Açores quer mais turismo, mas quer fazê-lo com o rótulo “sustentável”

O peso do turismo na economia açoriana tem vindo a intensificar-se. Apesar de colher 'medalhas' na sustentabilidade, o arquipélago assume um "processo contínuo" e desafios face à pressão turística.

Com a liberalização do espaço aéreo, em 2015, começaram a aterrar nos Açores companhias low-cost, o que potenciou um ciclo rápido de desenvolvimento do turismo. Apenas dois anos depois, o Governo Regional dos Açores assumiu o compromisso em certificar a região como destino sustentável. Mais dois anos volvidos e, já em 2019, os Açores tornaram-se o primeiro arquipélago do mundo a ser certificado como destino turístico sustentável pela EarthCheck. Desde então, fizeram o seu percurso, até serem “coroados” com a certificação de ouro da mesma entidade em 2024.

O posicionamento dos Açores enquanto destino turístico tem-se desenvolvido numa premissa de sustentabilidade”, escreve a Estrutura de Gestão da Sustentabilidade do Destino Turístico Açores (DMO, na sigla em inglês), uma entidade que trabalha sob a alçada da Secretaria Regional do Turismo, Mobilidade e Infraestruturas, e que tem como missão ser facilitadora do desenvolvimento sustentável do território.

A diretora do mestrado de Gestão de Turismo na Porto Business School e ex-secretária de Estado da tutela, Rita Marques, concorda: “os Açores são um exemplo nacional e até mundial, de como é possível conciliar turismo, conservação da natureza e qualidade de vida“. O ímpeto de sustentabilidade também é sentido por parte dos operadores turísticos: “No global, tem-se feito muito nos Açores, nos últimos anos, na direção da sustentabilidade. Em comparação com outros sítios, há uma grande preocupação com esse tema“, avalia Filipe Rocha, um dos sócios fundadores da Azores Wine Company.

O posicionamento dos Açores enquanto destino turístico tem-se desenvolvido numa premissa de sustentabilidade.

Estrutura de Gestão da Sustentabilidade do Destino Turístico Açores (DMO, na sigla em inglês)

A Earthcheck, explica a coordenadora da DMO, Carolina Mendonça, foi escolhida como a entidade certificadora por ser a líder mundial na certificação de destinos, e acreditada de acordo com os critérios do Conselho Global do Turismo Sustentável. “São cerca de 400 critérios e indicadores que temos que cumprir anualmente”, aos quais se segue uma auditoria externa, aponta a coordenadora. O objetivo é obter cada vez melhores classificações. No primeiro ano, 2019, os Açores arrecadaram a certificação de prata. Em 2024, depois de acumular quatro certificações de ‘prata’, este destino chegou ao nível ‘ouro’ da certificação. “Só é sustentável se for um processo contínuo”, explica Mendonça.

Olhando às diferentes áreas nas quais são avaliados, “os Açores destacam-se muito na área ambiental”, informa Mendonça, considerando que, com base na avaliação, os Açores se podem considerar um destino “verde e seguro” já que se posicionam acima das melhores práticas no que diz respeito à segurança do destino e percentagem de áreas verdes. O arquipélago compara melhor face à média dos outros destinos avaliados quanto às áreas protegidas, ao consumo de energia, às emissões de gases com efeito de estufa e à produção de resíduos.

Freguesia de Sete Cidades, Ponta Delgada, em Ilha de São Miguel, Açores, 14 de setembro de 2016. EDUARDO COSTA / LUSAEDUARDO COSTA / LUSA

Saindo do âmbito quantitativo, o auditor realça outro aspeto desta ação nos Açores: o envolvimento. “Envolver stakeholders [partes interessadas] de todas as ilhas é de facto muito complexo e muito desafiante”, afirma Carolina Mendonça. A solução encontrada foi a constituição das Green Teams, que reúnem representantes dos municípios, de organizações não-governamentais de cariz social, ambiental e cultural, da Câmara do Comércio, da Associação Comercial e das direções regionais do Ambiente e do Turismo. Estas equipas, uma por cada ilha, permitem endereçar os desafios específicos de cada uma, indica a coordenadora da DMO.

