A Grande Pausa
Na busca deste novo nível de “normalidade” esperemos que seja possível traçar um novo rumo e, quem sabe, prepararmo-nos um pouco melhor para estas “travagens bruscas”.
Vamos por de lado as diferenças óbvias, mas da mesma forma que os nossos avós e bisavós tiveram a vida em suspenso devido às Grandes Guerras do século passado, cabe-nos a nós enfrentar aquilo que irei designar por a “Grande Pausa”, um momento na história que se inicia em Março de 2020 devido à Pandemia do Covid-19 e que, para já, não tem fim à vista, constituindo o maior desafio das nossas gerações.
Infelizmente, também este acontecimento está rodeado de uma grande mortandade, mas ao contrário das referidas guerras, já há algum tempo se especulava se não seria desejável que a Humanidade abrandasse o ritmo de crescimento económico e de depauperação dos recursos do Planeta para investir num novo modelo para o nosso desenvolvimento. Mas este “comboio económico” que tínhamos em movimento já estava com demasiada velocidade e ninguém sabia (ou queria) parar a dinâmica que, entretanto, estava criada.
Apesar de tudo havia algumas intenções de mudança. Por exemplo, algumas indústrias estavam finalmente a promover a limitação no uso dos plásticos ou da emissão de CO2 nos seus produtos. No marketing, estávamos a assistir a muitas Marcas a assumir um discurso diferente do que a simples promoção de vendas, ou seja, também uma mensagem de responsabilidade e de contribuição para o equilíbrio do planeta.
No entanto, nenhuma destas boas intenções foi suficiente para evitar esta “Grande Pausa”. Não sabemos ainda se serão 3, 6 ou mais meses, não sabemos sequer se não existirá uma “recaída” no estado pandémico e se não teremos de voltar à quarentena antes da tão esperada vacina. O que sabemos é que nada vai ser como dantes e, talvez a parte mais importante, desconhecemos os passos que vamos ter de dar para que não aconteça uma “2ª Grande Pausa”, à semelhança do que aconteceu com a repetição das guerras mundiais.
No que toca ao futuro, todos nos questionamos sobre a forma de como será feita a “reconstrução” da nossa sociedade e economia, mas há um aspecto que parece garantido: Nós, enquanto indivíduos, vamos estar todos em sintonia na pretensão de voltarmos à normalidade nas nossas vidas.
Resta saber como é que as Instituições supra governamentais, os Estados, as escolas, as empresas, etc, se irão adaptar a um novo mundo, onde passa a existir esta ameaça latente de termos que “travar a fundo” na forma de como vivemos, trabalhamos e consumimos.
Em termos económicos não há grandes dúvidas de que a transformação digital irá acelerar exponencialmente e, neste novo enquadramento, irão surgir novas oportunidades, bem como iremos testemunhar o desaparecimento de determinados tipos de negócios e a transformação de outros. Aos poucos iremos retomar a velocidade do “comboio económico” a que estávamos habituados. No entanto, na busca deste novo nível de “normalidade” esperemos que seja possível traçar um novo rumo e, quem sabe, prepararmo-nos um pouco melhor para estas “travagens bruscas”.
Nota: Por opção própria, o autor não escreve segundo o novo acordo ortográfico.
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