Paulo de Jesus Correia, managing partner da Santiago Mediano e Associados, fez um balanço dos 20 anos do escritório. Revelou que não têm objetivos quantitativos, seja de crescimento ou de faturação.
Fundada em 2003 em Portugal e em Espanha, a Santiago Mediano e Associados está no mercado de advocacia há mais de 20 anos. Um projeto que, segundo o managing partner Paulo de Jesus Correia, se desenvolveu de forma “orgânica” e “sustentada”.
“O sucesso acaba por ser uma consequência natural da forma como nos relacionamos entre nós e com os clientes que em nós confiam. Não é um objetivo em si mesmo”, refere Paulo de Jesus Correia.
O escritório começou com três advogados em Portugal e três em Espanha e hoje são mais de 50 – 15 em Portugal e cerca de 45 em Espanha. “Um percurso assim é uma prova de fundo, feita de muitas pequenas vitórias e algumas derrotas, mas que também nos ensinam muito. Sempre evitámos atalhos e hoje podemos dizer que mantemos uma identidade própria e os mesmos valores que nos fizeram começar”, acrescentou.
À Advocatus revelou que não têm objetivos quantitativos, seja de crescimento ou de faturação. “Os nossos objetivos são qualitativos no bem-estar de todos os colaboradores, na qualidade do que fazemos e na confiança que em nós depositam”, referiu. O managing partner acredita que têm conseguido transmitir esses valores e manter a sua identidade.
“A opção pelo crescimento orgânico também visa este mesmo objetivo. De facto, quando vamos ao mercado recrutar colegas num nível sénior por vezes há um momento de estranheza, vêm habituados a uma cultura muito defensiva e a métricas comuns de produção. Aqui queremos criar as condições para que cada um queira vestir a camisola da sociedade, não que a use por obrigação. Temos uma cultura interna bastante clubística”, disse.
Mercado ibérico e posicionamento no setor
Localizados em Portugal e Espanha, Paulo de Jesus Correia garantiu que são um “único” escritório e que esse é o seu posicionamento para o mercado ibérico. Segundo explicou, um cliente pode trabalhar com a mesma equipa de forma integrada nos dois países.
“Investimos muito do nosso tempo para que os nossos colaboradores e sócios olhem para o escritório como um todo e não apenas para Lisboa ou Madrid. Não há propriamente uma sede em Madrid, o que há é um escritório e os mesmos sócios. Mas, se um dia quisermos definir uma sede comum, penso que os meus sócios espanhóis gostariam de optar por Lisboa”, admitiu.
Parceiros da Mackrell International, uma das principais redes jurídicas do mundo, Paulo de Jesus Correia explicou que a relação entre ambas é dirigida a partir de Espanha e oferece uma rede de apoio nas jurisdições mais relevantes. “Hoje, felizmente, é comum muitas empresas terem feito esse caminho de internacionalização e precisarem desse apoio”, acrescentou.
Assim, considera que a Santiago Mediano e Associados é um escritório “multifacetado”. “É uma boutique para a área dos media e IT e para o direito público. Para o demais, temos um foco em clientes médios e grandes, assuntos do dia-a-dia”, referiu.
O managing partner explicou ainda que o foco do escritório “sempre foi a criação de um ambiente de trabalho positivo e saudável, que acolha a individualidade de cada um e procure que cada um potencie as suas qualidades especificas”.
Acreditamos que a qualidade de serviço e as relações continuadas com os clientes que representamos derivam da identificação de todos os que aqui trabalham com o escritório e os seus objetivos.
“Somos o contrário do modelo one size fits all. Acreditamos que a qualidade de serviço e as relações continuadas com os clientes que representamos derivam da identificação de todos os que aqui trabalham com o escritório e os seus objetivos. Queremos que cada um dê o melhor de si aos clientes porque sente que esta é a sua casa profissional. Quando o esforço de cada um não é imposto mas deriva de um sentido de pertença, temos os melhores resultados”, sublinhou.
Entre as áreas que contribuíram para o crescimento da sociedade, Paulo de Jesus Correia destacou a de propriedade intelectual e as tecnologias, que assume que têm um “enorme know-how” e “experiência acumulada”.
“Já são muitos anos no enforcement de direitos de autor, no apoio a produções audiovisuais e de espetáculos, na assessoria a empresas tecnológicas, a projetos de investigação aplicada e a empresas de serviços digitais. Com os anos, o direito público também se tornou um pilar da sociedade, bem como o imobiliário e o apoio jurídico às empresas”, notou.
No futuro pretendem apostar em áreas como a de Inteligência Artificial, uma vez que começaram a investir no tema bastante cedo. “Este tema tem a particularidade de ser transversal a várias áreas de direito, desde a propriedade intelectual e patentes ao direito do trabalho e ao contencioso. Neste know-how específico podemos acrescentar valor aos clientes que trabalham connosco. Não diria que a aposta está na área A o B, mas antes na forma como as novas tecnologias impactam cada área, o modo de trabalhar e de nos relacionarmos com os clientes”, referiu.
Futuro passa pelas tecnologias
Duas décadas depois da fundação, o managing partner assume que o grande desafio dos próximos anos é comum a todas as sociedades de advogados: como integrar as tecnologias que farão cada vez mais trabalho de base e como poderão focar no trabalho mais criativo e de valor acrescentado.
“Isto tem um impacto transversal em todo o modelo de negócio dos escritórios, desde a relação entre os clientes, advogados in-house e os consultores jurídicos, até à progressão na carreira. Não temos dúvidas que muito trabalho tradicionalmente de advogado já foi e continuará a ser substituído por tecnologia e modelos de IA”, defendeu.
O líder da Santiago Mediano e Associados sublinhou contudo que está otimista para superar estes desafios “enormes” e que é também uma oportunidade. Assim, acredita que os próximos 10 anos serão “certamente interessantes”.
“Gostávamos de aprender melhor como partilhar conhecimento com os clientes, sermos melhores na transmissão preventiva de conhecimentos às estruturas internas dos clientes. Vamos reforçar o investimento na formação que oferecemos em modelos de conferência, training contínuo e escola de executivos, mas ainda temos muito caminho a fazer”, avançou.
Paulo de Jesus Correia acredita que têm de ser “muito melhores” a sair da sua linguagem e estrutura de pensamento para conseguirem ser “eficientes na transmissão de conhecimento a clientes que têm outra cultura e quadro mental”.
Sobre a possibilidade de expandir a firma para outras cidades portuguesas, assume que não é uma prioridade para já. “Nós apoiamos clientes em todo o país, chegamos a qualquer local sem qualquer dificuldade e com o hábito de fazer reuniões online esse tema hoje é menos importante. A proximidade não depende da localização geográfica do escritório até porque temos muito trabalho a partir de casa e colaboradores originários do norte, do sul e das ilhas. Não é um tema excluído, em especial se for na região do grande Porto onde temos muitos clientes, mas não é uma prioridade”, disse.
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Santiago Mediano e Associados: Um único escritório dividido entre Portugal e Espanha
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