A importância das mulheres na tecnologia digital
A inclusão das mulheres na tecnologia digital não é apenas uma questão de justiça e igualdade, mas uma estratégia inteligente para promover a inovação e o progresso.
A presença de mulheres na tecnologia digital é essencial para o desenvolvimento de soluções inovadoras e para a construção de uma sociedade mais justa e equitativa. Historicamente, a indústria tecnológica tem sido dominada pelos homens, mas essa realidade está a mudar à medida que mais mulheres entram na profissão e demonstram as suas competências inestimáveis.
A diversidade é uma força motriz da inovação. Há vários estudos que já demonstraram que as equipas diversificadas são mais criativas e eficazes na resolução de problemas. As mulheres trazem perspetivas únicas para a área, influenciadas pelas suas experiências de vida e diferentes formas de pensar. Ao incluir mais mulheres na indústria tecnológica, abrimos espaço para soluções mais variadas e abrangentes que têm em consideração as necessidades de diferentes perfis de clientes numa população altamente heterogénea.
Há quatro anos, entrei para a AUTODOC com a missão de criar uma equipa de projetos forte, que pudesse acompanhar o rápido crescimento e as grandes ambições da empresa. Com uma equipa de colegas existentes e novos que trouxeram a experiência e a mentalidade necessárias, conseguimos estabelecer a abordagem correta no desenvolvimento dos nossos produtos e impulsionar a transformação digital na empresa.
Durante algum tempo, fui a única mulher numa posição de liderança no departamento de IT. Não posso afirmar que foi estranho, porque a AUTODOC tem sido uma empresa inclusiva desde a sua fundação. Por isso, sempre me senti confortável e valorizada pelas minhas competências profissionais. Contudo, o número de mulheres em posições de gestão tem aumentado constantemente e posso dizer com assertividade que as mulheres na minha equipa são muito importantes para o crescimento do negócio e para a capacidade de responder aos desafios impostos pelo mercado.
Ainda existem muitos estereótipos de género que desencorajam as mulheres a seguirem carreiras nesta área. Assim, não é de estranhar que, apesar das campanhas mundiais que promovem a presença de mais mulheres na tecnologia e em cargos de gestão, uma mulher CTO (chief technology officer) ainda seja recebida com grande espanto, especialmente pelos homens.
Estes preconceitos são infundados e prejudiciais, pois não refletem as capacidades reais das mulheres. Desde sempre que nos foi incutido a ideia de que há profissões e desportos “tipicamente para rapazes”, como a informática e a tecnologia, o futebol ou o karaté, por exemplo. Porém, estes desportos também são absolutamente adequados para as mulheres. Se eu tivesse tido em conta alguns destes comentários no passado, talvez não estivesse onde estou hoje.
Esclarecer este preconceito é da responsabilidade de todos nós. Por isso, gostaria de nos desafiar – enquanto mulheres – e também às empresas tecnológicas.
Por um lado, temos de nos fazer ouvir. Ao elevarmos a nossa voz, não só defendemos a nossa própria causa, como também vamos evidenciar outras lacunas globais, nomeadamente em termos de emprego, promoção, orientação e remuneração no setor das IT/Tech (e não só). Muitos constrangimentos já foram identificados pelas principais empresas de estudos de mercado em estudos recentes que não datam do final de 2023. Veja-se que há muitas mulheres que demonstraram excelentes capacidades de liderança, mas que ainda enfrentam obstáculos culturais e de estereótipo, afetando a sua confiança.
Por outro lado, as empresas tecnológicas precisam de promover a igualdade de oportunidades e um espaço seguro para falar. A inclusão e a diversidade são valores que devem ser alargados ao mercado de trabalho, começando por quebrar barreiras e dando o exemplo às gerações futuras.
Porquê? A “matemática” explica-o: de acordo com um relatório lançado pela McKinsey em 2023 “Women in the Workplace 2023”, as empresas com até 75% de equipas executivas mais diversas, em termos de diversidade de género, têm 25% mais probabilidade de ter uma rentabilidade acima da média do que as restantes e apresentam também níveis de inovação mais elevados. O relatório afirma ainda que as empresas com um rácio de género mais equilibrado nas funções técnicas têm um melhor desempenho operacional e financeiro, uma melhor resolução de problemas e uma melhor reputação da empresa.
A inclusão das mulheres na tecnologia digital não é apenas uma questão de justiça e igualdade, mas uma estratégia inteligente para promover a inovação e o progresso. As mulheres trazem perspetivas, experiências e competências únicas que podem ajudar as empresas tecnológicas a compreender melhor e a satisfazer as necessidades dos seus clientes.
Além disso, as mulheres demonstraram ser excelentes em competências como a comunicação, a colaboração e a empatia, que são essenciais para uma dinâmica de equipa bem sucedida e uma liderança eficaz na indústria tecnológica. Como sociedade, temos a responsabilidade de apoiar e incentivar esta inclusão, garantindo que a próxima geração de mulheres na tecnologia tem as oportunidades e o reconhecimento que merece. O futuro da tecnologia e da nossa sociedade depende disso.
Por isso, termino com esta reflexão: o que é que a sua empresa está a fazer para promover a diversidade, a inovação e a igualdade no que diz respeito à participação das mulheres na tecnologia e no IT?
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