Os Açores são um exemplo nacional e até mundial, de como é possível conciliar turismo, conservação da natureza e qualidade de vida.

Rita Marques

Diretora do mestrado de Gestão de Turismo na Porto Business School e ex-secretária de Estado do Turismo

Um dos marcos de maior destaque em termos de sustentabilidade nos Açores foi a criação da maior rede de áreas marinhas protegidas do Atlântico Norte. O Governo Regional atribuiu o estatuto de área protegida a 30% das águas que banham o arquipélago, sendo que em metade estão proibidas todas as atividades extrativas ou destrutivas, e o restante beneficia de proteção “elevada”.

Fluxos turísticos e falta de recursos humanos geram insatisfação

No entanto, nem tudo são pontos positivos. O crescimento do turismo nos Açores também apresenta desafios, que estão identificados no Plano de Ação 2019-2030. Entre eles conta-se a insatisfação dos residentes em relação a locais com a pressão turística.

Nos Açores não existe turismo de massas e os dados são muito claros em relação a isso”, afirma Carolina Mendonça, olhando ao número de turistas face ao número de residentes. O que está em causa, diz, são casos pontuais de fluxos turísticos que estão concentrados em determinados locais e horas do dia. Exemplo de localizações “problemáticas” são o Vale das Furnas ou o Miradouro da Boca do Inferno, nas Sete Cidades. No caso da Lagoa do Fogo, que movimentava muito trânsito apesar de ser uma área de reserva, em 2022, e perante a indignação dos moradores, foi implementado um sistema de shuttle que permitiu “disciplinar” a afluência ao local. São vendidos 50 mil bilhetes a cada ano.

Este ano, a secretária regional do Turismo, Berta Cabral, anunciou que o Governo iria financiar, através de fundos comunitários, um Sistema Integrado de Monitorização Inteligente de Fluxos Turísticos, que permitirá obter dados em tempo real sobre perfis, mobilidade e padrões de visita de turistas nas nove ilhas do arquipélago, contribuindo para uma gestão mais eficiente e equilibrada da atividade turística. Rita Marques considera esta uma iniciativa a destacar, e com potencial para ser replicada por outras partes do país.

"O turismo só será bom se for bom em primeiro lugar para os residentes.”

Carolina Mendonça

Coordenadora da Estrutura de Gestão da Sustentabilidade do Destino Turístico Açores

“Queremos atrair um tipo de turista que respeite o território, que deixe valor e que tenha experiências mais imersivas, mas de respeito com a comunidade local. O turismo só será bom se for bom em primeiro lugar para os residentes”, frisa Carolina Mendonça. Miguel Sequeira, sócio-gerente da Make It Happen Farm, um projeto turístico em São Jorge, afere que os Açores “não estão imunes àquilo que está a acontecer noutros grandes meios e outras ilhas”, como a pressão imobiliária e dos fluxos turísticos.

Ilha das Flores, Açores, 1 de junho de 2017. MIGUEL A. LOPES/LUSA MIGUEL A. LOPES/LUSA

Contudo, “estamos no devido tempo de termos a capacidade de gerir isto de forma a ser assimilado pelo residente como coisa boa e do turista se sentir bem por ser benéfico”, considera. Uma forma de o fazer é procurar que as taxas turísticas estejam ligadas de forma visível à melhoria da vida dos locais, na opinião do mesmo gestor. Para Filipe Rocha, a solução passa por envolver a população no setor do turismo.

Outra questão identificada no plano de ação, e que é ecoada pelos empresários consultados pelo ECO/Capital Verde, é a falta de recursos humanos qualificados. Em paralelo, o Governo regional regista uma fraca valorização ou remuneração dos profissionais.

“Existem várias iniciativas do Governo Regional, quer em apoios à contratação, quer em incentivos à formação e qualificação profissional, que visam valorizar as carreiras e mitigar a escassez de recursos humanos“, indica, contudo, a DMO. Medidas para atualizar competências e valorização salarial, como o ‘Vale + Formação’ e o ‘Vale + Remuneração’, apoiaram mais de 1.000 pessoas cada em 2024, e existem também apoios para a frequência de cursos superiores (o ‘Qualifica.Superior’, apoiou mais de 1.000 candidaturas) e para promover a contratação e estabilidade profissional.

