As bases para um futebol com futuro
O futebol é propriedade dos adeptos, de todos eles! São eles que o pagam, são eles que o sustentam.
Somos diariamente fustigados com programas futebolísticos, em todos os canais de televisão. A todas as horas. Com todo o tipo de comentadores. Conhecedores e não conhecedores do fenómeno. Espanta-me que todos se sintam capacitados para falar de futebol. Do futebol jogado, da gestão de clubes ou federações ou até, pasme-se!, das leis e regulamentos que o regem.
O futebol é propriedade dos adeptos, de todos eles! São eles que o pagam, são eles que o sustentam. Nos estádios e nas televisões (e também, e cada vez mais, nas plataformas digitais).
E eles não têm a obrigação de serem especialistas. Basta serem especialistas em gostar do seu clube, da sua selecção ou, pura e simplesmente, do jogo. E terem a liberdade para serem irracionais faz parte desta paixão, e ainda bem. Daí a crescente importância dos órgãos de comunicação serem criteriosos na escolha de quem colocam à frente das câmaras. Se alguns, ao invés de instigar a natural irracionalidade dos adeptos, apostassem na informação e na gestão das emoções, lucraríamos todos.
Claro que o papel de principal regulador deste termómetro deve ser atribuído aos dirigentes e às estruturas desportivas, que estão incumbidos de defender os valores mais nobres do desporto e e neste caso especifico, do futebol. Posto isto, seria de mau tom não destacar ou elogiar o bom exemplo que tem tido tanto a Federação Portuguesa de Futebol como a Liga Portugal.
A criação da Portugal Football School por parte da FPF (com um portfólio vasto em formações para todos os agentes desportivos) bem como a concepção da Pós Graduação em Organização e Gestão do Futebol por parte da Liga, estão a funcionar a todo o vapor e contam com mais de 5.000 dirigentes qualificados apenas nos últimos dois anos, sendo ambos os projectos liderados por académicos de referência.
A somar a isto, o lançamento, nas próximas semanas, de uma publicação de direito desportivo liderada pela FPF na pessoa do Professor José Manuel Meirim, acompanhado pelos melhores académicos das mais diversas universidades portuguesas. Porque também no futebol é fundamental incluir, criando as pontes necessárias, e para que todos possam remar na direção certa. O objectivo é óbvio: formar, informar e debater, com todos os interessados e de forma cada vez mais qualificada.
Lá por fora, e já com vários anos de implementação, o International Centre for Sports Studies (CIES), em conjunto com a FIFA, tem o seu programa executivo de gestão desportiva disseminado por 17 países (predominantemente em países subdesenvolvidos), mas também o Master FIFA que, todos os anos, forma 35 jovens de elevado potencial e que foi reconhecido novamente em 2018 como o melhor do mundo na área (7.ª vez desde 2012).
Por isso, meus caros, a mim parece-me claro: o futebol tem futuro e está a ser construído pelo paradigma certo. Assim queiramos promover o que de realmente bom se faz.
Por fim, e quando falamos da necessidade em informar melhor, é justo deixar uma última nota relativamente à criação do novo canal da FPF, a estrear pela Primavera. Não tenho dúvidas de que será um projecto de uma dificuldade extrema e com inúmeros obstáculos, mas não é certamente por acaso que são prestigiados profissionais como Nuno Santos e Carlos Daniel a liderar este processo com tão nobre objectivo: elevar o nível televisivo do debate sobre futebol. Aguardemos portanto.
Nota: Por opção própria, o autor não escreve segundo o novo acordo ortográfico.
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