu que, “ao contrário de algumas das outras aquisições que fizemos, trata-se de uma integração de uma posição absolutamente complementar, de modo que o que faz sentido é reforçar a rede e a nossa capacidade de competir”, afastando assim cortes de funcionários e encerramento de agências bancárias.

6. Portefólio de imóveis em Portugal e Espanha

Comprador: SFP UK Holdco
Vendedor: Redevco
Alvo: Next Gen Stays
Valor: 300 milhões de euros
Setor: Imobiliário
Negócio: A SFP UK Holdco, uma holding sediada no Reino Unido e subsidiária do grupo suíço Swiss Finance & Property Group (SFP), adquiriu uma participação maioritária na carteira Next Gen Stays, da empresa holandesa Redevco, composta por seis ativos imobiliários localizados em Lisboa, Porto, Bilbau, Málaga e Sevilha. Após a transação, a SFP planeia aumentar a sua participação na carteira por futuros aumentos de capital para adquirir ativos adicionais.

7. Compra da Greenvolt

Comprador: Kohlberg Kravis Roberts
Vendedor: Sete principais acionistas da Greenvolt
Alvo: Greenvolt
Valor: 200 milhões de euros
Setor: Energias renováveis
Negócio: No final de maio, os norte-americanos da Kohlberg Kravis Roberts (KKR), através da sociedade GVK Omega, concluíram a compra das ações dos sete principais acionistas da Greenvolt, que controlavam 60,86% do capital da empresa. Com essa operação, a KKR passou a controlar direta e indiretamente 78,9% do capital da empresa de energias renováveis, levando a GVK Omega a lançar “uma oferta pública geral e obrigatória de aquisição da totalidade das ações correspondentes ao capital social da Greenvolt”. A contrapartida oferecida é de 8,3 euros por ação, “a ser paga em dinheiro”, lê-se no comunicado enviado à CMVM.

O novo dono da SolidAl comprometeu-se a investir 50 milhões de euros para expandir a capacidade de média e alta tensão nas instalações existentes. Prevê-se que a nova capacidade de produção esteja operacional em 2027.

8. Fusão de sinergias para conquistar o mundo

Comprador: NKT
Vendedor: Njord Partners
Alvo: SolidAl – Condutores Eléctricos
Valor: 192 milhões de euros
Setor: Tecnologia
Negócio: Após ter realizado em 2015 o primeiro investimento e em 2018 se ter tornado acionista maioritária da fabricante portuguesa de cabos de energia, a Njord Partners acordou a venda da sua posição na SolidAl à dinamarquesa NKT, uma das principais empresas de cabos de energia do mundo. Fundada em 1970, com sede em Esposende, a SolidAl possui 430 trabalhadores e no ano passado faturou mais de 150 milhões de euros. “Com mais de 50 anos na indústria, a SolidAl irá complementar a competitividade do mix de produtos das fábricas existentes da NKT em Asnaes, Velke Mezirici e Colónia, focando-se na entrega de toda a gama de cabos de energia para a rede numa escala maior”, afirma Claes Westerlind, presidente e CEO da NKT.”

9. Dívidas incobráveis de um hotel de 5 estrelas

Investidores: Banco BTG Pactual
Alvo: The Oitavos
Valor: 150 milhões de euros
Setor: Hotelaria
Negócio: O banco brasileiro BTG Pactual conta já com um portefólio de 500 milhões de euros de propriedades em Portugal. O último negócio foi a aquisição do hotel The Oitavos, outrora ativo da família Champalimaud. A operação foi realizada por via de um fundo financiado por clientes do banco que vivem na Europa e nos EUA, segundo Miche Wurman, sócio responsável pela área de imobiliário do BTG Patual, citado pelo site Neofeed. Posteriormente, o fundo adquiriu junto da banca uma série de créditos dados como incobráveis da sociedade que detinha o hotel. A gestão do projeto fica a cargo da Green Jacket e Squareview, duas empresas do empresário Luís Horta e Costa.

10. Carregamentos elétricos pela Europa

Investidores: Antin Infrastructure Partners e Grupo Arié
Alvo: Powerdot
Valor: 100 milhões de euros
Setor: Mobilidade
Negócio: Com o intuito de acelerar a sua expansão, a Powerdot assegurou 100 milhões de euros numa ronda de investimento liderada pelos já acionistas da empresa Antin Infrastructure Partners e grupo Arié. “Este financiamento marca um momento crucial para a expansão da Powerdot”, refere a empresa em comunicado. “Com mais de 5.000 pontos de carregamento em operação e mais 10.000 em implementação, este investimento catalisará um crescimento transformador, permitindo-nos expandir a nossa rede e contribuir para a evolução da mobilidade sustentável”, desta Luís Santiago Pinto, CEO da Powerdot.

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