A sustentabilidade de um setor só se consegue também com formação.

Filipe Rocha

Cofundador e gerente na Azores Wine Company

O sócio-gerente da Make It Happen Farm partilha a gestão do alojamento com a respetiva companheira, e empregam uma pessoa que ajuda na parte agrícola e uma funcionária, com funções administrativas, que começou como estagiária e está agora como efetiva. “Necessitamos de uma funcionária durante os 12 meses do ano? Não. Mas temos de dar estabilidade“, defende. Na ótica deste gestor, muitos dos negócios de dimensão semelhante preferem não suportar o custo durante 12 meses e o reverso da moeda é ser difícil encontrar colaboradores disponíveis por períodos mais curtos, sazonais.

Na ótica de Filipe Rocha, “a sustentabilidade de um setor só se consegue também com formação” e aponta a falta de mão-de-obra qualificada como “uma das grandes lacunas” da região. Defende que deve ser melhorada a qualidade do ensino para que se formem melhor os recursos, orientados para um turismo de excelência.

Além da formação de recursos humanos, o gestor da Azores Wine Company entende que “há muito a fazer na sensibilização das populações”, nomeadamente na questão dos resíduos, uma “problemática” em relação à qual considera que o arquipélago não tem estado à altura, sofrendo com a pressão do turismo.

A arquiteta Carolina Backlar, corresponsável pelo Atelier Backlar, que tem vários projetos turísticos na região, considera também que um dos principais obstáculos à sustentabilidade é a falta de “conscientização, sobretudo perante mentalidades que ainda se focam em custos imediatos e não em benefícios a longo prazo”.

As ações de sensibilização sobre o tema da sustentabilidade têm sido promovidas pelo Governo regional junto das escolas e universidades, inclusivamente com foco na separação dos resíduos, indica a DMO. “Temos que confiar no efeito dominó. E o melhor efeito dominó que pode existir é haver pessoas que dão o exemplo e liderar pelo exemplo“, acredita Carolina Mendonça.

Peso do turismo na economia regional em ascensão. Aposta na qualidade ‘pede’ preços premium

Os Açores tornaram-se “um destino altamente atrativo para o investimento em turismo pela sua reputação internacional enquanto único arquipélago do mundo certificado como destino sustentável“, na tese da estrutura de sustentabilidade sob a alçada da Secretaria Regional para o Turismo.

A proposta de valor assente na sustentabilidade tem permitido um aumento progressivo da qualidade oferecida pelo destino mas também a percecionada, acredita a DMO. Estes fatores, combinados com o aumento da procura, “tendem a elevar o valor global do destino”, ao mesmo tempo que se preservam os recursos naturais e culturais que o distinguem, acredita a mesma entidade.

O turismo nos Açores gerou 889 milhões de euros de valor acrescentado bruto em 2023, representando 17% do produto interno bruto (PIB) açoriano.

O turismo nos Açores gerou 889 milhões de euros de valor acrescentado bruto em 2023, representando 17% do produto interno bruto (PIB) da Região, de acordo um um estudo encomendado pelo Governo dos Açores à EY Parthenon, apresentado no ano passado. O mesmo deteta que, entre 2017 e 2023, o turismo teve um contributo de 57% no crescimento do PIB regional, apoiado na procura e no efeito de preço.

A estrutura de Gestão da Sustentabilidade conta que o peso do turismo no PIB continue a aumentar e este setor sirva de alavanca a outros, permitindo-os crescer de forma direta ou indireta.

A diretora do mestrado de Gestão de Turismo da Porto Business School entende que “longe vão os tempos em que Portugal tinha turismo mais barato para todas as bolsas. O futuro do turismo em Portugal passa por serviços de excelência, mais sustentáveis também, cobrando naturalmente por isso mesmo“.

Vista aérea da Ilha do Corvo nos Açores, 01 de janeiro de 2020. EDUARDO COSTA / LUSA EDUARDO COSTA / LUSA

No caso da Make It Happen Farm, o sócio-gerente considera que seria possível cobrar preços mais elevados, tendo em conta as experiências proporcionadas pelo alojamento. Contudo, afirma querer ser “equilibrado” e continuar a investir na qualidade, mais do que na expansão do negócio.

