
O “banco soberano” renascido
Gonçalo Regalado, novo presidente do Banco de Fomento, fez a mais dura das críticas às suas antecessoras. Recebeu um mandato do Governo, e tem uma visão clara para o futuro.
No dia em que o ECO publicou uma entrevista com o presidente da AE, Luís Miguel Ribeiro, em tom crítico, e de desalento, relativamente ao acesso das empresas aos fundos comunitários, o novo presidente do Banco Português de Fomento (BPF) fez uma prova de vida pública, talvez antecipando a incerteza sobre o dia seguinte às eleições, e com a crítica mais violenta que se ouviu à gestão anterior: “O Banco de Fomento tem de cumprir a sua missão”…
Gonçalo Regalado tomou posse há 80 dias, recebeu um mandato claro do ministro Pedro Reis, e ouvindo-o, parece finalmente que há uma visão clara sobre o que deve ser este banco no papel do financiamento à economia e às empresas. E torna ainda mais evidente o falhanço da anterior equipa, com Celeste Hagatong e Ana Carvalho (por sinal, ‘promovida’ à administração executiva da CGD).
Na entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios, Regalado confirma uma informação já antecipada pelo ministro Pedro Reis: Ao abrigo do programa BPF Invest EU, o Banco de Fomento emitiu 125 mil garantias bancárias para investimento das empresas, por sua iniciativa, criou pressão sobre os bancos no financiamento (qual é que não quer emprestar em co-associação com o Estado?), e isso poderá significar centenas de milhões de euros de investimento nos próximos meses. Mas Regalado dá mais pormenores, que tornam a comparação embaraçosa: Cada empresário em média receberá quatro visitas de quatro bancos para financiar o investimento empresarial.
Nos primeiros quatro dias do anúncio destas garantias, o Banco de Fomento recebeu a sinalização de investimento de 800 milhões de euros por parte dos empresários quando, nos oito meses anteriores, o banco tinha executado cerca de 350 milhões de euros de investimento ao abrigo daquele programa de garantias. E a convicção do presidente executivo do Banco de Fomento é a de que vão colocar os 3,5 mil milhões disponíveis até ao final do ano.
Gonçalo Regalado chegou da banca de empresas, vindo diretamente do BCP. Mostrou uma visão clara sobre o que deve ser o “banco soberano do país”, como o próprio o define. Nas garantias, no investimento em capital, nos seguros de crédito, nos fundos imobiliários e nos projetos infraestruturantes.
É demasiado cedo para se perceber se, finalmente, o Banco de Fomento vai cumprir a sua missão. Beneficia agora, também, de uma exceção para acelerar a contratação pública de serviços e investimento em infraestrutura. Mas a cumprir, vai ser uma espécie de banco renascido, depois de tantos falhanços.
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