O “True North” da liderança
Em primeiro lugar é crucial que o líder se conheça e identifique as suas qualidades e fraquezas, pois é nelas que está a sua essência, a sua genuinidade.
Os líderes nascem líderes? Talvez nasçam com características de personalidade propícias, mas as crianças e jovens que se revelam populares na escola e entre grupos de amigos não são obrigatoriamente líderes no futuro, uma vez que precisam de maturidade e outras características da idade adulta. Esses líderes jovens nem sempre se desenvolvem com esses atributos; pelo contrário, são frequentemente adultos apagados.
Um líder, mesmo possuindo traços particulares, constrói-se, percorrendo um caminho, apreendendo e desenvolvendo-se.
Bill George trabalhou o conceito do True North como um ponto de orientação, uma referência, que ajuda as pessoas em posições de liderança a manterem-se no caminho certo. É um ponto que deriva das suas crenças mais profundas, dos seus valores e dos princípios pelos quais lidera. Funciona como a sua bússola interna, única para si, que representa quem é, no seu nível mais profundo. É, pois, uma ideia que assenta na autenticidade, a qual se tem desenvolvido como o padrão de ouro da liderança, presumindo que as pessoas só confiam em quem é genuíno e autêntico.
Assim, em primeiro lugar é crucial que o líder se conheça e identifique as suas qualidades e fraquezas, pois é nelas que está a sua essência, a sua genuinidade. Reconhecer as fraquezas é importante para que consiga rodear-se de pessoas cujos pontos fortes o complementem. Identificar as qualidades é, também, útil na medida em que podem ajudar as pessoas da equipa que não as possuem. Assim, as equipas tornam-se mais ricas porque estão apoiadas em pontos fortes que equilibram os fracos.
Um grande líder assume o compromisso de cumprir uma missão e deixar um legado, ou seja, dá prioridade ao seu trabalho e resultados, e não à obtenção de gratificação, poder, prestígio, dinheiro e êxito. Não é errado desejar reconhecimento e sucesso, mas é necessário que a vontade de servir algo maior do que nós próprios seja superior. Caso contrário, os sentimentos de poder instalam-se com todos os perigos a eles associados: egocentrismo, narcisismo, sentimento exacerbado de direitos, etc.
Outra ideia importante para um líder é conseguir um equilíbrio entre as vertentes racional e emocional. De facto, são necessárias ambas para gerir uma companhia e uma equipa. Um racional forte consegue identificar de forma mais profunda as necessidades do negócio, as ameaças presentes e futuras, delinear ou criar oportunidades, bem como ter discernimento para definir objetivos e estratégias para os atingir. Um emocional forte sente perigos e ameaças que a parte racional ainda não reconhece por não ser visível, aplica perspicácia nas suas análises, é solidário com os problemas e dificuldades dos outros e tem empatia com os elementos da sua equipa. Por isso se tem defendido que a inteligência emocional, QE, deve estar associada à inteligência que tem por base o racional, o QI.
Na perspetiva de alguns autores que referem que a vida é o resultado de 10% de acontecimentos e 90% do que respondemos, ter um equilíbrio entre o racional e o emocional parece bastante mais robusto do que apenas uma das partes mais forte, uma vez que as nossas respostas delinearão grande parte dos contextos em que atuamos. Portanto, a chave para uma liderança eficaz reside na capacidade para integrar o cérebro (QI) e o coração (QE).
Os líderes autênticos descobriram que o seu True North alinha as pessoas em torno de um objetivo e valores partilhados e capacita-os para liderarem autenticamente e criarem valor para as partes envolvidas. Por isso, devem estar cientes de que a gestão versa sobre objetivos e a liderança sobre valores.
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