Os clientes querem provar coisas boas, diferenciadoras. Temos de devolver o valor“, entende, por seu lado, Filipe Rocha, que tem disponível menus de degustação no restaurante do seu projeto turístico que chegam as 365 euros por pessoa, em função do vinho escolhido. Contudo, “O turismo só será sustentável se a experiência continuar a valer o dinheiro“, ressalva, completando que “a preocupação que existe à volta da natureza dá credito muito importante, mas se for só isso, acaba rápido”.

Empresas investem na sustentabilidade e criam redes locais. Mas pedem mais incentivos

“O desenvolvimento do turismo dos Açores deu-se à conta de empresas locais e de empresários locais“, afirma a estrutura da secretaria regional, considerando esta uma “vantagem” em relação a outros destinos, pois assume que o rendimento gerado se manteve predominantemente na região. A mesma entidade aponta a existência de sistemas de incentivo e um sistema fiscal mais atrativo do que aquele que existe em outros destinos como motores do investimento.

"O desenvolvimento do turismo dos Açores deu-se à conta de empresas locais e de empresários locais.”

Estrutura de Gestão da Sustentabilidade do Destino Turístico Açores (DMO)

Seis dos onze projetos turísticos que têm a assinatura do Atelier Backlar escolheram as ilhas açorianas para assentarem. Um destes, a The Blue House (Casa Azul), que recebeu o Prémio Regional de Sustentabilidade, trata-se de um alojamento rural com fins turísticos, que foi erguido com materiais amigos do ambiente por entre ruínas, na ilha de São Miguel.

Para o revestimento exterior, foi usado plástico reciclado, recolhido dos oceanos. A estrutura é pré-fabricada, com peças cortadas em fábrica, com medidas exatas, e encaixadas em obra, permitindo que os resíduos de obra e desperdícios sejam quase nulos. Ao mesmo tempo, os arquitetos afirmam que está garantida a durabilidade.

Quando os hóspedes reservam, recebem um e-mail com dicas para uma estadia ecológica e que apresenta produtos regionais e atividades dinamizadas por empresas locais. O cabaz de boas-vindas é fabricado por um artesão local, “despertando para as artes da região”.

O processo de planeamento desta casa azul foi subsidiado pelo Governo Regional. Contudo, para promover mais destas soluções, “é necessário o desenvolvimento de regulamentações, padrões mais rigorosos e incentivos fiscais que permitam o investimento em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias e materiais, em colaboração com governos, empresas, instituições académicas e organizações da sociedade civil”, defende a arquiteta e cofundadora do atelier, Carolina Backlar.

Na Make It Happen Farm, na ilha de São Jorge, o negócio nasceu da terra. Miguel Sequeira, o sócio-gerente, desde a infância que se divertia a tirar sementes da cozinha da mãe e a experimentá-las na terra. Agora, em adulto, ergueu a sua própria quinta biológica, pegando num terreno “hostil” de 2.900 metros quadrados e indo “desbravando”. Foi adquirindo parcelas até atingir os 30.000 metros quadrados atuais. “Este foi um ano bom, ultrapassámos uma tonelada de batata”, conta. Mas no mesmo terreno cultiva também saladas, abacates, mangas, morangos, plantas aromáticas e medicinais… “Vou testando sempre. Gosto de testar”, diz.

Por entre as plantações, ergueu também seis alojamentos, os quais entregam o maior retorno, em comparação com aquele que colhe da agricultura. As paredes exteriores dos edifícios são de pedra vulcânica, “aproveitando os recursos endógenos”, e os telhados armazenam a água da chuva, para regar lavar pátios e dar de beber aos animais. É um espaço de partilha: existe uma zona comum para cozinhar e dão-se formações de agricultura biológica na quinta, a turistas mas também a outros agricultores que queiram aplicar nos seus negócios ou pequenas hortas. O desperdício é reduzido por conta dos animais, que se alimentam das sobras. Galinhas, perus, cadelas e até uma cabra, uma burra e uma porca. Mais de metade da energia provem de painéis solares, e o excedente é vendido à rede.

