O que as equipas resilientes fazem diferente

  • Bárbara de Eliseu
  • 15 Abril 2021

Cada vez mais organizações, incluindo sociedades de Advogados, estão cientes de que a resiliência é uma característica necessária nas suas equipas.

Nos dias que correm, ouvimos muito sobre resiliência. Trata-se, no entanto, de uma competência que resistimos a exercitar, excepto quando, em momentos de crise, não temos outra alternativa que não aplicá-la.

A verdade é que, como Advogados, estamos nesta actividade de alto risco de ajudar os nossos clientes nos seus momentos mais difíceis, portanto, devemos cultivar resiliência não apenas em nós, mas também dentro dos nossos escritórios e das nossas equipas.

A resiliência, enquanto capacidade de adaptação à mudança e superação de obstáculos, existe tanto no plano individual como de grupo e, em especial, no clima de trabalho que vivemos actualmente, em que tudo se pode alterar em poucos dias, precisamos de equipas aptas a responder aos desafios com clareza, rapidez e eficiência.

Uma equipa resiliente não significa um conjunto de pessoas sem emoções que nunca fica em stress quando as coisas correm mal. Significa, antes, uma equipa apta a resolver os problemas da forma mais eficaz possível, capaz de recuperar de contratempos rapidamente e com capacidade para lidar com desafios, tais como:

  • Tarefas difíceis e/ou de alto risco;
  • Trabalho de elevada responsabilidade;
  • Alterações constantes nos cenários de actuação;
  • Objectivos pouco claros ou ambíguos;
  • Maus resultados (judiciais, negociais ou outros);
  • Inovação.

Eis cinco coisas que as equipas resilientes fazem de maneira diferente:

 

  • Pensam diferente

 

Quando se depara com um evento gerador de stress, o que pensa de si mesmo(a) sobre esse evento? Vê onde tem algum controlo, influência ou vantagem na situação, ou paralisa? Algumas pessoas cedem sob pressão, enquanto outras mantêm um estilo de pensamento flexível. Algumas caem no furacão, permitindo que o pensamento do pior cenário leve a melhor e as impeça de tomar as decisões mais acertadas; outras mantêm total clareza de raciocínio.

Advogados resilientes “pensam como um Advogado”, daí retirando todos os benefícios para modificar os seus pensamentos, emoções e reacções quando estão sob stress.

 

  • Mantêm-se motivadas

 

Os profissionais que optam por trabalhar em ambientes desafiadores costumam exibir traços de personalidade associados à necessidade de realização. Algumas dessas características, como a necessidade de autonomia e grande competitividade, podem atrapalhar a formação de equipas resilientes; tenderão a resistir à colaboração e ver os demais membros da equipa como rivais ou obstáculos, em vez de fontes de novas informações, ideias, talentos e suporte.

Equipas resilientes neutralizam essa tendência através da motivação intrínseca. O foco em metas da equipa conduz a um melhor desempenho, bem-estar e motivação. Os membros da equipa ficam mais motivados quando têm uma escolha ou palavra a dizer sobre como o seu trabalho se deve desenrolar. Eles precisam sentir-se confiantes nas suas capacidades e habilidades para lidar com as situações mais desafiadoras. Cabe aos líderes criar um ambiente de equipa que propicie e apoie este resultado tão valioso.

 

  • Constroem segurança psicológica e sentimento de pertença

 

Um pilar crítico das equipas resilientes é a segurança psicológica. As pessoas precisam sentir que pertencem à equipa e sentir-se à vontade para compartilhar os seus conhecimentos, o que significa partilhar também preocupações, dúvidas e erros. As equipas que utilizam mais emoções positivas e se concentram em fortalecer a conexão das pessoas dentro da equipa experimentam mais este tipo de abertura, o que aumenta os seus níveis de resiliência. As equipas capazes de discutir experiências positivas e negativas são, também, mais hábeis a lidar com as adversidades e têm níveis mais elevados de confiança, o que exponencia, igualmente, a resiliência.

 

  • Adoptam uma abordagem participativa

 

É crucial para as equipas identificarem as áreas com as quais se estão a debater, assim como é importante identificar (e comemorar) os seus pontos fortes, de forma continuada. As equipas espalhadas pelos diversos pontos do globo, por exemplo, precisam de um forte «Porquê?» para se manterem motivadas. Elas precisam discutir o que é mais importante para elas, como desejam que a equipa seja e quais as mudanças que estão dispostas a fazer para alcançar essa visão. Os líderes de equipas participativas envolvem os membros das suas equipas antes mesmo de apresentarem uma iniciativa, para que estes entendam o propósito do trabalho.

 

  • Conhecem a diferença entre perfeccionismo e excelência

 

O perfeccionismo é, geralmente, associado a uma série de resultados negativos, sendo as preocupações perfeccionistas o maior problema, isto é, aspectos do perfeccionismo que são voltados para fora, associados ao medo de cometer erros e da avaliação social negativa O que as outras pessoas vão pensar?»). As preocupações perfeccionistas conduzem a elevados níveis de ansiedade, esgotamento, inflexibilidade, necessidade excessiva de controlo e incapacidade de confiar o seu trabalho a outras pessoas. Estes comportamentos geram óbvias ineficiências e falta de produtividade.

Por seu turno, as equipas resilientes preocupam-se em realizar um trabalho de excelência que seja, simultaneamente, útil, tempestivo e eficaz. Isso pode implicar, muitas vezes, não entregar o documento perfeito, entregando, em tempo útil, o documento que corporiza a melhor solução e acautela todas as necessidades/direitos/expectativas do Cliente.

Cada vez mais organizações, incluindo sociedades de Advogados, estão cientes de que a resiliência é uma característica necessária nas suas equipas e estão a disponibilizar formação e recursos relacionados com a construção de resiliência nos seus Advogados e equipas de Advogados.

Esta é uma visão curta e geral: os mercados de talentos e de clientes nunca foram tão globais e a competição não irá diminuir. Assim, à medida que tecnologias, como a inteligência artificial, irrompem e tentam substituir a entrega de serviços tradicionais, será necessária uma maior diferenciação por parte de todos os profissionais, através do fornecimento de soluções de negócios interdisciplinares e integradas. A única maneira de fazer isto num ambiente dinâmico e complexo é em equipa e, por isso, é bom que esta seja resiliente.

Vamos juntos, rumo a uma Advocacia de sucesso!

Nota: O autor escreve ao abrigo do antigo acordo ortográfico.

  • Bárbara de Eliseu
  • Lawyers Coach

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