
É preciso fazer (mais) alguma coisa
Perante o atentado terrorista de Barcelona, mais um, o oitavo atropelamento numa cidade europeia no último ano com o objetivo de matar, há alternativa a admitir um Estado mais intrusivo?
Outra vez. A oitava no último ano. Um atentado terrorista numa capital europeia a fazer vítimas mortais e muitos feridos. Outra vez com o que já não é uma nova forma de atentado. Um carro a varrer quem lhe aparece à frente. E amanhã vamos dizer que ‘somos todos Barcelona’ e que é preciso manter o nosso estilo de vida, continuar a sair à rua como se nada fosse. Mas é. Hoje, milhares voltaram às Ramblas. Mas isso resolve alguma coisa? Mostra coragem, empenhamento no nosso modo de vida, mas não resolve nada.
Como qualquer um que esteja a ler este texto, também quero poder sair à rua descansado, sem medo. Também quero estar descansado se as minhas filhas estiverem com amigos numa qualquer rua movimentada do centro da minha cidade, ou de qualquer outra. Já não é possível. É possível conviver com isso, não é possível esquecer. E isso leva-nos para o que podemos e devemos fazer para limitar os riscos de que isso volte a suceder.
Mudei de opinião. Oito atropelamentos num ano dizem-nos alguma coisa. Eles querem acabar com a nossa vida, mudaram de método, de ‘modus operandi’, nós também temos de o fazer. Com mais segurança. E com mais intrusão do Estado nas nossas vidas. Não tenho outra alternativa e gostava que me mostrassem que há outro caminho. Porque não gosto da posição que defendo hoje. E gostava de acreditar que podemos, nós, ajudar a resolver os problemas na origem, nos países e regiões que, nas suas circunstâncias, formam os terroristas. Não acredito.
Sou jornalista. Nunca fiz outra coisa. E se há coisa sagrado é o segredo profissional, o segredo das fontes. Sucessivamente, o Estado vai tendo mais poderes de acesso a informação, a última das mudanças foi, aliás, promulgada recentemente pelo Presidente da República. O acesso a informação de comunicações por parte do Serviços de Informação, o SIS, conhecidos como ‘metadados’. Admitir que uma conversa telefónica de um jornalista na rua possa ser captada e gravada – “em caso de perigo concreto”, garante a secretária de Estado Isabel Oneto, em entrevista ao Público – ultrapassa o que é admissível, viola princípios e privacidade pessoal e segredo profissional. E a democracia também depende disto. Mas, face ao que aconteceu em Barcelona e hoje na Finlândia, há alternativa?
Sim, é um mal necessário, vamos a caminho de um Estado securitário. Onde vamos parar? Permitiremos a invasão do Estado nas nossas vidas até onde? Não sei. Sei que estamos a viver uma guerra e em guerras usam-se regimes de exceção para protegermos os nossos, os que defendem a liberdade, a Democracia, a justiça feita nos tribunais, a separação de poderes.
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