Ganha quem alimentares!

  • Maggie João
  • 8 Maio 2020

Muitos de nós sentem que esta pandemia veio para ensinar alguma coisa ao ser humano e para pôr um pause na humanidade e dar uma chance ao nosso planeta Terra.

Uma das técnicas utilizadas em coaching é o storytelling e recentemente notei que tenho partilhado uma história em particular com alguns clientes.

A história passa-se nas tribos norte americanas entre um avô índio e o seu neto criança. Certo dia, o avô, em conversa com o seu neto, diz: “sabes neto, todos temos dois lobos dentro de nós: o mau e o bom. O lobo mau é aquele que está sempre a deitar-te abaixo, que está sempre à coca da maldade e da tragédia, que está em constante crítica e julgamento. O lobo bom é aquele que, pelo contrário, puxa-te para cima, dá-te esperança, constrói sobre as tuas forças, ajuda-te a desenvolver e a crescer. E eles estão sempre numa luta desenfreada”.

O rapaz, ao ouvir a palavra luta, pergunta: “Então avô, qual deles ganha?”. E o avô, pausadamente, para que a mensagem passasse bem, responde: “Ganha aquele que tu decidires alimentar!”

Para mim esta história é brilhante – em poucas palavras ilustra muitas das situações em que nos encontramos no dia-a-dia, os medos, os julgamentos, as autocríticas e as críticas aos outros, as queixas e os queixumes, enfim, ajuda-nos a pôr em perspetiva os lobos e como os estamos a alimentar.

Nesta situação em que vivemos atualmente, em que tantas coisas são desconhecidas, é importante refletirmos sobre o que estamos a alimentar. Neste contexto de pandemia é fácil cair na tentação de alimentar o lobo mau: vendo e lendo informações desenfreadamente, algumas delas consideradas fake news, que criam medos irracionais; permitindo que a nossa mente se desfoque entre as várias atividades que temos para realizar, desde a reunião por zoom da empresa, à aula virtual dos nossos filhos, preparar a refeição ou ainda estar uns cinco minutinhos a arrumar a casa; permitindo que a frustração seja o grande prato do dia; desleixando-nos com a alimentação, a falta de exercício, etc..

Muitos de nós sentem que esta pandemia veio para ensinar alguma coisa ao ser humano e para pôr um pause na humanidade e dar uma chance ao nosso planeta Terra. Com a grande parte da humanidade parada, a natureza pôde simplesmente respirar e voltar a ser o que veio ao mundo para ser – livre! Sendo assim, que ensinamentos são estes, que aprendizagens podemos retirar desta situação? É aqui que entra o lobo bom. Aquele que, se decidirmos alimentar, estaremos a presentear-nos com momentos de reflexão sobre os impactos de tudo isto não só na humanidade, mas sobretudo em cada um de nós. O que vou deixar de fazer/ser? O que vou começar a fazer/ser? O que vou manter?

O lobo bom alimenta-se de bons pensamentos, energia positiva, que pode muito bem vir da prática de exercício físico regular, de uma alimentação mais equilibrada, da redescoberta dos momentos em família, da vontade de deixar de fazer o multitasking tão apreciado pelo mundo empregador e nos focarmos numa só tarefa, de uma presença exímia quando estamos com os nosso filhos, do novo valor que damos a outras profissões já que sem elas, o nosso mundo desmorona, etc..

Se já teve oportunidade de alimentar o seu lobo bom, fantástico! Em breve voltaremos a uma nova normalidade. Construa novos hábitos, novas atitudes que o ajudarão a estar constantemente a alimentar esse lobo bom, para que realmente esta paragem forçada do ritmo que levávamos, tenha valido a pena.

Se, por alguma razão, tem andado a alimentar o lobo mau, faça uma pausa! Pondere, pergunte-se, pense como quer deixar de o fazer, como quer iniciar alimentar o seu lobo bom. Qualquer ação, por mais pequena que seja, é um passo na direção certa.

No final, quem ganha somos todos nós, em jeito mais romantizado, é a humanidade em geral! Porque esta conseguiu transformar num relativo curto espaço de tempo, milhões e milhões de seres humanos, tornando-os mais cientes do seu impacto no mundo (quer este mundo seja o corpo em que vivemos, a comunidade, ou o mundo no sentido mais lato) e de certo modo mais conscienciosos sobre qual a sua contribuição para esta equação universal.

Agora que também já sabe a história dos lobos, certamente fará uma escolha mais consciente! E se pensa que a nova normalidade é basicamente voltar à antiga, desengane-se. Peço-lhe que volte a fazer o exercício, volte a refletir o que quer mudar, que novos hábitos quer introduzir na sua vida, que diferenças para melhor quer sedimentar.

Cuide de si, dos seus, e do mundo que partilha com eles! Assim estaremos a criar um mundo novo melhor para todos nós! Bem-haja por fazer a sua parte.

*Maggie João é membro da direção nacional da APG.

  • Maggie João

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