Qual é o verdadeiro retorno dos Produtos Estruturados?
Existem produtos estruturados que são negativos para os clientes, mas são uma minoria. A maior parte das pessoas que criam e distribuem estes produtos, fazem-nos para beneficio dos investidores.
Muito se tem escrito sobre a indústria de produtos estruturados e o valor dos mesmos para os investidores portugueses. Diferentes peritos, privados ou funcionários públicos, têm ditado as suas conclusões sobre os mesmos e aconselhado os portugueses. Na minha opinião, os portugueses são suficientemente inteligentes para tomarem as suas próprias decisões financeiras e o que precisam é de ter toda a informação para tomar a melhor decisão.
Nesse âmbito e, de forma a iniciar um debate publico, a SRP, que tem uma colecção de mais de 19 milhões de produtos estruturados vendidos pelo mundo inteiro, decidiu informar o público sobre o verdadeiro retorno dos mesmos em Portugal.
Como tudo começou…
Quando me juntei a esta indústria em 2011, como criador de produtos, o meu primeiro desafio foi, como poderíamos diversificar o portfólio dos clientes usando depósitos indexados. Há nove anos, utilizei 12 anos de dados de produtos comprados pelos portugueses, e usando as suas performances e as taxas de juro que os clientes poderiam obter no inicio dos mesmos, e cheguei à conclusão que os depósitos indexados conseguiam uma performance superior aos depósitos de taxa fixa de forma consistente.
O facto mais interessante é que os depósitos indexados que obtiveram a melhor ‘outperformance’ foram os que tiveram maior número de queixas. Porquê? Simplesmente porque foram os que apenas garantiram o capital porque os seus subjacentes, mercados accionistas ou outros, tiveram um retorno negativo.
A verdade é que os depósitos indexados estão para o portfólio do investidor, como o seguro está para uma casa. O investidor decide não investir no subjacente directamente, mercado accionista ou outro, porque pretende proteger o seu capital contra desvalorizações. No fundo, o investidor aceita ter um retorno mais baixo do que investir no subjacente em troca de protecção.
Que retorno podes esperar?
Depósitos indexados, apesar de não se poderem desmobilizar até à maturidade, têm outras vantagens, tais como não ter um prémio para pagar como um seguro, e dar a flexibilidade de transformar os retornos futuros e a sua distribuição, isto é, com um depósito indexado não existe a possibilidade de ter performances negativas mas em retorno a performance será inferior a um investimento no subjacente.
No mercado português, a TANB media dos depósitos indexados entre 2005 e 2017, foi de 2,04%, contra uma taxa média de Juro de mercado de 1,65%, em 1.114 produtos que venceram durante esse período. Também durante este período, 26% dos produtos protegeram o capital dos investidores, enquanto 57% dos depósitos tiveram uma TANB igual ou inferior a 1%, estatística semelhante ao Banco de Portugal.
Outro facto interessante de salientar tem a ver com os restantes depósitos indexados: Os remanescentes 43% obtiveram uma TANB média de 3,38%, contra uma taxa média de juros de 0,86%.
Não é segredo que existem produtos estruturados que são negativos para os clientes, que existem apenas para maximizar o lucro dos distribuidores ou emitentes, mas, felizmente, como em todas as indústrias financeiras, são uma minoria, e a maior parte das pessoas que criam e distribuem estes produtos, fazem-nos para benefício dos investidores.
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