Miguel Sequeira concorda que a sustentabilidade entrou no léxico do turismo dos Açores, mas entende que se devia “materializar mais”. Em particular, defende que deveriam existir mais garantias de escoamento para fomentar a produção local de alimentos e incentivos para não haver desperdício e para os restaurantes usarem mais produtos sazonais.

Um pouco mais a sul, a sazonalidade dos produtos é precisamente o que guia a carta do restaurante da Azores Wine Company, na ilha do Pico. Além do restaurante, a empresa dispõe também de alojamentos inspirados na adega tradicional, onde habitualmente se convivia e pernoitava. Contudo, o pilar deste projeto turístico, e o verdadeiro foco da Azores Wine Company é, tal como o nome indica, o vinho. No restaurante, a título de exemplo, primeiro define-se o que se quer beber, e é em função disso que se define o menu de degustação.

A empresa detém as primeiras vinhas a serem certificadas como biológicas nos Açores, e toda a área produtiva está em transição para produto biológico, sendo que este ano contam vender, pela primeira vez, um vinho 100% biológico, apesar das condições climatéricas exigentes.

Contudo, a sustentabilidade promovida pela empresa é notória também nas vertentes económica e social, crê a gestão. O projeto turístico abriu em 2021, mas desde 2014 que os sócios responsáveis pela empresa, António Maçanita e Filipe Rocha, lançaram a Azores Wine Company, com o objetivo de recuperar a indústria do vinho nos Açores.

“O objetivo foi mudar a realidade da região. Quando começámos, quase não havia enoturismo”, conta Filipe Rocha. Em dez anos, os 250 hectares de vinha existentes na ilha quadruplicaram. Sublinha que a viticultura não era encarada como profissão na região, mas agora quase todos os produtores têm salas de provas. Só a Azores Wine Company emprega, atualmente, 40 pessoas.

O objetivo foi mudar a realidade da região. Quando começámos, quase não havia enoturismo.

Filipe Rocha

Cofundador e gestor na Azores Wine Company

Em paralelo, o vinho açoriano valorizou: arrancou o rótulo de “quase desconhecido” e ultrapassou um posicionamento “relativamente baixo” em termos de preço — as uvas subiram de 80 cêntimos para 4 a 7 sete euros o quilo, para se tornarem “de longe as mais caras em Portugal”.

A ideia de “rede” e promoção de outros setores e pequenos negócios também é destacada por Filipe Rocha. No restaurante, são oferecidos dois cafés produzidos nos Açores como opção de expresso. “São produtos únicos, de baixa produção, que só podem ser vendidos se o valor for elevado e inseridos numa experiência que possa valorizá-los“, indica o cofundador. Em todo o negócio turístico, a Azores Wine Company procura fornecedores do arquipélago, do mel ao queijo, passando pela mobília e atoalhado dos alojamentos. “A ideia é dar a conhecer aos nossos clientes o melhor que se faz nos açores”, acrescenta a também gerente da empresa, Judith Martín.

Questionada sobre como se garante o alinhamento da iniciativa privada com os objetivos de sustentabilidade do arquipélago, a estrutura para a sustentabilidade do Governo regional explica que as empresas devem recorrer às linhas orientadoras contidas no Plano Estratégico e de Marketing do Turismo dos Açores (PEMTA) 2030 e dispõem também dos princípios, boas práticas e ferramentas previstos na Cartilha de Sustentabilidade dos Açores.

Criada em 2017, a Cartilha de Sustentabilidade dos Açores é uma iniciativa de adesão voluntária dinamizada pela DMO, que tem por objetivo apoiar a transição das organizações para modelos de negócio mais sustentáveis. Carolina Mendonça indica que a Cartilha contava, inicialmente, com apenas 45 entidades subscritoras, um número que de momento, entre subscrições e manifestações de interesse, já subiu para 350.

Rita Marques, da Porto Business School, alerta que há o risco de as práticas presentes na cartilha acabarem por ser apenas aspiracionais, dado o caráter facultativo. Contudo, não defende a obrigatoriedade; sugere antes uma “discriminação positiva”, por exemplo na atribuição de fundos comunitários, beneficiando efetivamente as empresas que subscrevam a Cartilha e apresentem as melhores práticas.

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